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Capítulo 35

Fiquei quase uma hora sentada debaixo das árvores com a câmera nas mãos enquanto encarava o horizonte. Eu tinha passado por um pequeno momento de estresse andando de um lado para o outro até tropeçar em uma pedra e quase perder uma unha para ela, até finalmente ver que sentada seria uma melhor forma de ficar enquanto eu pensava. Girei a câmera em minhas mãos e pela milésima vez tentei entender o que poderia ter levado Pietro a agir daquela forma. Ele estava bem quando me pegou, parecia até mesmo muito animado, ele estava sorrindo bastante, algo que nem era tão comum assim e nossa conversa tinha sido tranquila, o que tornava difícil eu tirar alguma conclusão. Sei muito bem que ninguém escolhe o momento em que vai passar mal, mas francamente, até mesmo para esses parâmetros o comportamento dele tinha sido muito estranho. O que também não estava mais sendo uma novidade. Difícil mesmo estava sendo achar alguma coisa muito comum nele.

Percebendo que ficar ali olhando a paisagem e girando aquela câmera não iria resolver nada, me levantei e bati a grama da minha calça, peguei minha bolsa que estava encostada na árvore e virei rumo a trilha pela qual tínhamos vindo. Nunca fui o que poderia ser chamada de ótima em me orientar, mas tinha uma mente boa o suficiente para memorizar detalhes que era muito útil para que eu não me perdesse. A caminhada até a casa de Pietro não ia ser curta, mas eu precisava saber o que estava acontecendo e, se fosse desculpa o bastante, devolver sua câmera. Então, decidida, coloquei meus fones de ouvido, liguei o modo aleatório e deixei que as músicas tocassem enquanto caminhava. Levou uns vinte minutos, mas o percurso nem pareceu tão longo assim. O sol já tinha esquentado e eu sentia uma gota de suor escorrendo por minha nuca, fora uma necessidade desesperada de beber água, mas aguentei até chegar ao gramado da elegante casa. O carro de Pietro estava parado logo ali na frente, mostrando que ele estava em casa, seguido de um belo Mercedes prata que talvez fosse de sua irmã. Eu podia ouvir vozes vindo da casa, eliminando pelo menos uma de minhas suposições, de que ele tivesse ficado ruim o suficiente para ir ao hospital.

Hesitei um pouco diante da porta, nervosa. Eu talvez não devesse ter vindo até aqui, mas agora que já tinha percorrido todo esse caminho, não tinha mais como voltar a trás. Respirei fundo e bati na porta, o som soando um pouco alto demais e fazendo com que as conversas lá dentro parassem, esperei um minuto e bati de novo, dessa vez ouvindo passos vindos na minha direção. Em menos de dois minutos a porta se abriu e o rosto de Evelyn surgiu pela fresta. Ela estava com o cabelo curto preso em um pequeno rabo de cavalo, estava sem maquiagem e usava roupas bem simples, apenas um short jeans desfiado e uma camiseta branca de uma banda que eu não conhecia. Ela cheirava a ervas e flores. Mesmo simples daquele jeito, ela parecia que poderia ir para qualquer festa e estar totalmente adequada.

Eu tentei abrir um sorriso, mas seus olhos arregalados e a expressão surpresa fizeram com que eu congelasse o gesto simpático.

—Oi... Safira. – falou um pouco hesitante. – Que surpresa.

Ela sorriu para mim, mas isso não encobriu o quanto ela parecia inquieta e talvez até... Nervosa com a minha presença. Estranho.

—Oi Evelyn. – falei torcendo meus dedos. – Desculpe atrapalhar você, é que...

