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Capítulo Trinta e Cinco

Pietro Martins Reed:

Quando abri os olhos novamente, tudo ao meu redor estava envolto em um branco frio e estéril. Demorei um instante para entender onde estava, e só então percebi a sensação incômoda de algo preso ao meu braço – um cateter, conectado a um soro. O som abafado de máquinas monitorando meus sinais vitais preenchia o ambiente.

— Pietro, meu filho... — ouvi uma voz conhecida, quebrada pelo choro. Virei a cabeça e vi meu pai Miguel, com os olhos vermelhos e inchados, ao lado do meu pai Alisson, que segurava sua mão, ambos com expressões de angústia e alívio ao mesmo tempo. — Você finalmente acordou!

Antes que eu pudesse reagir, Miguel me envolveu em um abraço apertado. Senti o corpo dele tremer contra o meu, o desespero evidente em cada movimento. Alisson estava logo ao lado, tentando manter a calma, mas seus olhos brilhavam com lágrimas contidas. Eles começaram a falar, as palavras escapando em tentativas de conforto, mas nada do que diziam realmente se fixava na minha mente.

Eu apenas fiquei ali, em silêncio, observando a dor estampada nos rostos deles enquanto tentavam manter a compostura. Era evidente que ambos estavam tentando ser fortes por mim, mas a tristeza os estava consumindo.

— O que aconteceu? — consegui perguntar com uma voz rouca, quase inaudível.

Alisson suspirou profundamente, trocando um olhar cheio de pesar com Miguel antes de responder:

— Filho... você sofreu um aborto. — As palavras dele pareciam pesadas como chumbo, cada sílaba arrastada, como se ele estivesse tentando aliviar a dor inevitável que elas traziam. — A médica disse que o estresse que você vinha passando nos últimos dias foi demais para o seu corpo.

Aquelas palavras bateram em mim como uma onda gélida. Um aborto? Como assim? Eu mal sabia que estava grávido e, antes que pudesse processar a novidade, já o havia perdido. A informação me atingiu com força total, fazendo meu corpo afundar na cama. A dor era paralisante, como se todo o ar tivesse sido arrancado dos meus pulmões. Eu estava em choque.

Miguel se inclinou para segurar minha mão, a voz dele embargada enquanto tentava oferecer algum consolo:

— Eu queria tanto que minhas palavras pudessem apagar a dor que você está sentindo agora, mas sei que isso é impossível. Perder um bebê é uma das piores dores que existem, um trauma profundo. E sei que você está enfrentando isso de uma maneira que nenhum de nós pode compreender totalmente.

Ele fez uma pausa, lutando contra as lágrimas que finalmente escaparam dos seus olhos.

— Sei que é difícil ouvir isso agora, mas desejo que você encontre força para continuar. Deus está ao seu lado, e mesmo que as coisas pareçam sombrias, Ele não te abandona. Chore pelo seu bebê, lamente a perda, mas depois se erga, porque há mais vida adiante. Estamos aqui por você, sempre.

As lágrimas começaram a encher meus olhos, e eu não as contive. Tudo o que sentia era uma dor crua e avassaladora, uma tristeza profunda que não encontrava saída em palavras. Miguel e Alisson ficaram em silêncio ao meu lado, respeitando meu luto, tentando de todas as formas estarem presentes para mim.

— Não diga nada agora, só descanse, por favor — meu pai Alisson murmurou, sua voz carregada de carinho. — Vou chamar o Manoel para ficar com você por um momento. Ele também quer estar ao seu lado.

Senti a mão de Miguel acariciando meu cabelo enquanto minhas lágrimas finalmente rolavam livremente. Havia tanta coisa que eu queria dizer, mas nenhuma palavra parecia suficiente para expressar o que estava sentindo. A única coisa que pude fazer foi me permitir sentir a tristeza e a dor, sabendo que, por mais que doesse agora, eu não estava sozinho.

