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Capítulo 1

 Estou caindo!

Mas essa é diferente de qualquer outra queda que já tive, o que foram várias, perdi qualquer controle sobre o meu corpo. Estou sendo arremessada no espaço a uma velocidade assustadora, sinto o vento chicotear minha pele sem piedade enquanto tento me mexer.

Abaixo de mim há uma grande bola de luz branca, seu brilho é tão intenso que não consigo olhá-la, o calor insuportável que de lá emana começa a machucar minha pele.

Eu vou morrer!

É só isso que passa na minha cabeça quanto mais me aproximo da luz, droga, isso não pode estar acontecendo. Um grito estrangulado escapou pela minha garganta quando finalmente consegui me mexer. Me debato tentando desacelerar a queda, mas é inútil, não tem como parar.

A luz ofuscante e agoniante a minha frente apenas prova a verdade, eu vou morrer.

Abri meus olhos e me sentei tão depressa que quase cai da cama. Que porcaria de sonho foi esse? Me deitei novamente e fechei os olhos. Meu corpo ainda sentindo os efeitos do sonho, a respiração e coração acelerados, o suor escorrendo por minha nuca e há uma sensação inquietante apertando meu peito.

Passei a mão no rosto e esfreguei os olhos para espantar a névoa do sono. Fiquei olhando para o teto enquanto meu corpo se acalma, imagens do sonho ainda rondam minha mente, pequenos flashes mostram que mais de um sonho havia me atormentado, mas não consigo me lembrar, o que fez aquela sensação no meu peito incomodar novamente.

Droga de sonho estranho, ninguém deve acordar com a lembrança de ser arremessado no sol para uma morte iminente. Olhei para a mesa de cabeceira, o relógio marca 08:15, ótimo, dormi por aproximadamente cinco horas, o que levando em conta os últimos meses é um verdadeiro recorde. Senti o colchão vibrar e comecei a vasculhar as cobertas atrás do meu celular, tenho que parar de dormir mexendo nele.

O encontrei debaixo de um dos travesseiros, nenhuma novidade, sempre perco ele. Digitei a senha e vi que ainda estava na minha conversa com Dimitri, o que já é um habito. Com o fuso horário diferente eu sempre fico conversando com meus amigos ou meu irmão até tarde, na maioria das vezes acabo caindo no sono e os deixo falando sozinhos. Dimitri e Marisol já estão acostumados.

Dimi: Odeio admitir, mas também sinto a sua falta. Implicar com você pelo celular não tem tanta graça, suas expressões são as melhores. Você já deve estar dormindo, então...

Boa noite, que Hypnos faça você descansar bastante.

Sorri lendo aquilo, eu também sinto falta dele e de nossas brincadeiras idiotas, das loucas e longas conversas e principalmente de sua companhia, não que eu fosse falar isso para ele. Dimitri é meu melhor amigo assim como Marisol, não sei o que seria da minha vida sem essas figuras.

Foleei as mensagens até achar a que tinha me despertado, era de Marisol, ver o nome dela causou um arrepio estranho em mim e flashbacks dispararam por minha mente, cenas confusas e sem sentido que só me causaram uma incomoda dor de cabeça.

Passei a mão no cabelo e chacoalhei a cabeça para me livrar daquela sensação estranha. Faz dois dias que eu não falo com Marisol.

Sol: Oi Amiga,

Você faz muito falta aqui, sei que está aproveitando o país que sempre quis conhecer, é uma oportunidade ótima, mas é chato sem você aqui, ainda mais que esse é nosso último ano. Temos muito que aprontar, festas para ir, precisa ver o roteiro que preparei para esse ano... Kkk. Sei que já tivemos essa conversa várias vezes e entendo seus motivos para estar longe, mas você sabe que ficar ai não vai resolver as coisas. Queremos você aqui com a gente, a Safira que conheço jamais iria perder a chance de curtir os amigos no ano mais louco de todos. No último ano onde todos vão estar juntos.

Se não vier, pelo menos venha passar uma semana antes das aulas começarem com a gente. Pense no que falei, Amiga. Estamos com saudade.

Beijos.

Senti aquela sensação novamente, meu peito se contraiu em uma dor estranha e finalmente entendi, o que estava sentindo era saudade. Eu sinto falta dos meus amigos, da minha família, da minha casa, do meu gato e até mesmo da escola, sempre tentei ao máximo não pensar nisso, mas quanto mais o tempo passa, mais difícil é manter esse sentimento longe.

