CAPÍTULO 20
Espero a resposta de Júlia, tento analisar a expressão do seu rosto mas não consigo decifrar.
Estou aqui diante da mulher que fez com que meu coração batesse forte outra vez, que consegue arrancar um sorriso meu com apenas um simples "alô" ou um "tudo bem?".
— E o papo de ser paciente, Senhor Marcos? — pergunta sorrindo.
Eu gosto quando ela me chama de Senhor Marcos.
— E estou, paciente demais esperando sua resposta — encaro seus olhos castanhos, são tão claros que é possível que fiquem amarelos na luz do sol.
Tá bom, acho que exagerei, ou não.
Sinto suas mãos deslizando por baixo de minha blusa, meu corpo automaticamente se arrepia, essa mulher me tem nas mãos e não faz idéia.
— Qual é Júlia? — Dou um beijo no seu pescoço — não é um pedido de casamento. — Dou outro beijo nela — ainda.
Ela abre os olhos um pouco arregalados, acho que lhe assustei, não era a minha intenção, encosto meus lábios nos seus e a beijo para tranquilizá-la.
Seus lábios ficam rosados depois do beijo, isso só aumenta a minha vontade de beijá-la outra vez.
— Eu aceito.
As duas palavras preferidas na minha vida.
Volto a beijá-la e juro que estou me controlando para não arrancar suas roupas aqui nesse sofá.
Estou me viciando nessa mulher, mas uma vez estou sendo deixado me levar por um lindo par de olhos e um belo decote.
Dessa vez algo me diz que é diferente, duas pessoas totalmente destruídas se permitindo serem felizes novamente.
Júlia tem medo que eu a deixe, eu porém, estou com o mesmo medo, medo de ser abandonado novamente.
Minutos depois saí da casa de Júlia e fui diretamente para o meu apartamento.
Meu sorriso transbordava no rosto, doido para ligar para minha namorada e conversar com ela como estávamos fazendo esses dias, mas meu sorriso se desfaz quando vejo uma figura sentada na minha sala com uma garrafa de Whisky na mão.
Quase acionei o botão do alarme para meus seguranças quando reconheci a pessoa.
— O que você está fazendo aqui? E como você entrou na minha casa? — Pergunto.
Natália balança uma chave no ar, a chave que a dei anos atrás.
— Eu vim ver você — Pelo tom percebi que ela não está sóbria, olho para a garrafa e vejo que está quase na metade.
— De onde você tirou isso? — apontando para a garrafa ainda sem me mover do lugar.
Eu não tenho bebidas aqui.
— Comprei para nós dois, pensei em vim aqui para repetirmos o que fazíamos a alguns anos atrás — diz brincando com o copo que está em suas mãos.
Eu e Natália costumávamos comprar bebidas para nós, colocavamos uma boa música e dançávamos, depois de estarmos bêbados fazíamos sexo aqui na sala.
Era nosso programa nas quintas feiras, era um dos meus programas favoritos.
— Eu não bebo mais!
— Não? — pergunta, confirmo com a cabeça e me aproximo da mulher que tanto amei. — Te vi saindo, te segui e vi você com aquela mulher do leilão e um garoto, você gosta dela? — Natália olha pra mim pela primeira vez na noite, seus olhos estavam vermelhos e inchados de chorar.
— Naty olha...
— Não adianta negar! Eu vi como você olha para ela, eu sei porque você me olhava daquela maneira — me interrompe.
— Eu não ia negar. — falei calmo.
— Como você pôde fazer isso, Marcos? — pergunta chorando.
— Foi você quem me deixou Natália, o que você achou? Que eu ia te esperar para sempre? — digo me alterando.
— Eu não te esqueci, e não estou com outra pessoa, ao contrário de você — levanta com o copo na mão.
— Eu lamento, mas eu vivi um inferno quando você foi embora e me largou, sofri tudo o que eu podia aguentar e quase acabei com minha vida, por sua causa.
— Você acha que foi fácil para mim também? O que eu mais queria era largar tudo e voltar para você.
Não esperava por essa e nem sei porque está me falando isso só agora.
— Mas não largou, eu tentei achar uma solução para nós e você não quis sequer me ouvir — relembrar isso não é nada bom, me faz lembrar todo o sofrimento, mas também me lembra de toda a raiva.
