Capítulo 04 - Condescender
Notas do Autor
Ola meu povo lindo, sentiram saudades de mim?
Acho que não deu tempo de vocês sentirem minha falta, afinal, não faz tanto tempo assim que ouve atualização da historia.
Espero que gostem.
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Steve estava à meia-hora olhando para um ponto qualquer na mesa da cafeteria onde Bucky trabalha como garçom. Tinha pedido um chocolate quente para afastar o frio do inverno Nova-iorquino, mas esse estava esfriando intocado. Durante todo o percurso até ali, Rogers vinha tentando tirar alguma informação do amigo sobre o que levou Stark ao hospital, porém, Bucky estava irredutível e não abriu a boca. Segundo Barnes, esse era um assunto muito sério que diz respeito ao Tony e somente ele pode escolher quem deve saber.
Não queria estar curioso para conhecer todos os detalhes do que aconteceu com o jovem Stark depois de sua partida, isso o deixava frustrado porque não era para estar assim. As fofocas sobre os outros amigos não lhe interessavam naquele momento. Porque é tão importante saber que Thor e Loki tiveram uma grave crise em seu namoro, ou que Wanda e Clint estão tendo uma amizade colorida, ou que o pai do T'Challa morreu num acidente de carro?
Rogers sentia-se horrível por não conseguir dar tanta importância ao que aconteceu com seus amigos, não deveria estar preocupado com o Tony. Afinal, a culpa de sua vida ter ficado de ponta-cabeça era dele, mas seu coração batia dolorido apenas com a ideia de nunca mais poder vê-lo. A verdade era que Steve não queria admitir que já não sentia mais raiva do Stark. Sim, ele estava profundamente magoado, pois nunca imaginou que Stark pudesse ser tão cafajeste, e se culpava por ter acreditado nos sentimentos que Tony dizia ter; mas raiva? Essa já não existia mais!
Ao menos ir até a cafeteria com Bucky teve uma serventia, o proprietário estava precisando de um novo garçom e Steve precisava de um trabalho, com o amigo fazendo ótimas recomendações, conseguiu a vaga sem maiores problemas. Não queria mais depender dos pais, muito menos viver sob o mesmo teto que eles. Por isso, não perdeu a chance de conversar com Barnes e pedir para passar uma temporada com ele; claro que Bucky aceitou na mesma hora o pedido do amigo. Barnes era muito grato pela ajuda que os pais de Steve deram a ele, no entanto, não aceitava a maneira como estavam tratando o filho por causa de sua sexualidade.
[...]
Em outro ponto da cidade, Tony estava sentado confortavelmente no sofá vermelho do consultório do Doutor Stephen Vincent Strange – o psiquiatra responsável pelo caso do jovem Stark –, os dois se encaravam em silêncio há dez minutos. Tem sido assim desde que começou o tratamento contra os traumas causados pelo incidente.
Tony tem essa rotina há quatro meses e sempre tinha alguém o acompanhando nas consultas. Normalmente, era sua mãe que ia junto até o consultório de Strange, mas hoje, Pepper encarregou-se de ser a sua "babá". Ele não acreditava que falar sobre o que aconteceu colocaria fim na bagunça que sua cabeça se tornara. Apenas ia às consultas porque não tinha forças para discutir e impor suas vontades, mas até que agradecia pelos remédios, apesar de deixarem seu raciocínio lento, eles o tem ajudado bastante a dormir.
O jovem Stark tinha que admitir que o doutor Strange era muito paciente, não era qualquer um que conseguia lidar com o tratamento de silêncio que ele estava lhe dando, sua mãe mesmo estava à beira da loucura e quase levando Howard junto. Os patriarcas Stark não entendiam que Tony não fazia isso de propósito; só que quando ele precisou que o ouvissem, eles não quiseram escutar, então agora não há mais nada que ele queria dizer. Por isso as conversas se resumiam em: eles falando e Tony respondendo com monossílabas.
