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Capítulo 44

Fazia mais ou menos dez minutos que estávamos caminhando e a única coisa que tínhamos encontrado eram mosquitos muito persistentes e galhas que insistiam em se enroscar nos meus pés. Nosso grupo tinha entrado em uma formação um tanto curiosa se levasse em consideração que, tirando Noah, nenhum de nós esteve em busca por desaparecidos antes. Costumavam dizer que as melhores equipes se formavam nas piores circunstâncias e eu esperava que fosse mesmo isso, para a nossa sorte a dos nossos amigos.

A cada passo que dávamos para a escuridão e para o silêncio estranho que parecia se formar no coração da floresta, as coisas se tornavam um pouco mais estranhas. Não havia som de grilos ou outros animais noturnos, nem mesmo a mais suave brisa soprava, era como se tudo estivesse parado. Quanto mais andávamos mais inquieta eu me sentia. Não era medo o que eu sentia, pelo menos não completamente, mas era uma sensação estranha familiar que parecia ter se grudado em mim e se intensificava quanto mais nos aprofundávamos na floresta. As palmas das minhas mãos formigavam, meu corpo estava gelado, embora o ar ali na floresta estivesse um pouco abafado pela falta de vento, o que era bem estranho levando em consideração o horário. Meu peito estava apertado e eu sentia dificuldade para respirar, como se me faltasse ar.

Eu não tinha certeza como sabia, mas meus instintos gritavam que alguma coisa muito errada estava acontecendo.

Olhei para o lado e notei que tudo parecia tão normal quanto estava a alguns minutos atrás, mas Dimitri não parecia estar em um estado muito melhor do que o meu. Seu rosto estava pálido e ele suava, a mão que segurava a lanterna tremia e ele parecia prestes a desmaiar.

-Você está bem? - perguntei parando de andar e o fazendo para também.

-Eu não... Não sei. - falou com a voz baixa franzindo a testa. - Me sinto estranho.

"Você não deve temer a floresta, mas o que vive nela."

Nós dois paralisamos e olhamos ao redor, a procura de quem tivesse falado. A voz que tinha falado era baixa e feminina, quase sussurrante. Eu não sabia dizer de onde ela tinha vindo, mas pelo espanto no rosto de Dimitri eu ficava feliz por saber que não era mais um truque da minha imaginação.

-Ouviu isso? - perguntou ele.

Assenti e me aproximei mais dele, um movimento que foi mais por instinto do que intencional.

"Você não deve temer a floresta, mas os que habitam ela."

A voz repetiu e eu segurei no braço de Dimitri, apontando minha lanterna para as árvores mais densas do meu lado direito. Meus dedos formigaram onde toquei em sua pele e me sobressaltei ao notar o quanto ele estava quente, quase como se estivesse com febre, bem ao contrário da minha pele que parecia estar congelando. Senti um estalo na minha mente e cambaleei até bater as costas em uma árvore, minha visão ficou turva por um momento. A imagem que vi era desfocada, mas pude vislumbrar um rosto que me parecia familiar, ou pelo menos algo nele me incomodou o suficiente para minha memória ser ativada por alguns instantes.

Antes que eu pudesse reconhecer o rosto, a imagem desapareceu, tão rápida quanto tinha aparecido. Eu pisquei e minha visão voltou ao normal, embora eu ainda pudesse ver o rosto borrado a cada vez que fechava meus olhos. Dimitri estava parado a quase dois metros de distância de mim, seus olhos estavam arregalados e seu rosto parecia ainda mais pálido do que antes, provando que aquela esquisitice não tinha acontecido só comigo. Pelo menos eu não estava ficando louca. Foi apenas por um instante, mas eu podia jurar que enquanto olhava para Dimitri, pude ver um brilho prateado crepitando ao redor dele. Mas assim como o rosto que eu tinha visto, sumiu assim que pisquei.

-Você também viu... - comecei a falar, mas parei quando vi a testa franzida de Dimitri.

Ele estava olhando fixamente para o chão e sua lanterna estava apontada para os meus pés, formando um grande círculo de luz ao meu redor. Sua expressão era confusa e ele parecia um pouco perdido.

-O que é essa coisa em que você está pisando? - perguntou.

