(01) lisa jenkins.
Las Vegas não era nada do que eu pensava. Não era nada do que vendiam nos filmes, onde as ruas são cheias de cassinos, letreiros enormes e clubes noturnos.
Talvez a parte dos clubes noturnos esteja certa.
Há, sim, aquela parte conhecida nos filmes. Aquela avenida enorme com os outdoors vendendo imagens de mulheres seminuas brilhando em rosa e vermelho. Mas essa é uma pequena parte comparado ao resto.
Tecnicamente, eu não deveria estar aqui. Acabei de conseguir a minha licença para dirigir, então, com certeza, eu não deveria estar aqui. Com ou sem acompanhante.
Eu conseguia passar por 18 anos, mas não por 21. Escondi a identidade falsa no sutiã e continuei dirigindo para a festinha clandestina perto do deserto que vi na internet; aparentemente, qualquer um entra nessa festa, desde que leve suas próprias bebidas e pague 50 dólares na entrada. Era um insulto às minhas economias, mas peguei da minha caixa escondida no armário mesmo assim. Junto com algumas garrafas coloridas da adega da minha mãe – a poeira apenas confirmou que ninguém mexia nelas há um bom tempo.
Estacionei o Eldorado preto fosco atrás de uma fila de diversos carros – se esse é o conceito de discrição para os organizadores, então teremos problemas. Desci do carro, travando a porta, então ajustei a mochila com as bebidas nas costas.
Eu não deveria me arriscar em uma festa clandestina no meio de um deserto, principalmente sozinha, mas eu já estava cansada de aparecer nas festas do colégio e aguentar aquelas merdas de olhares nojentos em cima de mim. Eu sempre soube que ser bonita custaria a minha sanidade algum dia - e não digo isso para me gabar -, e eu sabia que, frequentando os mesmos lugares que os garotos da Prescott High, isso apenas aconteceria mais rápido.
Por isso, me arrisquei em uma viagem de quase quatro horas apenas por uma diversão temporária - que pode ou não acabar com a minha vida. Segui o caminho mais escuro, que me levou direto para uma caverna ainda mais escura. Andei e andei pela escuridão por longos minutos, com medo de ser pega por algum serial killer, estuprador ou ladrão – ou homem no geral –, até me ocorrer que meu celular estava no bolso, com uma ótima lanterna nele. Liguei a lanterna, caminhando mais rápido pela caverna interminável. Cheguei em frente a uma porta de metal, por pouco não batendo a testa nela.
Bati três vezes, sem saber ao certo se tinha algum tipo de código, mas uma portinha foi aberta, como nos filmes, e uma mão apareceu. Não entendi de imediato, mas então estendi a nota de cinquenta e logo um clique foi ouvido. A porta se abriu e eu passei.
Dei de cara com mais um corredor escuro e revirei os olhos. Olhei para a pessoa que abriu a porta, mas ela já tinha sumido nas sombras. Com um suspiro, caminho escuridão adentro.
No início, tudo o que eu via era uma caverna abarrotada de gente, que aparecia e desaparecia nas luzes piscantes, sem me dar a chance de reconhecer ninguém – não que eu realmente fosse reconhecer alguém, porque, convenhamos, estou a quatro horas de casa.
Me acomodei em um canto vazio, tirando uma das garrafas da mochila e tirando a tampa; virei um pouco do líquido vermelho na boca, sentindo o gosto de cereja, morango e groselha, tudo misturado.
Fiz uma careta e limpei a boca com a manga do moletom. No entanto, bebi mais um gole, ou dois, ou sete, sempre com uma careta no fim.
— Eu acho que se você bebe algo e acha ruim, você para de beber. — a garrafa cai da minha mão, criando uma poça avermelhada com vidro estilhaçado aos meus pés, enquanto eu levo as mãos até o peito, regulando a respiração. — Foi mal, não quis te assustar.
— Mas assustou!
Dou um passo para trás, para longe da bebida derramada.
Encaro a silhueta do garoto desconhecido a poucos passos de mim. Eu não podia ver muito dele, praticamente nada.
— O que você quer? — pergunto.
— Eu? Nada. — ele mexe os ombros, indiferente. — Só achar um canto pra ficar sozinho...
Um riso de escárnio me escapa.
— Você quer ficar sozinho em uma festa? — retruco, lutando para enxergar algo além de sombras.
Quando uma faixa de luz piscante passou por ele, pude enxergar fios claros caídos na sua testa e um sorriso ladino provocante.
— Faz sentindo. — novamente, ele mexe os ombros. — Reformulando: um canto para curtir sozinho. — então ele levanta a mão esquerda, na qual, entre o polegar e o indicador, ele segurava um cigarro de seda.