Olhei para meu quarto, ele tem um tamanho bom. As paredes são cor de creme com alguns pôsteres, desenhos e até mesmo fotos coladas, a porta do armário fica ao lado da cômoda, a única parede limpa é onde esta a porta do banheiro e a que da para o corredor. Minha cama fica do lado direito da grande janela que da de vista para a rua, do outro lado esta minha escrivaninha e as prateleiras repletas de livros. Alguns desenhos meus em quadros e alguns objetos para enfeite. Consegui deixar esse quarto bem a minha cara, mas não supera o meu em casa.

Olhei as fotos coladas na parede, a única coisa que realmente me lembra de casa que eu trouxe para a Itália. Eu sei que precisei sair de casa, mas não há um único dia que eu não sinta falta do meu lar, dos gritos dos meus irmãos, do cheiro da comida da minha mãe, da bagunça do meu pai...

Não que a vida aqui em Roma seja ruim, muito pelo contrario. Faz pouco mais de um ano que estou aqui e adorei cada momento, sempre quis conhecer a Itália e foi um sonho realizado vir para cá. Tia Elizabeth salvou minha vida me trazendo para morar com ela, foi o melhor presente que ela me deu, tirando a viagem para Atenas no meu aniversário.

Eu não me encontrava no melhor momento da minha vida, as coisas estavam confusas, minha cabeça estava uma verdadeira bagunça e meu coração em cacos, brigar com meu pai quase todos os dias não ajudava a melhorar as coisas. Sempre amei ficar em casa, mas naquele momento isso já não me fazia bem nenhum. Eu precisava sair e respirar, de um novo cenário, de espaço para clarear meus pensamentos e tomar minhas decisões, precisava ficar longe de tudo e bem... Aqui estou eu.

Meus tios são pessoas maravilhosas, me acolheram e me tratam quase como uma filha. Tenho um quarto só para mim com uma vista maravilhosa, estudo em uma boa escola e tenho meus cursos, meu italiano está ótimo e estou me saindo bem no francês (isso não é só mérito meu), tenho um bom emprego e liberdade para fazer o que eu quero. Roma foi uma das melhores coisas que já me aconteceram.

Mas Marisol tem razão, eu estou fugindo e mesmo tendo uma ótima vida, aqui não é o lugar onde devo estar, pelo menos não agora. Sempre fui de muitos amigos e aqui tenho um número bem limitado, não que as pessoas não sejam legais, apenas... Não me enturmei muito. Também não me sinto tão confortável quanto em casa, talvez seja por que não é meu lar e sim um esconderijo para onde escolhi fugir.

Andei até minha janela e a abri, tinha esquecido de fechar as cortinas. Esta uma linda manhã de verão lá fora, os pássaros estão cantando, a leve brisa traz os cheiro das flores do jardim e de pão fresco da padaria do fim da rua, da para escutar o movimento da cidade ganhando vida e a conversa animada dos vizinhos, esse é o meu espaço na Guidonia Motecielo.

Uma brisa fresca varreu meu quarto e eu suspirei indo para meu ritual matinal perdida em pensamentos. Joguei água no rosto e olhei no espelho, fiquei encarando meu reflexo e notando o quanto eu mudei desde que cheguei aqui. Meu rosto oval esta mais delineado, minhas feições mais pronunciadas, as sobrancelhas arqueadas e bem feitas dando destaque aos meus olhos sempre tão elogiados por sua cor, o azul que deu origem ao meu nome. Seu formato é levemente puxado e marcado por cílios longos e volumosos.

A boca de tamanho médio e bem desenhada, o lábio inferior mais cheio que o superior. Meus dentes finalmente alinhados depois de alguns tratamentos, não posso dizer que são perfeitos, mas estão bons para mim. Tenho um rosto até bonito, apesar de agora estar pálido e ter olheiras escuras sob meus olhos.

Meus cabelos castanhos ondulados, finalmente bons depois de tantos tratamentos, estão destacados por causa de alguns fios de mexas cor de mel, agora bagunçados pela noite agitada. Depois dessa mudança finalmente posso notar que sou uma bela mistura dos meus pais. Meu corpo sofreu uma boa mudança também, sempre fui alta e tive ossos largos, mas a gordura que sempre me incomodou agora foi embora graças a meses de academia e corridas matinais, nada de dietas malucas, a vida já é curta demais para não aproveitar as coisas boas. Meu quadril é largo, meus seios são de tamanho médio e coxas grossas.