Olhei para ele confusa e depois apontei minha lanterna para o chão, tentando entender do que ele estava falando. Eu estava parada encima de um monte de folhas secas e ao que parecia uma pequena poça de um liquido escuro que sujava meus tênis. Dei um passo para trás e isso foi o suficiente para que um traço vermelho de mostrasse na ponta de couro branco do tênis. Meu estômago gelou.

-Oh meu Deus! - falei levando a mão a boca. - Isso é sangue.

-O que aconteceu ai atrás? - perguntou Marisol.

Ela estava parada alguns metros a nossa frente e mirava a lanterna na nossa direção, quase me cegando com a luz. Sua fala chamou a atenção e os meninos também pararam de andar para prestar atenção em nós.

-Encontraram alguma coisa? - perguntou Diego.

-Encontramos sangue. - falou Dimitri.

-Sangue? - perguntou Noah nervoso.

-Eu pisei em uma poça. - falei e me abaixei, tocando apenas as pontas dos dedos no liquido. - E parece fresco.

O sangue estava começando a coagular, então quem quer ou o que quer que tenha se ferido e tinha passado por aqui, não devia estar muito longe. Dimitri acompanhou a poça a centímetros do meu pé e foi erguendo a lanterna até a árvore que estava atrás de mim. Ele estreitou os olhos.

-Tem uma marca ali. - falou.

Noah abaixou a arma e andou até onde estávamos. Dei alguns passos para o lado e deixei que ele examinasse a árvore. Ele tocou o borrão de sangue que estava no tronco da árvore e franziu a testa a esfregando.

-Alguém está muito ferido e posso dizer que não é um animal. - falou examinando o sangue em seus dedos.

-E como você sabe? - perguntou Sol.

Ele olhou para nós com uma expressão nervosa e eu não precisava ler mentes para saber o que ele estava pensando.

-Porque isso é a marca de uma mão. - falou. - E se levar em conta o tamanho dela, eu diria que é de uma mulher. Pelo que posso ver nessa poça de sangue, o ferimento deve ser grave e ela se apoiou aqui nessa árvore, então não deve estar muito a nossa frente.

Marisol olhou para mim e eu sabia que ela tinha chegado as mesmas conclusões que eu. As coisas não estavam boas e eu tinha certeza que ficariam piores, o sangue parecia um grande cartaz que estampava isso. Era para ser apenas um final de semana entre amigos regado a festas e diversão, nada demais. Não era para isso estar acontecendo. Era como se tudo que planejávamos, todas as festas, estivessem destinadas a dar muito errado.

-Seja quem for, - falou Pietro um pouco atrás de Noah olhando a poça de sangue. - não vai muito longe perdendo essa quantidade de sangue. Ela vai ficar inconsciente em breve e vai precisar de ajuda. Mas acho que isso pode ser uma boa pista para nós.

-O que? - perguntou Marisol com uma expressão que misturava o horror e a raiva. - Vamos esperar que ela sangre até morrer para acha-la?

-Não foi isso que ele disse. - falou Noah. - Quem quer que seja que deixou essa quantidade de sangue deve estar meio desorientado e provavelmente deixou um rastro. Podemos seguir as marcas de sangue no chão e nas árvores. É uma boa ideia Pietro.

Pietro apenas assentiu para ele e começou a iluminar as outras árvores ao nosso redor, provavelmente procurando outras marcas de mão.

-A partir daqui a floresta fica mais densa e se ela saiu fora da trilha não vai conseguir caminhar com muita facilidade. - falou Noah usando a lanterna para checar seu mapa novamente. - Tem um rio ao sul daqui, mas a melhor forma de chegar até lá seria pegar essa trilha que estamos seguindo e depois pegar uma das ramificações. Vamos torcer para que ela esteja nesse caminho.

Ele estava mantendo sua mente nas probabilidades positivas, pensando nas melhores estratégias, mas dava para ver que estava nervoso, e os olhares pesarosos de Pietro e Diego não me passa mais a esperança que eu estava lutando para continuar tendo. Qual das minhas amigas fosse que estava perdida por ali, não aguentaria muito se não chegássemos logo até ela.

-Ahn... Gente? - chamou Marisol meio hesitante. - Acho que tem alguma coisa se mexendo atrás daqueles arbustos.

