Eu lembro perfeitamente do dia em que os criei: era de manhã e eu estava na escola, a professora tinha passado uma atividade em que devíamos escrever uma historinha de tema livre. Quando se é criança, no momento em que os professores dizem as palavras "tema livre", pode acreditar que a imaginação fértil e genial delas alcançará o limite!

Eu não lembro a inspiração pra história que escrevi, mas lembro que fiquei muito orgulhoso da minha trama aventuresca: a história começava com o meu trio protagonista boiando em cima de destroços em alto mar - sim, eu esqueci de especificar se os destroços eram de avião ou barco -, eles estavam perdendo a esperança de serem salvos, até que avistam uma ilha deserta, o que parecia ser a salvação deles, na verdade, se tornaria uma aventura perigosa, com macacos violentos, armadilhas mortais e, pasmem, plantas carnívoras gigantes (!?).

Genial né?

Para uma criança que estava dando o seu primeiro passo na sua futura vida de escritor, era a melhor coisa do mundo.

Minha história foi a coisa mais longa que havia escrito até então, foram 42 linhas inteiras! Eu levei a aula toda para terminar, a professora me elogiou muito, fiquei todo bobo com isso.

Parando para pensar, minha história estava muito boa para alguém que nunca havia escrito nada assim e, principalmente, para a minha idade. A aventura foi apresentada sem enrolações, os personagens eram corajosos e inteligentes (falo mais deles no próximo capítulo), os perigos mortais eram eficientes e eu realmente tentei criar uma sensação de perigo para os protagonistas; e a resolução foi clichê, mas eficiente: depois de escaparem vivos de todos os perigos da ilha (não tão) deserta, o trio de protagonistas consegue construir uma jangada improvisada e escapar daquele inferno, sendo resgatados pouco tempo depois.

Não foi o ápice da originalidade, mas contando minha idade e falta de experiência, foi até que bem feito, por isso me orgulho tanto dessa minha historinha.

Orgulho tão grande que peguei o trio de personagens e transformei eles nos protagonistas de grande parte das minhas histórias escritas na infância, numa vibe bem "As Aventuras de Tintim", onde a cada história, é uma aventura diferente e mais perigosa que a anterior.

Esse livro vai mostrar a minha criação de maior orgulho na infância, que foi a responsável por me colocar no mundos dos escritos e me fazer continuar aqui, 15 anos depois.

Irei falar sobre Marquinhos, Ana e Deny, os Meus Próprios Heróis.