Asfixia (Suspense, Paranoia, Paranormal, Terror)
A porta estava fechada, as luzes acesas e as janelas trancadas. Nada podia entrar, ele sabia, mas logo decidiu que seria melhor não ficar de mãos vazias. Foi até seu escritório, um pequeno espaço quadrado mobiliado com uma estante de livros e uma escrivaninha, e correu até a gaveta. Suor frio escorria por sua face e as mãos tremiam, ele não conseguia parar de pensar naquilo, no rosto branco, no lábio vermelho sangue que erguia-se num sorriso de orelha a orelha e nos olhos brilhando alucinadamente em um tom doentio de amarelo. Tudo era fresco demais.
Ele removeu a arma de seu local de repouso e voltou a sala. Segurava uma glock g 17 negra e mesmo assim sentia cada pedaço do seu corpo tremer. As paredes pareciam finas como gelo, as janelas assemelhavam-se a folhas de papel esperando para serem rasgadas e a porta não soava a mais do que um fino graveto. Todo som chegava a seus ouvidos como prenúncios de morte. Cada nervo tinha sido reduzido a frangalhos. Via um movimento qualquer das cortinas e percebia um espasmo percorrer o corpo.
Fora reduzido a um homem covarde e assustado, um serzinho insignificante que não era capaz de pensar racionalmente e assustava-se com o balançar de panos. Quase riu de seu declínio, mas paralisou-se completamente ao sentir um toque gélido sobre o ombro. Não ousou se mover, não ousou pensar e não ousou respirar. Passaram instantes, minutos e horas. Quando sua esposa e filho chegaram em casa no dia seguinte ele estava morto e os legistas notaram sinais de asfixia.
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