2 - Terráqueo
✨☄️🪐
— Ei, tirem essa coisa da cabeça dele! —-- Jimin ouviu uma voz distante em sua mente que ainda permanecia anestesiada com os últimos acontecimentos.
Estava sentado em uma cadeira no centro da nave com a pequena tripulação a sua volta, ambos com olhos curiosos em sua direção.
Jungkook, no entanto estava afastado, encostado no painel de braços cruzados e expressão fechada, milhões de coisas se passavam em sua mente observando o terráqueo.
Jennie se aproximou lentamente tirando aquele enorme capacete da cabeça de Park e assim que o fez o rosto jovem e bonito ficou visível para todos, os cabelos pretos e lisos lhe caíram sob os olhos um tanto vermelhos e molhados pelas lágrimas que não havia conseguido segurar.
— Nossa... —- Disse Taehyung — Olha Jungkook, ele é como você.
E Jungkook franziu ainda mais o cenho ao constatar isto, engoliu em seco e sentiu algo estranho lhe acometer. Era como se o seu coração estivesse queimando dentro do peito, como uma excitação de milhões de fogos de artifício o atingindo, um sentimento que ele ainda não conhecia.
Jungkook já havia vivido muito pelo universo infinito. Ele já havia surfado nas ondas da constelação de Orion, também havia tomado cerveja intergaláctica no planeta asterixis, já havia ido a festivais que duram uma centena de anos dentro da probabilidade infinita de possibilidade, já havia atravessado portais que distorcem o espaço tempo em milhões de realidades, e outras inúmeras coisas, mas ele nunca sentiu fogos de artifício em seu coração.
Um grito estridente o tirou de seu pequeno devaneio, olhou para o terráqueo e o viu encolhido contra a parede enquanto fitava Jennie e Taehyung ainda gritando de pavor:
— Por Zork! O que deu nele? — Disse Jennie igualmente assustada.
— Eu seila, ele é estranho.
— V-vocês... Vocês são alienígenas! — Disse Jimin trêmulo enquanto os fitava em completo pânico.
— Hein?! — Bradou Taehyung — Pra sua informação esse termo é pejorativo tá!? Eu sou um betelgeusiano e você criatura subdesenvolvida deve me respeitar.
— E-e-eu... — Jimin colocou as mãos na cabeça e puxou os próprios cabelos — Acorda! Anda acorda seu idiota, acorda!
— Eu acho que ele não está bem. — disse Jennie.
— É claro que não, o planeta dele sumiu na frente dele, além do mais, ele não está acostumado com outras espécies de vida. — Disse um robô fazendo Jimin levantar os olhos instantâneamente e arregalar os mesmos:
— Inteligência artificial avançada! — Jimin exclamou quase maravilhado vendo o robô que era um Android.
Taehyung soltou uma risada:
— Não infla o ego do Diner assim, ele já é insuportável naturalmente.
— Vocês deviam reconhecer mais o meu valor isso sim! Até o terráqueo vê! — Diner disse de nariz empinado.
— Já chega. — Disse Jeon Jungkook, o capitão daquela tripulação, atraindo a atenção de todos, Jimin engoliu em seco o vendo se aproximar — Coração de lata?
— Sim senhor? — Disse uma voz robótica
Jimin piscou completamente confuso, a nave também fala?
— Nos leve de uma vez para um bom restaurante.
— Sim senhor.
A nave sacolejou um pouco e passou a se movimentar mais rápido, tão rápido que tudo que podia ser visto lá fora eram apenas feixes de luz, como se estivessem viajando a uma velocidade maior que a própria luz.
Jeon parou em frente a Jimin que engoliu em seco e ergueu o olhar com expressão relutante, mas o que o betelgeusiano fez deixou Jimin por breves segundos sem reação.
Jungkook lhe estendeu a mão.
E Park teve vontade de cuspir nela, e depois colocar fogo nele e dançar em suas cinzas, como índios fazendo a dança da chuva.
Mas ao invés disso apenas ignorou aquilo e se levantou se afastando dele. Estava em uma situação complicada, mesmo assim não daria o braço a torcer para aquele assassino de planetas!
Jennie e Taehyung observavam Jimin e cochichavam entre si, o terráqueo passeava pela nave, observando a tudo curioso, Jungkook soltou um suspiro e voltou aos comandos no painel de controle, se sentou em sua poltrona prendendo o cinto.
