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Capítulo Vinte e Oito

Pietro Martins Reed:

Finalmente, o dia que tanto esperávamos chegou: meus pais vão trazer meu irmão mais novo, Adrian, para casa. A alegria contagiante tomou conta de todos, especialmente dos gêmeos e de Elsie, que mal conseguem conter a empolgação. Desde que souberam da notícia, não falaram em outra coisa. É impressionante como a ausência de meu pai, que esteve fora por apenas um dia, deixou os três tão ansiosos e eufóricos. A expectativa de ter Adrian de volta é quase palpável no ar.

Para celebrar essa ocasião tão especial, nossa casa se transformou em um verdadeiro quartel-general de preparativos. O pessoal se uniu para garantir que tudo estivesse perfeito para a chegada do bebê. Meus tios assumiram o comando na cozinha, onde o cheiro delicioso de bolos e biscoitos recém-assados preenchia o ar, misturando-se ao aroma das comidas que sempre fazem parte das nossas festas. Meus avós, com a ajuda do senhor Andrea, dedicaram-se à decoração do lado de fora. O jardim, que antes era apenas um espaço simples, agora se transformava em um lugar mágico, com balões coloridos e flores que pareciam saídas de um conto de fadas.

Enquanto isso, eu e meus amigos tínhamos a missão de cuidar das crianças, o que rapidamente se transformou em uma aventura épica. Fred e Hugo, sempre dispostos a entrar na brincadeira, assumiram o papel de dragões ferozes que Luana, Julio e Elsie precisavam derrotar em uma batalha imaginária que fez os olhos das crianças brilharem de emoção. Adele, com sua doçura, era a princesa indefesa que aguardava ser resgatada, enquanto Giulio, sempre o mais criativo, interpretava o vilão que, ao longo da história, aprenderia uma lição importante sobre amizade e bondade.

A tarde passou em um piscar de olhos, com risadas ecoando pela casa e o brilho do sol aquecendo os corações de todos. A expectativa só aumentava, e o amor que todos sentíamos por Adrian e uns pelos outros fazia com que cada detalhe fosse carregado de significado e emoção. Era mais do que apenas uma festa; era a celebração de uma família unida e de um amor que crescia a cada dia, pronto para acolher mais um membro em seus braços.

Ouvi um suspiro profundo e, ao olhar para o lado, vi Layne sentada ao meu lado. Ela parecia tão abatida, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros.

— O que aconteceu? — perguntei, tentando captar o que a estava incomodando.

Ela suspirou novamente, o som carregado de frustração e cansaço.

— Briguei com o Gabriel, mais uma vez, por causa dessa obsessão que ele tem com o Trevor. Falei que ele é um idiota emocional — disse ela, a voz trêmula de raiva contida. — Trevor fez tantas coisas estúpidas e irresponsáveis ao longo dos anos, mas ele realmente acredita que as pessoas vão perdoá-lo só porque ele se arrependeu de algumas coisas, principalmente do que fez com você. — Layne balançou a cabeça, incrédula. — Meu irmão não suportou ouvir isso e saiu de casa, furioso.

Eu podia sentir a dor nas palavras de Layne, uma dor que conhecia bem.

— Eu sei que o Trevor o machucou profundamente — falei, apertando a mão dela em um gesto de conforto. — Mas Gabriel está preso em uma ilusão, incapaz de ver a realidade. Nós não podemos interferir tanto assim. Ele precisa fazer essa mudança no próprio coração, precisa tomar as decisões que vão determinar seu futuro. Você já tentou de tudo, já o avisou tantas vezes, mas ele se recusa a escutar.

Layne abaixou a cabeça, um olhar triste cruzando seu rosto.

— A pele dele está péssima agora, cheio de marcas de insônia e pesadelos. Eu queria que ele fosse a um psicólogo, que buscasse ajuda para lidar com esses problemas que estão destruindo sua vida pessoal, especialmente o temperamento violento que ele desenvolveu. — Ela afastou uma mecha de cabelo que caía sobre o rosto, um gesto simples, mas que revelava sua preocupação. — Mas meu irmão é teimoso como uma mula.