— Mas agora estou de volta, podemos esquecer isso e darmos mais uma chance para nós.
— As coisas não são mais as mesmas, Natália, não podemos apagar tudo isso e voltar a ser como antes, não dá!
— Por quê não? — insiste.
— Porque eu gosto de outra mulher...
Em um gesto rápido Natália joga o copo que estava em sua mão na minha direção, agradeço por ela ser ruim de mira, o copo passou um pouco longe do meu rosto.
— Você ficou louca? — olho para os cacos de vidros no chão.
— Por que você fez isso comigo Marcos? Com nós dois! Me trocou por uma mulher sem sal, mãe solteira e uma gorda...
— CALA A BOCA! Lave sua boca para falar da Maria Júlia — dou alguns passos em sua direção.
Estou buscando forças de onde não sei para me controlar e não fazer uma besteira.
Natália não se acanha e nem desvia seus olhos dos meus, ela me enfrenta, vejo que nisso ela não mudou.
— Já está até defendendo ela, poxa Marcos, passamos cinco anos juntos, eu te conheço e você me conhece a tanto tempo e vai preferir essa mulher que conheceu agora?
— Você está enganada, eu não te conheço mais e garanto que a mim você também não.
— Vai dizer que o amor acabou? Que não sente nada por mim? — ela se joga em meus braços e tenta me beijar.
— Para com isso Natália, as coisas não são mais as mesmas, eu não sinto mais nada por você, e se quiser que a consideração que ainda tenho por você continue pare de fazer esse show.
Ela se afasta e volta para a cadeira onde estava alguns minutos atrás.
— Você está mentindo, você está com raiva e está falando isso para que eu sinta dor, quer me fazer sentir a mesmo dor que fiz você sentir.
— Pare de se enganar, Natália — começo a andar de um lado para o outro.
— Eu não vou desistir, não vou te perder para aquela mulherzinha.
— JÁ CHEGA! Saí da minha frente Natália — falei indo em direção a porta, ela continua parada me olhando confusa — AGORA — abro a porta e espero ela sair.
— Isso não vai ficar assim — diz ao passar por mim.
— Natália? — ela me olha esperando eu falar — as chaves.
Estendo a mão, ela revira os olhos e tira as chaves do bolso traseiro das jeans colocando em minhas mãos, me olha mais uma vez e se vai.
Bato a porta com força.
— Era só o que faltava.
Mando uma mensagem para Júlia lhe desejando uma boa noite, não tenho retorno, talvez ela já esteja dormindo e é exatamente isso que vou fazer.
Limpo os vidros do chão, tomei um banho e fui para a cama, não posso deixar que as bobagens de Natália estraguem minha noite.
Acordo com a luz do sol no meu quarto, com tudo que aconteceu ontem esqueci de fechar as cortinas.
Como de costume procuro meu celular para falar com Júlia, quando desbloqueio o aparelho vejo uma mensagem de um número que não tenho gravado, ao ler o que diz a mensagem suponho que seja Natália.
Bom dia, Marcos, desculpa por ontem, eu não sabia o que estava fazendo, desculpa.
Vou fingir que acredito por consideração ao seu pai que é um grande amigo da família e um sócio da empresa. Não respondo sua mensagem, não tenho que falar, ela já fez o show ontem, dei atenção demais.
Procuro o número de Júlia e liguei em seguida, ela atende no primeiro toque.
— Bom dia namorado — e basta isso, só isso para eu esquecer natália e todo o resto.
— Que bom dia mais gostoso — escuto seu sorriso — E ele pode ficar melhor.
— Ah, é? Como? — pergunta, ela tá tentando disfarçar mas percebo que sua voz está estranha.
— Se eu passar ele do seu lado.
— Ótima ideia, na minha casa ou na sua?
Está acontecendo alguma coisa, tenho certeza. Essa voz não é da Júlia que eu falo todos os dias.
— Na sua, em um hora estarei aí.
— Vou deixar o Caio na casa do pai dele e te espero aqui.
— Júlia?
— Oi?
— Está tudo bem?
— Conversamos quando você chegar aqui!
— Tá bom.
Será que ela se arrependeu de ter aceitado o pedido?
Mas o seu bom dia foi verdadeiro, mesmo tentando disfarçar a tristeza ou raiva.
Sem mais demora fui tomar um banho e me trocar, não consigo mais ficar longe de Júlia.
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