Cap. 17 - O Passado lhe Condena
(EM PROCESSO DE REVISÃO)
TALVEZ ESTEJA MEIO FORA DE CONTEXTO COM O CAPÍTULO ANTERIOR.
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CATLÉYA NARRANDO...
Quando começo à contar um pouco do meu passado pro meu curioso alien de olhos azuis, sou interrompida por Anny, eufórica como sempre, chamando para jantar e avisando que Rafael também estava lá.
Dante sai na minha frente, pego Reed e caminho devagar atrás deles. Vejo Rafael parado na porta da sala de braços cruzados. Apesar dele ser tão alto quanto o ETsão, ele não dava medo, com sua aparência de tartaruga humanóide, ele era um cara legal e um ótimo amigo.
Eles se cumprimentam, e Rafael fica surpreso ao me ver.
- Cat? Você ainda está por aqui? - Ele me dá um abraço tão forte que sinto meus ossos estalarem. - Achei que nunca mais iria lhe ver.
- Pois é, felizmente ainda estou. - Respondo e deixo os dois conversando.
Vou para o quarto, e depois de um bom banho, coloco minhas roupas sujas em um tipo de máquina que eles tinham no banheiro, onde a roupa saía limpinha, cheirosa e sequinha. Era uma das melhores coisas que já tinha visto, aposto que várias pessoas preguiçosas do meu planeta adorariam essa engenhoca, porque eu adorei.
Enfim, após me arrumar, estava na hora de dar um banhozinho no Reed também. Quando o peguei no colo, percebi que estava mais quente que o normal. Corri com ele pro banheiro, dei um banho rápido e aquela febre não abaixou.
- Reed, tá sentindo alguma coisa? Tá doendo em algum lugar?
- Meu barriga tá doiendo. E aqui tamém. - Ele aponta pras asas e a barriga.
- Vem cá. - O embrulho e começo à cantarolar uma música qualquer, balançando aquela pobre criança.
Em alguns minutos ele adormece, e a febre passa. Deixo ele dormindo num cantinho da cama e vou até a cozinha. Pego um prato de comida e vou pra varanda.
- Oie, posso me sentar por aqui? - Anny se aproxima lentamente.
- Claro, porquê não? - Respondo com um sorriso.
- Sabe, é tão bom ter outra mulher com quem conversar, além de minha mãe. Eu adoro sua companhia. - Ela diz enquanto come.
- Pena que só você gosta de mim. - Respondo tentando esconder minha tristeza.
- E quem disse que não gostam? Meus pais lhe adoram, e meu irmão... Ele também, só que não quer admitir.
- E como você sabe que ele gosta de mim? Ele te falou alguma coisa?
- Não, mas dá pra perceber nos olhos dele sempre que lhe vê, ou quando falamos de ti.
Dou apenas um sorriso de canto, imaginando que isso poderia ser coisa da cabeça romântica e sonhadora daquela menina.
A noite estava clara, logo após todos jantarem, sentamos na beira da piscina e começamos à conversar sobre assuntos aleatórios.
Ouço Dante e Rafael discutindo, acho que eles estavam brigando, por causa de quê eu não sei. O ETsão sai de dentro da casa meio exaltado, seus olhos estavam totalmente vermelhos, estava com raiva, dava pra notar. Ele pragueja algumas coisas e se escora num canto qualquer. Rafael também se junta à nós, de frente à piscina.
Um silêncio toma conta do ambiente, mas dona Aryadne o quebra, me perguntando um pouco mais sobre minha vida na Terra, já que ninguém sabia sobre a minha história.
***
DANTE NARRANDO...
Eu não tinha a menor ideia sobre qual assunto Rafael queria tratar comigo. Vejo ele escorado na porta da sala, e quando ele nota que Cat ainda não havia ido embora, seus olhos até brilham ao vê-la.
Cumprimento meu amigo e logo após ele cumprimenta e abraça ela, sinto algo estranho ao ver os dois juntos novamente. De uma certa forma, não queria ver Catléya perto de outros homens, mesmo que fossem meus amigos.
