CAPÍTULO 13
Mas uma vez eu queria sumir, pela humilhação que eu estou passando, Carlos estava sorrindo para todos e minha irmã com o braço agarrada ao dele, os dois elegantes à altura do evento.
Eu não consegui desviar meus olhos, como ele teve essa coragem? Como ele pode fazer isso comigo depois de tudo que passamos juntos?
Olho ao redor e vejo as pessoas cochichando baixo umas para as outras, vários olhares de pena virados em minha direção, até mesmo pessoas que eu nunca tinha visto julgavam essa situação horrível que eu me encontrava.
Volto a olhar para o casal quando meu olhos se encontram com os de Carlos, os dele se arregalaram um pouco ao me ver, ele parecia surpreso com minha presença. Mas por quê? Ele sabia que eu estava organizando o leilão.
— Eu não acredito que ele teve essa coragem. — Laila fala com raiva.
— Nem eu! — Balbucio me virando para ela.
— Você quer ir embora, amiga?
— Não, não posso dar a eles esse privilégio, e não vou dar mais motivos para falarem de mim. — No palco escutamos a voz de Doutor Breno agradecendo todos que o ajudaram e chamando para subirem no palco.
— Você sabe que ele irá chamar nós duas, né? Se você quiser posso falar por você Maria Júlia.
— Não Laila, é isso que eles querem, que eu me afete, que eu me esconda, mas eles não vão conseguir, eu vou subir naquele palco e vou mostrar para a Malu o que é ser uma mulher de verdade, que trabalha, que ajuda o próximo e não ficar por aí atrás de homens ricos e casados.
— É isso aí, é assim que eu gosto — ela deu um gritinho e pegou uma taça de champanhe para mim. Bebemos o líquido de nossos copos de uma só vez — Você vai arrasar.
— E agora quero apresentar a todos vocês, as duas mulheres que fizeram esse ambiente ficar agradável, aconchegante e elegante para vocês, elas foram atrás de doadores e pessoas voluntárias para nos ajudar hoje, por favor subam ao palco Maria Júlia e Laila.
— Agora vamos Maju.
A cada passo que dou para subir ao palco meu coração acelera, Cadu, Malu, Marcos, todos estão lá embaixo, vou ser o centro das atenções por alguns minutos.
— Boa noite, sou a Maria Júlia e essa é a Laila. — Começo a falar e paro um pouco para olhar o público e meus olhos caem direto sobre Carlos que está me encarando. Conheço esse olhar, parece arrependido, ao seu lado Malu não parece feliz. Minhas mãos começam a soar e eu não sei o que falar, varro os olhos pelo salão mais uma vez e duas íris azuis cristalinas me prendem, o homem elegante que possui esses olhos faz um sinal positivo com a cabeça para que eu continue, me prendo naquele olhar e continuei — quero agradecer a todos os doadores e colaboradores deste evento, é uma causa nobre e todos com quem falei não hesitaram em ajudar — desvio meus olhos de Marcos por algum segundo mas logo volto a encarar — quero te parabenizar Doutor Breno, pela sua linda iniciativa, pelo que você está fazendo para as vidas futuras e agradecer pela confiança que você depositou em nós, sentimos muito honradas quando você nos procurou, e agradeço todas as pessoas que nos ajudou, que doou tudo o que podia, talvez não estejam aqui, mas mesmo assim eu deixo o meu sincero obrigada. Dou a palavra que todo o esforço e dedicação de quem está ajudando vai valer a pena futuramente, tenham uma boa noite, escolham um quadro e deem o lance mais alto por ele. — Todos sorriem com a brincadeira — aproveitem a noite.
Quando termino de falar os som das palmas preencheu o lugar.
Recebi um abraço apertado da minha amiga assim que descemos do palco.
— Queria ser tão forte como você — separa só o tempo de falar isso e me abraça de novo.
Uma lágrima solitária escorre pela minha face.
— Não chora, Maria Júlia.
— Eu não estou chorando, foi só uma lágrima que escorreu, olha, até já limpei — e era verdade, foi só uma lágrima que não me obedeceu — Laila, eu não choro mais pelo Carlos, e você acha que vou estragar essa maquiagem que deu tanto trabalho para fazer? — Pisco para ela.
Mas a quem eu estava querendo enganar? Eu não sei o que está me mantendo de pé. Eu não merecia isso, nada disso.
Carlos nem de longe está parecendo com o cara que me casei, com o cara com quem namorei, até parece duas pessoas totalmente diferentes. O homem por quem me apaixonei não faria isso comigo.
— Ele não merece nem o seu perdão que dirá suas lágrimas, amiga.
— Você se importa de eu ficar um pouco mais reservada? Não quero ter que encarar os dois.
— Claro que não, deixa que eu represento a empresa hoje.
— Obrigada.
Minha amiga começa a conversar com algumas pessoas e eu procuro o lugar mais vago que é perto do bar.
Pego uma taça de champanhe e me sento em uma banqueta no final do balcão e fico olhando aquela dúzia de garrafas na prateleira. Sou fraca para bebida, tomei uma taça de champanhe e estou indo para a segunda, é o meu limite.
A expressão de surpresa quando Carlos me olhou foi estranha, ele sabia que eu estaria aqui, por qual motivo estava surpreso?
