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01 | O AQUECIMENTO

Tashi Halstead sempre foi o tipo de garota que conseguia amarrar as chuteiras, respirar fundo, fazer o mesmo ritual de sempre — seus sete pulos ao longo da beira do campo — e então pisar no gramado sabendo exatamente o que estava fazendo.

O futebol fazia sentido para ela. Era matemático de certa forma — os ângulos das linhas, os padrões infinitos de cada movimento que ela conseguia fazer e o ritmo reconfortante da bola em seus pés enquanto ela liderava o ataque. Enquanto outras partes da vida vinham com suas próprias bagunças inexplicáveis ​​e mistérios não resolvidos, o futebol nunca a traiu.

Ela tinha 17 anos quando se juntou ao Chelsea, uma garota da academia juvenil com olhos cheios do tipo de ambição que poderia te quebrar se você não tomasse cuidado. Disseram a Tashi que ela tinha potencial, mas ela era muito magra e não deveria esperar muito de ser uma parte dos planos de Emma Hayes. Ainda assim não demorou muito para que ela se tornasse uma das estrelas mais brilhantes da liga quando Beth England se machucou e ficou de fora por alguns jogos. Ela não era a primeira escolha, nem mesmo a segunda, mas Emma estava disposta a explorar suas opções. Isso foi essencial para a forma como Tashi começou a ser percebida. Suas corridas eram precisas, seus passes ainda mais precisos. Não havia nada sutil na forma como Tashi jogava — ela atacava o jogo de frente, e os fãs do Chelsea passaram a amá-la por isso. A Inglaterra passou a amá-la por isso toda vez que ela vestia a camisa da seleção nacional. E futebol, bem, como sempre, futebol fazia sentido.

Mas, por mais que o futebol fosse sua casa, havia uma suspeita incômoda que seguia Tashi nos espaços silenciosos entre as sessões de treinamento, em seus dias de folga. Aquele sentimento de que, embora ela tivesse dominado o campo, ela não tinha ideia do que estava fazendo quando se tratava da vida fora dele.

Sua mudança para o Barcelona aos 21 anos parecia o próximo passo lógico, mas a aterrorizava de maneiras que ela não esperava. O Barcelona não era apenas mais um clube; era um mundo próprio, e as mulheres de lá não jogavam futebol — elas respiravam e viviam o futebol. Desde o momento em que ela desceu do avião, a cidade pareceu reverberar através dela, e era um mundo definitivamente mais edificante do que o de Londres — de tempo aberto e uma obsessão diferente pelo esporte.

E então havia Alexia Putellas.

Tashi admirava Alexia há anos. Todos a admiravam. A maneira como ela se portava, a maneira como ela assumia o controle de um jogo, a maneira como seu nome era sussurrado em reverência nas arquibancadas de cada time adversário, porque ela era diferente. Tashi ficou quase encantada demais ao vê-la jogar de perto quando elas se enfrentaram na final da Champions League em Gotemburgo, e mesmo tendo perdido naquela noite, ela mal conseguiu ficar completamente descontente — principalmente porque trocou de camisa com Alexia após a partida. Parte do motivo de Tashi para se juntar ao Barcelona também foi ela. Por causa do que Alexia entregou em campo. Fora isso, Tashi não tinha certeza de quem ela era. Mas também não demorou muito para descobrir.

Isso porque Tashi e Alexia tinham feito amizade assim que a inglesa pisou em Barcelona. Afinal, elas eram companheiras de time, e conversas sobre futebol naturalmente se estendiam a conversas sobre a vida, especialmente porque Alexia, apesar de estar cuidando de uma lesão séria, ainda era a capitã do time e ainda estava disposta a se importar como tal, equilibrando a recepção de novos rostos no time com sua própria recuperação.

Tashi não tinha certeza de como a amizade em si tinha surgido, mas depois de alguns meses em Barcelona, ​​ela se viu passando cada vez mais tempo com Alexia, especialmente porque elas moravam no mesmo prédio. Almoços após o treinamento e a fisioterapia de Alexia, um café aqui e ali em lugares que a irmã de Alexia sempre recomendava, depois jantares com o mesmo pequeno grupo de companheiras de time, onde Alexia sempre parecia atrair Tashi para uma conversa só delas.