Ela estava mais distante, parada ao lado de Pietro e apontava sua lanterna para um monte de arbustos que estava a uns dois metros de nós. Todos ficamos em silêncio observando o arbusto que não levou mais do que um segundo para estremecer e com ele um som de engasgo preencheu o silêncio. Noah sacou a escopeta novamente e fez sinal para que fossemos para trás enquanto andava até lá. Prendi o ar enquanto os passos dele faziam barulho nas folhas secas e ele se aproximava lentamente dos arbustos. Meu coração começou a bater mais rápido e tudo parecia estar em câmera lenta.

Noah deu mais um passo e saltou para o lado dos arbustos com a arma apontada para o chão, totalmente alerta e pronto para puxar o gatilho. Sua postura indicava que ele tinha habilidade e pratica nisso, provavelmente por causa dos anos morando no campo. Esperei que ele atirasse, mas não foi isso que ele fez. Seus olhos se focaram no que estava atrás dos arbusto e ele empalideceu, cambaleou um pouco e baixou a arma com as mãos tremendo. Meu corpo gelou. Por favor, não, que não seja nenhuma deles. Por favor. Marisol era a que estava mais próxima dele e deu alguns passos à frente, seu rosto estava apreensivo e ela tremia. Só fui notar que eu mesma estava tremendo quando Diego colocou a mão no meu ombro, me dando apoio.

Marisol deu mais alguns passos hesitantes até onde Noah estava, como se não quisesse de fato ir, mas seu corpo a levasse mesmo assim. Ela chegou ao lado dele e olhou para o chão. Seu rosto perdeu a cor, os olhos verdes ficaram marejados e ela cambaleou de volta até onde estava antes, ao lado de Pietro, e escondeu o rosto no peito dele. Ele pareceu surpreso com o ato, mas passou os braços ao redor dela e a abraçou.

-Meu Deus, tem tanto sangue. - falou Sol em uma voz trêmula.

Como Pietro era mais alto, ele esticou a cabeça para olhar a cena e no mesmo instante parecia que eu estava olhando para três cadáveres conforme seu rosto ia ficando pálido. Eu não sabia o que tinha atrás daquele arbusto, mas para deixar aqueles três daquele jeito, embora eu tivesse uma ideia, deveria ser terrível. Eu não queria deixar para minha imaginação tirar conclusões, então dei alguns passos na direção de Noah, precisava ver com meus próprios olhos. Quando me estava perto o suficiente Pietro colocou a mão no meu ombro e chacoalhou a cabeça, os olhos turvos de pesar.

-Safira, eu não acho que você não deve olhar. - falou com a voz baixa.

Respirei fundo e olhei para ele.

-Eu... Eu preciso fazer isso.

Ele me encarou por um tempo, como se analisasse meu rosto e ponderasse sobre a decisão, depois abaixou a mão e deu um passo atrás com Marisol junto de si. Passei por Noah e parei bem ao seu lado, o facho de sua lanterna estava mirado a poucos centímetros dos seus pés. O que estava na minha frente era provavelmente a cena, a segunda pelo menos, mais macabra que eu já tinha visto na minha vida e que provavelmente me tiraria muitas noites de sono.

Em meio a galhos e folhas secas sujas de sangue, assim como a grande poça que tinha se formado ali, havia o corpo de uma garota que provavelmente tinha a minha idade. Sua pele morena estava pálida, o short curto mostrava suas pernas que estavam raladas e cortadas, provavelmente de correr e cair por ai, uma regata que não dava para ver a cor devido à enorme quantidade de sangue que havia na região do seu abdômen. Ela usava apenas um pé das sapatilhas e o outro nem dava sinal de estar por perto. Seu rosto delicado estava quase sem cor, os cabelos loiros e curtos estavam cheios de pequenos galhos e sujos de sangue. Ela tinha nariz reto, sobrancelhas claras arqueadas e lábios cheios, seu rosto tinha formato de coração e mesmo com alguns arranhões, dava para ver que era uma garota bonita, mas não era ninguém que eu já tivesse conhecido.

Meu corpo se encheu de alivio por não conhece-la. Não eram elas! Não era nenhum dos meus amigos! Ao mesmo tempo que o alivio descongelava meus músculos, meu coração se apertou ao olhar para a moça desconhecida.

-Não são elas. - sussurrei.

-O que? - perguntou Noah com surpresa.

Olhei para cinco rostos virados na minha direção dividida entre o alivio e o pânico.

-Não é a Evangeline e nem a Alexandra.

-Tem certeza?

