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Capítulo Dois

Pietro Martins Reed:

Na manhã seguinte ao meu aniversário, mal consegui ficar em casa. A ansiedade de sair era tanta que decidi levar Nala para o parque dos cachorros da cidade. Precisava de um pouco de ar fresco e de um tempo com minha fiel companheira.

Depois de um banho quente e relaxante, me senti renovado. Escolhi um shorts jeans confortável e uma camiseta leve, algo casual para um passeio matinal. Passei um pouco de creme no cabelo, ajeitando-o com cuidado, e desci as escadas, sentindo-me pronto para o dia que estava por vir.

Quando cheguei à cozinha, fiquei surpreso e encantado com o café da manhã que minha tia Rosângela havia preparado. A mesa estava cheia de delícias, e o cheiro de café fresco se espalhava pelo ambiente.

— Bom dia! — Cumprimentei ao entrar na cozinha, sorrindo.

— Bom dia, querido — respondeu tia Rosângela com um sorriso acolhedor, colocando a garrafa de café na mesa.

— Bom dia, filho — disse meu pai, Alison, sorrindo para mim com aquele olhar tranquilo de quem deseja saber se a noite foi boa. — Dormiu bem?

— Sim, dormi! — Respondi enquanto me sentava à mesa, de frente para ele. — E o resto do pessoal? Onde estão?

— Seus avós não tomam café da manhã aqui conosco. Devem estar aproveitando um pouco de tempo juntos — explicou Rosângela, enquanto servia uma xícara de café para mim. — Meus filhos, neto e genro ainda estão dormindo. E, pelo que me lembro, seus tios têm a própria casa.

— Tia Rosângela, você é uma flor... e nada grossa — brinquei, deixando escapar um sorriso travesso. Ela apenas revirou os olhos, mas percebi o cantinho de um sorriso em seus lábios.

Aquela manhã simples, cercada de carinho e calor familiar, era exatamente o que eu precisava para começar o dia com o pé direito.

— Seu pai, os gêmeos e a Elsie também estão dormindo — disse meu pai, Alison, com um sorriso tranquilo. — Hoje é sábado, então ninguém vai acordar às oito da manhã. Provavelmente, só levantarão lá pelo meio-dia.

— Todos são preguiçosos, exceto eu e vocês dois — comentei, pegando uma torrada e servindo-me de um pouco de café.

— Só acordo cedo porque amo vocês — respondeu Rosângela, sentando-se em uma cadeira ao meu lado.

— Mas eu não consigo ficar sem fazer nada — meu pai acrescentou. — Consigo me virar no café da manhã, já que a senhora aqui tem planos de sair com um certo alguém.

— Quem é esse alguém? E por que não me contaram? — perguntei, curioso, olhando diretamente para Rosângela.

— Minha vida não é um livro de romance para vocês acompanharem capítulo por capítulo — disse Rosângela com um tom um pouco ríspido, mas logo suavizou. — Mas, como vocês são minha família, vou contar: é um sócio do seu avô Eduardo.

— Conheço? — perguntei, tentando lembrar se já havia encontrado todos os sócios do meu avô Eduardo.

— Você ainda não está preparado para isso — respondeu Rosângela, com um sorriso enigmático. — Arrume sua vida amorosa primeiro, depois se preocupe com a minha.

Apesar da resposta, ela não revelou mais nada, deixando-me ainda mais curioso durante o restante do café da manhã. Eu percebia o sorriso debochado em seus lábios, sabendo que havia atiçado minha curiosidade de propósito. Meu pai, por sua vez, não disse nada, fiel à sua regra de nunca contar algo que pertence a outra pessoa.

Depois do café, peguei a guia da coleira de Nala, que, ao perceber que íamos sair, começou a latir e pular de alegria, quase sem conseguir se conter.

— Vou sair com a Nala — avisei ao meu pai, que estava concentrado em algo no computador.

— Até mais tarde. Tome bastante cuidado — disse ele, sem tirar os olhos da tela.

— Até mais tarde — acrescentou Rosângela. — Se for comer fora, avise.

Despedindo-me deles, dei um beijo na bochecha de cada um. Nala veio logo atrás de mim, abanando o rabo com uma felicidade contagiante.

Abri a porta de trás do carro, e Nala, em um salto ágil, ocupou seu lugar no banco. Entrei no carro logo em seguida.

— Pronta para o nosso passeio, garota? — perguntei, recebendo um latido animado como resposta. — Ótimo, então vamos.

Dei partida no carro e saí da propriedade, dirigindo em direção ao centro da cidade, com Nala ao meu lado, pronta para um dia cheio de aventuras.

********************

Cheguei ao parque, estacionei o carro e desci, prendendo a coleira na Nala. Assim que começamos a caminhar, ela imediatamente começou a me puxar, ansiosa para explorar cada canto do parque e brincar com os outros cachorros que encontrava pelo caminho.