Eu só faltaria se tivesse acontecido ao com Caio ou se… estivesse deprimida demais, e isso aconteceria se Carlos tivesse me machucado mais do que já tinha.
Comecei a somar um mais um e não sou boba para saber que dormir comigo e partir o resto do meu coração seria um motivo para eu não aparecer hoje. Não sei se eu posso ficar mais decepcionada e surpresa com tudo que meu ex-marido vem fazendo comigo, mas dessa vez foi a última, já basta, enquanto eu der bola ele não vai parar, preciso dar um fim em tudo, preciso arrancar Carlos da minha vida de uma vez por todas, ou nunca vou ter paz.
Tomo um pequeno gole da bebida e continuou minha admiração pelas garrafas em minha frente.
— Esse aqui é melhor — tomei um susto quando colocaram um copo com bebida na minha frente, pelo cheiro era whisky — desculpa ter te assustado — não precisava nem olhar para saber quem era.
Marcos ocupou a banqueta ao meu lado.
— Obrigada, acho que hoje estou precisando — falei me referindo a bebida — O leilão está tão chato assim que veio ficar com uma desconhecida?
Me arrependi do que falei assim que calei a boca, não tinha o direito de brincar sem nem saber se ele ia ficar aqui comigo.
— Você não é mais uma estranha para mim, até já paguei o conserto do seu carro — sorri com seu comentário, primeiro sorriso sincero depois que cheguei aqui. — Eu não entendo muito sobre artes, vim para ajudar essa brilhante ideia.
— Eu também não entendo, já deu seu lance? — Tento puxar assunto.
— Não, Fernanda gosta de artes, como seu aniversário foi a poucos dias lhe dei um quadro desses de presente, ela vai escolher e dar o lance, meus irmãos e meus pais fizeram o mesmo — diz como se fosse a coisa mais natural deste mundo.
— Uau, que presentão.
Dou uma olhada ao redor, me certificando se tinha alguém olhando nossa proximidade e paro de novo nos olhos da tal Natália.
— Tem certeza que Natália é só sua amiga?
Marcos me olhou um pouco com os olhos arregalados.
— Porque você está perguntando isso?
Pelo simples fato dela não tirar os olhos de você?
Marcos suspirou e falou:
— Não, não mais, relaxa ela deve está atrás de um acompanhante para sair daqui.
— Atrás de um acompanhante rico? — Marcos dá um sorriso concordando. Acho que ele esquece que é rico e pode ser ele o acompanhante que ela quer! — Parece até minha irmã, a diferença é que Maria Luiza já achou e é o meu ex marido — eu acabei rindo, um sorriso sem graça que quase se tornou em um choro, mas vou manter minha palavra, não vou chorar.
Marcos me olhava surpreso, ele tenta abrir a boca, como se estivesse tentando achar as palavras certas. Ele chama o bartender e paga mais uma bebida, eu nem toquei na que está na minha frente.
— Você está precisando.
— Está querendo me embebedar, senhor Sales? — Chamo de senhor para descontrair. A segunda bebida era um drink da cor azul, experimento e é muito gostoso, viro o copo todo de uma vez saboreando o gosto doce. — Tudo o que fizer depois dessas bebidas será responsabilidade sua — Marcos está com um sorriso lindo no rosto, pelo menos minha vida fodida serve para fazer alguém rir.
— Combinado senhorita Mendes, estarei responsável por você hoje à noite.
Algo dentro de mim queria que ele fosse.
Desfiz meu sorriso e encarei o cara na minha frente, não posso deixar isso ir longe, Marcos é um bom amigo, só isso Maria Júlia. Mesmo que suas palavras tivessem um certo poder sobre meu corpo.
— Eu não sabia que aquela mulher era sua irmã — voltei a encarar Marcos quando falou.
— Muitos não a conhecem, mas aposto que a partir de amanhã todos conhecerão — levo o copo até a boca e faço uma careta, esse não era doce, mas era forte e é exatamente isso que preciso agora. — Você não quer? — Ofereço o whisky.
— Eu não bebo, não mais, tive alguns problemas com a bebida — quase gargalhei quando ouvi o que disse.
— Você já teve problema com bebida e está me incentivando a beber? — Perguntei encarando-o e recebo outro lindo sorriso.
Desse jeito vai ser difícil acreditar que somos só amigos.
Acho que a bebida já está pegando.
— Eu exagerei, você tem cara de que não bebe muito — sorrio sem jeito. — Eu sofri muito por uma mulher, eu não imagino sua dor, o que você está sentindo. Mas quando eu estava na pior parecia que só melhorava quando eu estava embriagado.
— Por isso o problema?
— Sim, por isso o meu problema — Ele repete.
— Eu sou uma burra, isso sim. Confiei, amei demais e olha só o que eu ganhei em troca — falei e virei todo o líquido que estava no copo em minha boca.
— Você não é burra Maria Júlia, você só mostrou seu universo para alguém que não sabe observar as estrelas — Ele coloca sua mão sobre a minha e aperta.
Será que ele tinha razão? Será que eu posso ser feliz de novo? Encontrar outro homem totalmente diferente de Carlos?
Não sei de onde veio a coragem, talvez do álcool, olho direto nos olhos dele e perguntei:
— E você senhor Marcos, sabe observar as estrelas??
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