Para algumas meninas ter pernas grossas e bunda grande é maravilhoso, para mim, isso só dificulta em achar roupa, mas enfim, estou satisfeita comigo mesma. Eu mudei não apenas no físico, mas emocionalmente também. Tive muito tempo para pensar e amadurecer nessa temporada que estou aqui, pude trabalhar mais em mim mesma e em meus projetos, viver mais, aprender mais. Não sou mais a mesma garota de um ano atrás.

Marisol já havia me sugerido que voltasse e passasse meu último ano do colégio em casa, tenho que dizer que isso já me passou várias vezes pela cabeça e não é uma má ideia. Um ano para aproveitar e se divertir antes que cada um siga seu rumo, antes que nossas vidas se tornem ainda mais corridas e sérias, eu tenho certeza que diversão é o que não vai faltar, conheço bem os amigos que tenho.

Será bom curtir com a galera, ainda mais que Marisol e as garotas estão planejando nossa formatura desde o primeiro ano. Tínhamos prometido fazer isso todo mundo junto e eu nunca fui de quebrar promessas. Sempre fui corajosa em muitas coisas, mas sempre me acovardo quando as coisas se relacionam a sentimentos, sempre os empurro em algum lugar para lidar depois ou finjo que esta tudo bem, mas agora não da mais para fazer isso, talvez seja mesmo hora de voltar para casa e enfrentar alguns problemas, afinal, não se pode fugir para sempre.

Sorri para mim mesma, talvez seja uma boa decisão para começar o ano. Eu já tinha conversado com tia Elizabeth e Logan sobre voltar, eles me apoiaram, sei que agora não vai ser diferente. Bom, chega de tanta reflexão por uma manhã. Tomei um banho rápido para me livrar do suor, escovei os dentes, penteei os cabelos e os prendi em um coque frouxo, coloquei uma roupa confortável e sai para tomar café.

Desci as escadas um pouco mais relaxada, parece que depois daquela decisão e do banho, eu fiquei mais leve, como se um peso tivesse sido tirado de mim. Faz uns dez ou onze anos que meus tios moram em Roma, e tenho que dizer que eles conseguiram uma boa vida, sua casa é um exemplo disso. Um terreno espaçoso com um lindo jardim, um espaço para a piscina e uma pequena academia - acredite, mesmo depois de tanto tempo ainda me surpreendo com essa pequena extravagancia -, onde meu tio fica quando não esta no trabalho.

A casa é magnifica, daquela que se vê em filmes. Seis quartos, quatro deles sendo suítes, dois banheiros – um no andar de cima e outro no de baixo -, também havia a suíte de Ilda lá nos fundos, a governanta/faz tudo, (sim, eles podem ostentar a ponto de ter uma empregada em tempo integral). Um escritório, uma biblioteca onde passo um tempo de qualidade, sala, sala de jantar e uma cozinha enorme, isso fora os três lindos carros na garagem.

Tio Edgar é um medico muito dedicado e querido, bem conceituado, apesar de trabalhar muito faz o que pode para ter uma refeição em família. Tia Elizabeth é produtora de moda, sempre andando para lá e para cá fazendo o impossível acontecer, é uma profissional muito respeitada. Mesmo com o tempo apertado é uma mãe carinhosa e dedicada. Lesly apesar de ser três meses mais velha que eu e dois mais velha que Logan, seu irmão, é a princesa da casa. Não há nada que não consiga, principalmente quando o assunto é garotos, dificilmente fica com raiva e é bem preguiçosa, sempre falo que ela poderia ser um urso hibernando pelo tanto que dorme. Logan estuda em um colégio interno em Londres, é um garoto divertido, esforçado, inteligente e bastante focado nos estudos, não que também não festeje como a irmã, claro que ele sai.

Diria que me dou melhor com ele do que com Lesly, talvez por nossa forma de pensar ser mais parecida e os gostos em comum. São os primos a quem sou mais chegada, mesmo morando longe sempre passávamos nossas férias brincando na fazenda de nossos avós quando ainda estavam juntos.

Desci as escadas e fui para sala de jantar me deparando com uma mesa de café impecável. Ilda Donati é um amor de pessoa, trabalha na casa há sete anos e é uma das melhores cozinheiras do mundo, só perdendo para minha mãe, sei que sou suspeita para falar, mas é verdade. Já até falei para ela abrir o próprio restaurante, capacidade, talento e condições para isso eu sei que ela tem.