Cumprimentei várias pessoas conhecidas que também passeavam com seus animais. Nala estava em êxtase, correndo de um lado para o outro, se divertindo como sempre fazia.

De longe, avistei duas pessoas conversando enquanto dois cachorros estavam deitados ao lado deles. Reconheci na hora: eram Layne e Hugo, e os cachorros ao lado do banco, Gide e Nilu, eram os deles.

Nala, ao avistar os irmãos, disparou em direção a eles, me puxando junto.

— Oi, gente! — Cumprimentei assim que me aproximei.

— E aí, cara — respondeu Hugo, me dando um toque de mão.

— Oi, Pietro — Layne falou, também me cumprimentando. — Como foi a festa com a sua família?

— Foi boa, e a melhor notícia para os meus pais é que vão ter outro filho — respondi, sentando-me no banco e soltando a guia da coleira de Nala, que imediatamente correu para brincar com seus irmãos, que se levantaram assim que a viram.

— Que ótimo! Vão adotar ou seu pai está grávido? — perguntou Layne, curiosa.

— Gravidez. Meu pai, Miguel, descobriu ontem — disse, acomodando-me ao lado deles. — E vocês? Vieram só passear?

— Sim, eu precisava de um tempo longe do Gabriel — respondeu Layne, visivelmente irritada. — Ele só fala besteira o tempo todo, e ainda estou chateada com o que ele e o Trevor vão fazer.

— O que eles vão fazer? — perguntei, vendo Layne hesitar por um momento. — Outro plano infalível para me conquistar? O Trevor nunca desiste, não é?

Layne e Hugo trocaram um olhar que confirmava minhas suspeitas.

— Pode contar, agora que já mencionou — insisti, percebendo o desconforto deles.

— Você não viu o grupo da faculdade ontem à noite? — perguntou Hugo de repente.

— Não, estava longe do celular ontem à noite. Me contem o que aconteceu — pedi, intrigado.

— Parece que o Trevor vai mudar de faculdade por causa de um curso que dura uns seis meses — explicou Layne, me pegando de surpresa. — Ele vai se mudar na segunda-feira, e o Gabriel vai junto, já que não consegue se separar do melhor amigo. Acho essa decisão uma bobagem, por isso saí para dar uma volta.

— Se o curso ajudar na carreira dele, que vá — comentei, tentando ser racional. — Gente, o Trevor, antes de falar que gosta de mim, é meu amigo. Quero o melhor para ele.

— Me surpreende como vocês nunca ficaram juntos — disse Hugo, pensativo. — Mas devo admitir, foram as burradas do Trevor que impediram isso de acontecer.

— Uma das razões é essa — concordou Layne. — A outra é que o Pietro ama o Manuel.

— Claro, como amigo — retruquei, dando de ombros, enquanto Hugo e Layne riam de forma debochada. — Mas é verdade, só gosto dele como amigo.

— A gente acredita! — disseram os dois, ainda em tom zombeteiro.

— Diz isso até ele se declarar — provocou Hugo.

— Como você reagiria? — perguntou Layne, curiosa.

— Não diria nada, apenas o rejeitaria educadamente — respondi, vendo ambos erguerem as sobrancelhas. — É verdade, não quero me envolver com ninguém romanticamente.

— Você precisa esquecer aquele idiota — disse Layne, com um tom sério. — Foi ele que decidiu te trair.

— Mesmo assim... — suspirei, deixando meu pensamento escapar.

Vou explicar o que aconteceu: cerca de três meses atrás, me envolvi com um cara que estudava na minha faculdade e estava no último ano. Namoramos por um mês, e, em uma dessas noites em que ele saiu com os amigos, ele me traiu. Descobri a traição e terminei tudo. Desde então, prometi a mim mesmo que não me envolveria romanticamente com mais ninguém.

— Se você continuar se prendendo ao que aconteceu, isso não vai levar a lugar nenhum — disse Hugo, firme. — Para de se torturar pelo que os outros fizeram.

— Mas não foi você que descobriu uma traição — rebati, e Hugo revirou os olhos.

— Ele nunca vai passar por isso, já que o Fred tem medo de um Hugo estressado — brincou Layne, rindo. — Trair o Hugo seria pedir para morrer.

Hugo bufou, mas Layne e eu rimos, lembrando de como Hugo e Fred, o zelador da nossa escola na época do ensino médio, começaram a sair juntos logo depois que entramos na faculdade. Desde então, eles namoram, e é engraçado ver como Fred faz tudo o que Hugo quer, mesmo quando finge que não.

Continuamos conversando e rindo, enquanto os cachorros brincavam ao nosso redor. Foi uma manhã divertida, dessas que ficam gravadas na memória como pequenos momentos de felicidade compartilhada.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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