(40) lisa jenkins.
— Cuidado, você vai esmagar a Hera! — Vinnie grita quando eu faço menção em sentar na sua cama. Fico reta novamente e ergo os braços.
Assim que chegamos em Los Angeles, Vinnie encontrou uma gatinha na rua, ainda filhote, e a adotou. Fazem dois dias desde então.
— Foi mal, não tinha visto ela. — me viro e vejo a gatinha deitada, embolada nos cobertores. — Será que ela não vai fugir enquanto você estiver nas aulas?
— Filhotes não escapam. — ele diz. — Se o meu colega de quarto não deixar a janela aberta direto, então ela não sai.
— Ah, falando nisso, você já conheceu o seu colega de quarto? — pergunto, passando os dedos no pescoço de Hera; ela ronrona e se deita de barriga para cima, querendo mais carinho.
— Já. É um cara chamado Aaron Liebregts. — ele bufa. — Eu queria você como colega de quarto!
Dou risada da forma como ele cruza os braços e faz um biquinho.
— Ser vizinhos não é o suficiente? — questiono.
— Você sabe que não é. Eu quero dormir e acordar com você, e não ter uma parede separando a gente. — ele insiste.
— É bom ficarmos separados um pouquinho. Vai que um dia a gente briga e um de nós precise de espaço? — sugiro e o vejo balançar a cabeça.
— Você viu o que aconteceu da última vez que você precisou de espaço. — reviro os olhos.
— Você tá agindo igual uma criança agora.
— Eu sei, me desculpa. — ele solta um suspiro frustrado antes de praticamente se jogar por cima de mim na cama. — Eu só não sei mais como dormir sem você do meu lado.
— Vamos ter que aprender a dormir sozinhos. — sorrio para ele. — Espero que a minha colega de quarto não ronque de noite.
Vinnie ri alto.
— Você a conheceu?
— Ainda não, mas as coisas dela já estão no quarto, e tem uma etiqueta em um livro de anatomia com o nome "Nailea Devora", então deve ser o nome dela. — mexo os ombros debaixo dele.
— Se ela roncar, pode vir dormir comigo. — ele diz e beija minha bochecha. — Se esse Aaron Liebregts se incomodar, então ele pode pegar sua cama emprestada.
Rio alto, enquanto ele sorri e tira alguns fios de cabelo do meu rosto.
A despedida foi triste, com gritos e muito choro. Depois de dois anos, vai ser estranho dividir o quarto com alguém que não seja a Tracy, mas espero que a tal Nailea seja tão legal quanto a minha loira.
Maddy me deu um tapa, mas depois chorou e, para a – não – surpresa de todos, me deu um selinho bastante longo. Huxhold apenas me abraçou forte, o mesmo com Abby, Powell, Thomas, Anthony e suas respectivas namoradas. O que mais doeu, além de Tracy, Aly e Maddy, foi Jake; ele me contou que iria participar do draft da NHL desse ano, e que provavelmente jogaria pelo Los Angeles Kings, então nós ainda nos veríamos bastante, possivelmente. Mas ele me abraçou por uns cinco minutos, agradecendo pela minha amizade e coisas fofas assim.
Esse é um novo capítulo da minha vida, mas não significa que tenho que esquecer o capítulo anterior para sempre, muito pelo contrário. Os últimos dois anos foram os melhores da minha vida! Criei amizades incríveis, conheci o amor da minha vida, peguei um atleta gostoso – que foi o segundo ponto alto do meu ano – e fiz parte de um plot twist do caralho com Abby, Vinnie e Aly.
Eu não me arrependo de nada, e com certeza faria exatamente igual se tivesse a chance. Principalmente aquele ménage em Nova Iorque.
— Você tá dentro da sua cabeça de novo. — ele murmura, sentando e levando Hera para o seu colo.
— Só pensando nos nossos amigos. — suspiro, me sentando também.
— Você se arrepende? De ter vindo comigo, quero dizer. — ele pergunta, e posso sentir a tensão na sua voz.
— Não. Absolutamente não. — sorrio pra ele. — Você foi a melhor escolha da minha vida, e onde você for, eu vou.
Vejo as bochechas dele ganharem um pouco de cor e, rindo, empurro o ombro dele com o meu. Ainda acho fofo, e engraçado, quando ele se envergonha quando eu me declaro abertamente pra ele – e eu faço isso todos os dias.
Depois de uns dois minutos em silêncio, ele diz:
— Eu mudei o curso pra cinema, não artes cênicas. — arregalo os olhos levemente. — Descobri que eu me sinto muito mais seguro e confortável atrás das câmeras, do que na frente delas. O que é uma pena para o resto da população mundial, que vai perder um ator gostoso, mas a vida é injusta. — rio alto.
— Aposto que você vai ser um diretor ótimo. Vai deixar o Tarantino no chinelo. — pisco pra ele, que ri.