E não demorou muito para dizer:
— Todos em seus lugares, vamos pousar.
Todos correram para seus respectivos lugares até mesmo Diner, menos Jimin que ficou desnorteado:
— Ei, terráqueo sente-se rápido — gritou Taehyung então Jimin apenas tomou uma poltrona vazia e prendeu o cinto firmemente observando incrédulo enquanto a nave entrava em uma espécie de tubo de luz que o cegou por breves minutos.
Ele fechou os olhos fortemente e gritou apavorado quando a nave tremeu como nunca havia experimentado em nenhuma simulação da mais severa possível
Mas em questão de minutos tudo ficou calmo, Jimin abriu os olhos e não acreditou no que seus olhos viam. Estavam em um lugar do espaço que não imaginaria nem em seus maiores devaneios de ficção científica.
Jimin observou pelo painel panorâmico da nave boquiaberto. Inúmeras naves de todas as formas e tamanhos passavam do lado de fora como raios e sumiam em portais com feixes de luz. Haviam dezenas de planetas das mais variadas cores orbitando estrelas e sendo orbitados por luas.
Nebulosas coloridas e brilhantes tomavam metade do "céu" e haviam ainda grandes estruturas de cúpulas de cidades que levitavam pelo espaço, e foi para uma dessas cúpulas que a nave estava indo.
A cúpula era pequena comparada às outras, nela só existia uma estrutura, e no letreiro em neon podia-se ler em letras coloridas: Restaurante no fim do universo.
Jimin mal conseguia fechar a boca, mesmo que ainda achasse que estava sonhando:
— Olha só a expressão do terráqueo, acho que tudo isso deve ser demais pra cabecinha subdesenvolvida dele — debochou Taehyung soltando uma risada, e fazendo Jennie bufar por não aprovar a atitude do garoto.
— Pare com isso, até que acho ele fofo — Jennie falou fitando atentamente o Park.
— Você bem que gosta de umas coisas exóticas. — Disse Tae.
Jennie apenas deu um riso malicioso:
— É, não é sempre que se vê um terráqueo andando pelo universo não é? Estou curiosa para o conhecer, sabe, por completo.
Jimin nem se dava conta dos olhares sobre si, estava distraindo vendo uma espaçonave passar colado com a deles, pelas pequenas janelinhas da nave Jimin pôde ver uma raça de alienígenas que lembrava muito gelatina.
Seus corpos eram redondos e verdes com pequenos olhos que se moviam como água, Jimin soltou o ar perplexo, tinha um certo medo de tudo aquilo, mas o brilho nos olhos ainda estava ali:
— É um ônibus espacial. — Disse Jungkook sem o fitar, — A nave Vogon, pilotada pelo capitão Astericx Vogon e tripulada pelos povos do planeta Vogon, onde todos se chamam Vogon.
— Por que tudo se chama Vogon? — Jimin esqueceu-se brevemente que deveria o odiar.
— Os Vogons são criaturas burras, com cérebro de lesma e corpos de gelatina, pensar não é muito o seu forte, eles não gostam de dar nomes diferentes as coisas, porque seu raciocínio é curto e eles esqueceriam o nome de tudo logo depois, porém se tudo for do mesmo nome, fica menos provável esquecer, mesmo assim as vezes eles esquecem que são vogons.
Jimin balançou a cabeça dizendo:
— Mesmo assim eles têm inteligência suficiente para ter essa tecnologia que os permite viajar pelo espaço.
— Eles só tem porque foram aceitos na embaixada intergaláctica. As naves e toda a tecnologia foram dadas a eles.
— Por que os terráqueos não foram aceitos também? Posso te garantir que somos menos burros que eles.
Jungkook deu de ombros:
— Pode haver um motivo muito plausível para isto, ou não.
— E qual é?
— Eu não sei. — Jungkook disse com sinceridade.
Jimin ia falar algo mas nesse instante um aparelho no bolso de Jennie muito parecido com um celular tocou fazendo a garota soltar um grito eufórico assustando todos na nave:
— Ai meu Zorck! É o Zhapod!
Taehyung revirou tanto os olhos que ele queria que eles fossem ainda maiores simplesmente para poder os revirar mais, ele bufou visivelmente incomodado enquanto Jennie conversava animadamente com o alienígena verde que estava saindo.