Mas aqui estava a questão: enquanto a vida de Tashi era futebol e parte dela era o círculo social que vinha com o futebol, ela era péssima em todo o resto. Em particular, relacionamentos. O tipo que exigia vulnerabilidade e proximidade e coisas que não seguiam os padrões organizados de uma partida de 90 minutos. Ela beijou algumas garotas ao longo dos anos — todas em noites após uma vitória, meio bêbada e eufórica, com o gosto de cerveja ainda nos lábios. Mas além disso, nada. Ela não sabia o que fazer com suas mãos ou suas palavras ou os olhares que vinham do outro lado da sala quando alguém gostava de você. E a intimidade era uma ideia distante, em algum lugar do outro lado de uma parede invisível que ela não sabia como ultrapassar, mesmo que tentasse.

Barcelona deveria mudar isso. Era para ser sua grande aventura, não apenas no campo, mas fora dele. Foi o que ela ouviu quando deixou Londres, e por consequência deixou a casa dos pais. Ela tinha 21 anos, jogava por um dos maiores clubes do mundo, e o universo estava aberto diante de si. Ela era bonita e chamava atenção, mas toda vez que pensava em sair da sua zona de conforto, ela congelava.

Alguns dias atrás, uma das garotas da equipe de mídia do Barcelona, ​​​​de olhos escuros e cabelo pintado de azul, tinha a chamado para sair. E, claro, Tashi entrou em pânico. Disse algo estranho sobre estar ocupada, sobre o futebol consumindo seu tempo, e então tentou rir e sair da situação apenas para passar o resto da noite olhando para o teto do seu apartamento, se perguntando por que ela não podia simplesmente ser um pouco mais disposta a agir como alguém normal. Ela queria dizer sim. Ela queria querer esse tipo de coisa. Mas a verdade era que ela não tinha ideia do que viria a seguir, nenhuma ideia de como estar com alguém e isso era parte do que a assustava.

É por isso que ela se viu como se viu, sentada em frente a Alexia do outro lado do balcão da cozinha dela, torcendo as mãos no colo, olhando para os grãos de café que ela estava moendo como se fosse a coisa mais interessante do mundo naquele fim de tarde.

— Preciso da sua ajuda — Tashi deixou escapar antes que ela pudesse perder a coragem.

Alexia parou o que fazia e levantou o rosto. Ela desligou o moedor de café e o arrastou um pouco para o lado.

— Com o quê? — Alexia disse, mas teve uma ideia do que poderia ser, então ela continuou. — Seus passes? Porque eu tenho que te dizer, o Jonatan não tem ideia do que estava apontando. O que você faz... já é bem perfeito. Eu estava assistindo o treino de hoje. Você não é normal.

— Não futebol — Tashi riu, mas saiu mais como um som estrangulado. — Bem, não diretamente. Na verdade, nada diretamente. Não tem nada a ver com isso.

— Ok — Alexia disse, seu tom mudou um pouco, mais sério agora. — O que foi?

Tashi hesitou. Ela pensou como aquilo era ridículo. Como ela poderia perguntar a Alexia algo como o que estava tentando perguntar. Mas também não havia mais ninguém, ninguém em quem ela confiasse tanto. Ela poderia falar com Patri, mas todo mundo saberia em menos de um dia, e o mesmo aconteceria com Pina. Ingrid muito provavelmente nem mesmo saberia o que responder e Mapi era uma história diferente. Tashi achava que ela era direta demais. Em contrapartida, ela também não conhecia ninguém que fosse tão... experiente quanto a mulher diante de si. Alexia tinha um tipo de confiança que parecia irradiar dela sem esforço quando ela conhecia pessoas novas. Por mais que ela fosse introvertida, havia um limite, mas era muito difícil não gostar dela. E então, é claro, havia a história sobre seus relacionamentos. Ela tinha passado muito tempo com Jenni, mas também tinha aproveitado o tempo de solteira em Barcelona. Não era algo que se falava abertamente, mas estava lá.

— Eu preciso que você me ajude com... essa coisa toda de namoro — disse Tashi, as palavras saindo rapidamente. — Porque eu não sei o que estou fazendo. De jeito nenhum. Quer dizer, uma das garotas da equipe de mídia, aquela amiga da Carla, me chamou para sair, e eu a ignorei completamente porque eu simplesmente... eu nunca tinha feito isso antes.

— Você nunca saiu com ninguém?

— Não assim- — Tashi se interrompeu. — É diferente. Eu nunca fui muito além de beijar uma ou duas pessoas em noites fora com alguns amigos.

