(26) lisa jenkins.
Eu estava usando uma calça skinny jeans preta, um body de veludo igualmente preto, com um decote considerável, e uma daquelas jaquetas com interior de camurça e pelinhos na touca, preta com branco.
— A gente tá indo no enterro de alguém e ninguém me avisou? — Maddy pergunta, de braços cruzados. — Que porra de roupa é essa, Monalisa?
Depois que Maddy descobriu que Monalisa não era um apelido que Tracy me deu, mas sim meu nome de fato, ela não parou de usá-lo em toda e qualquer ocasião possível.
— Tá nevando lá fora, Madison, você quer que eu saia de shortinho e camiseta? — imito ela, cruzando os braços. — Essa é a roupa mais quentinha e bonita que eu trouxe.
— Tem ar condicionado nas quadras, gente. — Aly diz. — Sabe aquele acrílico que separa a torcida dos jogadores? É pra preservar o ar frio. Por fora, é quente. Sem contar com o calor humano.
— Beleza, super cérebro. — Tracy diz. — Podemos ir logo?
— Com certeza!
Pulo da cama, batendo os pés no chão para encaixar os pés no coturno e sigo as três garotas.
— Vamos em dois táxis. — Powell diz. — Eu, J, Vinnie e Abby em um, e Lisa, Tracy, Aly e Maddy em outro. Tudo bem?
— Tudo ótimo. Vamos logo, não quero chegar atrasada. — bato palmas duas vezes.
Pegar táxi em New York é muito mais fácil do que em Seattle, onde, normalmente, passamos uns vinte minutos esperando algum aparecer. Aqui, quando saímos do hotel, já haviam três.
Fomos na mesma escala que Powell sugeriu. Dei o endereço para o taxista e esperei quinze minutos até que ele estacionasse em frente a um ginásio quase do mesmo tamanho que o da WSU. E as arquibancadas estavam lotadas, completamente.
O jogo ainda não havia começado, não havia ninguém no gelo. E, mesmo que esse fosse um campeonato sem valor algum, eu sabia que tanto os Cougars – o time da WSU –, quanto o Violets, o time da NYU, levariam isso a sério. Qualquer oportunidade de jogar é bem vinda, Jake disse.
O valor da entrada eram dez dólares apenas, então pagamos e pegamos um corredor enorme até a arena de verdade. Varri os olhos na arquibancada, procurando lugares vagos, quando notei uma coisa meio incomum: oito jogadores do Cougars sentados, batendo papo. Jake entre eles. E, quando me notou, Jake levantou o braço e me chamou com dois dedos.
Sorrindo, fui até ele.
— Vocês não deveriam estar... Fazendo coisas de jogadores de hóquei? — questiono, a testa franzida.
— Estamos guardando lugar, sua mal agradecida. — um loirinho diz, ao lado de Jake. Seu tom era de brincadeira, então não levei a sério.
— E eu queria te dar isso. — Jake me estende uma camiseta. A camiseta. Aquela que eu roubei e ele foi buscar.
— Não é a sua favorita? Apego emocional e essas coisas...? — cruzo os braços e ergo uma sobrancelha.
Jake ri.
— É mais ou menos isso. — Jake se levanta e volta a ser muito mais alto que eu. — Por isso eu quero que fique com ela. Pelo menos até o jogo acabar, aí eu posso vir buscar. — ele mexe os ombros. É minha vez de rir.
Não falo nada, apenas abaixo o zíper do casaco enorme, sabendo muito bem que seus sete amigos estavam olhando diretamente para os meus peitos. Jake parecia saber disso também, porque virou para trás e resmungou algo, e quando voltou a me olhar, seus amigos encaravam o gelo.
Coloquei a camiseta de número 23 sobre o body e vesti o casaco por cima, sem fechar, dessa vez.
— Eu contei os seus amigos ontem e imaginei que todos viriam. — ele aponta para trás. — Por isso oito bancos.
— Nossa, obrigada. Eu estava mesmo pensando que teríamos de ficar em pé. — sorrio. — Não que isso me incomode. Você vai ver, no terceiro tempo eu já vou estar com a cara naquele acrílico.
Jake gargalha.
— Que bom que tá usando a minha camiseta, então. — rio baixo.
— Talvez eu devesse tirar, assim eu destraio os Violets e vocês ganham de lavada. — sugiro, de brincadeira.
— Ideia tentadora, mas nós gostamos de jogo limpo. — Jake esfrega as mãos, acho que ansioso. — Temos que ir, entramos no gelo em dez minutos.
