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Capítulo 53

Eu não devia estar aqui, eu não devia estar aqui.

Era isso que eu resmungava para mim mesma enquanto andavam pelos corredores desertos cheios de armários tentando ao máximo não fazer barulho, ao mesmo tempo que lutava contra a minha consciência se devia ou não continuar com aquilo. Intuição, curiosidade mórbida, desconfiança, eu não sabia explicar, eu apenas sentia que devia segui-lo. Acabou que não precisei andar muito, Pietro virou à direita em uma nova sessão de armários e depois fez uma curva, parando no lugar onde eu me lembrava de ser o armário dele. Havia um garoto encostado lá, ele usava um terno sob medida em seu corpo magro, uma máscara negra semelhante à de Pietro e seus cabelos ondulados e acobreados eram uma verdadeira bagunça. Seu sorriso era descontraído e o estranho tom de caramelo dos seus olhos que eu podia ver mesmo com a pouca iluminação do corredor fez com que sua identidade me viesse a mente. Era o amigo que Pietro disse ter vindo fazer uma visita, William.

Tentando não chamar atenção eu usei a parede para me esconder, perto o suficiente para vê-los e ouvi-los e, ainda assim, distante o bastante para que não me notassem.

—Sabe, aquela sua namorada é realmente adorável. - comentou o garoto ao ver o amigo se aproximar. - Não posso reclamar do seu bom gosto.

—Ela é. - concordou Pietro. - Mas não se engane com as aparências, William, ela tem um temperamento forte e é uma das pessoas mais corajosas que já conheci. Não é como as outras pessoas.

—Isso eu percebi. - falou. - E também não se intimida fácil. Ela nem piscou ao enfrentar a Vic e olha que nossa querida garota é boa em colocar medo nas pessoas.

—Vitória não é mais nada minha. - rosnou Pietro.

—Ela é sua amiga. Ela pode não ter tido o melhor dos comportamentos e sei que estão brigados, com razão, mas não esqueça do que somos uns para os outros. - falou William de maneira despreocupada, mas ao mesmo tempo séria, e colocou as mãos nos bolsos enquanto avaliava o corredor. - Mas enfim, o que você vai fazer a partir de agora? Sei que não me chamou para vir aqui apenas para apreciar as belas garotas e a festa.

—Você convidou a si mesmo, eu apenas falei que ia ter um baile hoje.

William fez um gesto de descaso.

—De qualquer maneira, o que vai fazer? Vai contar a verdade para ela? - questionou. - Pude perceber que as coisas estão ficando bem sérias entre vocês dois e você sabe o que isso significa. Não vai ser muito fácil continuar escondendo seu segredo por muito tempo.

Pietro soltou um longo suspiro e bebeu sua bebida em um único gole, eu nem tinha reparado que ele tinha algo nas mãos. Ele parecia nervoso e inquieto, diferente de como tinha chegado, bem, ele sempre tinha sido bom em esconder as emoções então não deveria ser algo tão surpreendente seu estado de espírito não ser o que ele tinha me mostrado. Seu segredo, eu sempre soube que ele guardava um, mais de um na verdade, ele mesmo tinha dado pistas do que escondia, eu só queria saber o que poderia ser tão terrível a ponto de ele não conseguir me contar. E também gostaria de saber o quanto seu amigo e Vitória sabiam e estavam envolvidos nisso tudo, porque eu sabia, quase como se uma voz sussurrasse em meu ouvido, que eles estavam no meio do que quer que Pietro escondia.

Segredos. Não importava o quanto você tentasse esconder e nem o quanto fingia que eles não existiam, mais cedo ou mais tarde eles sempre davam um jeito de se fazer presentes.

—Eu não faço ideia. - falou Pietro parecendo cansado. - Tento esconder as coisas o máximo possível, mas é difícil manter o controle, ainda mais perto dela. Você não sabe o como é fácil esquecer como as coisas realmente são quanto estou com ela.

—Mas você vai ter que pensar em um jeito, e logo. - falou William agora com seriedade. - Eu observei a Safira nesse tempo que estou aqui, ela é muito intuitiva e não me parece do tipo que deixa um assunto de lado, ainda mais se isso a deixar desconfiada. Ela é inteligente, não vai se deixar ser enganada por muito mais tempo.