Eu me calei assim que, ao se mover um pouco para o lado, ela abriu mais a porta e permitiu que eu visse a sala. Havia no total quatro pessoas na lá, o que explicava as conversas que eu tinha ouvido. Stefan estava sentado em um sofá de dois lugares, provavelmente onde Evelyn também estava sentada, e em um poltrona ao seu lado estava um garoto que eu nunca tinha visto. Ele provavelmente tinha a minha altura e era bem magro, sua pele era pálida e seus cabelos eram acobreados e revoltados, em uma mistura até interessante. Vestia jeans escuros e uma camiseta preta, o que destacava sua pele, assim como algumas sardas que tinha nos braços e rosto. Seus olhos tinham um estranho tom de caramelo e eram emoldurado por cílios espessos, que quase formavam uma sombra nas pálpebras, seus lábios eram finos e ele os franzia toda hora, em uma mistura de irritação e divertimento. Seus traços eram o que podia se chamar de simples, mas diferentes, tinha feições magras, um nariz reto e queixo arredondado, não mostrando nada de grandioso ou marcante de sua descendência, mas por mais estranho que parecesse isso o fazia parecer bonito e interessante. No sofá maior estava Pietro, vestia agora uma camiseta cinza e uma calça preta, os cabelos úmidos mostrando que provavelmente tinha saído do tamanho a não muito tempo. Ele passava uma mão no rosto e tinha a testa franzida, parecendo ao mesmo tempo frustrado e envergonhado. Sentada ao seu lado e acariciando suas costas com uma expressão carinhosa como se o consolasse, estava Vitória. Seu cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo e ela vestia um vestido florido que poderia torna-la quase delicada, se eu não soubesse sua verdadeira natureza.

Engoli em seco e tentei conter o iceberg que pareceu marcar presença dentro do meu estômago. Eu não sabia bem o que pensar, aquela cena poderia ter um milhão de explicações e nenhuma delas parecia fazer muito sentido na minha cabeça, principalmente com os pontinhos vermelhos da raiva dançando diante dos meus olhos. Aquilo poderia explicar muita coisa ou não, quase uma hora e meia tinha se passado desde que ele saiu correndo e ele nem tinha se dado o trabalho de mandar uma mensagem dizendo que estava bem. Talvez isso fosse uma mensagem bem clara vendo o que eu estava vendo agora. Evelyn mantinha seus olhos atentos e aflitos sobre mim, então mais do que rápido escondi minha expressão amarga com aquela cena e sorri. Eu não estava ali para fazer nenhum tipo de escândalo.

—É que Pietro esqueceu a câmera dele comigo e eu vim devolver. – falei voltando meus olhos para ela. – Ele saiu com tanta pressa que nem percebeu.

Tirei o cordão do meu pescoço e entreguei a câmera para ela, que ainda me olhava de uma maneira esquisita enquanto eu fazia de tudo para não olhar novamente para a sala. Alguma coisa a estava incomodando e minha presença parecia a estar deixando aflita, porque ela não parava de olhar para a sala de rabo de olho sempre que podia, como se temesse que alguma coisa ruim fosse acontecer.

—Ah sim. – falou segurando a câmera. – Foi muita gentileza a sua trazer.

—Apenas não queria que estragasse. – falei apertando minha bolsa no ombro. – Bem, fala pro Pietro que agradeço pelo passeio e que fico feliz que ele esteja melhor.

Se fosse possível seus olhos azuis se arregalaram ainda mais, mas ela tentou disfarçar, mas não se saiu muito bem nisso. Seu olhar captou rapidamente o quanto Pietro e Vitória estavam próximos e ela pareceu entender do que eu estava falando.

—Safira, olha, não é... – se apressou em dizer.

Chacoalhei a cabeça para ela e sorri dando alguns passos para sair da varanda, eu realmente não estava a fim de ter aquele tipo de conversa.

—Nada disso do que eu estou pensando? – completei. – Não se preocupe, Evelyn, eu não estou pensando nada, só que talvez eu não devesse ter vindo aqui.

Eu via que ela queria dizer alguma coisa, mas se limitou a resmungar um palavrão e tentou fechar a porta, como se querendo evitar minha visão daquela cena enquanto explicava, mas naquele mesmo momento Pietro olhou para fora, como se me sentisse ali, e encontrou meu olhar. A primeira coisa que vi em seu rosto foi a surpresa, depois a confusão e por último, uma rápida compreensão vendo a câmera na mão da irmã. Ele com certeza não esperava me ver por aqui. Acenei rapidamente para ele e me virei para Evelyn.