— Você... — os lábios de Alexia se curvaram suavemente em diversão. — Você quer que eu te ajude com encontros?

— Sim, algo assim — disse Tashi, sentindo seu rosto ficar um pouco mais vermelho do que ela gostaria que estivesse. — Quer dizer, você... você já passou por isso antes. Você sabe o que está fazendo. E eu não. Acho que o que quero dizer é que... eu quero que você me ajude a saber como estar com uma garota.

E então lá estava. À vista de Alexia, uma confusão de palavras e a vulnerabilidade que fez Tashi querer rastejar para debaixo do balcão e desaparecer. Mas Alexia não riu. Ela não fez uma piada sobre como Tashi estava para fazer 22 anos. Em vez disso, ela se inclinou para frente, e sua expressão se suavizou de uma forma que fez o coração de Tashi errar um pouco o próprio ritmo.

— Ok — disse Alexia. — Eu vou te ajudar.

E foi assim que começou.

*

Alexia sempre gostou dos momentos de silêncio depois do treino, depois que todos iam embora, quando o barulho do vestiário parecia desaparecer e era só ela e a dor persistente de duas sessões reunidas em uma. Quarta-feira foi um desses dias — o time tinha trabalhado duro, ela não estava com a equipe. Alexia tinha acabado de sair da fisioterapia, e por enquanto era só isso que ela estava fazendo. Entrando no vestiário vestindo seu moletom de treino do Barça, ela encontrou o silêncio, com apenas o som da água corrente do chuveiro.

Tashi, pensou Alexia.

Ela não estava surpresa. Tashi era sempre uma das últimas a sair, muitas vezes demorando depois do treino como se precisasse aproveitar cada último momento do dia no CT. Alexia sorriu para si mesma. Tashi era jovem, mas havia algo em sua ética de trabalho que lembrava Alexia de si mesma naquela idade. Exceto que Tashi tinha toda a estrutura que Alexia só sonhava em ter até que finalmente aconteceu quando ela era um pouco mais velha. Mas Tashi era isso, toda foco, toda motivação. Isso nem sempre se refletia fora do campo, e a confissão recente de Tashi deixou isso claro.

Sem pensar muito, Alexia abriu a porta dos chuveiros, e o ar úmido atingiu seu rosto imediatamente. Tashi estava lá, parada sob o jato de água, de costas, a cabeça inclinada para trás enquanto a água caía em cascata sobre seu cabelo escuro.

— Ei — Alexia chamou casualmente, entrando e sentando-se no banco a alguns metros de onde Tashi estava tomando banho, longe o suficiente para que ela não fosse pega em nenhum respingo de água.

A garota olhou por cima do ombro, mas não pareceu assustada. Não era a primeira vez que Alexia a pegava no meio do banho, e agora era quase rotina. Não havia nada de estranho nisso, nada de constrangedor. Afinal, elas eram companheiras de equipe. Havia um certo nível de intimidade nisso.

— Oi — respondeu Tashi, sua voz ecoando fracamente nas paredes de azulejos. — Achei que você já tivesse ido embora.

Alexia deu de ombros, recostando-se na parede, seus olhos vagando sem rumo pelo espaço, evitando deliberadamente focar em Tashi.

— Eu tive que terminar minha sessão de fisioterapia. Demorou um pouco mais hoje — houve um breve silêncio, apenas o som da água. Alexia esperou, ouvindo Tashi fechar o registro de pressão e pegar a toalha e enrolá-la em volta de si antes de sair do cubículo, como se isso lhe desse uma abertura para dizer o que tinha a dizer. — Escute, vou sair com minha irmã e alguns dos meus amigos de Mollet hoje à noite.

— Certo — suas sobrancelhas franziram em confusão enquanto ela olhava para Alexia. — Você está me dizendo isso porque...?

— Eu acho que você deveria ir — Alexia sorriu, balançando a cabeça para o quão alheia Tashi podia ser às vezes.

Tashi parou, a meio passo da porta, olhando para ela como se Alexia tivesse acabado de sugerir que ela matasse alguém. Um pouco drástico demais.

— Espere, o quê? Por quê?

— Porque precisamos começar a trabalhar nisso — disse Alexia, inclinando-se um pouco para a frente, sua voz baixando. — Sabe, aquela coisa toda de 'relacionamentos' que falamos outro dia?

