Beatriz
Em uma tarde de outono, a curiosidade levou a pequena Beatriz a uma fábrica decadente, esquecida pelo tempo e pela civilização. Seus passos miúdos ecoavam no vazio cavernoso do lugar. A luz do sol infiltrava-se por janelas quebradas, criando sombras sinistras e misteriosas.
Beatriz explorou os corredores sombrios e, de repente, encontrou um grupo de figuras cambaleantes. Seus olhos arregalaram-se de espanto, mas sua mente infantil não conseguia decifrar o horror diante dela.
As criaturas eram pálidas, com roupas rasgadas, partes de uniformes, equipamentos de segurança incompletos e pele cadavérica. Elas moviam-se lentamente sem direção proposital, gemendo de maneira desolada. Para Beatriz, eram apenas "pessoas engraçadas" que precisavam de ajuda.
Com um sorriso inocente, a garotinha se aproximou e ofereceu um pedaço de chocolate que trazia em sua bolsa. As criaturas aceitaram o gesto com uma avidez que fez seu coraçãozinho saltar de alegria.
Beatriz não percebeu que aqueles seres eram zumbis famintos por carne humana. Seu ato de bondade era, para ela, uma simples gentileza para com os "amigos engraçados" que encontrara.
E assim, Beatriz continuou a compartilhar seus chocolates com os zumbis, sem compreender o perigo que a cercava. O sol poente lançou uma luz dourada sobre a fábrica abandonada, pintando uma cena estranhamente comovente de inocência e terror, onde a criança e os mortos-vivos compartilhavam um momento peculiar de convivência.
O que ela não sabia, era que durante os dois anos posteriores ao encontro, seus pais colaram sua foto em todos os postes da cidade, até desistirem de vê-la novamente.
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