—Eu tenho que ir agora, só queria mesmo devolver a câmera. – falei já pisando na grama. – Nos vemos na escola.

Eu não deixei que ela falasse, o que ela claramente pretendia fazer, apenas virei de costas e comecei a andar pelo mesmo caminho pelo qual tinha vindo. Não demorou nem um segundo para eu escutar passos apressados atrás de mim, eu nem precisava me virar para saber quem é.

—Safira! – gritou Pietro.

Continuei andando até sentir uma mão forte segurando meu braço, fazendo com que eu parasse. Pietro não me soltou enquanto parava na minha frente, como se temesse que eu fosse continuar andando, o único indicio de que tinha corrido era mostrado pelo seu cabelo que caia todo na testa, acentuando sua expressão assustada. Seu rosto parecia um pouco mais corado desde a última vez que eu o tinha visto e até mesmo seus olhos pareciam mais brilhantes, de uma maneira que quase chegava a ser estranha. Essa palavra estava se tornando um ótimo adjetivo para se referir a ele.

—O que foi? – perguntei arqueando a sobrancelha.

Ele parecia um tanto desconcertado parado na minha frente, como se não conseguisse encontrar as palavras certas para falar comigo. Mesmo que estivesse de costas, eu podia sentir mais de um par de olhos sobre nós.

—O que você viu ali... – começou ele.

—Qual das três frases vai ser? – perguntei puxando meu braço do seu aperto. – Não era nada do que você está pensando, você entendeu errado ou eu posso explicar? Porque eu realmente não estou a fim de começar uma conversa com essas frases clichês.
Ele respirou fundo e finalmente soltou meu braço enquanto eu dava um passo para trás, colocando algum espaço entre nós.

—Eles vieram apenas fazer uma visita. - explicou. – Will chegou ontem a cidade e como eu não estava em casa quando chegou e ainda não tinha chegado quando foi embora, ele voltou hoje porque queria me ver. Somos amigos a um bom tempo, ele e Vitória são quase como irmãos, por isso ela também está aqui.

Eu esperava que aquele rapaz, William, fosse pelo menos um pouco mais legal que sua "quase irmã". E eu duvidava muito que ela tinha ido ali apenas por que esse garoto queria fazer uma visita para um velho amigo, que por coincidência era o ex-namorado pelo qual ela ainda era louca. Pietro próprio mais tentava convencer a si mesmo disso do que a mim.

—Tudo bem. – falei sem me alterar.

Ele abriu a boca para continuar, mas parou, me encarando com surpresa. Essa com certeza não era a reação que ele esperava, mas o que queria que eu fizesse? Nunca fui de fazer escândalos e não era agora que iria mudar isso, além do mais, ele nem mesmo era meu namorado para que eu pudesse exigir alguma coisa.

—Tudo? – perguntou desconfiado.

—Eu não vim aqui para exigir explicações. – falei com a voz calma. – Vim porque fiquei preocupada com você e porque queria devolver sua câmera, que você esqueceu comigo quando foi embora.

—Estava preocupada? – perguntou surpreso.

Acho que nunca me senti tão tentada a dar um soco nele. Tudo bem que eu ainda não conhecia Pietro tão bem e muito menos a tanto tempo, mas não imaginei que ele pudesse ser idiota a esse ponto.

—Você me deixou plantada no começo de uma trilha sem me dizer uma única palavra. – falei. – Correu de onde estávamos pálido, tremendo, respirando com dificuldade e como se de repente a árvore tivesse criado vida e começado a correr atrás de você com um machado. Como eu não estaria preocupada?

Ele abriu e fechou a boca várias vezes, parecendo atordoado, como se fosse algo inédito a minha preocupação. Como se esse fosse o último motivo do mundo que tinha lhe passado pela cabeça para eu estar ali.

—Desculpe, eu...

—Não podia pegar a droga do celular e me mandar uma maldita mensagem dizendo que estava bem e que tinha chegado vivo? – perguntei. – Porque olha, apenas isso para mim já teria sido suficiente.

