Capítulo Trinta e Um
Pietro Martins Reed:
Acordei no dia seguinte, sozinho, em meio a um emaranhado de lençóis bagunçados. O quarto estava preenchido por uma suave luz matinal que atravessava as cortinas entreabertas, revelando um dia ensolarado e sereno. Apesar de estar com o cabelo completamente desgrenhado e um susto inicial ao perceber que Manoel não estava ali, um sorriso bobo teimava em permanecer em meu rosto. Eu me ajeitei na cama, mas ao fazer isso, senti uma fisgada desconfortável na minha bunda, o que me fez soltar um gemido de dor e cair novamente na cama, ainda meio zonzo pelo sono.
Esfreguei os olhos, tentando clarear a visão, e comecei a observar o quarto. A decoração refletia o toque acolhedor e moderno de Manoel, com cores suaves e detalhes cuidadosamente escolhidos. Foi então que a porta se abriu lentamente, e lá estava ele, usando um roupão, carregando uma bandeja nas mãos com um sorriso satisfeito. Ele se aproximou da cama e, com todo o cuidado, colocou a bandeja sobre a mesinha ao lado. Depois, inclinou-se e depositou um beijo suave na minha testa, um gesto que fez meu coração aquecer ainda mais.
— Bom dia — falei, ainda meio grogue, mas feliz ao vê-lo.
— Bom dia, meu amor. Preparei algo especial para você — disse Manoel, e eu imediatamente olhei para a bandeja, encantado com o que vi.
— Uau! Isso é tudo para mim? — perguntei, surpreso e tocado pelo gesto.
— Um café da manhã romântico na cama. Achei que seria uma maneira perfeita de começarmos o dia juntos — ele disse, erguendo a bandeja com um sorriso suave. — Eu acordei antes de você, te limpei e te trouxe para a cama. Depois, achei que seria bom preparar algo especial para você.
Me ajeitei melhor na cama enquanto ele se sentava ao meu lado, ainda com aquele olhar cheio de carinho. Ele começou a servir o café nas xícaras, e o aroma delicioso de café fresco se espalhou pelo quarto, criando uma atmosfera aconchegante.
— Você é incrível, sabia? — falei, deixando transparecer o quanto ele me fazia sentir especial.
— Só quero que você se sinta amado e cuidado, meu amor. Você merece tudo do melhor — ele respondeu, com um sorriso que iluminava o rosto.
Brindamos com as xícaras, nossos olhares se encontrando em uma troca silenciosa de amor e gratidão. Manoel pegou um croissant, ainda quente e perfeitamente crocante, e o ofereceu para mim. Aceitei com um sorriso, sentindo o quão doce e atencioso ele era.
— Isso é maravilhoso. Não poderia pedir um começo de dia melhor — falei, tentando me ajeitar na cama da forma mais confortável possível.
— E ainda teremos muitos momentos especiais pela frente, meu amor — ele disse, se inclinando para me beijar delicadamente nos lábios.
— Muitos doces momentos — concordei, com um sorriso que parecia não ter fim.
Ficamos ali, imersos na simplicidade e beleza do momento. Compartilhamos risadas leves, conversas sobre pequenos detalhes da vida, e olhares cheios de cumplicidade e afeto. Cada gesto, cada palavra, parecia se encaixar perfeitamente, como se o mundo ao nosso redor fosse um reflexo da tranquilidade e do amor que compartilhávamos.
Nosso café da manhã na cama se transformou em uma celebração silenciosa do que sentíamos um pelo outro. Ali, entre risos e carinhos, ficou claro que o amor não precisava de grandes gestos ou declarações grandiosas para ser sentido — ele estava presente nas pequenas coisas, nos momentos mais íntimos, e em cada olhar que trocávamos.
Eu sabia que, independentemente do que o dia nos trouxesse, aquele começo tranquilo e repleto de amor era um lembrete de que, ao lado de Manoel, cada dia tinha o potencial de ser especial.
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Depois de terminarmos o café da manhã, ficamos deitados na cama por um tempo, apenas aproveitando a companhia um do outro. Manoel se encostou na cabeceira da cama, e eu me aninhei ao lado dele, deitando minha cabeça em seu peito enquanto ele fazia carinho no meu cabelo, seus dedos deslizando suavemente pelas mechas. O silêncio confortável entre nós era preenchido apenas pelo som da nossa respiração e o leve bater do coração dele, que eu podia sentir contra meu rosto.
— Eu poderia ficar assim para sempre — murmurei, fechando os olhos enquanto apreciava o calor de seu corpo e o toque suave em meus cabelos.
