CAPÍTULO 30
O resto da manhã foi na piscina, conseguimos deixar a história do quadro de lado. Depois do almoço Fernanda e Marcelo foram pra sua casa, Carolina também foi para a dela. Mateus e Michael levaram Caio para passear, eu e Marcos aproveitamos para tirar um cochilo, não dormimos muito ontem e acordamos cedo hoje.
Eram por volta das quatro da tarde quando Marcos veio nos deixar em casa, Caio tentou de todas as formas ficar na casa dos tios, mas mudou de idéia quando Marcos falou que ia com a gente.
— Eu preciso ir em casa olhar alguns papéis e assiná-los, amanhã cedo tenho que entregá-los. Mas venho dormir com vocês, combinado? — Marcos diz assim que coloco meus pés na sala.
— Combinado. — Me despeço com um beijo caloroso. Ele vai até Caio, e se despede passando a mão nos seus cabelos.
Vou até o canto da sala e pego o quadro levando-o para os fundos da casa, para não correr o risco de Caio ver. Não vou jogar fora, é a única prova que tenho.
— Mamãe? — Escuto ele chamar.
— Oi, filho. — Grito.
— Estou com fome — responde ainda deitado no sofá.
Vou até ele.
— Quer uma frutinha? — Ele concorda.
Vou até a geladeira e tiro uma maçã, corto em quatro partes, tiro as sementes e levo para Caio em seu pratinho.
Volto para a cozinha atrás do meu celular, desde ontem não pego nele, encontro-o dentro da minha bolsa.
Tem uma mensagem de Laila.
Laila: Está em casa?
Maju: Acabei de chegar, por quê?
Não demora pra ela responder.
Laila: 10 minutos chego aí.
Maju: Ok
Aproveito o tempo e vou colocar a roupa suja na máquina.
Alguns minutos depois a campainha tocou, fui abrir na espera de Laila, mas me surpreendo em ver Carlos Eduardo ali. Meu coração dá uma acelerada, uma sensação diferente percorre meu corpo, era medo. Ainda não sei quem fez aquilo com meu quadro, as suspeitas sobre ele ainda não foram descartadas.
— Boa noite, Maju. — Fala sorridente.
— Boa noite, Carlos. — Respondo educada.
— Você está bem? Parece assustada — se aproxima. Dou um passo pra trás.
— Está tudo bem, o que você quer?
— Quero levar o Caio para escolher seu presente de aniversário. Vocês estão ocupados? Posso levar ele?
Não! Era o que eu queria falar. Mas ele é pai, não tenho esse direito.
— Caio, seu pai está aqui. — Chamo meu filho que sai correndo do sofá.
— Papai...
— Oi, filho. — Carlos se agacha para pegar nosso filho no colo.
Várias lembranças vêm na minha cabeça com essa cena, lembranças de quando éramos uma família, uma família feliz, antes de Carlos e Maria Luiza estragarem tudo.
Caio ainda estava arrumado e foi com o pai. Voltei para a sala e desliguei a tevê.
Devia ter perguntado alguma coisa a Carlos sobre o quadro. Será que foi ele?
A campainha toca, imagino que agora seja Laila.
Quando abro a porta vejo minha amiga com seu sorriso grande no rosto. Ela entra e vai para sala.
— O que houve? — Pergunto fechando a porta.
— Como assim o que houve? — Ela devolve a pergunta.
— É difícil receber uma visita sua, então suponho que está acontecendo algo. — Dou a volta no sofá para sentar ao seu lado.
Quando olho para minha amiga vejo lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
— Laila, o que aconteceu? — Pergunto e me aproximo mais ainda dela.
— Eu sou uma tola. — Diz chorando.
— Vem cá. — Vou para a ponta do sofá, pegando o pequeno travesseiro colocando sobre minhas coxas. Laila deita e repousa sua cabeça sobre ele.
Faço carinhos em seus cabelos e espero ela se sentir à vontade para falar. Laila continua chorando por alguns minutos e depois fala:
— Mateus me pediu em namoro.