Ele ficou calado, mostrando que provavelmente não poderia e nem iria dar uma resposta a minha pergunta. Isso também já estava se tornando um costume, ele nunca chegava a responder minhas perguntas realmente. Suspirei cansada, nunca fui a melhor das pessoas para brigar e não estava disposta a bater no mesmo ponto de novo.

—Olha, eu não estou a fim de brigar de novo, porque sinceramente eu odeio brigas, - falei. - e você tem visitas em casa, então eu sigo meu caminho e você volta pelo seu, ok?

Eu não sabia dizer ao certo o que estava passando pela minha cabeça, era como se de repente todo o cansaço desses dias tivesse desabado sob meus ombros.

—Isso... – começou ele com dificuldade e parecendo angustiado com algum pensamento. – Isso é um adeus?

—Isso é um até logo, Pietro. – falei. – Nós ainda não nos conhecemos bem o suficiente e não começamos realmente alguma coisa para terminar. Acho que tem muito segredos e coisas inacabadas na sua vida ainda, principalmente com a sua ex, pelo que eu vi, então talvez o nosso devagar esteja indo rápido demais. Eu não quero metade de você junto comigo, mesmo em algo pequeno, não quero ter que ser desconfiada a cada vez que você recusa falar alguma coisa para mim e muito menos ter que ser a chata e ciumenta quando ver você com alguma outra garota, porque isso é horrível. Eu quero sentir que você confia em mim para pelo menos me mandar uma mensagem dizendo que está bem ou que chegou bem, mesmo que não se sinta a vontade para me contar o que está acontecendo. Pode parecer que estou fazendo tempestade em copo d'água, mas a cada vez que estou com você, é como se estivesse com duas pessoas ao mesmo tempo.

—Você faz com que eu seja diferente. – falou.

—Você faz o mesmo comigo, mas não é isso o que quero dizer. – falei. – Não tente ser o que você não é, porque para mim é isso que você está parecendo fazer. E se for para ficarmos juntos mesmo, não quero que você tenha um pé na luz e outro nas sombras. Quero que tenha certeza do que está fazendo.

Pietro fechou os olhos e vi pelos seus punhos fechados que algo em minhas palavras o incomodou, mas ele não se manifestou, o que apenas parecia comprovar o que eu estava falando.

—Aproveite o seu tempo. – falei e dei um beijo em sua bochecha. – Nos vemos na escola.

—Você é sempre tão cautelosa e confusa assim? – perguntou em voz baixa.

Eu ri.

—Na verdade sou uma pessoa bem simples, apenas gosto de deixar as coisas o mais claras que as situações e os sentimentos permitem. – falei. – Pode ser que eu seja uma covarde por estar fazendo isso, mas não vou ficar brincando com o meu coração.

—Então ainda tenho chance, mesmo pisando na bola com você?

—Não costumo desistir do que realmente quero. – falei e comecei a andar. – Então sim, você ainda tem chance. Apenas faça valer a pena.

Eu não me virei para ver sua expressão, apenas coloquei meus fones novamente, liguei a música e segui meu caminho. Eu não sabia dizer de onde tinha vindo metade das coisas que eu tinha dito a ele, porque naquele momento nem eu mesma me reconheci. Talvez tivesse sido o meu fim patético com Ryan, a viagem para a Europa ou a minha breve relação com Adrian, talvez até mesmo os últimos acontecimentos, mas eu tinha me tornado um pouco mais sábia. Tanto quanto eu pudesse, evitaria o máximo trazer mais coisas confusas e complicadas para minha vida. As coisas estranhas que vinham acontecendo me diziam que ainda havia muito por vir e que elas provavelmente não seriam boas, eu ainda não entendia nem metade e talvez nem estivesse preparada para entender, mas não queria somar mais nada ao que já era louco na minha vida. De todo modo, eu não tinha desistido, apenas coloquei a minha posição em jogo.