Jimin soltou um riso com aquilo, afinal o amor existia mesmo para todas as raças e formas de vida em todo universo.
Deveria estar mesmo muito louco para alucinar com um sonho daquele, só esperava acordar logo, deveria estar atrasado para sua rotina de treinamentos na NASA.
Então se virou para Jungkook o observando um pouco, ele não parecia ser uma pessoa ruim a ponto de destruir um planeta por diversão, sem poder mais se conter disse de repente:
— Por que vocês destruíram a terra?
— Isso são informações confidenciais que somente podem saber quem faz parte da embaixada intergaláctica. E já deve saber que os terráqueos não fazem parte.
Jimin serrou os punhos dizendo:
— Sabia que aquele planeta era minha casa!?
Jungkook não disse nada, apenas virou o rosto o evitando, não costumava lidar com aquilo, sempre que um planeta era exterminado ele não tinha que conviver com sobreviventes indignados.
A nave finalmente pousou no que parecia ser o estacionamento da cúpula, pois haviam outras inúmeras naves ali, Jimin tirou o cinto observando enquanto todos caminhavam para fora da nave:
— Que lugar é esse? — Perguntou Park olhando em volta, parecia um restaurante da terra dos anos noventa.
— É o restaurante no fim do universo terráqueo, — Disse Taehyung — O Jungkook ama esse lugar, porque é chato igual ele.
— Pare de me chamar de terráqueo, o meu nome é Park Jimin.
— Certo Park Jimin, me chamo Kim Taehyung, devo dizer eleito o mais bonito e sexy do universo pelo quarto ano consecutivo, esses aqui são meus amiguinhos, Kim Jennie, a miss universo de seu multiverso, e Jeon chato Jungkook o betelgeusiano mais famoso da galáxia, a pose de mal é mera fachada, ah e claro, aquele ali — Apontou para o Android que também os seguiam — É um aglomerado de lata narsizista e megalomaníaco, Diner.
O robô apenas deu de ombros, deveria estar acostumado com tudo aquilo vindo do avatar roxo.
Jennie soltou uma risada:
— Bela apresentação Tae — A garota passou o braço pelos ombros de Jimin que a olhou surpreso. Apesar da fisionomia diferente, Jennie era linda, sua maquiagem levemente brilhosa e sem exageros, e o modo como seus cabelos rosas estavam presos em um penteado bonito e bem feito, a coloração rosa de sua pele a deixava ainda mais bonita.
Jeon olhou para a cena de cenho franzido, mas ninguém percebeu pois ele sempre mantinha aquela expressão fechada naturalmente, então era difícil saber quando algo o chateava.
Mas de alguma forma, a aproximação de Jennie com o terráqueo o chateou e muito, mais do que ele poderia pensar ser capaz de chatear, ele simplesmente queria arrancar Jennie de cima de Jimin, mas como não podia, apenas chutou uma pedra para longe e abriu a porta do restaurante com força bufando.
Jimin olhou para aquela atitude com certo medo:
— Ele é sempre tao assustador e rude assim?
— Não — Falou Tae — às vezes ele é pior.
Jimin engoliu em seco mas não disse nada.
E ele sequer podia imaginar, mas a forte turbulência que haviam enfrentado a pouco, era na verdade a nave coração de lata passando por um buraco de minhoca, uma espécie de túnel do tempo.
O Restaurante do Fim do Universo é um dos acontecimentos mais extraordinários em toda a história dos grandes avanços do governo único intergalactical.
Foi construído a partir dos restos fragmentários de uma matéria escura, o que torna possível o grande fato de ele ficar no meio de uma explosão colossal que seria literalmente, o fim do universo.
Dentro do campo protegido pela matéria escura os espectadores poderiam apreciar uma boa comida enquanto observavam a grande atração da noite: o universo ter o seu fim.
O pequeno grupo inusitado adentrou o estabelecimento, e ali dentro Jimin teve a sensação de estar novamente na terra em um barzinho vintage. As mesas tinham estofado vermelho, havia luzes coloridas e a música ao vivo vinha de algum lugar no grande ambiente lotado.
A única coisa que o fazia notar que talvez ainda estivesse sonhando, eram as inúmeras espécies de alienígenas nas mesas interagindo entre si, um mais peculiar que o outro.