O som suave da porta se abrindo e fechando me fez abrir os olhos com dificuldade. Não demorou muito até que o cheiro familiar do Manoel preenchesse o ambiente. Ele se aproximou em silêncio e, sem dizer uma palavra, deitou-se ao meu lado na cama, me envolvendo em um abraço apertado. Eu me agarrei a ele como se fosse a única coisa que me ancorava na realidade naquele momento. Senti as lágrimas quentes de Manoel se misturarem com as minhas, e naquele abraço silencioso, compartilhamos a dor sem precisar dizer nada. Era reconfortante saber que ele estava ali, sentindo junto comigo, deixando o silêncio falar por nós.

O dia passou como um borrão, entre o som distante de passos e vozes abafadas. As pessoas entravam e saíam do quarto, mas eu mal conseguia processar o que estava acontecendo ao meu redor. Em algum momento, minha tia Rosângela apareceu com meus avós. Eles me abraçaram com tanto carinho que quase me desmanchei. A dor nos olhos deles era palpável, mas tentavam me transmitir força de todas as maneiras possíveis. Mesmo assim, nada parecia suficiente para afastar a escuridão que se alojara no meu peito.

Mais tarde, quando meu pai Alisson estava no quarto comigo, a médica entrou para me avaliar. Eu ainda estava em um estado de torpor, mas as palavras dela começaram a penetrar aos poucos, cada uma carregando uma nova camada de preocupação.

— Após um aborto, existe o risco de desenvolver a síndrome pós-aborto, caracterizada por alterações psicológicas que podem impactar seriamente a qualidade de vida, como sentimentos de culpa, angústia, ansiedade, depressão, comportamentos autopunitivos, transtornos alimentares e até alcoolismo. — A voz dela era calma, mas direta, enquanto ela se dirigia ao meu pai. Eu senti as mãos dele no meu cabelo, fazendo cafuné, como se tentasse me confortar enquanto ouvia a explicação. — Além disso, há possíveis complicações físicas, como perfuração do útero, retenção de restos da placenta, o que pode levar à infecção uterina, tétano em casos de ambientes insalubres, esterilidade devido a danos irreversíveis no sistema reprodutor, e inflamações nas trompas e no útero, que podem se espalhar pelo corpo e colocar a vida do Pietro em risco.

A lista de complicações parecia interminável, e cada novo termo médico era como uma punhalada, ampliando o abismo que eu sentia dentro de mim. Não consegui segurar as lágrimas; elas simplesmente transbordaram. Meu pai, sentindo meu desespero, me puxou para perto e continuou acariciando meu cabelo com gentileza. Ele estava ali, firme, tentando ser a rocha que eu precisava naquele momento, mas o peso do que eu havia perdido e do que ainda poderia enfrentar era esmagador.

— Essas complicações tendem a aumentar conforme o estágio da gravidez. Quanto mais desenvolvido estiver o bebê, piores são as consequências tanto físicas quanto emocionais para a mãe — a médica continuou, a voz dela soando como uma sentença inevitável.

Quando a médica saiu, meu pai Alisson permaneceu ao meu lado, sem dizer nada. Ele não precisava. O silêncio que compartilhamos era preenchido pela dor que ambos sentíamos, cada um à sua maneira. Eu sabia que ele queria me confortar, dizer que tudo ficaria bem, mas também sabia que nenhuma palavra poderia preencher o vazio que agora existia em mim.

O tempo pareceu se arrastar enquanto eu permanecia naquele estado de luto. Meus pensamentos eram uma mistura caótica de tristeza, culpa e perda. Mas, em meio a tudo isso, a presença do meu pai e dos meus entes queridos me lembrou que, por mais esmagadora que fosse a dor, eu não estava sozinho. Eles estavam ali, segurando minha mão, enfrentando o sofrimento comigo, enquanto o mundo ao nosso redor continuava a girar.

Naquele momento, entendi que, embora a tristeza fosse esmagadora, eu tinha pessoas ao meu lado que me amavam e estavam prontas para me ajudar a enfrentar cada novo dia, por mais difícil que fosse. E, com isso, mesmo que um pouco mais leve, eu consegui fechar os olhos e descansar, sabendo que, quando estivesse pronto, teria uma rede de apoio para me ajudar a recomeçar.