                      *******

Faltava apenas um quarteirão para que eu chegasse em casa e o sol já estava começado a baixar, o que de certa forma era uma alívio. Olhei para as lojas pelo caminho e aproveitei o vento calmo que batia no meu rosto, mesmo com o que tinha acontecido, eu me sentia um pouco mais leve por ter falado aquilo. Talvez eu só estivesse precisando de um tempo para mim, acho que eu não tinha realmente parado ainda para absorver tudo que tinha acontecido comigo desde que voltei. Estava tão perdida em meus próprios pensamentos que nem notei o garoto a minha frente, tanto que se não fosse por ele, eu teria feito uma viagem nada bonita em direção ao asfalto.

—Precisa tomar mais cuidado, bela. – falou uma voz grossa com um sotaque carregado.

O garoto segurava meus braços com firmeza e me soltou lentamente assim que me firmei sob meus pés novamente. Seu sotaque era diferente, mas eu não sabia dizer de onde seria, isso apenas mostrava que ele não era daqui.

—Obrigado. – falei me afastando. – Eu sou distraída de natureza.

Ele riu, um som rouco e profundo e... Incrivelmente familiar. Levantei o olhar e finalmente reparei no estranho a minha frente, perdendo a fala completamente por um momento. Ele devia não ter mais do que dezenove anos e era muito alto, talvez quase quinze centímetros a mais do que eu. Seu corpo era esguio e musculoso, os ombros largos, e o jeito como se movia estranhamente me fazia lembrar de um felino, uma maneira preguiçosa e elegante. Apesar de estar um dia quente, ele vestia uma jaqueta de couro preta, coturnos, jeans também preto e uma camiseta azul escura, que poderia ser facilmente confundida com preta. Seus cabelos eram negros e iam até um pouco abaixo das orelhas, com longos fios rebeldes ficando em sua testa e olhos. Seu rosto tinha traços finos e muito bem desenhados, algo harmonioso, os lábios eram grossos e se partiam em um sorriso com dentes retos e incrivelmente brancos, seu nariz era um pouco torto, como se tivesse sido quebrado, mas isso parecia apenas complementar sua aparência. Mas o que tinha de mais diferente nele eram os olhos. Sombreados por cílios escuros estavam os olhos azuis mais escuros que eu já tinha visto, a cor era tão profunda que chegava quase a ser violeta. Ele era lindo. Uma coisa que não era muito fácil eu achar de um cara.

No mesmo momento que seus olhos estranhos encontraram os meus, senti um forte puxão na minha mente, como se eu tentasse resgatar uma memória a muito tempo perdida. Levei uma mão a cabeça e continuei a encarar aquele estranho, sentindo uma inquietação e a estranha sensação de familiaridade, como se eu já tivesse conhecido ele algum dia, mas não conseguisse me lembrar. Seus olhos estavam arregalados, como se estivesse surpreso ou assustado, mas ele rapidamente ocultou a emoção.

—Você está bem? – perguntou parecendo preocupado.

Chacoalhei a cabeça para me livrar daquela sensação estranha e abri um sorriso sem graça. Eu devia ter passado mais tempo do que imaginei o encarando.

—Estou sim, é que... Por um momento pensei que conhecia você. – soltei e quis morder minha língua por falar meus pensamentos em voz alta. – Mas acho que eu devo apenas ter tomado sol demais, desculpe.

Eu soltei uma risada cansada e ele sorriu.

—Quem sabe em uma vida passada? – perguntou arqueando as sobrancelhas negras. – Porque tenho certeza que me lembraria desses belos olhos se tivéssemos nos encontrado nessa.

Senti minhas bochechas pegarem fogo e dei mais um passo atrás, o que o fez sorrir. Meus encontros com qualquer pessoa hoje em dia nunca eram dos mais normais, antes eu ficaria feliz em trombar com um cara bonito como ele, agora a única coisa que eu me perguntava era o que de mais estranho poderia acontecer.

—Ahn... Desculpe ter trombado em você. – falei sem jeito tentando mudar de assunto. – Estava com a mente longe.

—Não foi minha intenção constrange-la, bela. – falou deitando a cabeça de lado. – E não foi nada, diria que tive ótimas boas-vindas a essa cidade adorável.

Segurei um sorriso e olhei para ele com estranheza.

—Você fala de um jeito engraçado. – falei novamente sem pensar.

—Então minha intenção de não bancar o turista não deu certo.