Já sentados a mesa, os quatro discutiam sobre o cardápio, enquanto Park apenas tentava decifrar o que estava ali escrito, pois eram símbolos que ele nunca havia visto antes:
— Kookie! – disse Tae animado — veja! Eles tem bife fresco!
— É uma boa escolha – disse o garçom aparecendo de repente, ele era simplesmente uma iguana do tamanho de um humano vestindo terno e gravata borboleta.
Jimin não conseguia parar de o olhar enquanto permanecia boquiaberto.
Taehyung pediu algumas doses do que chamam ali de salamandra aquática enquanto aguardavam a comida chegar, Jimin não sabia do que era feito, mas o gosto não era de se jogar foram e sabia que aquilo incluía altas doses de álcool em sua composição, e o garoto que foi proibido a vida toda de sequer relar uma gota de álcool na boca estava simplesmente adorando beber livremente aquela bebida exótica extremamente alcoólica.
— Taehyung — Disse Jeon de repente — Ainda não falamos sobre seu sumiço na festa da tempestade solar, eu posso saber que fóton foi que aconteceu com você?
— Pois é — disse Tae — Eu estive por aí. Aquela festa estava muito chata, sabe, eu curto eventos mais apocalípticos.
— O que é mais apocalíptico do que uma tempestade solar? — Jimin que já estava alto pelo álcool se intrometeu na conversa.
Taehyung tomou outra dose da bebida e chamou o garçom novamente, o iguana se aproximou e dessa vez quando Jimin o viu, apontou o dedo para ele rindo abertamente, como se estivesse diante da coisa mais engraçada que já viu na vida.
Todos apenas ficaram parados observando o terráqueo se acabar de rir, então Tae apenas disse:
— Traga uma garrafa de dinamite pangaláctica para o meu amigo terráqueo aqui.
— Não acha que ele já bebeu demais? — Perguntou Jungkook vendo que agora Jimin cantava uma música estranha para uma família de alienígenas verdes da mesa ao lado.
— Relaxa Kookie, é apenas uma inofensiva dinamite pangaláctica.
— O drinque descrito como o equivalente alcoólico do assalto? — Disse Jungkook ironicamente.
— Caro e faz mal à cabeça, meu preferido. — Disse Tae com uma careta engraçada.
Jennie soltou um riso observando Jimin:
— Prefiro ele quando está bêbado, vamos embebeda-lo mais.
Um cigano celestial de pele escura de repente aproximou-se tocando violino elétrico para eles até que Taehyung lhe deu bastante dinheiro e ele concordou em ir embora por enquanto.
— Não sei se ainda estou sonhando, mas se isto for mesmo um sonho, eu ficarei muito bravo com quem me acordar. — disse Jimin sorrindo.
Jungkook por um segundo se perdeu na forma como ele sorria. Os olhos sumiam em risquinhos, Jimin sorria com o rosto todo.
— Tome outro drinque — disse Jennie lhe estendendo outra bebida ainda mais forte. — Divirta-se lindinho.
O garçom iguana voltou com a dinamite pangaláctica e Jennie logo tratou de servir mais ao copo de Jimin.
— O Fim do Universo é muito apreciado — disse Taehyung já visivelmente alterado, depois de vinte minutos bebendo.
Jimin começou a cantar parabéns para Jungkook que apenas o encarava com seu olhar duro sem qualquer reação, Jimin ria tentando interagir com ele:
— Vamos Guk, cante comigo... Parabéns para você, nessa data querida! — Jimin cantarolava completamente bêbado.
— Pare com isso. — Disse Jungkook impassível.
O grupo já atraia atenção de outras mesas, especialmente uma de um rico ultramórgano, que não tirava os olhos do único terráqueo ali.
— Ei, Jimine — disse Taehyung tentando agarrar seu braço, e, devido à terceira Dinamite Pangaláctica, não conseguindo. Apontou algo com um dedo oscilante. — Ali está um velho colega meu... Hotblack! Está vendo aquele cara com um terno de platina?
Jimin tentou acompanhar o dedo de Taehyung com os olhos, mas ficou tonto. Por fim ele viu, um alienígena inteiramente verde menta, e terno brilhante prata que até doia os olhos olhar por muito tempo:
— Ah, acho que sim... — disse.
— Ei, esse cara realmente foi o megamáximo! Uau! Maior do que o mais máximo dos máximos. Além de mim, é claro
— Quem é? — perguntou Jungkook.
