CAPÍTULO 08
Estava na casa de meus pais, sempre almoçamos todos juntos no domingo. Marcelo já tinha ido embora com a esposa, eu e meus outros irmãos estávamos sentados no grande sofá da sala vendo um filme que, eu não me lembro o nome, ninguém estava interessado já que todos estavam com os olhos grudados em seu celulares.
Minhas redes sociais são paradas, não perco muito meu tempo, diferente de Mateus e Michael. Eles gostam de dar conteúdos para os sites de fofocas, e agora me vejo preso em um lendo sobre nossa festa de ontem, em uma das fotos tiradas vejo Maria Júlia. É quando me vem à cabeça olhar o rastreador do meu carro.
Entro no aplicativo e indicando que eles estão no centro da cidade, a curiosidade gritava dentro de mim. Pego o endereço e coloquei no gps, me mostrando um parque de diversões. Bom programa para um domingo em família, mas ao mesmo tempo algo me diz que devo ir até eles, eles foram no meu carro, tem muitas chances de estarem só eles dois, Júlia e Caio.
Volto para o Instagram e pesquiso por Carlos Eduardo, olho suas fotos e vejo várias com o Caio, mas nenhuma com a Júlia.
Será que eles terminaram?
As chances de ela estar só com o filho aumentam.
Preciso ir lá.
Quando dei por mim já estava dizendo:
— Vamos sair?
— Vamos, abriu um bar novo na cidade, podemos ir lá — Mateus é o primeiro a falar.
— Não, vamos para o parque da cidade.
— Quantos anos você tem? Porque querer ir para um parque ao invés de um bar nota... — Michael parou de falar e começou a sorrir — Quem é a Mulher?
— Porque você acha que tem uma mulher no meio? — Perguntei tentando disfarçar.
— Única razão lógica para você querer ir ao parque! Conta logo.
Respirei fundo, não escondo nada deles, o único segredo entre nós é o motivo do Mateus ter terminado com a Callie, ele falou que foi em paz, mas seu sofrimento depois do término e ódio que sente só em escutar o nome dela prova o contrário. Tentei perguntar para minha amiga, ela disse que era realmente o que meu irmão falou. Eu sabia que era mentira mas percebi que nenhum dos dois queriam falar, respeitei.
— Maju está lá.
— Então vamos ao parque — Mateus diz e os dois já estão se levantando.
— Simples assim? — Questiono indo atrás deles.
— É, cara, você deu um de seus carros para ela usar, está monitorando onde ela está indo pelo rastreador, não sei se fico com medo ou feliz por finalmente se interessar por alguém — Mateus arranca uma gargalhada de Michael e mostro o dedo do meio para ele quando me olha.
Entramos no meu outro carro e fomos para o centro da cidade.
Meia hora depois já estávamos lá, foi fácil encontrar Júlia, e como eu imaginava ela estava só com o filho. Eu e meus irmãos ficamos olhando ela tentar pegar um urso, talvez para o filho. Ele diz alguma coisa chamando a atenção por instantes e depois tenta pegar o urso, mas não consegue.
Quando dei por mim já estava me aproximando e dizendo:
— Nós íamos vir antes de você gastar todas as fichas, mas tinha fé em você.
— Tio Marcos! — Caio gritou e veio me abraçar.
Pego o garoto com facilidade. Sempre gostei de criança e esse menino me conquistou em apenas dois encontros, era como se algo me pedisse para ficar perto dele, protegê-lo, os dois na verdade.
Vejo Maria Júlia cumprimentar meus irmãos com um abraço, também quero.
Meu irmão pega o menino dos meus braços.
— Oi Júlia — Falei me inclinando para abraçá-la.
— Oi Marcos.
Sinto seu perfume quando chego perto de seu pescoço, era doce e viciante.
Tirei a carteira do bolso e peguei o valor de comprar mais fichas.
— Qual você quer? — Perguntei a Caio enquanto recebia as fichas.
Ele apontou para um urso de cores preto e branco.
Fui para mais perto e controlei o guincho indo em direção ao urso, pego com facilidade para a alegria do garoto. Quando o dono da lojinha me entrega o urso dou para o garoto que ainda está nos braços de meu irmão.
— Obrigado — Ele diz abraçando o ursinho.