— Eu também, Pi — ele respondeu com um sorriso na voz. — Esses momentos com você são os que mais valorizo. Não importa o que o mundo lá fora traga, quando estamos juntos, tudo parece em paz.
Ficamos assim por mais alguns minutos, em uma bolha de tranquilidade que parecia existir só para nós dois. Eventualmente, Manoel se mexeu um pouco e, com um sorriso malicioso, perguntou:
— Está pronto para o próximo plano do dia?
Eu ergui uma sobrancelha, curioso e um pouco desconfiado. — O que você está tramando dessa vez?
— Não vou te contar ainda — ele disse, rindo e levantando da cama, estendendo a mão para mim. — Só posso dizer que vai ser divertido. Vem, vou te dar uma pista.
Aceitei sua mão e me levantei, ainda sentindo aquela leve dor muscular, mas o sorriso no meu rosto não desaparecia. Seguimos até a sala, onde a decoração romântica da noite anterior ainda estava no lugar. Manoel puxou uma das cortinas, revelando a varanda ensolarada, onde havia uma pequena mesa de jardim com uma cesta cheia de frutas frescas e uma pilha de livros ao lado.
— Então, o plano envolve livros? — perguntei, fingindo seriedade enquanto me aproximava da cesta de frutas.
— Na verdade, sim e não. Pensei em fazermos algo que você ama e que a gente quase não tem tempo de fazer juntos: uma manhã de leitura e relaxamento. E depois... — Ele fez uma pausa dramática, seus olhos brilhando com diversão. — Vamos ter uma tarde com algumas surpresas que eu preparei.
Não pude evitar rir da sua empolgação. Manoel sempre sabia como tornar o simples em algo memorável.
Passamos a próxima hora na varanda, cada um de nós com um livro nas mãos, trocando frases e comentários sobre as histórias que estávamos lendo, enquanto comíamos frutas e aproveitávamos a brisa suave que entrava pela sacada. Era fácil esquecer do mundo lá fora quando estávamos ali, imersos em nossa própria bolha de tranquilidade e felicidade.
Depois de algum tempo, Manoel fechou seu livro e se esticou, os olhos ainda fixos em mim com aquele brilho divertido.
— Agora vem a parte mais interessante do dia — ele disse, me puxando pela mão para dentro do apartamento novamente. Fui seguindo, a curiosidade crescendo a cada passo.
Quando voltamos para o quarto, vi que ele havia arrumado nossas roupas em cima da cama, incluindo um conjunto de trajes leves e confortáveis.
— Vamos dar uma escapada até o parque que você tanto gosta. Preparei um piquenique para nós. Achei que seria um jeito perfeito de passar a tarde.
— Manoel, você realmente pensou em tudo, né? — falei, tocado pela atenção aos detalhes. — Cada vez mais, você consegue me surpreender.
Ele sorriu, pegando as roupas e me entregando. — Surpreender você e te fazer sorrir é sempre a melhor parte dos meus planos.
Nos trocamos rapidamente e logo estávamos prontos para sair. Ao caminhar para o parque, de mãos dadas, senti uma sensação de plenitude que poucas vezes havia experimentado antes. Estávamos juntos, vivendo o agora, sem preocupações e sem pressa.
Chegando ao parque, escolhemos um canto mais isolado, perto de algumas árvores, onde estendemos uma manta e organizamos o piquenique. Manoel trouxe sanduíches, sucos naturais e, claro, alguns doces que ele sabia que eu adorava. Ficamos ali, rindo, conversando e simplesmente aproveitando a tarde, como se o tempo tivesse desacelerado só para nós.
Enquanto o sol começava a descer no horizonte, tingindo o céu com tons alaranjados, Manoel se aproximou, segurando meu rosto com ambas as mãos.
— Esses momentos com você são o que mais importam para mim, Pi. Eu não poderia pedir por mais nada — ele disse, com uma sinceridade que fez meu coração bater mais forte.
— E eu me sinto da mesma forma. Você me faz perceber que os detalhes mais simples podem ser os mais preciosos — respondi, encostando minha testa na dele, sentindo o calor de sua pele.
Nos beijamos, um beijo lento e cheio de carinho, o tipo de beijo que diz mais do que qualquer palavra. Sabia que, não importa o que o futuro trouxesse, momentos como esse eram o que realmente contavam.
Ali, sob a luz suave do entardecer, imersos em nosso amor, prometemos silenciosamente que continuaríamos criando memórias assim, onde o simples e o extraordinário se entrelaçavam de maneira única, exatamente como nós dois.