Eu ri novamente, me perguntando o que tinha naquele estranho que estava fazendo com que eu me sentisse tão... A vontade, já que isso não era comum de acontecer, assim como me fazer rir. Em nenhum momento enquanto falava comigo ele tirava os olhos de mim, como se observasse cada uma das minhas reações e por incrível que pareça isso não me deixou desconfortável.

—Acho que não. – falei. – Mas espero que se divirta na sua... Visita.

—Já estou.

—Então... Eu tenho que ir. – falei apertando a alça da minha bolsa e arrumando um jeito rápido de sair dali. – Foi bom falar com você... Seja lá quem for.

—Digo o mesmo, bela. – falou sorrindo.

Ele não parecia disposto a falar seu nome, assim como insistia em me chamar por aquele apelido. Também não havia motivos para que eu soubesse, já que provavelmente nunca mais o veria, embora soubesse que não iria sossegar enquanto não descobrisse porque ele me parecia familiar. Estava começando a seguir meu caminho quando o senti tocar em meu braço, fazendo com que o lugar esquentasse no mesmo instante. Tudo bem, isso tinha sido estranho. Não era calor provocado por alguém que você acha atraente ou algo do tipo, sinceramente, mesmo ele sendo bonito tudo o que ele me despertava era uma estranha tranquilidade. O calor que eu estava falando seria o mesmo que você sentiria ao colocar o dedo na chama de uma vela e o tirando logo em seguida. Dei um salto para o lado com o contato e ele franziu a testa por um momento, olhando para a própria mão. Até para o alto grau de esquisitice que eu vinha enfrentando ultimamente aquilo era demais. Suavizando a expressão, ele levou a mão dentro da jaqueta e me estendeu algo metálico. Se aquilo não fosse uma arma e eu sobrevivesse, iria me xingar eternamente por ser tão idiota, claro, se antes nenhum dos meus amigos ou familiares comece meu fígado por ter tão estúpida ao ficar com estranhos sem me preocupar.

Para minha surpresa, o que ele me estendia na verdade era um pequeno cabo retorcido de arame, que fazia algumas formas estranhas que só depois descobri serem folhas e terminava em uma bela e pequena rosa roxa. Cada uma das pétalas era torcida para parecer uma rosa verdadeira e, se não fosse pelo brilho metálico, poderia parecer a mini versão de uma rosa real. Olhei para ele com a testa franzida.

—Não é certo aceitar presentes de estranhos. – falei.

—Então finja que nos conhecemos e aceite. – falou sorrindo. – Um presente para a mais bela garota que conheci na minha viagem.

—É feio mentir. – falei descrente.

—Eu não minto. – falou e colocou a pequena rosa na minha mão.

Antes que eu pudesse protestar ou devolver, ele colocou as mãos nos bolsos e seguiu pela rua assobiando, como se eu nunca tivesse entrado no seu caminho. Arqueei a sobrancelha, mesmo sabendo que não tinha ninguém ali para me responder e olhei novamente para a rosa roxa na minha mão. Desde quando topar com garotos bonitos tinha virado momentos de esquisitice? Porque falando sério, eu não sabia mais nem se queria realmente entender o que estava acontecendo nessa cidade, aquele garoto tinha apenas me mostrado que o que eu achava estranho, não era nem de perto o que eu poderia encontrar pela frente.

*******

Nota da autora:

Olá pessoal, sei que demorei para aparecer, mas... Finalmente saiu cap e ainda por cima com novos personagens! 

Desculpem essa demora infinita, sei como isso é chato e acreditem, para eu que sou a escritora é quase uma tortura. Esse bloqueio infernal veio com tudo e pra escrever estou entre trancos e barrancos. Então desculpem. 

Espero que tenham paciência enquanto eu lido com isso. Agora vamos ao que interessa, MUS finalmente chegou a 7k!!!! (To atrasada de novo porque sei que está com mais que isso kkkk) Estou muito feliz com isso, por ver que tem tantas pessoas gostando da história, de algo que ainda sei que posso melhorar. Bem, acho que era isso.

Espero que gostem.

Boa Leitura!

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