-Tenho. - falei me agachando e torcendo o nariz pelo forte cheiro de sangue. - Elas tem cabelos longos e escuros e essa garota tem cabelo curto e loiro. Ela não me lembra nem mesmo alguém da nossa turma.

-Então não são elas? - perguntou Sol esperançosa.

-Não, é outra garota.

Ela suspirou aliviada.

-Graças a Deus...- ela ia falar mais alguma coisa, mas parou como se tivesse notado algo só agora. - Espera, então quem é essa garota?

Eu devia estar apavorada por encontrar uma garota naquele estado, no meio da floresta e coberta de sangue e talvez em algum nível da minha consciência eu estivesse, mas eu não conseguia processar a situação ainda. Na maioria das vezes eu via um problema e tentava resolve-lo, antes de entrar em pânico ou surtar, mas nesse caso, mesmo que minhas mãos estivessem tremendo e parecesse que havia uma pedra de gelo no meu estômago, eu mantive o controle. Talvez fosse o que chamassem de surto de adrenalina. Torci o nariz pelo cheiro do sangue que parecia ainda mais forte agora e comecei a avaliar a garota.

Tirando o que eu podia considerar como o pior dia da minha vida e uma visita que eu tinha feito a aula de anatomia humana em uma faculdade, os únicos corpos nessa situação que eu já tinha visto eram em filmes e seriados. Eu não era nenhuma médica e podia não ser muita coisa, mas realmente se podia aprender algumas coisas com programas de TV e filmes. Era idiota, eu sabia disso, mas assim como meu instinto tinha me dito que algo de ruim iria acontecer, agora ele me gritava que eu precisava fazer alguma coisa por aquela garota, mesmo que parecesse tarde demais.

Havia cortes leves em seu rosto, seus braços estavam arranhados assim como suas pernas, seu joelhos estavam ralados e havia um corte longo em sua coxa direita. Por causa da pouca luz e da regata eu não podia dizer exatamente qual era o estrago do seu ferimento principal, mas via o suficiente para saber que as coisas estavam muito ruins para ela. Seja qual fosse a arma, fazia um estrago e tanto. O que fez uma dúvida surgir na minha cabeça e com que eu olhasse em volta desconfiada. O que poderia ter feito aquilo com ela?

Eu tentei reprimir as memórias que vieram com uma leve vertigem, mas olhar para aquela garota fez com que Tâmara viesse a minha mente. Seu corpo mutilado e ensanguentado, os olhos vazios.... Cerrei os punhos e cravei as unhas nas palmas das minhas mãos, tentando retomar o controle, isso não era hora de surtar.

-... estou feliz que não sejam elas. - continuou falando Marisol sobre algo que eu não tinha ouvido. - Mas o que será que essa garota estava fazendo aqui?

Todos olharam para Noah que ainda estava assombrado e com os olhos fixos na garota.

-Não recebemos mais nenhuma queixa de desaparecimento. - falou ele. - Eles estavam conferindo a lista de hóspedes quando...

O movimento foi mínimo, mas o suficiente para tirar minha atenção de Noah e focar no peito da garota que se mexia mesmo que quase imperceptivelmente. Não era possível, mas ela ainda estava viva. Me aproximei mais da garota e levei meus dedos até a base do seu pescoço para checar sua pulsação. Estava muito fraca, mas ela ainda respirava.

-Me... a... a... ajude. - murmurou tão baixo que eu só pude ouvi-la porque estava abaixada ao seu lado.

Me sobressaltei com o som de sua voz e me virei para os outros de olhos arregalados.

-Alguém ligue para a emergência! - gritei para ele. - Rápido!

Noah se atrapalhou para pegar o celular, mas conseguiu colocar a arma de lado e se afastou já discando o número da emergência. Marisol foi a segunda a descongelar e, parecendo ter se livrado do susto inicial, correu para o outro lado da garota. Ela ainda tremia e parecia apavorada, mas se ajoelhou ao lado da garota mesmo assim e a avaliou com olhos clínicos. Seu grande sonho era ser médica assim como a mãe e a irmã mais velha, algo que já era quase genético e pelo qual ela mostrava grande paixão. Por muitas vezes eu a tinha visto deixar os estudos de lado por rebeldia, as vezes até por falta de vontade, mas quando o assunto era medicina ela estava sempre pesquisando. Eu não tinha dúvidas que ela levava jeito para a carreira dos seus sonhos. Bastava olhar para ela nesse exato momento.