******************

Quando finalmente tive alta do hospital, Manoel me levou para o apartamento dele. O trajeto foi silencioso, mas o silêncio entre nós era confortável, quase necessário. Assim que entramos, segui direto para o quarto, onde me deitei na cama, sentindo o peso de tudo o que havia acontecido finalmente se manifestar no meu corpo. Manoel não disse nada, apenas deitou-se ao meu lado, seu calor e presença sendo o único consolo que eu conseguia absorver naquele momento.

Não há como se preparar para a perda de um filho. Não existem palavras que façam sentido ou que possam realmente aliviar a dor. É uma ferida profunda e inexplicável, que nenhum manual de vida pode nos ensinar a curar. Mas ali, deitado, senti uma pequena faísca de esperança ao lembrar que, mesmo em meio à dor, eu ainda tinha algo dentro de mim que não me deixava desistir. Eu sabia que, de alguma forma, precisava seguir em frente, por mim e pelo bebê que se foi.

Manoel, sempre com seu jeito calmo e sereno, rompeu o silêncio com um sussurro que parecia carregar toda a dor que eu sentia, mas também a força que ele tentava transmitir:

— Nosso bebê pode não ter nascido, e talvez nunca possamos entender os planos de Deus para nós, mas tenha certeza de que, apesar de ficar pouco tempo entre nós, ele nunca será esquecido. Ele viverá para sempre em nossos corações. — Ele beijou minha testa com uma ternura que me fez fechar os olhos, tentando absorver aquele momento de carinho. — Nossa vida é como uma história cheia de capítulos diversos, uns felizes, outros tristes.

As palavras dele eram suaves, mas carregavam um peso que atingiu profundamente meu coração. Ele continuou:

— Por mais que pareça insuportável agora, esse não é o final da sua história. A perda do nosso bebê vai deixar um capítulo marcado para sempre, mas ele continuará a seguir com você, onde quer que você vá. — Manoel segurou minha mão com firmeza. — Estaremos sempre aqui por você, e, quando você estiver pronta, continuaremos a escrever essa história juntos, lado a lado.

As lágrimas, que eu havia segurado o dia todo, começaram a rolar novamente. Manoel não tentou interrompê-las, apenas me abraçou, envolvendo-me com a segurança que só ele conseguia oferecer. Durante a noite, ele permaneceu ao meu lado, me abraçando forte, como se soubesse que era o que eu mais precisava naquele momento.

A exaustão emocional acabou por me vencer, e, apesar da dor, adormeci nos braços de Manoel. Mesmo em meio ao luto, senti que ali, naquela escuridão que parecia interminável, havia uma pequena chama de esperança, acesa pela presença de quem estava disposto a caminhar comigo, não importa o quão difícil fosse o caminho. E com isso, percebi que, por mais que a dor fosse imensa, eu não estava sozinho. E isso, por si só, era um passo na direção certa para continuar.

***************

Na manhã seguinte, quando finalmente abri os olhos, senti a cama ao meu redor vazia, e logo percebi que Manoel já havia se levantado. Ainda meio sonolento, sentei-me lentamente, sentindo um peso estranho no peito. Instintivamente, abracei minha barriga com delicadeza. A realidade era difícil de aceitar: eu estive grávido e, agora, o bebê não estava mais comigo. Uma parte de mim se sentia incompleta, como se algo vital tivesse sido arrancado de dentro de mim, deixando apenas um vazio frio.

Meu corpo começou a tremer. O choro ameaçava escapar a qualquer momento, e me abracei com força, tentando manter algum controle sobre as emoções que pareciam prontas para me engolir. Foi nesse momento que a porta do quarto se abriu e Manoel entrou, equilibrando uma bandeja com uma tigela de sopa quente.