— Ah — o rosto de Tashi ficou dez tons de vermelho e ela usou a desculpa de sair do banheiro para se vestir como a fuga perfeita. Mas Alexia se levantou com ela. — Isso.

— Olha... — Alexia conteve um sorriso. — Se você vai dar o próximo passo, precisa começar de algum lugar. E por que não começar aprendendo a falar com as pessoas. Tipo, realmente falar com elas. Deixando claro que você está interessada.

— Ok... — Tashi suspirou um pouco cansada, encontrando suas roupas entre suas coisas impecavelmente organizadas. Ela se virou para Alexia e então acenou para o outro lado. — Você poderia...?

— Você quer que eu me vire?

— Eu agradeceria — disse Tashi e Alexia sorriu, quase querendo rir um pouco, mas ela obedeceu. Ela tinha acabado de vê-la assim, como já tinha visto outras vezes, mas é claro que ela se virou. — Sobre o que você estava dizendo. Você quis dizer que eu preciso aprender a... flertar?

— Exatamente — disse Alexia, assentindo. — Eu odeio te dizer isso, mas você tem que aprender a flertar, cariño.

Tashi soltou um gemido descontente, sentando-se no banco já vestida. Ela pensou em como estava começando a se arrepender de pedir ajuda com algo assim.

— Você pode se virar — ela disse, e Alexia o fez, bem a tempo de vê-la se abaixar para calçar os tênis. — Alexia, eu sou péssima nisso. Tipo, horrível. Minhas habilidades de flerte são inexistentes.

— Bem, você nunca praticou — disse Alexia, olhando para Tashi com o olhar calmo e comedido que ela usava quando precisava acalmar as coisas.

— Quem pratica esse tipo de coisa?

— Você pratica, começando hoje à noite — ela disse. — Olha, não é grande coisa. Nós estamos apenas saindo para jantar, nos divertir. Meus amigos são ótimos, você conhece minha irmã. Eles são tranquilos. É o ambiente perfeito para você tentar alguma coisa. E vamos nesse bar super legal em El Raval. Eu conheço o bartender de lá, Juanjo, então vamos ficar no bar e trabalhar isso.

— E se eu disser algo estranho?

— Tashi, você jogou uma partida na frente de mais de oitenta mil pessoas em Wembley. Você marcou o gol que deu o título da Euro para a Inglaterra há menos de um ano. Acho que você consegue lidar com uma conversa casual com alguém que não vai ver nunca mais na vida.

— Sim, sim, mas... — Tashi gemeu novamente, jogando-se no banco, talvez um pouco dramática demais. — Futebol é diferente. Há um plano. Eu adoro planos. Eu amo planos. Flertar é apenas... confuso.

— Não é confuso — Alexia riu suavemente. — É apenas ler as pessoas, descobrir no que elas estão interessadas e mostrar um pouco de interesse em troca do interesse delas. Você não precisa ser exatamente boa nisso imediatamente. Você não está tentando ganhar nada aqui, ok? Estamos apenas partindo de algum lugar.

— Eu não sei se quero fazer isso... — Tashi olhou para o teto por um momento antes de voltar a olhar para Alexia com uma expressão derrotada. — Você realmente acha que preciso fazer isso?

— Eu não vou te obrigar a nada — Alexia disse. — Mas você pediu minha ajuda, e acho que você precisa confiar um pouco mais em si mesma.

— Ok — Tashi mordeu os lábios, claramente ainda inseguro, mas um pouco mais convencida. — Ok. Eu vou.

— Ótimo — disse Alexia, se aproximando um pouco mais e oferecendo uma mão para Tashi se levantar de onde estava sentada. Quando Tashi pegou impulso com a ajuda de Alexia, ela terminou perto demais e a mais velha aproveitou o pouco espaço para a abraçar e deixar um beijo em seu rosto antes de se afastar — Agora, nós vamos para casa, você vai achar uma roupa bonita. Vamos sair em uma hora.

— Certo... — Tashi concordou. — Obrigada por fazer isso, a propósito.

— Não é nada — Alexia disse e sorriu gentilmente.

Tashi poderia estar um pouco perdida e, se nada mais, Alexia estava se divertindo em pensar em tirar algo daquilo. Era quase uma primeira vez para ela também, mas só de um jeito diferente.