Ela nos deixa à sós, e sigo sua silhueta com os olhos até perdê-la de vista.
- Gosta dela, não é senhor Dante? - Ouço a voz de Rafael me tirando de meus devaneios.
- O quê? Não, claro que não. Estás louco? Não suporto essa criatura. - Tento disfarçar, mas meus olhos são traiçoeiros em relação aos meus sentimentos.
- Dante, eu sou homem, sei muito bem como é isso. Você está perdidamente e completamente apaixonado, dá pra notar.
- Pare de dizer lorotas, Rafael. E mudemos de assunto, sim? Afinal, o que queres por aqui? - Caminhamos até a sala pra conversamos um pouco mais à vontade.
- Se você acha que não devemos falar sobre estes assuntos, tudo bem, amigão. - Ele dá um tapinha nas minhas costas. - Enfim, vim aqui para lhe pedir em nome do Coronel Turnner que volte para a TIGRE.
- Como assim, voltar pra TIGRE? Jamais. A minha história naquele lugar já teve fim. - Respondo meio nervoso relembrando do meu passado, que não me orgulho muito.
- Mas precisamos de ajuda urgente, meu amigo. Analise isto. - Ele me entrega um tipo de placa chip. - Estão implantando esses chips nos aliens capturados.
- E o que é que eu tenho à ver com isso?
- É que suas habilidades são de extrema importância para nós. Estamos passando por uma situação difícil, houve uma perda muito grande de homens nos últimos dias, e precisamos de você lá para nos ajudar na próxima missão. Acha que se não fosse importante, eu viria aqui lhe pedir isso?
- Não, Rafael. Eu me aposentei dessa vida, e não quero mais nada que venha de lá.
- Mas Dante, faça isso para o bem de todos, todos os planetas estão correndo um grande perigo. Faça isso pela sua família, pelos amigos, pelo Brendon.
- Não quero falar sobre ele. Você não estava lá, não viu o que eu vi. E o Brendon... - Dou um suspiro de tristeza quando lembro do meu amigo. - Arranje outra pessoa, Rafael.
- É dessa forma que você preza a memória dele, Dante? Sabe que a corporação era tudo pra ele. E você deve isso ao Krauser.
- Eu não devo nada à ele. O Krauser ainda não entendeu que tudo o que aconteceu aquele dia foi um acidente?
- Ele ainda não se conformou, e logo depois você sumiu. Mas, se é você que quer viver essa vida nômade, saqueando outros planetas, o problema é seu.
- Eu não estou saqueando planetas, só fui na Terra pra... Ah, quer saber, essa conversa termina aqui. - Saio praguejando, com ódio de tudo o que havia acontecido.
Malditos sejam aqueles vermes miseráveis que emboscaram nossa nave. E eu não posso acreditar que depois de quase um ano, ainda estava sendo acusado pela morte do Brendon.
Tento manter a calma, vou pro quintal para tomar um ar fresco, e encontro minha família e Cat conversando. É estranho, mas me sinto melhor ao vê-la.
Depois de um silêncio avassalador, minha mãe questiona sobre o passado de Cat, então ela começa à contar sua história.
Confesso que também estava um tanto quanto curioso para saber um pouco mais sobre ela, e por um momento, olhando para Cat, minha raiva e problemas haviam passado, queria focar meus pensamentos nela, Catléya.
- Bom... - Ela começa à falar. - A minha vida era muito tranquila, com uma família adorável e unida, assim como vocês são.
Todos prestavam atenção em cada palavra, cada detalhe que ela dizia, e a única coisa que eu observava naquele momento era seu rosto e sua boca, não conseguia parar de encarar seus lindos lábios.
- Enfim, tudo começou à desandar quando meu pai morreu por conta de um acidente no trabalho. Foram dias difíceis, mas minha mãe conseguiu superar, e se casou novamente. O novo marido dela era super legal, nos tratava como seus próprios filhos.
Ela dá uma pausa, e ouvimos passinhos minúsculos vindos direto para nós, era Reed meio sonolento, que se encolhe e deita no colo de Cat, resmungando alguma coisa. Então ela prossegue.