— Trouxe uma sopa de legumes para você — ele disse suavemente, colocando a bandeja na minha frente antes de se sentar ao meu lado. Seu olhar era cheio de preocupação, mas também de ternura. — E também liguei para algumas pessoas que precisam estar ao seu lado agora.

Antes que eu pudesse perguntar o que ele queria dizer, a porta se abriu novamente, e Layne e Hugo entraram no quarto. Manoel segurava suas mãos, trazendo-os até mim. A simples presença deles já fazia com que uma parte do peso em meu peito se aliviasse.

— Migo, eu sinto muito — Layne sussurrou enquanto me envolvia em um abraço forte e protetor. — Sei que, às vezes, as pessoas não sabem o que dizer e acabam não dizendo nada. Mas essa é a pior coisa que se pode fazer. Muitos ficam preocupados em dizer a coisa errada ou em tornar as coisas piores, mas o mais importante é estar aqui e dizer algo, qualquer coisa.

Hugo se aproximou, sentando-se ao meu lado na cama e me puxando para encostar a cabeça em seu ombro.

— Você não precisa passar por isso sozinho — ele disse suavemente. — Às vezes, só precisamos de alguém ao nosso lado, que nos diga: "Sinto muito que isso tenha acontecido".

O momento era simples, mas incrivelmente reconfortante. Era um lembrete de que, independentemente das dificuldades, nossa amizade era sólida e verdadeira. Eles estavam ali, reunidos, para me apoiar quando eu mais precisava, e aquela presença calorosa era exatamente o que meu coração fragilizado precisava.

Enquanto estávamos ali, o silêncio era quebrado apenas pelo som baixo de respirações e pequenos sussurros. Meus pensamentos começaram a vagar, mergulhando na dor que a perda trazia, na complexidade do luto, e em como a vida pode nos testar de formas tão inesperadas e dolorosas.

A dor da perda é como uma sombra que nos acompanha, mas ela não apaga o brilho dos momentos felizes que vivemos. Meus pais sempre me ensinaram que a vida é feita de ciclos, que cada sorriso, cada palavra e cada gesto de amor deixam uma marca. Mesmo quando as pessoas que amamos se vão, suas lembranças permanecem, como luzes em meio à escuridão.

Ao longo da vida, buscamos independência, liberdade, e muitas vezes nos distanciamos de quem mais nos ama. Mas, em momentos como esse, percebemos que é no amor e no carinho de nossos entes queridos que encontramos força para seguir em frente. Quando perdemos alguém, é como se o chão desaparecesse sob nossos pés, e cada "meus pêsames" que ouvimos parece apenas afundar ainda mais o punhal da dor em nosso peito. No entanto, com o tempo, entendemos que o amor não se limita às palavras ditas ou não ditas, mas aos gestos, às memórias, e ao afeto que carregamos para sempre.

Layne, com os olhos marejados, segurou minha mão com força.

— Não importa o que aconteça, vamos estar sempre com você. O tempo cura, mas a saudade permanece, e isso é o que torna as lembranças tão preciosas.

Hugo completou:

— Pode parecer que o luto é insuportável agora, mas o tempo nos ajuda a transformar a dor em lembranças afetuosas. E um dia, quando olhar para trás, verá que esse bebê, mesmo tendo ficado pouco tempo com você, foi um pedaço importante da sua jornada. Ele será um anjo que vai te acompanhar, onde quer que você vá.

As palavras deles eram como um bálsamo para meu coração machucado. Senti que, com o tempo, poderia encontrar forças para seguir em frente. Eles permaneceram comigo, conversando sobre memórias felizes, trocando risadas baixas e me lembrando de que, por mais doloroso que fosse, eu não estava sozinho.

Naquela noite, Manoel continuou ao meu lado, segurando minha mão enquanto eu, exausto pela dor e pelo luto, finalmente caía em um sono profundo e cheio de sonhos. Mesmo em meio à escuridão, as estrelas ainda brilhavam, e eu sabia que, com o tempo, encontraria um novo jeito de caminhar em direção à luz.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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