O sábado não demorou a chegar, meu filho está com meus pais, amanhã Carlos irá buscá-lo. Falando em Carlos, estou totalmente decidida a esquecer ele, todo dia vai melhorando, meus sentimentos vem diminuindo, logo, logo vou está livre de toda a dor.

— Você está deslumbrante Maju, Carlos vai se arrepender amargamente de tudo que fez quando te ver hoje — olho para Laila parada na porta do meu quarto.

Volto a olhar para o espelho e me analiso, estou com um vestido vermelho, longo, ele é aberto no lado direito, que revela minha perna quando ando, suas alças são finas, duas em cada lado do ombro, tem um decote muito chamativo, ele aperta um pouco abaixo dos seios, deixando todo o resto soltinho. Meus lábios estão com um batom da mesma cor do vestido, um salto fechado preto, minha maquiagem está bem chamativa, meu cabelo está todo para um lado com lindos cachos nas pontas, e um par de brincos e um colar para completar.

Caramba, eu realmente estou bonita.

— Primeiro que eu não me arrumei para o Carlos, seria perfeito se eu não o visse no leilão, e segundo, você está belíssima — Laila dá uma voltinha.

Seu vestido é azul escuro, tomara que caia, super colado, acima do umbigo até os seios tem alguns detalhes preto junto com azul e o tecido é de couro, já na parte de baixo o tecido é liso na cor azul e tem um corte pequeno no lado esquerdo de sua coxa. Está com uma sandália de salto finíssima e altíssima, deixou os seus cabelos soltos, sua maquiagem não está muito diferente da minha, sem dúvidas ela chamará muita atenção.

O leilão está marcado para às 20:00 horas, e já são 19:00, temos que chegar um pouco mais cedo que todos. Passamos o dia no salão de festa onde vai acontecer o evento, quando terminamos de organizar Laila veio para minha casa, agora que já estamos prontas vamos voltar.

— Hoje você sai com um senhor milionário, amiga, vai ganhar na loteria — brinquei.

Laila dá a volta no carro para entrar.

— Ele é milionário sim, mas velho não — não era a resposta que eu esperava.

— Não me diga que... — Paro de falar e olho para ela que está com o sorriso no rosto e concordando.

— Vai dizer que o Mateus Sales não está me dando mole? Eu não sou tão lesada como você, que insiste em dizer que o Marcos só está sendo educado — volta com o assunto de mais cedo..

— É só a verdade, Laila — giro a chave para partirmos mas o carro não liga, giro de novo e nada, mais uma vez e não tenho sucesso igual das outras vezes.

— O que houve?

—Acho que vamos de táxi — respondo.

— Você deveria comprar outro carro patroa — minha amiga fala pegando o celular para chamar o táxi.

— Você sabe quanto custa um carro? — Perguntei indo em sua direção.

—Sei sim, e você pode pagar com a mesada gorda que Carlos dá para o Caio do mês.

Ela não disse isso.

Olho incrédula para minha amiga.

— Você está brincando né?

— Claro que estou — diz e começamos a rir.

Laila está sendo uma ótima companhia nesse momento, ela é o mais perto que tenho de uma amiga, talvez estamos mais próximas agora, mas como o povo diz, é na pior fase que sabemos quem são os verdadeiros.

O táxi chegou dez minutos depois, e em vinte minutos no local.

Na entrada tinha um tapete vermelho, o papel de parede era de um azul escuro, nos locais onde tinha as janelas colocamos cortinas vermelhas.

A frente um palco baixo de três degraus, os quadros estavam todos espalhados pelo salão. Com a ótima iluminação deixou o ambiente muito bonito e discreto, e pra fechar, um bar no fundo do salão cheio de whiskys para os poderosos de Vermont se alegrarem.

— Boa noite, senhorita Laila, senhorita Maria Júlia — Doutor Breno vem nos cumprimentar.

Ele é o responsável por tudo isso aqui, ele conseguiu os quadros para o leilão, e pediu nossa ajuda com a decoração. Foi um trabalho difícil, pois tudo foi doado, ninguém cobrou nada, passamos dois meses para deixar tudo pronto, mas graças a Deus conseguimos.

— Boa noite Doutor, tudo pronto? — Pergunto.

— Sim, graças a vocês, vamos esperar os convidados, no horário marcado daremos início, sintam-se à vontade — Ele fala com um sorriso radiante e saiu para cumprimentar os convidados que começam a chegar.

Os garçons começam a caminhar pelas pessoas com suas bandejas de champanhe e petiscos.

Paro para falar com alguns conhecidos, pessoas que meu ex-marido me apresentou, e todos faziam a mesma pergunta.

Onde está Carlos?

Eu sorria educadamente falando que ainda ia vir.