— Hotblack? ou melhor Min Yoongi... ou Suga... como preferir, ele tem muitos nomes — disse Taehyung, assombrado, — Você não conhece? Você nunca ouviu falar da canção surfando em betelgueuse?
— Não. — disse Jungkook, que nunca tinha ouvido.
— A maior — disse Tae —, a mais barulhenta...
— A mais rica... — sugeriu Jennie.
— ... Performance de rock da história do... — procurou a palavra. — ... da história em si... — Ei, ahn, Hotblack — gritou Taehyung vendo o homem se aproximar —, como vai? Nem acredito que estou te vendo! E essa barriga? Fantástico! — Deu uma palmada nas costas do garoto bem magro para ter qualquer barriga, Tae ficou um tanto surpreso ao não receber resposta. Mas a Dinamite Pangaláctica correndo no seu sangue lhe disse para ir em frente mesmo assim. — Lembra dos velhos tempos? — disse. — A gente costumava pendurar, não é? O Bistrô Ilegal, lembra? O Empório da Garganta Exígua? O Calamitódromo da Bebedeira? Grandes dias, ehn?
Min Yoongi, ou Hotblack, como preferir, não ofereceu nenhuma opinião quanto a se os dias tinham sido grandes ou não. Taehyung não se desistiu:
— E quando a gente tinha fome, a gente se fazia de fiscais da saúde pública, lembra disso? E saía por aí confiscando comidas e bebidas, ehn? Até que a gente teve uma intoxicação alimentar. Ah, e então teve aquelas noites longas conversando e bebendo naqueles quartos malcheirosos em cima do Café Lou em Vila Gretchen, Nova Betei, e você ficava sempre no quarto ao lado tentando compor umas músicas na sua guitarra e a gente achava péssimas. E você dizia que não ligava, e a gente dizia que ligava porque eram muito péssimas. E você dizia que não queria ser uma estrela — continuou, viajando na nostalgia — porque despreza o sistema de estrelas, E agora, o que você faz? Você compra sistemas de estrelas!
Virou-se e solicitou a atenção das mesas próximas:
— Eis aqui — disse — um homem que compra sistemas de estrelas!
E o cérebro de Jimin achou que seria uma ideia espetacular ele se levantar da cadeira num salto e bater palmas, como um crítico de cinema que acabou de ver seu filme preferido.
Jungkook puxou o terráqueo para se sentar com brutalidade, o betelgeusiano estava tão vermelho que poderia pegar fogo, e Jennie e Diner mantinham uma expressão neutra.
Hotblack não fez qualquer tentativa de confirmar ou negar esse fato, mas ele parecia se controlar para não voar no pescoço de Tae, e a atenção da audiência temporária desviou-se rapidamente.
— Acho que alguém está bêbado — murmurou um ser lilás em forma de arbusto para seu copo de vinho.
Taehyunh bufou e se volto a Hotblack:
— Como é aquela sua performance? — disse, agarrando-se desajeitadamente a uma garrafa e a derrubando, por coincidência dentro de um copo, logo o secando em goladas — Aquele número quente — continuou —, como é mesmo? "Bwarrm! Bwarrm! Baderr!" coisa assim, e no palco termina com a nave indo de encontro ao sol, e você faz isso de verdade!
Jimin de repente bateu um punho contra a palma da outra mão para ilustrar graficamente o feito. — Nave! Sol! Pápum! — gritou o terráqueo rindo em seguida.
Um imenso segurança já se aproximava da mesa, sua única função era bater em Taehyung e Jimin até que eles calassem a boca, mas bastou um olhar direcionado a Jungkook que o fitava de volta com expressão raivosa e fechada e maxilar trincado, que o guarda simplesmente achou melhor tirar Hostblack dali, e foi assim que o alienígena verde foi arrastado para o outro lado do restaurante.
— Porra cadê a comida? — Disse Taehyung— Eu tô com fome!
E como se fosse o destino, um imenso animal leiteiro aproximou-se da mesa do pequeno grupo inusitado, acompanhado da iguana garçom, o quadrúpede gordo e enorme, do tipo bovino, com grandes olhos d'água, chifres pequenos e um sorriso nos lábios que quase poderia ser insinuante, Jimin teve de piscar seus olhos felinos muitas vezes para se certificar de que via direito:
— Boa-noite — o bovino abaixou-se e sentou-se pesadamente sobre a única cadeira vazia na mesa — sou o principal Prato do Dia. Posso sugerir-lhes algumas partes do meu corpo? — Rosnou e grunhiu um pouco, remexeu seus quartos traseiros buscando uma posição mais confortável e olhou pacificamente para eles.
