Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Quadro clínico

26 de fevereiro de 2017

Nesta última sexta-feira fui à revisitação da consulta médica com o psiquiatra que estava me acompanhando lá empresa. Encheu-me de perguntas, pediu para que eu fizesse alguns exercícios de abstração, depois me mostrou algumas figuras, vídeos, sons estranhos e me pediu que fizesse algumas associações. Foi um tanto quanto cansativo, repetitivo e estranho, uma vez que eu não estava entendendo qual a finalidade daquilo tudo. Depois, quando os exercícios terminaram, pediu para que eu me concentrasse na minha respiração por três minutos. Depois informou que eu teria trinta segundos para olhar a imagem, assim que acabasse o tempo eu teria que escrever uma carta.

— Mas uma carta pra quem? – perguntei.

— Para quem você quiser. Para você mesmo, para outra pessoa, para ninguém que exista de verdade. Apenas escreva uma carta, coloque nela o que vier em sua mente.

Era uma pintura com tons acinzentados. Um fundo cinza que lembrava uma névoa, no plano intermediário umas nuvens esbranquiçadas, uma representação de um mar escuro e na beira do que parecia ser praia uma figura humana de pé, com um buraco escuro no lugar do peito e um braço levantado com o coração vermelho vivo escorrendo sangue em sua mão direita, como se fosse atirar ao mar. Havia mais alguns detalhes, mas antes que eu pudesse observar, havia acabado o tempo, dos trinta segundos, gastei quase todo ele observando o coração fulgurante no centro da tela acinzentada.

— Acabou seu tempo! – disse o médico – Agora dê um título a obra e escreva uma carta. Você tem vinte minutos. Se necessário, refaça o exercício de respiração e relembre a imagem, quando sentir que está pronto, coloque-se a escrever. Vou sair e voltarei quando o tempo acabar, quando soar o alarme você precisa parar de escrever, isso se ainda estiver escrevendo – ele colocou papel e caneta sobre a mesa, ligou um timer e saiu da sala.

Passei dois minutos olhando para a folha em branco e seguindo a orientação médica, refiz o exercício de respiração. Logo me veio um título para o quadro – "A ti entrego o meu coração" –

Pus-me a escrever de maneira quase que automática, não pensava no que estava escrevendo, apenas sentia meu coração arder e esse calor tomava conta de mim e seguiu ardendo. Não via mais a folha diante de mim, via apenas o coração em brasa na mão ao ar, pronto para atirá-lo no mar. Não sei como, mas em minha mente o quadro ganhou vida, virou um filme rodando de trás para frente. Quadro a quadro as ações iam rodando e voltando à origem de maneira rápida e frenética.

A mão voltou e recolocou o coração no peito, passo a passo a pessoa voltava da praia para a avenida, da avenida para dentro do táxi que rodava de ré até uma casa da qual o estranho personagem havia saído. Da entrada até a cozinha onde recolhia o bilhete que havia sido depositado na mesa. Da cozinha para as escadas que levavam até um quarto escuro. No breu do quarto nada se podia ver, mas podia-se ouvir soluços, podia-se sentir o gosto salgado das lágrimas, a umidade no rosto e uma dor profunda e sem fim.

Quando tudo silenciou, o filme voltou a rodar no sentido correto, da origem do breu à margem do mar e no fim, o coração arrancado e fulgurante era lançado ao mar, arrastado pelas ondas até a parte mais distante e comido pelos peixes que o viram afundando aos poucos como num último pulsar. Na beira da praia o corpo sem o coração, caia na areia no mesmo instante em que o coração era devorado pelos peixes.

O alarme sonoro me tirou do frenesi da escrita e no mesmo instante o médico entrou, larguei a caneta e quando olhei duas páginas inteiras haviam sido preenchidas e eu sequer sabia o que havia ali. Estava absorto pelas sequências de imagens criadas em minha mente a partir da imagem original. Como isso era possível? Que truque médico foi usado para que eu escrevesse sem nem me lembrar do que escrevi.

O médico recolheu a folha e passou a ler a carta, evitou fazer qualquer expressão que pudesse dar alguma dica do que achou. Nem sinal de reprovação ou aprovação do que estava lendo, mas eu sentia que algo havia mexido com ele, uma microexpressão faiscou em seu olhar e me senti extremamente incomodado com algo que eu nem sabia o que era.

— Muito bem – disse ele recolhendo um envelope, colocando a carta dentro, selando-a e entregando a mim – O que o levou a escrever tudo isso? – perguntou de maneira direta.

— Eu não sei, não me lembro de nada do que escrevi. Apenas escrevi – falei com um tom incerto.

— Você não se lembra de nada? Nem um trecho da carta?

— Não, só me lembro do título. "A ti entrego o meu coração."

Ele silenciou por um minuto que pareceu uma eternidade. Depois envelopou a carta e entregou a mim, disse-me para esperar pelo menos trinta dias antes de ler a carta, que a releitura fazia parte do processor. Em seguida me entregou uma nova receita, explicou que do ponto de vista clínico não havia nada de errado comigo, mas que manteria a mesma medicação, mas com uma dosagem mínima. Assim, despediu-se de mim e disse que agora eu não precisaria mais retornar com ele, as receitas seriam renovadas automaticamente até que fossem retiradas as medicações. Explicou que todas as receitas seriam entregues na caixa posta que os funcionários têm na empresa.

Na empresa as coisas não haviam mudado muito. A Hiroko me mantinha na equipe de vendas, mantinha as advertências por baixo desempenho, o que limitava minha participação nos processos de carreira dentro da empresa. Recebia resposta do departamento de R.H sobre minha solicitação de alteração de equipe que não fosse chefiada pela Hiroko, indicando o problema. Foi recusado, ou seja, eu continuaria trabalhando para a equipe dela. Se era assim, eu continuaria precisando respirar fundo e não responder aos assédios dela.

Eu estava feliz por não precisar tomar tantos remédios e ter diminuído a dosagem. Estava feliz porque, se por um lado a implicância da Hiroko contiuaria, por outro lado eu não precisaria me esforçar tanto para vender uma vez que independente de eu bater a meta ou não, e eu nunca bateria porque ela sempre colocava minha meta acima das do demais alegando acumulo do mês anterior. Eu nunca tinha visto algo assim, então, manteria meu ritmo de compromisso, mas sem entrar na loucura dela.

A notícia boa da vez é que a Márcia havia reatado com o noivo dela e me senti feliz por não ter cedido aos apelas dela no cruzeiro. Tenho certeza de que seria algo do qual ambos nos arrependeríamos, eu porque com certeza me sentiria descartado, ela porque teria agido por impulso.

A casa da frente continua sendo um silêncio enorme e sua dona uma incógnita. Seja quem for, de fato não mora na casa, apenas a visita de quando em vez. Parei de ficar observando por longos períodos, até porque, é quase certo que quando ela estiver por aqui, deixará algo na minha caixa de correios. O ponto negativo é que minha mãe realmente não estava entrando em meu quarto mais e pouco estava falando comigo e isso para mim é uma penúria, mesmo com nossos problemas de relacionamento.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro