• rotina
Era quarta-feira de manhã. Eu encarava o teto branco, esperando que as bagunças de minha cabeça se organizassem em seus lugares, para que eu conseguisse pensar normal de novo. Senti nas pontas de meus dedos algo macio, e me lembrei então que a blusa que eu usava agora tinha a manga muito maior do que o tamanho ideal para mim. Senti algo nos pés, e quando passei minhas canelas umas nas outras, percebi a textura grossa dos pares de meia longa que eu usava. Sorri na hora.
Filmes passavam-se em minha cabeça. Os mesmos filmes em que todos os dias, logo pela manhã me invadiam, e faziam-me abrir os olhos com a mais bela das memórias. Aquelas suas gargalhadas sinceras e conselhos sábios. Memórias que gravavam o momento onde um par de olhos castanhos brilhavam com carinho, em conjunto a um sorriso que iluminava tudo aqui dentro de mim.
Consigo me lembrar perfeitamente do dia em que você me confundiu com Netuno, e se aventurou na minha alma gelada. Mas é que me senti tão bem quando você virou meu sol, e fez de meu peito um lugar seguro para aquecer. Pela primeira vez, eu estava respirando sem falha nenhuma.
É, me lembro bem daquele dia. De como meus pés estavam apoiados no guarda-roupa, e eu repousava minhas costas de um completo mal jeito entre os lençóis bagunçados da cama. O gosto do café que eu havia tomado a pouco tempo ainda estava no meu paladar, e meu coração falhou uma batida quando senti aquilo pela primeira vez.
"Você tem certeza que não é ele? Estamos na ligação há vinte minutos, e você fala só dele tem uns dezenove."
Foi aí que me toquei. Quando me acordaram para a vida, e então percebi que minha passagem livre para a felicidade vinha de você. E isso é tão bom.
Todos os dias eu acordo nessa mesma rotina: abrir os olhos e perceber que minha blusa é maior do que o indicado. Sentir minhas meias, e então sorrir com tua imagem em minha cabeça. É, você virou rotina. Rotina de acordar e pensar em você, de achar segurança na sua voz.
É engraçado que não me enjoei de fazer a mesma coisa todos os dias. É que você me cativou, entende? Me cativou e fez de mim alguém para aprender sobre você e ser uma pessoa melhor. E poxa, Joon, meu coração bate tão mais forte depois disso.
Seu sorriso permanece em mim, não só pela manhã. Permanece desde o momento em que eu acordo e tomo meu café, e fica até agora, onde a professora fala algo mas eu não entendo nada. Não entendo pois tudo o que me passa agora é você. Tudo o que penso, tudo o que contorno. Tudo gira em torno de você.
Então, em segredo, levo meus fones para de trás do meu cabelo e me afundo na carteira escolar. E é tão bom. Colocar os fones no ouvido, sentir a música. Ouvir sua voz causando aquele efeito em mim. Ah, aquele efeito. Efeito que apenas você causa. É como se fosse um dom, dom de ser você. Dom de me fazer confundi-lo facilmente com as batidas do paraíso. E se eu puder ser ainda mais sincera, eu amo o paraíso que vem de você, Joon- ah.
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