- Uma noite, eles saíram pra comemorar alguma coisa, não lembro mais o que era. E minha mãe nos deixou sozinhos em casa, e disse que era pra eu cuidar bem do meu irmão. - Ela dá um sorriso de canto. - Poxa, eu já tinha meus 18 anos, e o Gabriel era apenas um garoto, com seus 16 anos. Um deveria cuidar do outro, entendem? É como todos os irmão deveriam ser. Eu estava na sala assistindo TV e ele no quarto jogando vídeo-game, quando ele sai correndo e me chamando. Ele disse que tinha visto uma grande luz no quintal, e iria olhar mais de perto. Nossa casa era bem afastada, haviam poucos vizinhos ao redor. Assim que ele foi pra fora, escutei somente seus gritos pedindo ajuda. Corri para ver o que estava acontecendo, quando vi de longe, a luz desaparecendo no céu rapidamente, deixando somente o boné que ele usava, e a única coisa que eu deveria ter feito era cuidar dele.
Todos ficaram de boca aberta enquanto Catléya nos contava esse trecho de sua vida.
- Então quer dizer que seu irmão foi levado por um alien? - Minha irmã questiona.
- Sim. À princípio, todos acharam que eu estava ficando louca, ninguém acreditava no que eu dizia, até suspeitaram de mim. Então disse apenas que o levaram, e que não vi quem eram os sequestradores. Nunca mais tive notícias dele, minha mãe entrou em depressão, ficou muito doente, e pouco tempo depois morreu. Então ficamos apenas eu e meu padrasto.
- Óh, Cat, eu sinto muito. - Minha mãe diz enquanto seus olhos ficavam na cor verde, aliás, de todos estavam dessa cor.
- Enfim, o tempo passou, estava tudo bem até então. Quando certa noite, meu padrasto havia saído, eu estava sozinha, arrumando a casa. Quando um amigo da família bateu na porta. Fui atender, e ele já veio me fazendo um monte de perguntas, se eu estava sozinha, se ele poderia entrar pra conversar um pouco, e tal. A conversa tava muito estranha, de repente esse "amigo" me pergunta se eu não passaria a noite com ele por um certo valor em dinheiro.
- O QUÊ? - Todos gritam em uníssono, indignados com tal barbaridade que ela havia passado. - E o que fizestes?
- Então, eu mandei aquele homem asqueroso embora, seguido de xingamentos e pontapés. Mas ele falou que não iria sem antes fazer o que queria. Ele começou à me agarrar ali mesmo, senti um grande nojo daquele maldito que se dizia ser um amigo, dei-lhe um chute entre as pernas e corri pra cozinha, peguei uma faca e fui pro meu quarto.
Eu pude notar no olhar de todos a aflição que estava sendo ouvir sua trágica história.
- Ele conseguiu arrebentar a porta, mas antes de vir pra cima de mim, dei uma facada nas suas partes íntimas. Sim, eu fui capaz de fazer isso. Enquanto ele estava agonizando no chão e sangrando muito, eu juntei poucas coisas minhas e saí correndo de casa até a polícia. Contei o que havia acontecido, e fugi com medo de ser presa, nunca mais voltei pra casa por medo. E já faz uns dois anos que vivo assim, roubando e perambulando pela estrada da vida. Até que um certo dia, estava numa fazenda de gado, procurando comida, e o Dante apareceu. E o resto vocês sabem. - Ela acariciava o dragãozinho em seus braços, enquanto todos estavam perplexos com tudo o que ela havia nos contado.
- Nossa, Cat... Eu nem sei o que dizer. - Minha mãe fala sem reação ao que acaba de ouvir.
- É a vida, dona Aryadne. É a vida.
Ela recebe um abraço de minha mãe e de minha irmã. Meu pai me olha indignado, talvez seja por eu ter dito antes que iria me livrar dela logo.
Rafael me chama num canto e me questiona se eu realmente estava disposto e falando sério em vender ela.
- Claro que não. Não estava raciocinando direito naquele fatídico dia, hoje pude notar que ela é responsável por deixar meus dias mais felizes, e não posso deixá-la ir embora. NUNCA.
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