Ela riu, mas era um riso vazio, sem humor.

— Ter um irmão é como ter um guardião das suas melhores memórias, sabe? — continuou, a voz carregada de melancolia. — Irmãos são nossos primeiros amigos de verdade, aqueles que estão ao nosso lado por toda a vida. Ter um irmão é ter, para sempre, uma infância guardada com segurança em outro coração.

Seus olhos ficaram distantes por um momento, como se estivesse revivendo essas memórias preciosas.

— Não importa a situação, Layne — falei suavemente. — Você sempre estará ao lado do seu irmão, não importa o quanto ele seja teimoso. O amor entre irmãos é mais forte que o tempo e qualquer distância.

Ela sorriu, um sorriso pequeno, mas genuíno.

— Ter o amor de um irmão na vida é saber que nunca se estará só — completou. — Aconteça o que acontecer, esse laço jamais será quebrado.

E naquele momento, soube que, apesar de tudo, Layne sempre estaria ao lado de Gabriel, como uma rocha firme no meio da tempestade. Porque, no final das contas, o amor entre irmãos é inabalável, resistindo a todas as provações que a vida lança em seu caminho.

— Acho que o Giovanni e o Nicolo chegaram — disse Fred, espiando pela janela da sala. Ele mal teve tempo de processar a cena antes de se abaixar rapidamente, esquivando-se de uma bola que Luanna jogou em sua direção com precisão certeira.

Sim, aqueles dois finalmente voltaram. Mas Nicolo não veio sem um aviso claro dos irmãos mais velhos de Giovanni: se ele magoar Giovanni novamente, nunca mais será visto com vida.

— Olá, pessoal — cumprimentou Giovanni ao entrar na casa, seguido de perto por Nicolo, que carregava a pequena Leila nos braços, aninhada com cuidado.

— E aí, pessoas? — Nicolo acrescentou, lançando um sorriso cansado para todos. Tanto ele quanto Giovanni pareciam exaustos, o que não era surpresa. Meus pais sempre diziam que os primeiros meses após o nascimento de um bebê são os mais desafiadores.

— Como vocês estão? — perguntou Hugo, sua voz serena contrastando com a agitação ao redor.

— Estamos bem, fazendo o melhor que podemos para cuidar da nossa filha e também ajudando meu pai com alguns assuntos — respondeu Giovanni, lançando um beijo no ar para Hugo, em um gesto que transbordava carinho. — Nicolo também começou a trabalhar na empresa da família dele.

Nicolo, sempre o charmoso, sorriu largo, aquele sorriso típico de relações-públicas que ele sabia usar tão bem.

— Giovanni é uma pessoa extraordinária — disse Nicolo, com orgulho evidente na voz. — E temos certeza de que Leila também vai ser incrível quando crescer. Ela já mostra sinais de ser uma criança muito independente.

Olhei para Leila, que observava o mundo ao seu redor com olhos curiosos, enquanto chupava o dedo com inocência. Aquele pequeno ser, tão cheio de vida e promessas, parecia alheio a toda a complexidade e amor que a cercava.

— Ela é muito fofinha — comentou Adele, abandonando a brincadeira para se juntar a nós, seus olhos brilhando de ternura enquanto olhava para a bebê.

A presença de Leila trouxe uma nova energia ao ambiente, algo que todos podíamos sentir. Ela era um lembrete silencioso de que, apesar de todos os desafios e incertezas, havia sempre espaço para o amor, a esperança e o crescimento, não importava o quão difícil a jornada pudesse ser.

O telefone de Layne tocou de repente, e ela o pegou com um gesto rápido, quase desesperado, colocando-o no bolso em seguida. Eu consegui vislumbrar a tela por um momento: era um número desconhecido.

— Por quem você está apaixonada? — sussurrei, percebendo a tensão no ar. O sorriso no rosto dela, que antes era suave, começou a desaparecer gradualmente. — Se quiser, pode me contar.

Ela hesitou, e quando finalmente falou, sua voz era calma, mas algo na maneira como ela evitava meu olhar me deixou desconfiado.