Marisol deixou o medo de lado porque alguém precisava dela e mesmo que ela não fosse uma profissional, eu sabia que ela faria o possível para ajudar. Diego, Pietro e Dimitri ainda estavam petrificados do outro lado do arbusto nos encarando, sem saber o que fazer.

-Não podemos movê-la ou a situação dela pode piorar. - falou Marisol concentrada. - Os paramédicos podem cuidar disso. Diego, pode iluminar aqui pra mim?

-Ahn... - ele piscou voltando sua atenção para ela lentamente. - Claro!

Ele ainda parecia atordoado, mas andou até onde estávamos e posicionou a lanterna bem acima de nós, como se estivéssemos em uma mesa de cirurgia. Marisol passou os olhos mais uma vez pelo corpo da garota e franziu a testa.

-Parece que não atingiu nenhuma veia, mas não tenho certeza quanto aos órgãos. - falou entortando a cabeça de lado para olhar melhor. - O que me preocupa é essa hemorragia. Se não a pararmos logo ela pode morrer antes que a ajuda chegue.

Olhei surpresa para ela.

-O quanto você aprendeu naquele curso de verão que você foi com a sua mãe? - perguntei.

-O suficiente para saber como tratar uma infecção e um ferimento e como extrair uma bala, se ela for superficial pelo menos. - falou sem olhar para mim. - Não sou nenhum gênio, mas aprendi o bastante para saber me virar.

-Ok. E o que precisamos fazer?

-Ela precisa continuar parada dessa maneira, o que não vai ser muito difícil já que ela está bem fraca. Tente manter ela consciente, mas sem se esforçar. Preciso conter o sangramento.

Fiquei totalmente espantada e fascinada ao ver Marisol avaliando e cuidando dos ferimentos da garota como se fizesse isso todos os dias, até um pouco orgulhosa. Não havia muito o que fazer e nem mesmo um kit de primeiros socorros para nos ajudar, então o máximo que ela pode fazer foi fazer pressão no ferimento do abdômen e evitar que a garota perdesse mais sangue do que já tinha perdido.

-Je... Jess... - sussurrou a garota novamente em uma voz quase inaudível.

-O que? - perguntei confusa.

-Meu... nome... é... Jess.

-Vai ficar tudo bem, Jess. - falei apertando sua mão. - Nós vamos ajudar você.

Eu tentava confortá-la, mas eu nem mesmo sabia se acreditava mesmo nisso. Eu nunca tinha visto ninguém morrendo, mas diria que seria bem próximo ao que estávamos vendo agora. Ela estava pálida, fraca e quase nem se mexia, se a emergência não chegasse rápido o suficiente...

-Sam... - ela tentou falar, mas sua voz falhou.

Ela estava se esforçando muito para falar e se manter acordada, os olhos estavam semicerrados e mal dava para ver a cor deles.

-Quem é Sam? - perguntei.

-Meu... na... - ela se engasgou. - Na... mo...

-Ela não pode continuar se esforçando desse jeito. - falou Pietro ao meu lado. - Ela precisa guardar o máximo de forças que puder.

Dei um pulo com o som de sua voz, eu nem o tinha visto se aproximar. Desde que tínhamos encontrado Jess e ele tentou me impedir de ir vê-la, Pietro não tinha dito uma única palavra e nem se aproximado, pelo menos até agora. Seu rosto parecia ainda mais pálido e sua expressão era séria, suas pupilas estavam dilatadas e seus olhos sombrios enquanto me encarava de maneira tensa. Ergui minha mão para afastar o cabelo que grudava no meu rosto e parei quando vi que ela estava suja de sangue. Foi então que lembrei. Sangue. Pietro tinha medo de sangue.

-Onde está Noah? - perguntei para desviar a atenção.

-Está checando o perímetro e esperando uma outra equipe chegar. - falou. - Ele os chamou pelo rádio e também ligou para a emergência. Já está a caminho.

-Espero que eles venham logo então, porque temos mais um problema.

-Qual? - perguntou franzindo a testa.

-Jess... - falei suavemente. - Sam é seu namorado? Balance a cabeça para responder.

Ela assentiu fracamente.

-E ele estava com você quando isso aconteceu? - perguntei.

Ela assentiu novamente e me levantei limpando as mãos no jeans.