— Amigos folgados? — pergunto, escondendo um sorriso.
— Pode apostar que sim. — ele, no entanto, não hesita em alargar o sorriso. — E você?
— Eu o quê?
— Por que tá aqui sozinha? — ele pergunta, levando o cigarro entre os lábios.
— Não estamos todos sozinhos, afinal?
O garoto ri enquanto solta a fumaça, me causando sensações esquisitas – principalmente entre as pernas. Jesus Cristo, quando foi que eu me tornei assim?
Se ele me responde, não escuto. Balanço a cabeça no ritmo da música enquanto tiro mais uma garrafa de dentro da mochila.
— Vim do Arizona. — falo. — Dirigi até aqui pra curtir uma festa em que ninguém me olhasse como se fosse me matar, estuprar ou roubar. — dou um longo gole na nova garrafa, sem careta dessa vez.
— Não tenho certeza se deu muito certo.
Quando olho ao redor, percebo alguns olhares em mim, mesmo com o breu significativo.
— Não tenho culpa da minha beleza estonteante. Podem olhar, contanto que não toquem. — mexo os ombros. Mais um gole.
O garoto ri de novo, mordendo os lábios no fim. Ah, Deus, não me deixe cair em tentação.
— Qual é o seu nome? — ele pergunta, baixinho, se aproximando alguns passos.
— Isso importa? Nunca mais vamos nos ver de novo. — respondo, aproveitando da proximidade para roubar o baseado de seus dedos. — Não sou melhor que seus amigos, foi mal.
O garoto sorri. É só o que ele faz: sorrir. Toda. Hora.
— Mas é mais bonita, e gentil, do que eles. — ele molha os lábios. — Então não vou cobrar pela minha erva.
— Você poderia, porém. — seu sorriso se torna quente, impossível de ignorar.
— Poderia?
— Poderia. — desvio os olhos de seus lábios rosados. — Eu não pagaria nada, mas você poderia.
Sinto seus olhos me avaliando por um longo tempo.
— E se o preço fosse um beijo? — quase não o escuto. Volto a encará-lo, surpresa pela sua audácia. — Você pagaria?
— Por que você não vem descobrir? — tampo a garrafa, vendo-o se aproximar cada vez mais de mim, com um sorriso satisfeito.
Em um piscar de olhos, sua mão – a direita, aquela que não segurava o baseado – se enche com um punhado do meu cabelo, puxando-o e inclinando meu rosto para cima, dando a ele todo o acesso que ele precisa.
O garoto me olha nos olhos, os cantinhos dos olhos enrugados pelo sorriso totalmente indecente e audacioso.
Fecho os olhos automaticamente, sentindo o gosto do álcool e do THC em seus lábios macios e carinhosos. Tal carinho, no entanto, se tornou uma completa selvageria; sua mão deixou de puxar meu cabelo para encontrar o caminho até o meu pescoço, me segurando no lugar.
Ele me pressiona contra a parede irregular da caverna e coloca o corpo contra o meu. Sou incapaz de me mexer muito além dos bravos, que atualmente estão em tarefas diferentes de puxar o cabelo dele e arranhar as costas.
Com o joelho, ele abre as minhas pernas e se encaixa no meio, e com a outra mão, sabe, aquela que não tá atualmente me enforcando, ele desce até minha bunda. É quando eu puxo um braço entre nós e passo a mão por baixo da camiseta dele, passando as pontas das unhas no abdômen definido que ele esconde por baixo do pano.
Esse cara é um Deus ou algo assim?
Quando o garoto se afasta, os cachos escorrendo pela testa, ele está sorrindo – uau, que surpresa. Seus dedos se afrouxam ao redor do meu pescoço, mas ainda estão lá. Sinto seu hálito quente na lateral do meu rosto quando ele se inclinou para sussurrar na minha orelha.
— Temos três opções, garota do Arizona. — sua voz rouca e bonita me causa arrepios. — Aqui, nessa parede de pedra e no meio de todo mundo, o que eu não me importaria. Ou, no meu carro, ou no seu. — seu rosto volta a parar em frente ao meu, nossos narizes quase se tocando.
Era isso o que eu queria, certo? Lugar novo, pessoas novas. Certo? Esquecer os nojentos de Prescott e tudo o que vêm com eles.
A luz nos iluminou de novo, e aposto que o garoto conseguia ver o meu sorriso carregado de luxúria.
Puxei a mão e toquei seu corpo sobre a camiseta, arranhando as unhas por todo ele. Então deixei a mão cair até meu corpo, encontrando o bolso da calça.
Balancei as chaves quando as encontrei.
— Meu carro.
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