Prólogo
Não me lembro muito bem da minha infância ,mas daquele dia eu me lembro como se fosse ontem.
Era inverno naquela época do ano,e de todas as estações era a única que eu odiava.
Eu estava parado de pé olhando pela janela vendo a neve cair e aos poucos um imenso tapete branco cobria tudo aquilo que tocava, as poucas pessoas que passavam estavam fortemente agasalhadas, na rua havia um homem tirando a neve de seu carro, no quintal de casa tinha duas crianças brincando com um boneco de neve, uma menina e um menino. Mas toda aquela neve não as impediam de sorrirem, andarem abraçadas. Estavam felizes. Eu odiava tudo aquilo, era tudo uma grande falsidade!
Grunhi.
Me despertei do pensamento quando ouvi algo quebrar na cozinha e logo em seguida vieram as vozes.
- Seu idiota é tudo culpa sua! Você devia ser mais presente na vida deles. Você só pensa na droga daquele trabalho. - Gritou histericamente a mulher na cozinha.
- Já disse! Não tenho tempo, principalmente agora, estou cheio de processos para verificar e você sabe disso. Porque não vai você! E para de gritar sua louca. - Gritou ainda mais alto a voz masculina.
- Ham! O que você tem nessa sua cabeça ,lhe avisei que nesse mês você cuidaria das crianças ,marquei a maioria das cirurgias pra esse mês. Você é pai delas é sua obrigação - Gritou a mulher.
Tapei os ouvidos, não queria escutar mais nada me machucava demais. Porque eles brigavam tanto. Virei- me para o espelho e vi meu rosto estava vermelho, meus olhos ardiam por causa das lagrimas e por mais que eu não quisesse ouvir, por mais que eu tampasse meus ouvidos mais eles gritavam. Fiquei com falta de ar, eu sufocava demais meu choro, engolia cada grito que ameaçava sair, cada sentimento eu repremia-os. Então não aguentei. Explodi e sai correndo.
- Cala boca - gritou a mulher
- Cala você sua louca, não tenho tempo para seu ataques - Gritou o homem.
Passei pela cozinha correndo. Abri a porta e uma lufada de ar gelado passou pelo meu corpo.
- Haru aonde você vai, volte aqui - Gritou a mulher.
Corri e meus pés afundavam sobre a cobertura gelada, porém não sentia, meu corpo estava quente. Corri pela rua ignorando os gritos que me chamava, depois de alguns minutos parei, estava quase sem ar, inspirei um pouco e senti o ar gelado em meus pulmões senti o frio. Eu não havia percebido que tinha saido de casa apenas com uma blusa de manga comprida,uma calça de moletom e um chinelo velho, não havia ninguém na rua eu não poderia pedir por ajuda, estava sozinho. Fechei o braços afim de me esquentar, meus pés doíam e minha pernas fraquejaram. Tropecei na calçada e bati com a cabeça no chão, minha cabeça latejava muito, toquei minha mão na testa e percebi que estava sangrando, peguei um pouco de neve do chão e coloquei onde ardia, em seguida me levantei e começei a andar vagarosamente, estava muito frio.
Percebi que meu chinelo havia arrebentado a tira, arranquei as dois e joguei-os foras. A neve agora estava muito mais gelada e pés começaram a arder. Percebi um parque logo na frente, corri com minhas ultimas forças na esperança de encontrar alguem lá. Mas nada, de longe avistei uma casinha de bonecas, corri e entrei. Minhas pernas fraquejaram novamente e cai. Me encolhi no canto da casinha pra me abrigar daquele frio cortante. As paredes estavam úmidas e geladas, minhas mãos haviam congelado e a pele dos meus pés haviam saido um pouco e sangravam um pouco.
Começei a chorar novamente. Por que corri e fugi, eu queria meus pais, queria eles me abraçando e dizendo que tudo ia ficar bem e queria eles apaixonados um pelo outro, eu queria a felicidade. Aos poucos estava perdendo minha consciência, mal conseguia me mover. Todo era dor... Definitivamente eu odiava o frio...
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