—Eu sei disso, na verdade ela já anda bem desconfiada, é apenas discreta demais para fazer escândalos sobre isso e... Eu não sei. - ele parou de falar e se virou para William com mais atenção. - O que mais descobriu sobre ela depois do que te contei? Sei que não está insistindo tanto sobre ela apenas por preocupação comigo.

William se remexeu inquieto e abriu um sorriso um tanto sem humor para as janelas. O que ele tinha descoberto sobre mim? Segurei com mais força na parede onde eu estava. Que raio de assunto era esse? Eles estavam.... Me espionando? Não que eu tivesse grandes segredos de estado a esconder, mas... O que diabos eles queriam saber sobre mim? Mais importante ainda, porque estavam fazendo isso? A parte ética do meu cérebro me falava para sair dali e voltar para o ginásio imediatamente, mas meu corpo simplesmente se recusava a se mexer. Eu não devia ouvir o que eles falavam, mas era como se eu precisasse.

—Eu não tive muito tempo para investigar, mas como você mesmo suspeitava, ela não é apenas uma garota normal com um talento infeliz para achar coisas estranhas. - contou. - Não foi muito e ainda não posso chegar a nenhuma conclusão exata, mas captei algumas coisas.

—Como o que?

—Ela é uma sensitiva.

—O que? - perguntou Pietro com confusão.

—Vou mesmo precisar dar uma aula de ocultismo para você no meio de um baile do colégio? - perguntou William com certo desagrado. - Ela é uma sensitiva, ou médium, como a maioria prefere chamar, por isso a intuição e a percepção dela sobre as coisas é tão forte, os seus sentidos são mais aguçados do que o da maioria dos humanos. Também notei as coisas que você me falou e que apenas confirmam essa minha conclusão, os problemas para dormir e as noites insones, a inquietação, agitação e suas oscilações de humor, tudo isso faz parte. Ela pode absorver tudo ao redor dela, vibrações de pensamentos e sentimentos, as vezes emoções que ela mesma não entende porque está sentindo, mas que a exaurem e a deixam confusa porque ela não sabe o que está acontecendo.

—Como sabe?

—Eu a observei de perto, a estudei. Mesmo que ela não pratique, é uma das sensitivas mais poderosas que eu já conheci, principalmente pelo fato de que ela não é totalmente ignorante a essa sua habilidade. A mente dela é blindada como um cofre, tentei entrar algumas vezes e fui chutado de lá com uma violência que eu nunca tinha visto, era quase como se ela não permitisse que ninguém tivesse acesso aos seus pensamentos. Ela tem mais poder do que pode dar conta e isso está desgastando ela, porque ela sabe que tem algo errado e que algo está acontecendo, mas não sabe o que é e isso a incomoda. É a mesma dinâmica de quando você esquece alguma coisa e sabe que a lembrança está ali, apenas não consegue alcança-la.

Eu não entendia o que era toda aquela loucura, na verdade nada naquela conversa estava fazendo sentido. Sensitiva? Eu? Bem, eu não era uma pessoa de mente fechada, acreditava sim em coisas que não erámos capazes de ver ou entender, coisas além do nosso mundo, sempre tive muito apreço por histórias assim, mas daí eu ser algum tipo de médium superpoderosa? Isso parecia passar dos limites do que eu podia aceitar.

—Então ela é uma sensitiva.

—Não se restringe a apenas isso, meu amigo. - advertiu William. - Eu ainda não tive tempo o bastante e não posso chegar a nenhuma conclusão sem antes ver o que você me falou, mas confesso que ela é um ser peculiar e me deixou muito curioso.

—E o que tudo isso significa? - perguntou Pietro parecendo ansioso e dando voz aos meus pensamentos.

—Que você não pode continuar mentindo para ela. - esclareceu William. - Não apenas porque isso prejudica a relação de vocês, mas porque ficar no escuro está fazendo mal a ela. Essa garota, de todas com quem você poderia se envolver, não é uma pessoa qualquer.