– Steve. Ele voltou para à escola – sussurrou baixinho enquanto coçava o pulso compulsivamente. Um bolo em sua garganta o impedia de respirar direito desde que viu Rogers no refeitório, precisava "vomitar" aquilo que estava entalado em sua garganta antes que sufocasse.
– O que aconteceu quando você o viu? – Strange indagou com um pequeno sorriso nos lábios, nada mais do que um simples levantar dos cantos da boca. Devido a sua experiência de mais de vinte anos trabalhando com casos como o do jovem Stark, ele sabia que uma hora Tony começaria a falar, apenas precisava ter paciência.
– Surtei – o filho de Howard falou, sorrindo triste. Os arranhões auto-infligidos no pulso esquerdo estavam começando a sangrar, mas Tony nem ao menos percebia que estava se machucando.
– Como assim surtou? – Stephen perguntou, ele já tinha notado a coceira compulsiva do jovem à sua frente.
– Eu entrei em pânico, se não fosse a minha amiga Natasha, o Steve teria me visto pirando – explicou aflito com os olhos cheios de lágrimas, começando a hiperventilar.
– Respire devagar, Anthony, respire devagar. O ar está entrando em seus pulmões, então inspire e expire, sem pressa – Strange pediu demonstrando ao adolescente em sua frente como deveria fazer. O jovem Stark conseguiu fazer como foi solicitado por seu psiquiatra, aos poucos conseguindo normalizar sua respiração.
– Odeio isso! – o filho de Howard e Maria resmungou deitando no sofá, escondendo o rosto com uma pequena almofada.
– Ter episódios de pânico é comum em pessoas que sofrem abuso, Anthony – Stephen explicou.
– Eu sei que é – avisou levemente irritado. – Mas eu odeio me sentir assim e todo o resto! Eu queria tanto contar ao Steve o que aconteceu, que não fui eu que fiz aquele vídeo nojento. Mas só de pensar em fazer isso, eu fico apavorado e é tão frustrante – sua voz saiu abafada pela almofada, Strange quase não conseguia ouvir.
– Por que você quer contar para ele? – o psiquiatra indagou e isso fez com que o adolescente deitado na sua frente lhe encarasse.
– Porque eu quero explicar o que realmente aconteceu, mas toda vez que tento falar... Eu me sinto culpado, aquele louco fez tudo por minha causa. Tudo é tão complicado – Stark explicou puxando os cabelos com os olhos focados no nada.
– Anthony, você não está preparado para ter essa conversa com o seu amigo Steve – o psiquiatra avisou ciente de todos os traumas psicológicos de seu paciente. O adolescente já possuía todos os traços da personalidade de uma criança negligenciada afetivamente; as conversas com os pais e os amigos íntimos confirmaram suas suspeitas. Depois do ocorrido, os traumas latentes no jovem vieram à superfície com força total.
– Quando estarei pronto para isso? – Stark perguntou cansado e agoniado.
– Eu não tenho essa resposta – Strange informou com sinceridade.
– Então para o que você serve? – indagou amargo.
– Eu estou aqui para te dar uma direção, Anthony, te ajudar a entender todos esses sentimentos ruins que tem dentro de você e te ajudar a lidar com eles, entretanto, você tem que querer minha ajuda. Posso te ajudar? – Stephen pediu.
– Você só quer me ajudar por causa do dinheiro do meu pai – a amargura na voz do jovem era nítida.
– Sim, seu pai está me pagando muito bem, mas se você viesse até mim em busca de ajuda, eu te ajudaria.
– Mas por quê? – Tony indagou com o cenho franzido.
– Porque você precisa.
Tony ficou em silêncio com as palavras sinceras do médico martelando em sua cabeça. Não faria mal conversar com alguém, ainda mais se essa pessoa for o Strange. Ele parece ser confiável, e de se importar mais consigo do que seus próprios pais.
– Quando você acha que conseguirei conversar com o Steve sem surtar? – Stark indagou, sendo essa sua maneira de avisar a Strange que aceitava sua ajuda.