*

O Caribbean Club em Raval era o tipo de lugar que parecia um segredo, embora todos soubessem sobre ele, porque em todas as listas de bares da Time Out em Barcelona, ​ele sempre aparecia no top 10. As paredes eram cobertas com prateleiras de madeira, as luzes fracas o suficiente para fazer tudo parecer um pouco mais suave, um pouco mais quente. Era o tipo de bar onde as bebidas eram feitas com cuidado, a música era alta o suficiente para cantarolar junto, e as pessoas se sentiam bêbadas na medida certa às 23h. Tashi estava lá há um tempo, um pouco mais leve, sentada no bar e observando o carismático bartender, Juanjo, preparar outro coquetel.

— Outro mojito para a nossa nova estrela inglesa? — Juanjo perguntou, seu sorriso largo e brincalhão. Ele era um cara mais velho, talvez na casa dos 40 anos, com cabelos grisalhos e o charme fácil de alguém que tinha visto todo tipo de pessoa passar por seu bar. Ele também era aparentemente um conhecido de Alexia — embora, para ser justo, todos em Barcelona parecessem ser conhecidos de Alexia. Além disso, Juanjo era muito bonito. Mas essa era a coisa sobre Barcelona. Todos naquela cidade também pareciam ter saído de uma capa de revista.

— Acho que estou bem por enquanto. Tenho treino amanhã, eu não deveria nem ter bebido o primeiro.

— Perfeito — disse Juanjo. — Garota esperta. Mas lembre-se, a vida passa rápido demais. Às vezes você tem que ir para o segundo round, mesmo que acorde se sentindo um pouco mal no dia seguinte.

Tashi sorriu, mas não disse nada, e Juanjo saiu para atender um homem do outro lado. Ela acabou sozinha por um momento, e conseguiu suspirar mais levemente naquele segundo. Tashi já tinha falado com pelo menos duas ou três pessoas — bem, talvez "falar" fosse generoso. Mas ela tinha tentado. Honestamente, ela não era tão ruim nisso quanto ela tinha se feito parecer. As conversas não tinham sido desastres completos. Houve risadas, alguns sorrisos trocados, um pequeno contato visual que durou tempo suficiente. Mas quando a conversa se desviou para um território mais óbvio de flerte, foi quando Tashi sentiu que estava vacilando, como se não soubesse como acelerar o ritmo tão abruptamente.

Ela estava pensando nisso quando Alexia sentou no banco vazio do bar ao lado dela. Alexia estava bebendo algo escuro, mas definitivamente não alcoólico, porque todos sabiam que ela não bebia enquanto a temporada estava acontecendo, mesmo que ela não estivesse realmente jogando.

— Você não estava indo tão mal — disse Alexia, olhando de soslaio para Tashi. — Eu vi você falando com aquela garota loira mais cedo. Qual era o nome dela?

— Hm — Tashi franziu a testa ligeiramente. — Sofia? Não, Sofía com sotaque. Ela era... legal.

— Legal? — Alexia levantou uma sobrancelha. — É isso?

— Sim, bem... — Tashi focou seu olhar no anel de sinete em seu mindinho, mexendo nele um pouco ansiosamente demais. — Começou bem. Nós conversamos sobre futebol, obviamente, porque do que mais eu poderia falar sem parecer uma idiota?

— Chocante — Alexia sorriu.

— O inglês dela não era tão bom, e você sabe, meu espanhol ainda é um trabalho em andamento. Meu catalão é inexistente. Então... — Tashi continuou, ignorando o comentário da garota mais velha. — Ela me perguntou o que eu faço quando não estou jogando, e eu simplesmente... percebi que minha mente estava ficando em branco. Tipo, eu não conseguia pensar em uma única coisa interessante para dizer.

— Mas você disse alguma coisa.

— Eu nem lembro — Tashi se inclinou para frente, pressionando a testa contra a superfície fria do balcão e fechando os olhos por um segundo. — Acho que disse algo sobre gostar de fotografia. O que é bom, eu acho, mas ela olhou para mim como se estivesse esperando algo um pouco mais... diferente.

— Ok, não foi tão ruim — Alexia riu suavemente, apoiando a mão nas costas de Tashi e então a levando até seu rosto, virando-o em sua direção, enquanto ela ainda o apoiava na superfície do balcão. — Bem, aí está seu problema. Você não está falando direito. Você não está falando além do básico. Você tem que fazer isso bem também. Você gosta de fotografia, não é?

— Sim?

— Isso é uma pergunta?

