Q U I N Z E
E lá está ela, andando como se nada a abalasse, sua coluna ereta e nariz empinado pareciam que a deixava inabalável, inquebrável, mas agora acredito que isso tudo que ela é, não passa de um personagem.
Eu tentei ter trégua entre nós, eu sabia que não iria dar certo, mas fui.
Respiro fundo, desviando minha atenção dela.
—Você sabe qual é o Problema dela? -Pergunto ao Josh que estava digitando algo no celular.
—Quem? -Ele olha em volta, mas ela já tinha ido embora do corredor.
—A Jade. -Jogo minha mochila no armário, o fechando logo em seguida.
—Aaah...-Ele me olha com uma careta estranha. —Ódio?
Ele sugere, soltando uma risada.
—Pra falar a verdade não sei, quando eu a conheci, ela era diferente.
Responde, dando de ombros.
—Diferente? -pergunto.
—É, mas ela não é isso que sempre tá mostrando.
Ele volta a atenção para o celular, suspiro.
Eu queria dizer o que vi no vestiário e tentar entender, mas me limito em não fazer isso, ela não parecia querer falar no assunto quando a procurei ontem.
—Vai ter uma festa do Time de basquete, você vai? -Ele pergunta caminhando ao meu lado.
—Não sei.- Respondo, eu já sabia sobre a festa, é uma das coisas mais faladas nesse corredor.
—Vou procurar a Mary. -Ele diz dando meia volto e eu o olho sem entender.
—Noah.... -Sophie aparece na minha frente, porque ele fugiu dela? — Podemos finalmente conversar? Faz dois dias.
—Tudo bem.
Dou de ombros, notado a surpresa nela.
—Tudo bem? -ela me olha por alguns segundos como se estivesse esperando por uma resposta e eu apenas concordo com a cabeça, enquanto espero ela começar a falar:
—Tá, talvez eu tenha exagerado, mas minha motivação não foi errada. -Ela tenta se justiçar.
—Claro que foi, eu não pedi por isso. -Tento não soar de maneira grosseira. —E eu nunca pensei que você faria algo do tipo.
Digo me referindo a ela ter mexido com o medo de alguém, por mais que eu esteja totalmente perdido sobre esse assunto.
—Eu sei, me desculpa. -Ela pede, olhando-me claramente arrependida, mas não é pra mim que ela deveria pedir desculpas.
Mas apenas suspiro, cansando desse assunto.
—Tudo bem. -Respondo, deixando isso de lado. —Você vai pra festa no domingo?
Mudo de assunto, tentando ignorar um sentimento estranho que se apossou de mim. Ela sorri abertamente.
—Se você for.
—Eu eu acho que vou. -retruco sem dar certeza, domingos são dias exaustivos pra mim.
—Você disse o que?
Minha mãe pergunta como se não tivesse escutado.
—Que vou em uma festa no domingo. -Repito, pegando um salgadinho qualquer da loja, ignorando o olhar repreendedor que minha mãe lança.
—Desde quando você vai a festas aos domingos? -Pergunta ela, levando as duas mãos a cintura.
—Desde o próximo domingo. -Dou de ombros, pegando outro salgadinho.
Ela abre a boca pra falar algo, mas a fecha.
—Tudo bem. -Ela diz receosa. —Deu 5 dólares.
Ela aponta para os salgadinhos que eu peguei.
—Coloca na conta. -Sorrio, finalmente livre pra ir pra casa.
Tinha me esquecido como é cansativo atender gente mau humorada.
—Quer que eu espere a senhora? -Pergunto indo em direção a porta.
—Não, vou fechar mais tarde hoje.
Agora é a vez dela de ignorar meu olhar reprovador.
—Mãe, você já passa o dia todo nessa loja, não acha que tem que descansar? -Sugiro, mas ela ignora fingindo que está vendo algo na caixa registradora. —Mãe.
A chamo, finalmente chamando sua atenção.
—Vamos pra casa, mãe. -Tento a convencer.
—Nós não podemos morar na casa da sua vó pra sempre. -ela murmura.
—Mas temos tempo o suficiente pra descansar. -Ela me lança um olhar triste. —Por favor, mãe, vamos pra casa.
Peço, sabendo do peso que ela carrega nas costas.
—Tá bom, tá bom.
Ela finalmente se rende.
—Eu te ajudo a fechar a loja.
Desisto de tentar dormir, mas continuo de olhos fechados. Tem muita coisa acontecendo em uma fração mínima de tempo.
Minha mãe morando praticamente na loja.
A atitude da Sophie que não sai da minha cabeça.
Meu pai.
Jade.
Respiro fundo.
Venho me esforçando ao máximo pra ajudar minha mãe, mas a culpa que ela carrega em si nunca dá descanso.
Meus pais se conheceram quando eram jovens e imaturos, então eu nasci.
Meu pai virou a merda de um alcoólatra, mas minha mãe nunca o abandoou, acreditando fielmente nas palavras sóbrias dele.
Mas ele viveu a vida dele bebendo, gastando tudo que tínhamos e o que não tínhamos.
Então em um domingo, aconteceram muitas coisas.
Ele bebeu mais que o habitual e pela primeira vez, ele foi agressivo.
Felizmente comigo e não com a minha mãe, eu ainda tenho a cicatriz na mão de quando me defendi da garrafa de vidro que foi lançada em mim.
Meus pais brigaram, ele foi embora, então bebeu mais e naquele mesmo dia, morreu.
Eu me senti mal por não me sentir mal por ele. Eu sei que minha mãe se culpa por não ter o deixado e que agora, só estamos assim por culpa dela.
O que é uma grande mentira, não há culpados, além dele.
bateu 1k caraleo
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