Enquanto o sol continuava a se pôr, tingindo o céu com tons de rosa e laranja, nos acomodamos na manta, ainda abraçados. O silêncio confortável entre nós era pontuado apenas pelo som suave das folhas balançando ao vento e o riso ocasional de crianças brincando ao longe. Eu me sentia tão completo, tão em paz, que quase podia jurar que o tempo havia parado, permitindo que aproveitássemos cada segundo desse momento mágico.
Manoel, sempre atento, puxou-me um pouco mais para perto, apoiando minha cabeça em seu ombro. Seus dedos traçavam padrões leves em meu braço, uma carícia suave que transmitia carinho e segurança. Olhei para ele, capturando aquele sorriso que parecia brilhar mais intensamente à medida que a luz do dia desaparecia. Era um sorriso que transmitia tantas coisas ao mesmo tempo: amor, cumplicidade, e a promessa de muitos outros momentos como esse.
— Eu nunca vou esquecer esse dia — murmurei, sentindo a emoção apertar meu peito. — Obrigado por sempre fazer o simples se tornar extraordinário.
Ele sorriu e me beijou na testa, uma gentileza que, mesmo após todo o carinho que já havíamos trocado, ainda me fazia sentir borboletas no estômago.
— Eu só quero que você saiba o quanto significa para mim — ele disse, olhando nos meus olhos com uma seriedade que contrastava com seu sorriso habitual. — Cada sorriso seu, cada risada, cada momento que compartilhamos... são o que fazem a vida valer a pena. E não importa onde a vida nos leve, o que realmente importa para mim é que possamos estar juntos, criando lembranças que durem para sempre.
Eu sorri, emocionado com suas palavras, sentindo o peso e a sinceridade delas. Era incrível como, mesmo depois de tanto tempo juntos, Manoel ainda conseguia me surpreender e fazer meu coração bater mais rápido.
— Você é tudo para mim, Manoel — respondi, sentindo uma lágrima de felicidade escorrer pelo canto do olho. — E o que mais quero é viver muitos outros dias como esse com você.
O silêncio que se seguiu não precisou de palavras. Ficamos apenas nos olhando, absorvendo o significado daquele momento. O sol finalmente desapareceu no horizonte, e o céu começou a se encher de estrelas, trazendo uma brisa fresca que fazia a noite parecer ainda mais aconchegante.
Depois de um tempo, começamos a recolher as coisas, com a sensação de que, mesmo que o dia estivesse chegando ao fim, o amor que compartilhávamos só ficava mais forte. Caminhamos de volta para casa de mãos dadas, aproveitando a calma da noite e a intimidade que só quem realmente se ama consegue sentir. Cada passo era leve, como se o peso do mundo não tivesse lugar quando estávamos juntos.
Quando finalmente chegamos ao apartamento, Manoel me puxou para um abraço apertado antes de abrir a porta. Entramos em silêncio, ainda envolvidos naquela atmosfera de paz e conexão profunda. Sem precisar dizer nada, ambos sabíamos o que aquele dia significava para nós.
Nos aconchegamos no sofá, lado a lado, enquanto a cidade ao redor começava a desacelerar para a noite. Colocamos um filme qualquer na televisão, mais para manter a companhia das imagens e sons do que realmente para assistir. Estávamos exaustos, mas de um jeito bom, o tipo de cansaço que vem de passar o dia ao lado de alguém que te faz sentir completo.
— Acho que vou apagar aqui mesmo — comentei, sentindo o peso das pálpebras enquanto me aconchegava mais perto dele.
— Se você dormir, eu te carrego para a cama, como sempre — ele disse com um sorriso brincalhão.
— Não duvido. Mas antes de dormir, só queria dizer que... — hesitei por um segundo, mas decidi completar a frase — ...eu não conseguiria imaginar minha vida sem você.
Ele não disse nada, apenas me puxou mais para perto, me envolvendo em um abraço que dizia tudo o que precisava ser dito.
E assim, deitado nos braços de Manoel, com o calor do seu corpo ao meu lado, fechei os olhos, sabendo que momentos como aquele eram o que realmente importava. Porque, no fim, o amor não precisa ser grandioso ou cheio de extravagâncias. Às vezes, ele está nos pequenos gestos, no simples ato de estar presente. E ali, naquela noite tranquila, percebi que tinha exatamente o que precisava: amor, carinho e a certeza de que, independentemente do que o futuro trouxesse, sempre teríamos um ao outro.
Com o coração tranquilo e a mente em paz, finalmente adormeci, certo de que, ao lado de Manoel, todos os dias poderiam ser especiais.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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