XXII - Sequestro
O céu estava sendo pintado por explosões de fogo e fumaça, meus olhos ardiam com tanta poeira. Do lado de fora do quarto tudo se encontrava num completo caos, adolescentes corriam pra todo lado gritando, soldados usavam armas e atiravam em invasores e vários homens de preto com máscaras que cobriam todo o rosto atiravam contra os soldados.
Me encorajando a continuar correndo Jung Kook segurava na minha mão, ele também estava com os olhos ardendo, volta e meia passava a mão neles pra tentar melhorar as vistas, mas não parecia estar obtendo sucesso já que toda vez ficava mais preocupado. Eu não sabia se ele estava com tanto medo quanto eu. Mas meu coração parecia que iria sair pela boca, eu estava me sentindo exposta em estar correndo com roupas de dormir pelo acampamento e cada vez que escutava um tiro parecia que meu coração ia parar e eu poderia ter um infarto por causa do susto. Porém isso não era motivo pra parar, por mais que minhas dores ocasionadas pelo Harry estivessem se intensificando.
Com os minutos passando correr estava sendo doloroso. E como se tivesse adivinhado, ou talvez não, o rapaz parou de me arrastar atrás de si e me puxou para um esconderijo, onde nos encolhemos um ao lado do outro agachados do lado de uma parede de um... Parecia ser um dormitório. Mas estava totalmente isolado. E haviam corpos na entrada. Meu estômago revirou de angustia e nervosismo ao ver aquela cena, eram dois adolescentes, pareciam ter a mesma idade que eu tinha. E estavam mortos, com os olhos abertos e cheios de buracos de bala no peito.
- Eu não queria te deixar alarmada... - Começou Jung Kook ofegante e virou o rosto para me encarar. Era um rapaz tão bonito, mas que provávelmente devia ser uma peste, eu conheço a Ally bem o suficiente para saber que ela não faria amizade com alguém se ele não topasse participar de suas loucuras, por isso ela ama o Natan e odeia a Meghan.
- Mas? - Perguntei colocando a mão sobre o peito pra tentar acalmar meu coração disparado. Estava impressionada que até agora não havia caído levando em consideração meu talento natural pra desastre. Mas não pensei muito sobre isso, afinal Jung Kook parecia bastante preocupado.
- Acho que eu me perdi. - Quando ele falou isso meu coração falhou no peito, dava pra sentir que estávamos totalmente ferrados, mas eu só senti isso na pele quando uma das camas dentro do dormitório explodiu lançando colchão e estrado pro ar, sabe se lá porque, mas que resultou numa demolição da parede e do telhado da construção, comprometendo nosso esconderijo, que nem era tão seguro assim.
A parede literalmente cuspiu tijolos pra fora do dormitório, tão perto de mim que eu gritei e o som foi abafado pela explosão. Jung Kook me puxou pra longe me afastando da barulheira e me abraçou contra o seu corpo ao se jogar no chão.
Caímos, rolando pelo chão, um em cima do outro insistentemente enquanto o barulho ensurdecedor rugia por nossos ouvidos. Por um pequeno percurso que parecia interminável meus cabelos cairam no rosto de Jung Kook, seus braços envoltos na minha cintura me seguraram tentando evitar que eu me machucasse, mas eu não consegui conter o gemido de dor quando senti meus hematomas serem tocados. Querendo ou não minha cintura também estava comprometida por vergões vermelhos e até algumas marcas roxas. Quando finalmente paramos de rolar, foi se chocando com outra parede, gelada e que nos deteve, pois se rolassemos mais poderiamos cair em outro dormitório, mas este não ia explodir pois já estava pegando fogo.
- Ally você está bem? - Perguntou Jung Kook debaixo de mim, colocando as mãos no meu rosto e tirando meus cabelos dos olhos para poder olhar nos meus olhos. Não contestei por ele ter falado o nome de uma das minhas personalidades e apenas assenti. Estava ficando nervosa e assustada, e tudo que mais queria era encontrar o Wonho nesse momento, ele saberia o que fazer pra nos ajudar.
- Então vamos? Eu me perdi, mas vamos deixar isso de lado e pelo menos encontrar um abrigo. - Propôs Jung Kook no momento em que sai de cima dele, e eu assenti outra vez. Jung Kook não perdeu tempo e me estendeu a mão me ajudando a levantar.
Ainda atordoados pela explosão voltamos a correr, um apoiado no outro, parecia tudo bem, tínhamos até esperança de nos abrigar antes que a coisa ficasse feia, mas fomos surpreendidos cedo demais. De repente, de uma direção que nossos olhos nem esperavam receber Jung Kook foi atingido por um tiro no braço, ele gritou de dor e caiu, e logo em seguida alguém agarrou meu braço e me derrubou no chão também. Quando me virei entrei em choque.
Era o professor Tom, com uma arma na mão que tinha usado pra atirar no Jung Kook e que agora estava apontando pra mim.
- Vamos Anne, ninguém mais se machuca se você vier comigo sem complicações. - Alertou ele e logo em seguida levou um soco na cara, Wonho que eu não faço ideia de onde surgiu tinha o pego. Meu braço foi libertado e eu fui ver como Jung Kook estava.
- Corram em direção norte e não parem por nada! - Gritou Wonho depois de dar uma joelhada no rosto de Tom tão forte que o deixou inconsciente. Em seguida Wonho tomou a arma dele, e então se juntou a mim e a Jung Kook, mas Jung Kook estava tão mau por causa do tiro que precisou de ajuda. Eu continuei correndo, lado a lado com os dois. Até outra explosão ocorrer. Essa fez um clarão vermelho e lançou fogo e estilhaços do que restou de um dormitório. Meus pés falharam e eu cai no chão assustada. Ainda meio zonza pelo baque, quando vi uma mão ser estendida pra me ajudar a levantar eu aceitei, e só percebi que não era de Wonho quando ele se pronunciou.
- Se você gritar eu atiro. - Foi o aviso e eu senti o cano do revólver nas minhas costas. Agora era tarde demais. E eu já podia sentir a outra vindo pra me defender mesmo que não fosse adiantar.
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