Fugi para o bar com Laila, na mesma hora que chegamos lá conseguimos ver o tumulto que os fotógrafos estavam fazendo na entrada, e logo percebi que a família Sales chegou.

Ficamos paradas olhando eles entrarem, primeiro senhor e a senhora Sales, logo depois Marcelo ao lado de sua bela esposa Fernanda, seguinte de Michael e uma linda loira com vestido verde belíssimo seus olhos são da mesma cor do vestido, é nova, parece ser da mesma idade que ele. Continuando vem Mateus com uma linda mulher, ela é parecida com ele, branca, cabelos pretos, olhos azuis, ela é linda! Laila tira o sorriso do rosto assim que vê a cena.

— Acho que você estava enganada com o Mateus — falei baixinho.

— Ela parece da família, olha as semelhanças, eles costumam trazer as primas como acompanhante.

Não vou nem perguntar como ela sabe disso.

Por último vem Marcos, impecável no seu terno. Como um homem pode ficar tão lindo em uma roupa de três peças? Ele também está acompanhando, e ela é como as outras, linda, corpo perfeito, cabelos longos, lisos, loira, seus olhos são azuis como o céu, seu vestido é preto, um pouco curto, parece que foi desenhado especialmente para ela.

— Vou andar um pouco — Laila diz pegando uma taça de champanhe da bandeja do garçom que passou perto de nós.

— Vai lá.

Concordo com a cabeça sem tirar meus olhos do homem que vem se aproximando.

Como ele me viu tão rápido?

— Boa noite Maria Júlia — Marcos diz ao meu lado.

—Boa noite — sorri.

— Suponho que você esteja por trás dessa organização.

— Sim, gostou? — Indago.

— Gostei, parabéns pelo ótimo trabalho — ele responde dando uma olhada na decoração.

— Obrigada — como se eu sentisse um olhar sobre mim, começo a vasculhar o local e vejo a acompanhante de Marcos me encarando — sua namorada não para de olhar em nossa direção.

Marcos me encara mais alguns segundos e vira o rosto para ver de quem estou falando.

— Natália não é minha namorada — não respondo, ele entende como uma oportunidade para continuar e assim faz — ela é filha de um amigo do meu pai, fiz um favor para ele em trazer a filha dele hoje, ela está começando a carreira nos negócios.

Senti um alívio no meu corpo, como se essa informação tivesse me deixado feliz.

— Então você é o único Sales solteiro?

A pergunta saiu com uma facilidade, como já tinha sido intrometida esperei a resposta.

— Não, não — ele sorriu — Mateus também é, ele está acompanhado por nossa prima Meredith.

Laila tinha razão.

— Laila vai gostar de saber disso.

— Sua amiga está interessada no meu irmão?! Isso vai ser interessante — Marcos diz se divertindo. — Michael está apresentando a namorada ao público hoje, eles estavam tentando ser discretos a um bom tempo.

— Ela é muito linda.

— Carolina, eles estão juntos há quase dois anos.

Esconder um relacionamento por dois anos, deve ser muito difícil.

Me distrai um pouco e não vi quando Natália chegou até nós.

— Tem algumas pessoas querendo falar com você meu bem, vamos? — ela diz sem tirar seus olhos de mim.

Marcos faz uma careta engraçada, se sua tentativa foi fazer cara feia ele falhou totalmente.

— Com licença, Júlia — faço que sim com a cabeça, ele oferece o braço para a Natália que quase dá um grito de felicidade.

Com certeza ela quer ele.

— O leilão estava parado, mandei o cantor abrir a boca — Laila chega gritando.

Conseguimos um cover, fizemos uma playlist e o entregamos para cantar hoje a noite.

— Hoje podemos nos divertir, estamos aqui como convidadas e não a trabalho — falei para minha amiga que não perdeu tempo em pedir um drink ao bartender atrás de nós.

— Tem uma notícia para você — começou — aquela garota com Mateus é prima dele.

— Eu sei.

— O gostosão te contou né.

Eu ia responder mas ouvimos outro tumulto na entrada, olhamos para ver do que se tratava, foi quando eu vi o motivo.

Meu coração parou, meu olhos automaticamente encheram de lágrimas, minha boca estava aberta, meu corpo congelou.

Não pode ser verdade, não pode ser.

Era Carlos e minha irmã, juntos para todos verem.

Ele mais uma vez torceu a adaga que ele colocou em meu coração. Eu estava preparada para encarar Carlos Eduardo, mas junto com a Malu não!

Me seguro no balcão atrás de mim e me sento na banqueta.

Alguns rostos viraram para mim, pessoas que sabiam da existência de minha irmã que agora está entrando de mão dadas com Carlos, meu ex-marido. Meu ex, que até então ninguém estava sabendo.

Não, isso não podia estar acontecendo.

Ele fez a cidade inteira saber do nosso término da maneira mais cruel e humilhante que existe.

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