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D E Z

ÓDIO

ÓDIO É A PALAVRA QUE ME DEFINE.

Bato a porta do carro com força, sem me importar se quebraria.

Foda-se também.

Aquele idiota vai me pagar, com certeza.

Vou fazer ele sentir a mesma coisa, ou pior, muito pior, vou fazer o pobretão sentir medo.

Abro a porta de casa, quase soltando um palavrão quando vejo minha madrasta no sofá.

Que se foda essa vadia também.

-Soube do que aconteceu ontem aqui. -Ela diz e eu paro no meio do caminho, respiro fundo. -Tá chovendo?

Ela pergunta enquanto me analisava.

-Enfim, que não se repita, Sophie pode trazer quem ela quiser aqui. -Ela me repreende, como se tivesse alguma moral pra me dar ordem.

-Ela que tente. -respondo, não tenho medo dela ou do que ela acha que pode fazer comigo.

No momento eu não consigo pensar em nada que não seja o pobretão e em como vou ferrar ele.

-Como? -Pergunta ela, como se não tivesse escutado.

-Está surda? A idade já está tão avançada assim? -Ela me olha como se não estivesse acreditando no que ouvia.

-Olha aqui garota, vo...-a interrompo.

-Eu o que? Por que não vai lá chorar nos pés do seu maridinho?- Pergunto sem esperar uma reposta. -Ae, ele deve está comendo alguma vadia por aí.

Sorrio ao notar a expressão dela.

Não tem pra quem ela correr, ele não está aqui pra bancar o marido perfeito e defender sua mulher de uma filha revoltada.

Deixo ela pra trás e subo até meu quarto, batendo a porta com mais força ainda.

Que se foda tudo.

Pego meu celular e ligo para Mary, eu preciso falar com alguém.

Ela atende segundos depois.

-Acredita que aquele imbecil jogou a porra de um balde de água em mim? -Desabafo sem dar chances pra ela falar alguma coisa. -Molhou meu carro todo, eu deveria fazer ele secar.

Completo, andando de um lado para o outro.

-Que? São que horas? -ela faz uma pausa. -Porra, Jade, são 11 horas e você já arrumou confusão?

Ela repreende.

-Você ouviu o que eu disse? O pobretão jogou um balde de água em mim. -repito, escutando um absoluto nada depois. -Mary?

A chamo.

-Desculpa. -Escuto ela rindo.

Sério?

-Mas aposto que você mereceu. -Tiro o celular do ouvido, olhando pra ele como se ela pudesse ver minha careta. -E aposto que você que foi atrás.

Ela completa, acertando em cheio.

Não que eu tenha tirado o dia pra procurar ele. Eu precisava de mais revistas e tintas, fui em uma lojinha que vende de tudo e comprei, passei num posto e acabei vendo ele.

O filho da puta estava falando com alguém, com um sorriso idiota, não era nenhum pouco longe de onde eu estava.

Eu só precisava atravessar a rua, não sei exatamente porque fui lá, mas dane-se.

-E isso importa?- dou de ombros.

-Eu queria ter visto. -ela solta uma gargalhada e eu bufo, menos estressada que antes pelo menos. -Ainda dá tempo de vir pra casa de praia, só tem eu e o josh aqui, não custa nada você vir.

Ela pede.

-Não vou. -Suspiro. -Preciso pensar.

Falo desligando o celular, solto um grunhido quando lembro que deixei as coisas no carro e provavelmente todas as revista que comprei estão molhadas.

Fique calma.

Tiro minha roupa molhada, jogando em qualquer canto, enquanto caminho em direção ao banheiro.

Apenas fique calma.


-Mãe, você pode por favor, voltar e ficar por pelo menos uma semana? -peço com o celular na orelha enquanto olho para o teto sem graça do meu quarto.

-Você sabe que não, esse mês não dá pra mim ir...-ela faz uma pausa pra falar com alguém aonde ela está. -Eu sinto muito, mas sei que você entende, preciso ir, te amo.

Ela desliga, mas eu continuo com o celular no mesmo lugar, olhando para o mesmo lugar.

Meu pai nunca fica.

Ela nunca vem.

Amaldiçoo a existência da Rebeca até a última geração, se não fosse por ela e pelo idiota do meu pai, talvez estaríamos juntos.

Talvez se meu pai tivesse um pouco de caráter, ele terminaria com a minha mãe de um jeito menos dolorido.

Ela ficou 10 anos em casamento pra no fim ser trocada, ela acha que se reergueu, mas não é difícil ver que não.

Ela troca de namorado, igual eu troco de sapatos. Ela não acredita em ninguém, não confia em ninguém, mas mesmo assim, tem a necessidade de ser amada.

Eu não a julgo, só não queria que no meio disso tudo, eu fosse esquecida.

Mas tudo bem, não é como se eu ainda me importasse.

Olho para a tela que estava no meio do meu quarto, incompleta.

Mas pra mim está completa, me sento e observo a garotinha que tentei fazer com pedaços de revistas.

Não tinha todos os pedaços, mas tudo bem.

Jogo meu celular em qualquer canto da cama, me levanto e me sento em frente a tela.

Completando os espaços com tinta preta e então esqueço do dia merda que tive.


Postei a versão não revisada sem querer, caso quiser ler com menos erros, fecha e abre o Wattpad. Bj

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