Capítulo 05 - Indulgência
Notas do Autor
Olá meu povo lindo, eu demoro a aparecer, mas sempre volto. Como estão vocês nesse domingo de quarentena?
Eu estou no tédio, nem escrever está sendo o suficiente, mas estou trazendo mais um cap para ajudar vocês com o tédio.
Boa leitura e espero que gostem.
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— Será que a gente pode conversar? – Pepper indagou entrando no quarto de Tony e acendendo a luz.
— Eu não estou a fim de conversar, Potts – a maneira indiferente como o Stark mais novo a chamou, incomodou. Mesmo que ele faça isso vez ou outra desde que toda a verdade veio à tona, ser chamada assim ainda a incomoda.
— Tony, eu sei que está sofrendo...
— Você não sabe de nada, Pepper – a interrompeu irritado por ela supor como estava se sentindo.
— O que aconteceu foi terrível, mas não é apenas você que está sofrendo e poderia ter falado com alguém sobre o que o Jackson estava fazendo com você – ela falou, mas se arrependeu no mesmo instante que as palavras saíram de sua boca.
— Poderia mesmo ter falado com algum, senhorita Potts? – Tony falou com cinismo misturado com desprezo. – Se bem me lembro, você me chamou de canalha, egoísta, idiota, mau caráter e me mandou ficar longe. Não só você, mas todos os que diziam serem meus amigos queriam distância de mim, até meus pais me queriam longe! Eles desejaram a minha morte, sabia? – o jovem sorriu amargurado com os olhos brilhando devido às lágrimas, na sua mente ecoava uma conversa dos pais que escutou meses atrás quando cinco de seus primos morreram em um acidente de carro. Era para o Stark estar com eles, porém, naquele dia estava todo dolorido e cansado demais para sair; depois do enterro comovente, escutou seu pai dizer que preferia que Tony estivesse naquele carro junto com os primos do que ter um filho traficante drogado. – Claro que não, porque a toda perfeitinha Virginia Potts é a filha perfeita de uma família perfeita. Então, eu lhe pergunto: como eu poderia ter falado para alguém?
As palavras de Tony foram cortantes e repletas de dor, raiva, tristeza e abandono. E isso doeu em Pepper, seu estômago embrulhou diante das consequências de seus erros, se sentiu ainda pior ao se dar conta de que seu amigo tinha toda àquela mágoa dentro de si. Ainda assim lhe deu uma segunda chance e está tentando manter a amizade de anos que eles tiveram, tão diferente dela que a descartou por uma mentira.
— Você está certo – Pepper sussurrou. – Eu me deixei ser enganada pelas armações do Jackson...
— Não diga o nome dele – Tony gritou aflito e assustou a jovem, que deu um pequeno pulo no lugar.
O Stark sentou-se no chão com as costas apoiadas na parede, cobriu o rosto com as mãos as levando aos cabelos e começou a puxá-los. Estava sentindo o pânico tomar conta de sua mente e não queria que acontecesse, mas estava difícil suportar as lembranças que o nome Jackson trazia para sua mente; a surpresa da volta de Steve; e Potts tentando conversar sobre o que aconteceu há quatro meses não estavam o ajudando a manter o equilíbrio. Tony não queria conversar com ninguém, apenas queria ser deixado em paz e tentar encontrar uma maneira de reorganizar sua mente e sua vida, além de um jeito de acabar com todo o desespero que estava sentindo.
Compadecida do amigo, Pepper sentou-se na sua frente disposta a ajudar no que fosse preciso, tudo o que queria agora era ver Tony bem de verdade. No momento, precisava ajudá-lo com uma crise de pânico.