— E isso é ruim? — Questiono baixinho.
— Eu não sei, Maju. Eu não consigo mais entrar em um relacionamento.
Quando Laila era mais jovem, antes de vir morar aqui em Vermont, namorou Pedro, o cara perfeito. Conquistou minha amiga em dias, era companheiro, carinhoso e amava Laila acima de tudo. Depois de dois anos de namoro eles noivaram, foi quando tudo mudou. Pedro tornou o relacionamento maravilhoso em um abusivo, ele proibiu Laila de ver os amigos, de sair, até nas roupas da minha amiga ele queria mandar. Laila não se submeteu, e as ameaças começaram a surgir.
A relação dela com a sogra na época era muito de mãe e filha, depois das ameaças não tinha muito o que fazer, o medo fez minha amiga contar tudo para a mãe dele, que deu dinheiro para Laila fugir para cá e morar com sua avó. Pedro ainda tentou descobrir para onde sua amada tinha fugido mas sua própria mãe não contou, alguns meses depois Laila recebeu uma ligação com a notícia que Pedro tinha sido internado, após vários exames de sangue foi constatado que ele estava sob efeitos de drogas e diagnosticado com problemas psicológicos.
Mesmo depois de saber disso, minha amiga nunca mais voltou ao Brasil.
Assim como eu, Laila é brasileira, mas só a conheci aqui, ela se candidatou a vaga para trabalhar comigo, desde então estamos juntas, ela me contou sua história quando um cara se interessou por ela e queria namorar, Laila o dispensou.
— Mateus não é o Pedro.
— Mas Pedro era igual a ele no começo.
— Você acha que Mateus é capaz de bater em você? — Pedro não chegou a agredi-la fisicamente, mas ameaçou e até levantou a mão para ela.
— Não!
— O que você respondeu ao pedido dele? — Continuei com as perguntas.
— Que não queria namorar com ele.
— E o que ele disse?
— Eu não sei, saí correndo de onde nós estávamos — responde e volta a chorar.
— Era por isso que ele estava tão quieto ontem e hoje. — Falei baixo mas Laila escutou, ela se levanta limpando o rosto com a mão.
— Meu Deus, eu te enchi com meus problemas e nem te perguntei como foi o jantar. — Tenta sorrir.
Contei a ela tudo o que aconteceu.
— O Marcelo parece ser muito maduro, mesmo sendo tão jovem. — Minha amiga conclui.
— Mas é encantador também.
— Todos são, mas mudando de assunto, você tem alguma suspeita?
— Na verdade não sei, os rapazes acham que foi a Natália. — Respondo sincera.
— Eu também acho, ela ou Malu, o Carlos é um otário mas não faria isso.
Laila tem razão, Carlos não iria assustar a mãe de seu filho, e nem seria cara de pau de vir aqui no mesmo dia. Tenho para mim que Carlos está sendo uma marionete nas mãos da Malu, o que é pouco para o que ele fez, porém me pergunto como ele se tornou esse homem, totalmente diferente por quem me apaixonei um dia, muito diferente do homem com quem fui casada.
— Você sabe que precisa conversar com Mateus né. — Não vou deixar ela escapar.
— É, eu sei — diz cabisbaixa. — Será que ele vai querer me ouvir?
— Só saberá se tentar. — Dou uma piscadela — relaxa, Mateus é louco por você, não vai desistir fácil.
— Obrigada por me ouvir — chego mais perto para abraçá-la.
Depois de um abraço apertado e mais um pouco de conversa, Laila vai embora. Não demorou muito e a campainha tocou de novo. Abro a porta e vejo Caio nos braços do pai com vários brinquedos.
Ao colocar Caio no chão, ele permanece ali, entre nós dois.
— Carlos, eu preciso conversar com você, sobre a escola de Caio. — Informo.
— Claro Maju, pode ser ago...
— Tio Marcos. — A voz de Caio interrompe a do pai.
E nós dois viramos a cabeça para olhar na direção que nosso filho sai correndo.
Marcos estava escorado em frente ao seu carro que até então não tinha ouvido chegar.
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