— Qual brinquedo você quer ir, Caio? — Michael pergunta ao garoto e vai na frente com ele e meu irmão.
Acho que não fui o único a ser conquistado pelo garoto.
— Obrigada, eu com certeza iria deixar meu filho triste.
Maria Júlia caminha ao meu lado.
— Você não foi tão ruim assim — Minto.
— Três tentativas e três erros? É, não fui ruim, fui péssima.
Tive que sorrir com seu senso de humor.
— Vocês estão sozinhos?
Perguntei sem demonstrar minha ansiedade para aquela resposta.
Ela confirmou e olha para o filho uns metros de distância de nós e falou:
— E seremos assim de agora em diante — Sorriu triste — Mas e vocês, o que fazem por aqui?
O modo que ela mudou de assunto ficou claro que não quer falar sobre. Apesar de ver seu tom triste, meu coração deu umas batidas mais rápidas.
— O que eu estou fazendo aqui? — A pergunta foi mais para mim que para ela, quando Júlia assente com a cabeça penso no que falar — Estávamos passando por perto e Michael disse que estava com saudade do cachorro quente que serviam aqui.
Odeio mentir, mas até que fiz isso bem.
— Eu nunca comi. — Diz sincera.
Nem eu, nem sei se vende isso aqui.
— Faz tanto tempo que nem sei se ainda vendem, vamos alcançar os outros.
Ela não me diz nada e caminha ao meu lado. Eu estava sentindo uma sensação de paz nesse momento, como não sinto a muito tempo. É como se estar ali fosse exatamente o lugar certo.
Desde o pequeno acidente venho pensando em Júlia, sinto uma vontade de sempre estar perto. Não vou mentir que venho olhando os seus passos pelo rastreador, mas todo dia a mesma coisa, suponho que os lugares são seu trabalho, escola do filho e casa. Hoje ela foi para outra cidade, não muito distante daqui, demorando lá pouco tempo e depois veio para cá.
Fomos para mais perto dos meninos, Caio já tinha em mente todos os brinquedos que queria ir, ele apontava para todos. Michael disse que ia com ele, Júlia concordou.
Eu me arrisquei e fui com Júlia para os brinquedos maiores, experimentamos alguns, Mateus veio conosco também, depois de um certo tempo nos encontramos com Caio e Michael para comermos algo, e para minha mentira ficar verdadeira achamos um carrinho de cachorro quente.
Júlia pegou o filho e foi ajudá-lo a comer.
— Faz tempo que não me divertia tanto — Mateus diz quando estamos todos sentados.
Nem eu.
— Eu também não — Júlia diz chamando minha atenção — E Caio também, obrigada rapazes.
— Não precisa agradecer, o sorriso do seu filho valeu muito a pena e esse cachorro quente também.
Nunca amei tanto o meu irmão como agora, obrigada Michael.
Saboreio o meu cachorro quente, é muito bom.
— Então Maju — Mateus começa — Você é casada?
Não sei qual reação meu rosto passou, ansiedade ou raiva por Mateus ser tão intrometido.
Ele sabia que ela era casada com Carlos Eduardo, ele só fez a pergunta que eu não tenho coragem de fazer.
Júlia limpa a boca do filho e olha para meu irmão dizendo...
— Não mais.
Suas palavras fizeram meu coração bater mais rápido que o normal, mas logo se apertou ao ver a cara triste de Júlia. O que será que esse cara fez com ela? Com os dois.
Eu sei que essa felicidade de agora é passageira, momentânea. Mas é tão gratificante vê-los dessa forma, e sei que nós contribuímos com isso.
O que depender de mim, essa noite eles vão esquecer toda a dor e tristeza que os dois estão sentindo, nem que seja por uns instantes eu vou dar o meu máximo para isso acontecer.
E foi assim, depois de comermos fomos experimentar mais brinquedos, algumas vezes era só eu e Maju, outra eu e Caio, algumas todos juntos, e foi divertido pra caramba, na hora de irmos embora fomos acompanhando Júlia até sua casa, Mateus foi com ela no meu carro — que ela não tem noção que é meu. Michael estava comigo, não disse nada durante a viagem, o que eu agradeci, eles sabem que não sou de falar muito sobre minha vida pessoal, mas não são tolos, sabem exatamente que eu estou interessado naquela mulher.
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