—Você sabe que não é tão fácil assim, William. - falou Pietro se recostando nos armários e olhando para a neve lá fora. - Eu quero contar para ela, quero ser sincero sobre tudo, mas as coisas estão cada dia mais complicadas e eu não posso simplesmente despejar tudo isso encima dela. Acho que pode ser um pouco demais, especialmente agora.

—Você devia contar, especialmente pelo que está acontecendo agora.

—Seria mais fácil admitir que ela não é certa e nem boa o suficiente para você, querido. - falou uma voz enjoada. - Sei que jamais vai admitir isso, mas sua relação com essa humana está fadada ao fracasso.

Vitória emergiu das sombras e agarrou o braço de Pietro dando um beijo em seu rosto, marcando a bochecha dele com batom vermelho. Eu não fazia a menor ideia de onde ela tinha saído, mas ela estava deslumbrante em um vestido dourado com um grande decote nas costas que ia quase até o fim de sua coluna. Seus saltos eram vermelhos e sua máscara dourada evidenciava seus olhos azuis com um brilho quase sobrenatural. Seu cabelo loiro estava em cachos perfeitos que iam até o meio das costas e era preso com grampos na lateral esquerda, de modo que boa parte pudesse ficar jogado para apenas um lado. Mesmo que me doesse eu tinha que admitir, ela era linda e estava estonteante, e a imagem dela e de Pietro juntos, me fazendo imaginar o casal que um dia foram, me dava náuseas.

Mesmo que ele demonstrasse tamanha aversão ao seu toque e seus atos ou palavras, eu quase podia ver uma espécie de ligação entre os dois, não apenas de um antigo relacionamento, mas algo diferente, uma coisa mais profunda.

—Cala a boca, Vitória. - falou Pietro com frieza se afastando de seu toque. - Você nem deveria se intrometer nessa conversa, não é da sua conta.

—Ao contrário desses humanos patéticos, amor, não tenho culpa da minha audição ser ótima. - falou ela ignorando seu tom agressivo. - Escutei vocês da porta do ginásio.

Pietro soltou uma risada sem humor e assumiu uma expressão sombria.

—Humanos patéticos que você tão desesperadamente tenta impressionar. - falou. - E é por isso que fica tão furiosa quando a Safira joga isso na sua cara.

Vitória soltou algo como um rosnado.

—Aquela va...

—Chega, Vitória! - chiou William de modo que sua voz pareceu vibrar por todo o corredor. - Sabe que não gosto que ofendam as pessoas se elas não estão presentes para se defender. Tenha compostura. Você é uma mulher de 117 anos, não uma pré-adolescente histérica e ciumenta. - ainda com a expressão zangada ele se virou para Pietro. - Quanto a você, Pietro, não dá o crédito que a Safira merece. Não é medo por ela que te impede de contar, mas o medo por você mesmo. Ela não ser comum significa que ela também entende e aceita as coisas de um modo diferente. Ela tem o direito de saber e escolher o caminho que quer. Nós três sabemos mais do que ninguém o que é ter as escolhas tiradas de nós, não faça a mesma coisa com ela.

Eu me sentia um tanto atordoada escutando aquelas coisas escondida no escuro. Era como se parte do meu cérebro rodasse todas as informações que eles lançavam e tentasse encontrar uma lógica em tudo aquilo, procurando peças para se encaixar, mas outra parte simplesmente o tachava como algo inteiramente insano demais para se compreender. No entanto, eu já não aguentava mais escutar tudo aquilo calada, não aguentava mais ouvi-los falando de mim.

—Obrigado por isso, William. - falei deixando meu esconderijo e pegando os três de surpresa. - É bom ver pelo menos uma pessoa do meu lado, mesmo que sejamos completos estranhos um para o outro.