— Quero você no meu primeiro filme. — o sorriso dele alarga. — Já consigo imaginar o cenário. Uma tarde chuvosa em Seattle, você está atrasada para o trabalho, sem guarda-chuva, e, para melhorar, um carro passa do seu lado e te joga água.
— Uau, você realmente me ama? Porque tá parecendo que não. — faço uma careta, mas então sorrio. — A menos que apareça o Michael B Jordan pra me ajudar, ele me oferece o casaco dele e me chama pra tomar café e, opa, como eu cheguei na casa dele?
— Nem. Fodendo. — ele rebate. — Vai ser um filme baseado nas diretrizes do manifesto feminista. A vida sem homens é o paraíso.
— Mas não exis...
— Posso continuar? — ergo os braços inocentemente. — Você vai ser uma empresária, não, melhor, você vai ser a CEO de uma empresa super foda e conhecida em toda a América. Não tem namorado e nem precisa de um, porque a sua vida é boa o suficiente sem o caos que a testosterona traz.
— E por que eu preciso estar miserável no começo?
— Porque é aí que a história começa. Você precisa de uma roupa nova para uma reunião, então vai comprar. Tipo naquele filme que rejeitam alguém na loja, mas depois ela compra quase a loja inteira, sabe?
— Você deveria ser roteirista, ao invés de diretor. — brinco e ele ri. — Mas vamos guardar essa ideia, quem sabe eu aceite ela daqui quatro anos.
Nos deitamos de costas na cama dele de novo, com Hera entre nós, e ficamos assim por algum tempo, apenas aproveitando o calor um do outro. Até a porta abrir.
— Hã... Oi? — o desconhecido, que estou assumindo ser Aaron, sorri envergonhado. — Foi mal, eu não queria interromper.
— Não, tá tudo bem, o quarto também é seu. — Vinnie volta a se sentar e eu o sigo. — Aliás, Lisa, esse é meu colega de quarto. Aaron, minha namorada, Lisa. — ele nos apresenta, e eu e Aaron apenas acenamos um para o outro.
— É um prazer te conhecer, Lisa. — ele sorri fraco. — Eu só vim buscar um moletom, já estou saindo. — ele diz freneticamente enquanto procura pelo tal moletom. Quando o acha, ele o veste e se vira para a porta, mas para com a mão na maçaneta. — Quer saber? Eu e meus amigos estamos indo em um bar aqui perto, vocês não querem ir? — ele chama. — Quero dizer, vamos viver juntos por um bom tempo, então não é melhor sermos... Amigos, ou algo assim?!
Olho para Vinnie, que olha para mim. Vejo em seus olhos que ele prefere ficar comigo, então respondo por ele.
— Você está completamente certo, Aaron. — levanto em um pulo. — Eu só preciso trocar de roupa rapidinho, e podemos ir. — roubo um selinho de Vinnie antes de sair do quarto, abrindo a porta ao lado.
Tem uma garota na frente da cômoda marrom que claramente pertence a ela. O corpo dela, pelo que posso ver através da roupa que ela usa, é cheio de curvas e muito bonito. O cabelo dela é castanho e com um corte que favorece bastante o seu rosto, e o sorriso que ela dá... Vinnie tem sorte de eu o amar tanto, porque, meu Deus, as californianas são tipo o fruto proibido do jardim do eden.
— Você deve ser a Lisa. — ela praticamente corre até mim e me abraça calorosamente. — Me desculpa por não ter me apresentado antes, eu estava passando uns dias na casa da minha namorada. — ela balança as mãos, e sorrio. Parece que eu encontrei a versão morena e – aparentemente – lésbica de Tracy Evans. — Sou Nailea, a propósito. Mas pode me chamar de Nai, todo mundo chama.
— Oi, Nai. — sorrio mais largo. — Você se importa se eu me trocar?
— Não, imagina. Vá em frente. — ela tampa os olhos com os dedos, mas abre uma fresta pequena. — Mas se apresse, eu posso não aguentar por muito tempo.
Rindo, abro minha própria cômoda e tiro de lá uma skinny jeans preta e uma camiseta branca com o desenho de duas cerejas no centro. Me visto em tempo recorde e calço o vans nos pés. Passo os dedos pelo cabelo e pincelo um pouco de blush nas bochechas antes de passar a jaqueta preta pelos braços.
Quando saio do quarto, Vinnie já está no corredor, junto com Tayler e, para a minha surpresa, Nailea. Meu namorado e minha nova Tracy sorriem pra mim depois que eu fecho a porta, e Vinnie passa o braço pelos meus ombros.
Juntos, fomos encontrar nossos novos amigos; começar a nossa nova vida. Juntos
eu >>odiei<< esse epílogo mas foi o que saiu.
eh isso fml, chegamos no fim de mais um surto meu. obrigada a quem acompanhou, votou e comentou (e nao me abandonou). titia may ama tod@s vocês <3
© 03/07/2021
magicklaus.
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