— Não — Tashi levantou a cabeça, olhando diretamente para Alexia. — Eu realmente gosto. Você acha que esse é o problema? Eu devo falar mais?

— Parte disso, sim — Alexia assentiu. — Faça a outra pessoa achar seus interesses divertidos. O resto é só confiança. Você tem que dominar a conversa. Você já fez a maior parte da parte difícil. Falar com as pessoas não é fácil, e você fez isso muito bem.

— Muito ruim, você quis dizer — Tashi murmurou.

— Você só precisa se acostumar com o constrangimento. Todo mundo fica constrangido quando está flertando, mesmo que não demonstre. Você só é... um pouco mais honesta sobre isso.

— Obrigada? — ela disse ironicamente.

— Vamos lá — Alexia a cutucou levemente. — Você está indo muito bem para uma primeira noite. É uma habilidade nova, sabia? Como qualquer coisa que você aprende, leva tempo para chegar a algum lugar.

— É só que isso... — Tashi suspirou, olhando ao redor do bar para os grupos de pessoas conversando, rindo, inclinando-se um pouco perto demais umas das outras. — Parece que todo mundo sabe o que está fazendo.

— Ninguém sabe de nada — Alexia disse simplesmente. — A maioria das pessoas está apenas improvisando. Confie em mim.

Juanjo voltou a se aproximar de onde Tashi estava, dessa vez colocando uma bebida na frente de Alexia, uma bebida que ela não havia pedido.

— Por conta da casa. Sem álcool — ele disse. — Você está sendo séria demais hoje.

Alexia sorriu com a brincadeira, mas agradeceu de qualquer forma e viu Juanjo sorrir também antes de se afastar e ir servir outra pessoa.

— Posso te fazer uma pergunta? — Tashi olhou para Alexia, e a viu assentir — Você fica nervosa quando está conhecendo novas pessoas?

— Talvez um pouco, às vezes. Mas o truque é sempre não deixar transparecer. Eu não estou pensando no que pode dar errado. Você não pode pensar demais. Apenas falo com as pessoas como se elas fossem justamente isso. Pessoas. Porque na verdade elas são, e elas provavelmente estão tão nervosas quanto você.

Tashi se encostou no bar, pensando nisso. Não era como se ela nunca tivesse ouvido um conselho como esse antes, mas quando Alexia disse isso, de alguma forma pareceu que fez mais sentido.

— Faz sentido — disse Tashi.

— Claro que faz — respondeu Alexia, cutucando seu ombro levemente, outra vez. — Então, quem é a próxima? Veja alguns rostos legais na mesa perto da janela. A garota de cabelo longo e olhos claros está se levantando para vir pra cá.

Tashi levantou seu olhar e imediatamente sentiu sua frequência cardíaca disparar, não por quem estava lá, mas porque ela estava nervosa a noite inteira. Havia esse grupo de pessoas sentadas perto da janela, rindo e conversando confortavelmente. A garota alta com o cabelo longo e preso era bonito, e ela estava mesmo caminhando na direção do bar.

— Eu não sei... — ela disse, sua voz sumindo.

— Você vai ficar bem. Vamos trabalhar melhor no que você diz dessa vez. Apenas entre numa conversa.

— Mas... — Tashi se mexeu no assento. — E se eu disser coisa de menos de novo? Você me ouviu antes.

Alexia riu, e então inclinou a cabeça para baixo, considerando por um momento o que estava pensando. Ela se mexeu um pouco mais para perto de Tashi, sua voz baixando um pouco.

— Olha, se você está tão nervosa com isso, por que você não pratica... comigo?

— Com você?

— Sim — Alexia deu de ombros. — Em vez de encontrar alguém novo. É nossa última tentativa da noite. Você pode treinar comigo.

— Espera — o cérebro de Tashi precisou reconsiderar aquilo por um momento, tentando entender o que Alexia tinha acabado de dizer. Tentando entender se ela tinha escutado a coisa certa. — Você tem certeza?

— Por que não? Sem pressão. Além disso... — ela acrescentou com um pequeno sorriso — Me disseram que sou excelente quando quero realmente conversar com alguém.

Tashi olhou para ela por um segundo, os lábios de Tashi se levantaram em um sorriso.

— O que eu deveria dizer?

— Qualquer coisa — respondeu Alexia. — Só... vá em frente. Faça eu querer realmente conversar com você, cariño.

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