-Tem mais alguém perdido por aqui.

-E... Ahn... - começou Diego com desconforto. - E não corre o risco do namorado dela ter feito isso com ela?

Marisol revirou os olhos.

-Você tem assistido muito filme. - falou ela.

-Sinto muito pelo cara perdido. - falou Dimitri entrando na conversa. - Mas não vou colocar minha mão no fogo por ele também não.

-Que cara perdido? - perguntou Noah se aproximando.

Ele estava com a arma abaixada e mesmo prestando atenção em nós, seus olhos estavam alertas para qualquer possível ameaça.

-A Jess, que é essa garota aqui, falou que o namorado dela, Sam, também está por aqui. - falei.

Noah fechou os olhos e xingou baixinho enquanto passava a mão no cabelo nervoso. Acho que ele tinha envelhecido uns cinco anos nas últimas horas. Eu sabia que ele estava com um peso gigantesco sobre os ombros e as coisas pioravam a cada minuto, também era possível ver em seu rosto que quando tudo aquilo chegasse ao fim, de alguma forma a culpa iria recair sobre ele.

-Espero que os outros não estejam parecidos com ela. - falou ele. - Encontrei marcas de passos vindo do leste, de fora da trilha. Mas é de uma pessoa só. Então pode ser tanto dessa garota quanto do namorado dela.

-Ela não está por aqui a muito tempo. - falou Pietro olhando para longe. - Ela deve ter caído aqui poucos minutos antes de chegarmos e pelo sangue que ela deixou lá atrás, não acho que ela tenha vindo do leste.

-Ótima dedução, escoteiros! - falou Marisol com irritação. - Mas se vocês não repararam está ficando cada vez mais escuro e frio. E agora temos cinco pessoas desaparecidas e sabe-se lá mais o que. Então que tal parar de bater papo e fazer alguma coisa?

Todos se viraram para ela com surpresa.

-Estou tentando manter uma garota viva sem o material necessário, então nem adianta me olharem com essas caras.

-Marisol tem razão. - falou Noah. - Quanto mais demorarmos pior será.

-Eu fico com a Jess até o socorro chegar. - falou Sol voltando sua atenção para a garota que estava quase desmaiando. - Só preciso que uma pessoa fique comigo para segurar a lanterna e ficar de vigia.

-Eu fico com você. - falou Diego.

Dentro todos ali, ele era o que menos parecia incomodado pela floresta. Olhava de um lado para o outro com bastante atenção e jamais tirava sua lanterna do lugar, bem acima de Marisol. Em alguma outra situação eu poderia fazer uma piada sobre os dois e não me importaria com a irritação de Sol, mas agora não era o momento.

-Em um filme de terror seria uma péssima ideia nos separarmos. - falei.

-A vida real é bem útil nesses momentos. - comentou Pietro.

-Fiquem atentos vocês dois. - instruiu Noah.

-O Consultório Floresta Sombria e Assustadora é cinco estrelas, senhor, temos a melhor segurança. - falou Marisol com ironia e sem levantar o olhar. - Agora vão procurar o pessoal e tomem cuidado.

-E vamos nos proteger com o que? - perguntou Diego.

A única pessoa armada estava conosco e eles ficariam basicamente desprotegidos para trás.

-Usar o humor de Marisol como uma arma pode ser uma boa. - falou Dimitri.

Marisol levantou a cabeça devagar e estava impresso em seus olhos verdes que se ela não estivesse tão ocupada, era melhor Dimitri correr. Sempre se podia contar com ele para mudar o foco do estresse.

-Tirem ele logo daqui antes que realmente aconteça um assassinato. - rosnou ela.

-Sim, Dra. Mackenzie. - falei e pisquei para ela.

Dimitri abriu a boca para retrucar, mas o agarrei pelo braço e comecei a arrasta-lo para longe antes que Marisol perdesse a paciência de vez. O senso de humor dela estava de folga por hoje e eu a conhecia bem o suficiente para saber que era bom não abusar.

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Nota da autora:

Olá pessoal, sei que demorei um pouco para postar, mas aqui está. As coisas estão começando a ficar mais sombrias e posso dizer que vão ficar ainda mais.
A boa notícia que tenho pra vocês é que resolvi o problema com meu not e agora vocês vão ter caps mais frequentes. Então...
Espero que gostem.

Boa Leitura!

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