Eles se viraram quase em sincronia, os três me encarando de olhos arregalados como se fosse uma grande surpresa e um absurdo eles não terem me notado antes. Eu me sentia estranha, inquieta, quase como na noite em que briguei com Raymond, como se outra pessoa estivesse assumindo o comando do meu corpo e eu apenas assistisse de algum lugar. Minhas mãos tremiam, mas eu não precisava olhar no espelho para saber que minha expressão estava impassível. Eu estava triste, magoada, confusa e frustrada, mas acima de tudo eu sentia uma raiva que não sabia explicar, era como se ela queimasse por minha pele e vibrasse pelos meus ossos. Eu já tinha sentido essa sensação antes, como se todos os sentimentos que eu reprimisse resolvessem se rebelar de uma única vez, fazendo com que eu nem soubesse de onde vinham. Quando eu estava brava, podia gritar, mas quando eu estava furiosa, era gelo puro e no momento eu me sentia como uma bomba prestes a explodir.

Pietro tinha um segredo que aparentemente tanto Vitória quanto William sabiam, algo que ele tinha medo de me contar, isso eu até podia entender, mas o fato dele bisbilhotar minha vida pelas minhas costas, pôr um estranho para me vigiar... Pensar naquela sensação de alguém me vigiando fora de casa e até quando eu estava dormindo me enlouquecia. Saber que ele provavelmente tinha compartilhado o que contei a ele na noite anterior fazia com que eu me sentisse traída.

—Safira... - começou Pietro dando um passo à frente assim que recobrou a compostura.

—Não vim para fazer escândalos, não se preocupe. - falei fazendo com que ele parasse. - Só vim falar um oi para William, já que ainda não fomos apresentados oficialmente. Sou Safira Delacur, mas ao que parece você já sabe muito bem disso.

Estendi minha mão e, meio hesitante, William deu um passo à frente e a apertou, apenas para solta-la quase que imediatamente com uma expressão de dor, como se eu o tivesse queimado ou machucado.

—William Murdok. - falou com a voz firme.

—É um prazer conhecê-lo. - ele assentiu em resposta aparentando estar assustado e me virei para Vitória. - Você está linda, Vitória.

Acho que se eu tivesse jogado uma bebida no seu vestido não teria a surpreendido tanto.

—Obrigado? - sua confusão fez soar como uma pergunta.

—Desculpe ter interrompido vocês.

Pietro deu mais um passo à frente, com calma e hesitação, e fez como quem ia tocar em mim, mas recuou perante o meu olhar frio. Eu simplesmente não aguentava mais, eu tinha deixado passar todas as outras vezes, tinha contornado as brigas e os motivos delas, tinha tolerado sua hesitação e os momentos que se fechava apenas para si mesmo, mas agora eu não podia fazer mais isso, simplesmente não dava.

—Safira, o que você está fazendo aqui? - perguntou.

Uma de suas mãos estava fechada em punho ao lado do corpo, seus olhos verdes estavam escuros e um tanto arregalados, surpresos e conflituosos, sua postura era tensa e cada um dos seus movimentos calculados, como se ele estivesse se controlando. Mais cedo, quando o tinha visto na sala de casa, eu o tinha visto de uma maneira totalmente nova, agora, parados nesse corredor escuro com nada além de silêncio e o eco baixo da música que vinha do ginásio enquanto nos encarávamos, ele parecia uma pessoa diferente, uma pessoa desconhecida.

—Eu tinha vindo procurar você, estava começando a ficar preocupada com a sua demora.

Ele fez uma pausa e engoliu em seco.

—O quanto você ouviu? - perguntou de modo sombrio.

—Acho que quase tudo. - falei. - Não foi intencional, mas você fica meio paralisada quando escuta pessoas falando sobre você.

Ele soltou um suspiro derrotado e deu mais um passo à frente.

—Olha, você tem que entender que....

Eu não sabia o que tinha acontecido, mas suas palavras despertaram a raiva que eu estava contendo. O som do tapa ecoou pelo corredor vazio e só me dei conta do que tinha feito quando uma marca vermelha apareceu no seu rosto virado. Meu corpo todo tremia e meus olhos ardiam, mas não era por causa de lágrimas. Havia um sentimento diferente em meu peito, um tão forte que era quase como uma dor e podia ser apenas por causa da minha visão borrada pela raiva, mas os armários pareciam estar vibrando. William olhou assustado para mim, mas isso não me tirou o foco. Como ele olhava para mim daquele jeito depois do que tinha feito? Como Pietro tinha coragem de me dizer aquelas palavras?