Ilda é daquelas pessoas para quem a idade parece nunca chegar, é bem conservada, ela nunca fala sua idade, o que acho um absurdo, mas eu chuto uns quarenta ou quarenta e poucos anos. Filha de uma brasileira com um italiano tem curvas sem igual e uma pele morena de dar inveja, rosto com traços marcantes e longos cabelos negros com pequenos e quase discretos fios grisalhos. Baixinha, de um temperamento forte e ao mesmo tempo dócil, sua beleza chama atenção. O jardineiro que vem de vez em quando arrasta um caminhão por ela, o carteiro já a convidou para sair. Nunca pensei que uma cantada barata em italiano ia ser tão engraçada, ela nunca ficou tão brava com Lesly, Logan e eu quanto naquele dia.

Todo mundo me esperava para o café, o que era um pouco estranho para uma manhã de domingo, não costumávamos estar todos acordados no mesmo horário. Passei meus olhos pela mesa rapidamente, tia Eliza toma seu café lendo o jornal, Lesly esta quase cochilando encima do prato, a mão agarrada ao celular e Logan come suas panquecas despreocupado, é sua última semana de férias, no fim de semana já estará partindo para Londres. Meu tio já não esta a vista.

—Bom dia, Safira! – falaram.

—Bom dia! – respondi me sentando – Cadê o tio Ed?

Minha tia baixou o jornal.

—Ele recebeu uma chamada urgente e teve que ir correndo para o hospital. – respondeu ela.

Pelos anos morando ali o sotaque é evidente quando falamos a nossa língua nativa, não que eu estivesse muito atrás, mesmo estando há apenas um ano aqui me embolo em algumas palavras quando ligo para casa, principalmente quando fico nervosa.

—Como dormiu esta noite, querida? - perguntou enquanto eu me servia.

—Não sei, - respondi sincera – tive um sonho estranho.

—Fala uma novidade, você sempre tem sonhos estranhos. – falou Logan.

Fiz uma careta para ele que apenas sorriu em resposta.

—Mas estranho que o normal e... Por incrível que pareça eu estou bem, ótima na verdade.

Minha tia avaliou meu rosto em busca de algum sinal de que estou mentindo para amenizar as coisas, o que seria minha típica atitude, mas não hoje. Ela anda preocupada com minha saúde, pelas noites sem dormir e horríveis dores de cabeça que ando tendo, acho que é normal você ficar preocupado quando vê sua sobrinha virando basicamente um zumbi.

Nunca dormi bem, sempre tive dificuldades, mas nos últimos dois meses tem sido uma verdadeira tortura. Pesadelos, sonhos estranhos (como o de hoje) e insônia, ás vezes passo dois dias tendo dormido apenas umas três horas, acordo desorientada no meio da noite e não consigo dormir por mais que tente. Tia Eliza me obrigou a ir ao medico, tio Edgar é cardiologista, esta fora de alcance do meu problema, mas me encaminhou para um amigo seu, ele era legal, mas o remédio que me receitou não fez efeito nenhum. Ilda fez chás diversos por varias noites seguidas, graças a ela tive pelo menos algumas noites de sono.

Os sonhos que eu tenho são sempre com um garoto que eu não posso ver o rosto, isso me perturbou por dias, por que não era a primeira vez que eu sonho com ele, já me acostumei a ele sempre aparecer nos momentos em que estou em perigo ou precisando de ajuda, não poder ver seu rosto ainda me deixa frustrada. Tenho uma bela coleção de desenhos em meu caderno de um garoto sem face, em alguns deles eu até rascunhei algum detalhe a mais do rosto, mas nunca nada demais. Uma vida de noites mal dormidas já faz parte do meu dia a dia, mas isso não quer dizer que as pessoas que vivem comigo vão se acostumar.

—Isso é ótimo! – falou aliviada.

Então começaram a conversar sobre outras coisas, bebi meu suco, agradecida por não insistirem no assunto e me perdi em meus pensamentos enquanto os observo. As manhãs de domingo são os raros momentos em que meus tios têm folga, eles tiram esse dia para saber de tudo que estamos fazendo e dar um descanso de suas vidas corridas.

Vendo eles sorrindo e conversando me fez imaginar o que todos estariam fazendo em casa. Meu irmão ainda estaria dormindo, minha irmã assistindo desenhos, minha mãe na igreja ou preparando o almoço e meu pai mexendo em alguma coisa no nosso quintal. Se eu estivesse lá, bem... Provavelmente estaria dormindo também. Domingo sempre foi o único dia que eu não tenho que acordar cedo, mas por algum motivo irônico é o único em que todos resolvem me acordar.

Esse pensamento me fez sorrir e perceber ainda mais o quanto sinto falta de casa, nunca passei tanto tempo longe. Eu tenho me mantido ocupada o máximo que podia para não pensar nisso, mas agora posso ver claramente, esta ainda mais evidente o quanto sou péssima em lidar com meus sentimentos.