— Me perdoe por ter acreditado que você espalharia o seu vídeo transando com o Steve. Você o ama, não é? Nunca seria capaz de prejudicá-lo. Eu também quero que me perdoe por acreditar que tinha feito uma aposta com "aquele que não pode ser nomeado" – se desculpou fazendo referência ao Lorde Voldemort, personagem da saga Harry Potter, os livros preferidos do amigo. – E por ter acreditado que usava drogas e revendia, porque é claro que era daquele imbecil! Eu te conheço há tanto tempo, deveria acreditar que você não seria capaz daquelas coisas. Fui uma completa idiota, uma boba, tonta, estúpida, manipulável, o que você quiser me chamar! Sabe o que deveria fazer? Cortar o meu cabelo, igual fez na sétima série quando achou que eu ia te trocar por Norman Osborn; mas, na verdade, estávamos apenas conversando sobre o trabalho de geometria. Lembra-se disso? Eu fiquei o resto do ano indo para escola com o cabelo amarrado em um rabo de cavalo e quando você descobriu a verdade, me comprou tanto chocolate que eu fiquei com dor de barriga por uns três dias.
O falatório estava surtindo efeito, o tremor no corpo do jovem Stark diminuiu, a respiração regulou e o aperto nos fios castanhos afrouxou. Pepper sorriu com a sua pequena vitória e ficou esperando que Tony a encarasse ou dissesse alguma coisa. Todas as suas palavras que saíram de seus lábios foram sinceras e vindas do fundo de seu coração, mas precisava saber se o amigo acreditava nelas.
Tony abraçou a pernas deixando seu rosto parcialmente escondido por elas, ainda sentia lágrimas rolando pelo seu rosto e seu coração batendo acelerado, mas sua mente estava mais lúcida. Pepper sentou-se ao lado do amigo sabendo que ele precisava de um tempo para processar tudo o que ela falou.
— Você me abandonou – sussurrou abraçando as pernas com mais força. A mágoa em suas palavras era quase palpável.
— Eu sei – ela avisou segurando as lágrimas. A culpa a corroía por dentro ao ponto de doer fisicamente.
— Eu cresci sabendo que era indesejado, não poderia contar com meus pais para me ajudar. Contando que não manche o nome Stark, tanto faz o que acontece comigo, mas não esperava isso de você – Tony expôs a encarando, suas palavras a fizeram chorar.
— Me perdoe, Tony, por favor – Pepper pediu novamente, sua voz saiu entrecortada pelo pranto dolorido. – Eu juro que vou passar a minha vida inteira tentando me redimir com você.
A mágoa no coração do Stark era grande, mas não maior que o amor que sentia pela ruiva sentada ao seu lado, ele a considerava uma irmã e não conseguia enxergar um futuro onde ela não estivesse presente. Perder um membro de seu corpo doeria menos do que as palavras que ela lhe disse na última discussão que tiveram, pouco depois do vídeo de sexo dele e do Steve ter sido enviado para todos os estudantes de Midtown, mas não podia ficar longe dela, ainda mais agora que tudo a sua volta andava uma bagunça.
O Stark deitou no chão com a cabeça nas pernas de Pepper a surpreendendo, ela não sabia o que fazer. O gesto era algo corriqueiro na vida deles, mas depois do que o Jackson fez a Tony, ele tinha criado certa aversão ao toque.
— Eu não estou te perdoando – Stark avisou.
— Tudo bem, eu espero – ela afirmou entendendo que essa era a maneira dele de dizer que estava lhe dando uma chance de consertar as coisas.
Pepper queria abraçar Tony e agradecer, mas em vez disso começou a acariciar seus cabelos rezando para que ele não rejeitasse o toque, o corpo do Stark ficou tenso por alguns instantes, mas logo relaxou a fazendo sorrir. Os dois permaneceram em um silêncio confortável, ambos totalmente alheios que no corredor Maria tentava abafar o choro com as mãos.
Ela subiu as escadas pouco depois de Pepper, pois tinha se arrependido de ter permitido que a adolescente conversasse com Tony sobre o seu comportamento, acabou ouvindo toda a conversa e doía absurdamente saber que seu único filho se achava irrelevante para ela e o marido. Queria entrar no quarto, abraçá-lo e dizer o quanto o amava; porém, não conseguia se mexer, havia um peso enorme no seu peito, nem ao menos sabia se estava respirando.
A senhora Stark se esforçou para dar alguns passos até seu quarto, fechou a porta e deslizou por ela chorando com mais intensidade. Sentia-se uma péssima mãe, deixou seu "bebê" desamparado, agora ele está terrivelmente machucado e não quer a sua ajuda, pior que estava sendo novamente negligente.