—Como você se atreve? - falei em uma voz tão baixa e fria que era como se até a temperatura do corredor tivesse caído. - Como se atreve a dizer que tenho que entender alguma coisa? Como se atreveu a bisbilhotar minha vida desse jeito?

Ele empalideceu assumindo uma expressão de alguém que estava sentindo muita dor.

—Você não entende....

O som da minha risada ecoou pelo corredor, mas ela não tinha humor algum.

—Eu não entendo? Tudo que tenho tentado fazer desde que te conheci é entender. Você tem segredos, isso eu sei, mas são seus segredos e me esforcei para esperar que só me contasse quando estivesse pronto. Engoli todas as mentiras que me inventou, respeitei o tempo que me pediu, aceitei a calma na nossa relação que você pediu, contive meus questionamentos e até tentei ser razoável com as brigas, mas o que você fez agora passou de todos os limites. - minha voz não tremeu, mas era como se tudo que estava ao meu redor vibrasse. - Mandar alguém bisbilhotar minha vida e me vigiar? Descobrir coisas sobre mim? Isso eu não aceito. Assim como não aceito mais segredo nenhum, estou farta de tudo isso. Já cansei de tentar ser boazinha.

—Safira, por favor. - tentou Pietro mais uma vez tentando se aproximar de mim com cautela. - Você precisa me escutar. Eu quero explicar as coisas para você.

—Então me explica! - falei exaltada. - Me explica como um garoto de dezessete anos deu conta de dois criminosos e parece sempre saber mais do que fala. Me explica como uma garota pode ser uma mulher de cento e dezessete anos. Me explica o fato de um garoto bisbilhotar a minha vida e começar com um papo de médiuns e sensitivas como se fosse algum tipo de especialista. - olhei diretamente em seus olhos e dessa vez não havia ternura nenhuma nos meus. - Me faça entender, porque a muito tempo estou querendo uma explicação e nada disso está fazendo o mínimo sentido para mim.

William se aproximou um pouco, a expressão alarmada.

—Os olhos dela, - sussurrou ele para Pietro parecendo estar entre o choque e a fascinação. - eles mudaram de cor, ela... Eu não sei o que está acontecendo, mas ela precisa se acalmar antes que arrebente o lugar todo.

—Não me peça para me acalmar! - chie olhando para ele e o fazendo dar um passo para trás com os olhos arregalados. - Eu quero saber toda a maldita verdade! Eu sei que tem alguma coisa aqui, sei que tem um emaranhado gigantesco de coisas estranhas e inexplicáveis acontecendo nessa cidade e pelo papo de vocês agora sei que sabem de alguma coisa. Então só quero saber uma coisa, quem são vocês?

—Safira.... - começou Pietro em tom de advertência.

—Quem ou o que é você, Pietro? - perguntei sem me intimidar. - Eu não sou cega, sei que tem uma coisa muito errada com você. Eu tentei deixar de lado por muito tempo, mas eu não consigo mais.

Sua expressão se tornou completamente sombria e ele deu um passo à frente, ficando cara a cara comigo. Ele não estava mais hesitante, seu olhar era impenetrável.

—Acho que você já sabe a resposta. - falou com uma voz sem emoção. - Acho que sua mente já juntou todas as peças, mas você não quer acreditar.

Mesmo que ele não estivesse demonstrando eu sabia que ele estava com medo, porque se esconder atrás de uma fachada fria e impenetrável era o que ele fazia sempre que as coisas ficavam mais complicadas. Era como se ele simplesmente se recusasse a se expor verdadeiramente.

—Eu quero que você fale. - exigi.

—Pietro. - Vitória chamou em um tom de advertência.

Mas ele nem ligou para ela, deu mais um passo em minha direção e eu dei mais um passo para trás, receosa com seu comportamento repentinamente sombrio.

—Você quer saber porque sou sempre tão distante das pessoas, porque sou tão forte, porque pareço pouco me abalar com as coisas que acontece? Quer saber porque ajo de modo tão estranho as vezes e porque tenho aversão a sangue? É isso que quer saber? - ele sorriu, mas não era um sorriso alegre ou charmoso, era sombrio e mesmo no meu atual estado de espírito fez com que eu sentisse frio na espinha. - Acho que a resposta para isso é fácil.