Jimin tinha os olhos tão arregalados que eles pareciam que saltariam para fora a qualquer momento:
— Porra, eu tô louco pra caralho ou o boi acabou de falar? — Disse Jimin que já sentia os efeitos colaterais do primeiro "PT", seu estômago embrulhava em ânsia.
— Alguma parte do ombro, talvez? — sugeriu o animal. — Assada com molho de vinho branco?
— Ahn, do seu ombro? — disse Jimin, num sussurro de horror.
— Mas naturalmente que do meu ombro, senhor — mugiu o animal, satisfeito —, só tenho o meu para oferecer.
Taehyung levantou-se de um salto e pôs-se a apalpar e sentir os ombros do animal, apreciando, Jungkook olhava a expressão de Jimin, um sorrisinho surgiu no canto de seus lábios, o terráqueo estava fofo, os lábios se juntavam num biquinho perplexo e os olhos estavam bem arregalados.
E Jennie dormia debruçada na mesa:
— Ou a alcatra, que também é muito boa — murmurou o animal. — Tenho feito exercícios e comido cereais, de forma que há bastante carne boa ali. — Deu um grunhido brando, rosnou mais uma vez e começou a ruminar.— Ou um ensopado de mim, quem sabe? — acrescentou.
— Você quer dizer que este animal realmente quer que a gente o coma? — cochichou Jimin para Jungkook que apenas confirmou com um sorriso que Jimin achou irritante, Jungkook estava caçoando de si, e se divertindo com seu desespero!
— É absolutamente horrível — exclamou Jimin —, a coisa mais revoltante que já ouvi!
— Qual é o problema? — Disse o boi parecendo ofendido.
— Os veganos lutam todos os dias pela sua vida! Eu não vou aceitar que se entregue de bandeja! — Gritou Jimin que não tinha noção do que falava por estar completamente bêbado.
— Jimin, estamos com fome! — Reclamou Taehyung.
— Eu simplesmente não quero comer um animal que está aí me convidando para isso... É impiedoso!
— Melhor então comer um animal que não quer ser comido ?— disse Taehyung.
— Não é essa a questão — protestou Jimin. Pensou então um pouco a respeito.
— Está bem — disse Jennie acordando de repente—, talvez seja essa a questão.
— Não quero saber, não vou pensar sobre isso agora. – disse Jimin - Eu só... ahn... Acho que só vou querer uma salada — murmurou.
— Uma salada? — disse o animal virando os olhos em sua direção, em tom de reprovação.
— Você vai me dizer — disse Jimin — que eu não deveria comer salada?
— Bem — disse o animal —, conheço muitos legumes que têm essa questão muito clara. E é por isso, aliás, que foi decidido cortar esse problema complicado pela raiz e criar um animal que realmente quisesse ser comido e que fosse capaz de dizê-lo com tanta clareza e distinção. E eis-me aqui.
Jimin simplesmente não sabia o que dizer, e diante de toda a situação estressante que se encontrava sua cabeça rodopiou, o enjôo triplicou e de repente o terráqueo se debruçou sobre a mesa botando pra fora toda a bebida que havia em seu estômago.
Todos ao redor gritaram horrorizados com a cena, Jennie arregalou os olhos e se levantou se afastando e fingindo que não os conhecia, Taehyung completamente bêbado apenas gritava que queria falar com o gerente pois aquilo era um absurdo!
Mas Jungkook tinha a atenção toda em Jimin, ele parecia realmente preocupado. O betelgeusiano segurou Jimin pelos ombros e verificou seu estado com cuidado. O Park estava zonzo e parecia muito mal.
— Vamos sair um pouco, você precisa de ar fresco. — Jungkook o pegou pela mão o ajudando a se levantar.
Jimin concordou se apoiando em Jeon, os dois rumavam para fora, até que Jimin sentiu uma mão grande apertar fortemente seu braço por cima do traje espacial da NASA que ainda estava usando, se virou observando um grande homem de pedra que sorria para si:
— Você terá que vir comigo agora mesmo, terráqueo.
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