(35) lisa jenkins.
Estar de volta a Seattle era um alívio. Tudo em New York foi perfeito; as festas, aquele jogo de hóquei, o natal e o ano novo na Times Square – e uma menção honrosa para o ménage no meu quarto. Mas nada se comparava a sensação de estar de volta em casa.
A PH estava vibrante com o retorno das aulas, com exceção de um certo grupo – eu, Tracy, Aly, Maddy e Abby. As aulas começaram em três de janeiro, e eu ainda me pareço com um zumbi – e não a versão zumbi de uma cheerleader gostosa que eu fui no halloween, mas apenas eu, Lisa Jenkins, me arrastando pelos corredores.
Dos sete dias da semana, Vinnie e eu dormimos juntos por cinco. Na PH dos meninos, é claro, porque não é permitido a entrada de garotos na PH feminina. Vincent me prometeu que daríamos um jeito, que lidariamos com o fato de que, em junho, ele pegará um avião para Los Angeles e não colocará os pés em Seattle tão cedo.
Mas não tivemos nenhuma ideia de como fazer isso. E acho que esse é o principal motivo de estarmos tão grudados um no outro desde que voltamos de New York; ele não sabe o que fazer, eu não sei o que fazer, então aproveitar a presença um do outro é a única opção.
— Vincent Cole Hacker, sai de cima de mim agora. — resmungo com raiva. Vinnie ri e se senta ao meu lado na cama dela.
— Acordou bravinha hoje, é? — ele provoca, me puxando até que metade do meu corpo esteja no seu colo.
— Sai daqui, Vincent. — murmuro, lutando para voltar para o colchão.
Vincent bufa uma risada e se arruma até estar deitado, o rosto quase colado com o meu.
— Ok, você tá brava. Por quê? — ele pergunta, e derreto quando ele esfrega o nariz no meu, naquele carinho que ele ama.
— Porque — começo. — você ficou com aquela loira na minha frente. — franzo a testa com força.
— Eu fiquei com quem? — quase dou risada da sua expressão confusa. Quase. — A Riley? Riley Hubatka?
— Sim. — brando de volta.
— Amor, a não ser que eu esteja com algum problema de memória, eu tenho certeza de que não beijei outra boca além da sua desde aquela iniciação. — Vinnie diz, trazendo a mão para a minha cabeça; ele enrola meu cabelo em seus dedos e o puxa para cheirar rapidamente.
Bufo, com raiva.
— Espera aí! — ele diz, de repente. — Não me diga que você...
— Sim, e daí?
— Lis, você tá brava comigo porque eu fiquei com outra no seu sonho? — ele indaga, e posso ver que ele está se segurando para não rir da minha cara. Quando cruzo os braços, ele não aguenta e explode uma risada alta, que só contribui para a minha raiva. — Você é maravilhosa, sério mesmo.
Reviro os olhos.
— O Thomas te chamou pra jogar hoje. Um campeonato. — ergo o olhar, interessada. — Ele comprou um jogo de dupla contra dupla. Ele e Mia, eu e você. Topa?
— Claro.
— Só tem um problema. — ergo uma sobrancelha. — É de baseball. — faço uma careta.
— Já perdemos. — falo e ele ri.
— Eu sou tão bom nos esportes quanto nos videogames, gata, eu te carrego. — ele sorri. — Ele tá esperando a gente na sala.
Suspiro profundamente e empurro Vinnie com o ombro para eu poder levantar. Quando o faço, ouço ele xingar baixinho, e só então me lembro de que eu dormi nua na noite passada.
Vinnie me joga uma de suas camisetas enquanto eu coloco as roupas íntimas e a calça de moletom que eu uso como pijama. Já devidamente vestida, pego a minha escova de dentes que eu guardo na gaveta dele e corro até o banheiro.
Quando Vinnie e eu descemos, há apenas dois lugares vagos. Thomas e uma garota, provavelmente Mia, estão sentados em um canto do sofá, e Anthony e mais outra garota no outro sofá. Vinnie se senta no meio e me deixa no canto.