Maria estava cansada de tentar conversar com Tony e apenas receber o silêncio ou algumas palavras simples, por isso pediu que Natasha o acompanhasse até o médico e que o trouxesse para casa quando a consulta terminasse (por algum motivo que ela desconhecia, Pepper assumiu essa tarefa). Ela queria um tempo longe da melancolia em torno do filho, da tristeza em seus olhos; tudo o que queria era poder fingir por uns minutos que tudo estava bem, mas a conversa que escutou a fez perceber que não poderia fazer isso quando o seu menino não tinha esse privilégio, porque foi por causa dela, de sua negligência como mãe, que ele foi ferido. A senhora Stark enxugou as lágrimas de seu rosto com mais força do que deveria, suas dores não eram importantes naquele momento, ela tinha que ser forte pelo seu filho, o protegeria, o defenderia e seria o que ele precisasse.
Horas se passaram e Pepper anunciou que tinha que ir para casa, mesmo não querendo ficar sozinho, Tony não insistiu com a amiga para que ficasse. A solidão de seu quarto sempre lhe traz lembranças ruins. Normalmente tem o Bucky para lhe fazer companhia, sua tagarelice sem fim o ajudava a pensar em outras coisas, mas hoje ele teve que ajudar o Steve com um assunto pessoal. Para piorar, na hora que abriu a porta da mansão, deu de cara com seu pai. Tony tem evitado contato com os seus progenitores, em especial com Howard Stark.
— Já está indo senhorita Potts? – o mais velho questionou.
— Sim, senhor, eu não tenho como ficar por hoje – ela respondeu gentil depois se voltou ao amigo. – Qualquer coisa é só me ligar, entendeu? – Tony balançou a cabeça confirmando que tinha compreendido. – Vou te dar um beijinho do rosto, está bem?
O Stark mais jovem aceitou meio receoso, alguém invadindo seu espaço pessoal era algo que o incomodava, mas se tratava de Pepper. Ela não o machucaria, não de propósito.
Notando o comportamento do amigo, a adolescente se aproximou devagar e sem fazer movimentos bruscos, tocou o rosto de Tony suavemente depois beijou demoradamente a sua bochecha direita. Se afastou com um sorriso doce nos lábios, disse adeus aos patriarcas e partiu deixando um silêncio desagradável entre os três Stark na sala.
— O jantar será servido em breve – Maria avisou tentando dar um fim no clima pesado entre eles. Os três eram uma família, não deveriam se sentir desconfortáveis na presença um do outro.
— Não estou com fome – Tony avisou sussurrando.
— Não seja assim, filho – Howard falou tentando tocar no ombro do mais novo, mas este se desviou indo para o lado.
O patriarca Stark sentiu seu coração falhar uma batida ao enxergar medo nos olhos de Tony, e começou a se perguntar se seu filho realmente pensa que ele seria capaz de machucá-lo.
— Meu querido, coma só um pouco. Hoje jantaremos macarrão com queijo, do jeitinho que você gosta. Então, faça esse esforço, por favor? – a senhora Stark pediu com gentileza.
— Por que querem que eu jante com vocês? – Tony questionou visivelmente confuso, os pais não são de insistir que se junte a eles durante uma refeição. Se ele dissesse que não iria comer, ficava por isso mesmo, principalmente depois de toda a confusão do ano passado.
— Nós somos seus pais, queremos a sua companhia – Maria respondeu gentil, mas suas palavras não surtiram o efeito que esperava, o sorriso desdenhoso que surgiu nos lábios de Tony era a prova irrefutável disso.
— Se faz vocês felizes, eu vou fingir que acredito nisso – o mais novo dos Stark falou debochado em seguida subiu as escadas.
Maria encarou Howard com pesar, o comportamento do filho machucava, mas não tinham moral para repreendê-lo e isso não foi nada que já não tivessem feito antes.
— Precisamos conversar – ela avisou para o marido com seriedade e determinação.
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E ai meus xuxus lindos e maravilhosos, o que acharam? Como estão vossos corações depois desse capítulo? Deixem seus comentários e lembrem-se de votar
Quero agradecer a CecyJarske que mesmo pirando com a quarentena, está me ajudando com a correção dos capítulos.
Bjus e até o próximo.
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