— Claro, vai lá. Vou cantar quando vocês ganharem. — Jake sorri.
— Não estamos jogando em casa. Se ganharmos aqui, o que vamos receber é um lindo e alto coro de vaias.
— E quem liga? Vou gritar tanto que vão me confundir com o vocalista do Baracuda. — pisco pra ele. — Agora vai, não se atrasa.
Jake me dá um beijinho na bochecha antes de chamar os amigos para uma portinha ao lado da quadra de gelo. Quando olho para trás, meus amigos estão correndo para os bancos.
— Eles guardaram lugar pra gente? — Aly pergunta, surpresa, e assinto. — Uau. Finalmente alguém que preste, hein.
Sim, Vincent Hacker, essa foi uma indireta bem direta pra você.
— Ele até te deu a blusa dele. — Tracy diz e as três falam um "awnn" bem meloso. Reviro os olhos.
— Vamos assistir o jogo, malucas.
Cerca de vinte minutos depois, os dois times já estão voando pelo gelo atrás do disco. Um cara da defesa marca o número 17 do Cougars, mas ele passa o disco para o 23, Jake. Jake Donovan, além de ser o capitão, joga na lateral, junto com o número 38, que acho que se chama Scott, ou é o sobrenome, não tenho certeza. Jake passa o disco para Scott e desliza até perto da rede; Scott faz uma manobra digna de prêmio e devolve o disco para Jake, que, com todo o talento do mundo, bate no disco até que ele esteja na rede. A luz acima das traves acende, indicando o primeiro gol da partida.
E eu, é claro, gritei até sentir a garganta arder.
O primeiro tempo terminou daquela maneira, um à zero para os Cougars. O intervalo foi curto, apenas dez minutos, e logo os times estavam no gelo novamente.
No segundo tempo, o central do Violets conseguiu duas tacadas diretas para a rede, ficando com a vantagem de um sobre nós, mas não por muito tempo. O central dos Cougars, o número 17, empatou o jogo antes do fim do segundo tempo.
— Eu vou sair daqui sem a capacidade de falar uma palavra que seja! — Aly diz pra mim, rindo feito uma criança. — Sério, eu tinha esquecido como isso é emocionante.
— Verdade. — Tracy fala. — Eu nem sou muito de esportes, mas isso tá demais!
— Monalisa! — Maddy me grita. — Seu jogador tá te chamando!
Movo o olhar para o gelo, vendo Jake na porta, me olhando. Não hesito em sair da minha cadeira e descer até ele.
— Oi, capitão. — Jake sorri. — Aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu. — franzo o cenho. — Essa não é só a minha camiseta favorita, sabe, é a minha camiseta da sorte.
— Jura? — faço menção de tirar o casaco. — Pega de volta...
— Não, não precisa. — Jake sobe o casaco pelos meus braços de novo. — Tem outro jeito de eu... Absorver a sorte.
— Que jeito?
Não me assusto quando Jake se aproxima mais do meu rosto e me rouba um beijo de dez segundos. Quinze, no máximo.
— Eu acho que ainda tem mais um pouquinho pra você absorver. — Jake ri antes de tomar meus lábios uma segunda vez, agora por mais tempo. Ele morde o meu lábio inferior com carinho antes de dar um passo pequeno para trás. — Agora sim.
— Sai comigo hoje.
Meus olhos se arregalaram um pouco.
— Comigo e... Com o time. — ele coça a nuca. — Independentemente do resultado do jogo, nós vamos em um barzinho aqui perto depois que acabar aqui. Você e seus amigos podem ir com a gente, se quiserem.
— Por mim tudo bem. — mexo os ombros. — Só vou confirmar com eles e te falo depois.
— Beleza. — ele olha para trás. — Preciso voltar.
Aquiesci, vendo-o se afastar.
— Jake! — o chamo.
— Oi?
Corro até ele, uma corridinha de cinco passos, e o beijo de novo. Sinto ele sorrir.
— Ganha essa droga, e vamos jantar um dia desses. — Jake morde os lábios, impedindo um sorriso de se formar.
— Vou ganhar. E eu escolho o restaurante.
Quando volto para os assentos, todos os sete me olhavam com curiosidade. Incluindo Abby Griffin.
Mexo os ombros e me sento na cadeira vermelha.
— Vamos em um barzinho depois daqui.
Três minutos depois, o terceiro tempo começou. E Jake nos levou à vitória.
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