— Lis, essa é a Mia, namorada do Thomas. — ele diz, e depois olha para Anthony e a outra garota. — E Kouvr, namorada do Alex.
Cumprimento as duas com um sorriso caloroso, que se esvai completamente quando olho para Vincent de volta. Thomas percebe e ri.
— Se tivéssemos um cachorro, você definitivamente dormiria na casinha dele hoje. — Thomas diz, rindo.
— Paranóia dela. — Vinnie me olha. — Ela sonhou que eu tinha ficado com a Riley na frente dela.
— Riley? A Hubatka?
— A própria. Mas ela sabe que eu não faria isso...
— "Ela" tá bem do seu lado, sabia? — ele se vira e me mostra língua. — Nós vamos jogar ou não?
Thomas se levanta para colocar o jogo no console e volta com quatro controles. A tela inicial do jogo aparece, e ele dá a mim e Mia uma breve explicação do que devemos fazer. Já sinto meus dedos arderem antes mesmo de começar, mas sei que vai ser divertido. Talvez tire aquela imagem da minha cabeça.
Vinnie estava certo quando disse que me carregaria. Eu consegui executar todos os movimentos da forma mais errada possível, mas isso serviu muito bem; em meia hora, todos estávamos rindo da minha falta de coordenação motora.
— Você é péssima nisso, Lisa. — Thomas diz. — Você precisa dar algumas aulas pra sua garota, Hacker.
Parece que Thomas já tinha seguido o próprio conselho, porque Mia jogava lindamente, como se não precisasse se esforçar tanto.
— Definitivamente preciso. — Vinnie ri enquanto diz, e desvia os olhos do jogo por apenas um instante, para me roubar um selinho.
Por que eu estava brava mesmo?
— Isso, continuem rindo de mim. — brinco. — Tenho certeza que nenhum de vocês ganha uma batalha contra mim no Guitar Hero.
— Jogo de criança é fácil, Jenkins! — Thomas diz. — Mas desafio aceito. Na próxima, eu te enfrento, e a gente vê quem é o melhor.
— Aposto cinquenta que ela te esmaga. — Vinnie diz, sorrindo. — Confio na minha garota.
— Mais cinquenta. — Alex entra na onda, e Kouvr também.
— Mais. — Mia murmura baixinho. Thomas faz um som de indignação. — Desculpa, amor, mas a gente já jogou uma vez e você foi terrível.
— Me sinto traído. — Thomas dramatiza. — Beleza. Vou treinar arduamente para alcançar o seu nível, vossa majestade.
— É melhor mesmo. — ergo o queixo, na brincadeira.
Vinnie e eu perdemos feio, é claro. Mas a diversão fez tudo valer a pena. E quando voltamos para o quarto e nos deitamos novamente, eu já nem lembrava mais do sonho estúpido.
Mas uma coisa não saía da minha cabeça, não importa o quanto eu tente: ele vai embora em junho. Temos apenas alguns meses juntos.
— Você tá dentro da sua cabeça de novo. — ele murmura, me abraçando. — O que foi?
— Não quero que você vá. — consigo responder. — Não quero um relacionamento a distância. Eu quero você aqui, comigo. Eu sei que é extremamente egoísta, mas você mesmo disse que demorou para me ter de volta. Não quero que isso acabe.
Vinnie suspira frustrado, apoiando a cabeça no meu ombro.
— Nós vamos dar um jeito, amor. — ele sussurra. — Eu também te quero comigo, e não quero que isso acabe.
— Então não vai.
— Não é tão simples, Lisa. — ele balança a cabeça. — O meu nome já estava na lista desde que eu comecei o preparatório aqui, e até eu transferir de estado de novo, eu vou perder o semestre e não vou ter onde ficar. — me viro para olhar para ele, triste.
— Eu entendo.
É verdade então. Almas gêmeas estão destinadas a se encontrarem, mas não ficarem juntas.
E eu estou mais que pronta para abrir uma exceção.
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