Me afundei entre os travesseiros e permiti as notas saírem da minha boca com facilidade. Os toques bonitos soavam aos ouvidos e me sentir como se pudesse flutuar. Mas bastava abrir os olhos e ver que na verdade, o mundo real é e sempre será o oposto daquilo que sonhamos na noite anterior.

Não precisei abrir os olhos para saber que ele estava perto. O cheiro forte do sabonete estava no quarto, e eu pude ter certeza quando senti um peso sobre meu estômago e braços me enlaçando na cintura. De um jeito desengonçado ele se ajeitou deitado em mim, e beijou a pele exposta da minha barriga. Quando abri os olhos, ele me encarava bobo, com um jeito engraçado de quem quer pedir alguma coisa. Sua respiração funda batia no meu corpo eu sorri.

Ele era como a lua, como as estrelas, como qualquer coisa clichê que se possa descrever com o universo. Pedacinho bonito de ser humano que brilhava no escuro e amava no ódio. Eu amo quando ele me olha assim. E, quando tirei um fone e abaixei o volume do celular, ele puxou ar para fora do pulmão e pediu baixinho: 

— Me conta uma coisa boa? Uma história, por favor. Me conta uma história sua sobre mim.

Puxei ele mais para perto. Contei as pintinhas que ele tinha no rosto e pensei no que poderia lhe dizer. o cabelo dele ainda estava molhado pelo banho, e sua pele ainda estava gelada. Sorrindo, mantive aquele olhar em mim e fiz um carinho em sua pele.

— Ouvi dizer que você é filho da lua...