— Não é nada disso. Não estou apaixonada por ninguém. — Ela tentou parecer indiferente. — Lembra da tia da Matilde? Ela me pediu para ajudar ela e o Esteban com uma pesquisa sobre uma instituição onde ela deixou o filho dela. — Layne deu de ombros. — Não te contei antes porque achei que não era tão importante para você.

Mas eu conhecia Layne bem o suficiente para perceber que algo estava errado. Seus lábios tremeram levemente, um sinal claro de que ela estava mentindo.

Layla, a tia de Matilde, sempre foi uma figura protetora na vida da sobrinha, cuidando de sua carreira e sendo uma presença carinhosa e compassiva. Ela também se dedicava intensamente à sua própria família, incluindo Esteban e o enteado, e não hesitava em defender seus entes queridos com unhas e dentes. Já tinha até brigado com a mãe de Matilde para impedir um casamento forçado.

— Então ela quer encontrar o filho biológico? Achei que essas instituições não forneciam informações sobre crianças, ainda mais depois de tantos anos. — Comentei, estralando a língua em sinal de descontentamento.

— E elas realmente não dão — Layne respondeu, agora mais firme. — Mas conheço alguém que sabe os métodos certos para conseguir a informação. — Ela olhou para o celular, nervosa. — Ele acabou de me mandar uma mensagem com os detalhes. Vou encaminhar para a Layla.

Ela se levantou e foi para o lado de fora, deixando-me com um pressentimento inquieto. Voltei para a conversa com o pessoal, tentando dissipar a preocupação, até que a porta se abriu novamente. Meus pais chegaram com o pequeno Adrian nos braços. Elsie foi a primeira a correr em direção a eles, cheia de entusiasmo. Meu pai, Alisson, a pegou no colo, equilibrando-a enquanto mostrava o irmãozinho para ela.

— Elsie, diga olá para o seu irmão mais novo — disse Pai Miguel, sorrindo com ternura.

Adrian, com seus cabelos castanhos macios e olhos da mesma cor, dormia tranquilamente nos braços de Miguel, que o carregava com todo o cuidado. Com um aceno, ele pediu licença e foi para o quarto, onde deitou o bebê adormecido no berço. Elsie foi atrás como a boa irmão mais velha.

— Mas eu quero brincar com ele! — Adele choramingou, abraçando Pai Alisson pela cintura, os olhos cheios de expectativa.

— Querida, ele ainda é muito pequeno para brincar com vocês — Vô Eduardo disse, aproximando-se com um sorriso caloroso. — Deixa ele crescer um pouquinho mais.

— Mas vovô, como ele vai saber que somos legais, ao invés daqueles irmãos de histórias que conspiram uns contra os outros? — Giulio perguntou, balançando a cabeça com um ar sério.

Eu ri baixinho, imaginando de onde Giulio tirava essas ideias. Talvez nossos pais estivessem deixando os gêmeos assistirem muitos filmes sobre irmãos rivais.

— Menino, de onde você tirou isso? — Tio Arnold perguntou, franzindo o cenho.

— De uma história que li na internet — Giulio respondeu, casualmente. — A irmã era muito cruel com o irmão e a irmã. Ela era tão malvada que até matou os próprios pais para conseguir toda a herança da família.

— Sim, ela era completamente perversa! Dava vontade de chutar a canela dela. Giulio e eu a chamamos de cobra. — Adele acrescentou, soltando o abraço em nosso pai, com a expressão séria.

— Essa história parece um pouco pesada demais para crianças de dez anos — Tio Thomas comentou, pegando a filha no colo e olhando para os gêmeos com preocupação.

— Não sei por que você está surpreso — Tia Rosângela retrucou. — Esses dois vivem assistindo filmes de terror ou séries pesadas para a idade deles, sorte que a Elsie nunca fez algo desse tipo..

— Vocês fazem o quê?! — Pai Alisson quase gritou, a voz subindo um oitavo.

Eu não pude evitar rir ao imaginar o castigo que os gêmeos provavelmente iriam receber depois dessa revelação.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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