—O que você tem hoje, Safira? – perguntou minha tia.

Levantei minha cabeça e notei que todos me olhavam rir sozinha, eu geralmente me perco tanto em pensamentos que acabo esquecendo que não estou sozinha, um reflexo da escritora que há em mim.

—Perdão, o que disse tia? – perguntei.

—Você esta mais distraída do que o normal hoje, tem certeza de que esta bem?

Sorri.

—Estou bem, é só que estive pensando...

—Novidade! – disse Lesly com sarcasmo remexendo sua panqueca – Você esta sempre pensando, Safira.

—E vocês sempre me interrompendo! Volta a dormir, Lesly. – ela deu de ombros e começou a digitar no celular.

—E no que estava pensando que a deixou tão fora do ar?

Comecei a dividir meu pão em pequenos pedaços.

—Bem... Er... Esse é meu último ano no colégio, meu tempo para aproveitar antes que as coisas fiquem realmente difíceis e achei que... – Logan arqueou a sobrancelha e sorriu.

O filho da mãe me conhece bem o suficiente para saber o que estou pensando.

—E achou que? – me incentivou a continuar.

Não tenho por que ficar enrolando quanto a isso.

—Que será bom voltar para casa e curtir minha família e amigos, afinal, com a faculdade ano que vem eu não vou ter muito tempo.

Logan aumentou seu sorriso e agora esta quase parecendo aquele gato da Alice no país das maravilhas, mas voltou para sua comida sem fazer piadinhas. Minha tia também sorriu, assentindo como se aprovasse minha decisão, o que claramente é o caso. Ilda piscou para mim satisfeita, apenas Lesly parece em choque.

—Não! – falou – Você não pode ir embora agora, eu não quero que você vá.

Sorri para ela, nós duas somos bastante amigas e fomos basicamente criadas juntas. Sei que ela gosta de me ter morando aqui, mas também espero que ela aceite minha decisão. Temos uma boa convivência é claro, mas não a ponto dela fazer tanto drama para que eu fique.

—Les, eu adoro essa cidade e o ano que passei aqui foi um dos melhores da minha vida, mas meu lugar não é aqui, minha vida não esta aqui. O meu lugar, pelo menos no momento, é em Hareton. – suspirei e olhei para meu copo – Eu andei pensando muito e mesmo amando o que vivi aqui, sei que não estou onde devo estar. Percebi que se vou viver tenho que enfrentar meus problemas, fugir não vai fazê-los desaparecer.

—Filha, a decisão é dela. Não pode obriga-la a ficar. – interveio minha tia.

Lesly largou o celular, ela geralmente é uma pessoa calma até demais, pelo menos na maioria dos assuntos.

—Não é você que sempre diz que tenho que parar de fugir?

—Não, quem diz isso é o Logan!

Escutei meu primo rir e joguei uma colher nele, fiz uma careta e me virei novamente para Lesly, justo hoje ela tirou o dia para ser difícil, não que tenham sido melhores depois da nossa pequena briga. Ela esta saindo com um babaca, meu dever como amiga e prima é de avisa-la, não é? Mas ao que parece não é isso que ela acha. Me pergunto se ter dois irmãos mais novos e um pai bipolar foi o que me fez ser tão paciente para lidar com seres temperamentais.

—Les, vamos curtir isso comigo, é algo que tenho que fazer. Você pode me ajudar a comprar presentes, ir comigo andar pela cidade, posso te ajudar a escolher seu vestido para o baile de boas vindas...

Fiz uma careta nesse último e Logan me lançou um olhar de Eu sei o que esta fazendo, apenas dei de ombros e olhando para minha prima posso dizer que consegui ganha-la. Minha tia escondeu o sorriso atrás da caneca, pelo visto ela também sabe o que estou fazendo.

Lesly suspirou.

—Tudo bem, vai ser bom dar uma volta na cidade e fazer comprar. – sorri satisfeita – Quando pretende ir?

Pensei um pouco.

—Até o final de semana que vem, essas são as duas últimas semanas de férias.

Minha tia pensou um pouco.

—Vamos ver o que consigo fazer, essas coisas ficam uma loucura nessa temporada. Podemos comprar sua passagem com antecedência assim como a de Logan...

Sorri satisfeita enquanto ela continuava planejando.

—Obrigado tia!

Ela sorriu.

—Que isso, acho que o ar de Hareton vai fazer bem para você.

Sorrindo uns para os outros voltamos a tomar nosso café. Agora é oficial e sem chances de voltar atrás, eu finalmente vou voltar para casa.

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