– Apenas você vai saber quando estará forte o suficiente para ter uma conversa aberta e franca com o Steve – as palavras mansas, e pacíficas de Stephen, fizeram o jovem revirar os olhos questionando-se se o homem a sua frente se irritava com alguma coisa.
– E se nunca acontecer? – Tony indagou preocupado com essa possibilidade.
– Não pense nisso agora. Foque suas energias na sua recuperação, o resto vem com o tempo – disse gentilmente.
Falar com Stephen foi melhor do que Tony imaginou que seria; saiu do consultório um pouco mais aliviado do peso em seu peito, era algo bem pequeno, mas já era um começo. Pepper o esperava sentada na sala de espera, ela sorriu gentilmente assim que o viu, sentindo uma grande vontade de abraçar o amigo, mas sabia que ele não reagiria bem a esse contato físico. Ela se odiava por não ter estado presente quando Tony precisou, o conhecia há tanto tempo, não deveria ter acreditado que ele tinha feito uma aposta idiota e vazado para toda a escola aquele vídeo, muito menos que ele usava aquelas porcarias. O Stark amava demais o Steve, nunca seria capaz de fazer algo que o prejudicasse, e odiava coisas que lhe tiravam o controle de suas ações, que o fizessem não pensar direito.
Os adolescentes saíram do prédio perdidos em seus pensamentos, a amizade entre os dois ainda estava balançada, mas Pepper não desistiria, não cometeria esse erro novamente, ela se deixou ser enganada uma vez e aprendeu sua lição. Tony tinha uma penca de defeitos, mas não era mau-caráter e muito menos merecia o que aconteceu.
Ainda sem trocarem uma palavra, ambos entraram na mansão Stark, Tony subiu apressadamente os degraus da escada, ignorando completamente os chamados de sua mãe. Maria sorriu sem graça para Pepper, seus olhos estavam levemente marejados, doía à indiferença do filho, mas compreendia, vinha sendo uma péssima mãe – o último ano comprovou isso.
– Eu vou falar com ele – Pepper avisou apontando para a escada. Queria repreender o amigo, ele estava sofrendo, contudo, a sua família também estava.
– Tudo bem, querida, eu entendo. Ele está magoado, logo isso passa – a matriarca Stark afirmou, mas nem a própria acreditava em suas palavras.
– Mesmo assim, acho melhor eu ir falar com o Tony. O Steve voltou para o colégio, quero saber como ele está se sentindo em relação a isso – a adolescente avisou deixando a mais velha surpresa, ela não esperava que o rapaz voltasse a fazer parte da vida do filho.
– Já que é assim, é melhor mesmo que converse com ele – Maria afirmou preocupada com a notícia que recebeu, seu filho pode não reagir bem ao retorno do rapaz. – Tony não quer mesmo falar comigo. Para ser sincera, ele mal diz uma palavra – ela acrescentou pesarosa.
Pepper sorriu complacente, a culpa estava corroendo a sempre tão elegante senhora Stark. Ela errou feio com o único filho e agora está sofrendo as consequências.
A adolescente subiu as escadas pausadamente, caminhou pelo corredor até o quarto de Tony, sentindo um nervosismo incomum, afinal, já tinha feito aquele trajeto diversas vezes. Iria bater, mas a porta estava entreaberta, então a empurrou e deu de cara com um cômodo escuro e silencioso. Totalmente diferente de antes, sempre tinha um rock clássico sendo tocado no último volume e as cortinas estavam sempre abertas.
– Tony? Tony, você está aí? – chamou receosa.
– O quê? – ele respondeu saindo do banheiro com a toalha de rosto nas mãos.
– Será que a gente pode conversar?
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Notas Finais
É ai meu povo lindo, o que acharam? Deixem seus comentário e votem na historia.
Agradeço a CecyJarske pela ajuda com o capitulo... Obrigada mana <3
bjinhos
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