—Fale.

—Sou um vampiro.

—O que? - perguntei com a surpresa de quem leva um jato de água na cara.

—Eu. Sou. Um. Vampiro. – repetiu pausadamente.

—Acha que estou brincando? - perguntei com a voz tremendo. - Isso não é uma piada.

Então aconteceu, foi quase como uma ilusão. As veias do seu rosto se tornaram mais escuras, seu rosto parecia mais pálido e com ossos mais proeminentes, havia uma sombra escura sob e ao redor dos seus olhos. E seus olhos... O verde tinha se tornado quase negro e toda a parte branca ao redor de sua íris era vermelha como sangue, fazendo com que brilhasse de uma forma assustadora no escuro. Seus dentes estavam expostos, tão brancos como leite e com presas longas e afiadas que me fizeram estremecer. Seu rosto tinha se transformado completamente.

—Eu também não estou brincando. - rosnou fazendo com que sua voz parecesse mais grossa e poderosa.

Não apenas sua voz parecia poderosa, mas também sua presença, fazendo com que ele parecesse maior, o ambiente mais frio e as sombras mais escuras. Eu estava ali, completamente congelada e com olhos arregalados encarando seu rosto. Uma parte da minha mente tentava desesperadamente gritar que nada daquilo fazia sentido, mas a questão era... Aquilo fazia sentido. E ele estava certo quanto a eu saber a resposta sobre ele, eu apenas não tinha parado para refletir sobre isso, ou talvez apenas não quisesse reconhecer a verdade. Todas as coisas que aconteceram, todos os detalhes que percebi desde que tínhamos nos conhecido, as pistas que ele sempre parecia deixar ocultas em nossas conversas, seu comportamento... Tudo parecia muito mais claro agora, todas as peças pareciam se encaixar. Havia algo nele, em todos eles, que olhando bem e sob a luz pálida que entrava pelas janelas era possível ver, um toque que não parecia natural na aparência e em suas posturas, um encantamento quase etéreo, um brilho hipnotizante.

Eu não sentia mais raiva e nem nenhum dos outros sentimentos que a poucos minutos se atropelavam dentro de mim, eu nem mesmo sentia medo, mesmo que meu senso de autopreservação me avisasse que eu devesse sentir. Eu sentia apenas uma pressão contra meu peito, como se algo estivesse impedindo que o ar passasse e oxigenasse meu cérebro corretamente.

—Você queria saber o que eu sou e eu disse a verdade, sou um vampiro. Nós três somos. - explicou ainda com os olhos colados nos meus. - Eu disse a você uma vez, Safira, você não vive no mundo onde acha que vive.

De todas as formas possíveis que eu poderia reagir naquele momento, eu fiz a coisa mais naturalmente humana que alguém faria. Eu corri.

********

Nota da Autora:

Olá pessoal, meio tenso esse capítulo não? Eu mesma ainda não sei o que pensar da forma como a verdade sobre o Pietro foi exposta, já que ela não foi da maneira mais comum. E embora saiba que alguns de vocês já sabiam e outros possam ficar um pouco incomodados com a atitude dele, só peço para esperarem, porque ainda tem muita história para ser explicada. Aguardem os próximos capítulos, porque faltam muito poucos. 

Bem, quero aproveitar para me desculpar por essa demora para postar, mas semana passada eu estava em um evento da minha faculdade e esse final de semana passei encolhida na minha cama doente, ou seja, sem condições nenhuma de postar nada.  Mas enfim, estou melhor ( e não muito ocupada agora) e vim cumprir o que prometi. Talvez tenha sido propicio tudo isso para eu começar a postar uma das partes mais sombrias do livro justo em uma das minhas datas favoritas. 

Deixem seus votos, comentários, e como sempre, tenham um pouco de paciência com essa autora que aqui vos fala kkkk. Espero que tenham gostado e...

FELIZ HALLOWEEN!!!!🎉👻💀🧛🍫🍬🍭

DOCES, TRAVESSURAS E BOA LEITURA PARA VOCÊS!!!

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