CAPÍTULO 02
Chego em casa depois do susto de agora pouco, podia ter sido pior, poderia ter machucado o garoto que ia no banco de trás.
Não fui para meu apartamento, pedi para Charles, motorista dos meus pais, me trazer para a casa deles. Meu carro ficou na empresa.
Sou o mais velho de quatro irmãos, depois de mim vem Mateus, depois Marcelo e Michael. Eu e Mateus ainda somos solteiros, somos advogados, Marcelo já é casado e o administrador da nossa empresa, Michael namora e ainda está na faculdade de administração, disse que não se vê como advogado e prefere administrar a empresa junto com o irmão.
Ninguém interferiu, a escolha é dele.
Eu tenho um apartamento no centro da cidade, Mateus disse que não vai gastar dinheiro já que tem a casa de nossos pais, Michael também mora aqui. Marcelo mora com a esposa.
Mas sempre que posso venho para cá, gosto da minha casa, mas as vezes acho ela grande demais só para mim. Comprei quando decidi me casar, uma história longa e dolorida do meu passado, não vale a pena lembrar, não me casei, desde então foquei no trabalho. Não que eu coloque o trabalho a frente de tudo, eu só não encontrei a pessoa certa, não quero perder tempo com a errada, de novo.
Subo para meu quarto, escuto vozes quando passo pelo de Michael, a namorada deve estar aqui, às vezes sinto inveja, meu dois irmãos mais novos já encontraram suas metades (palavras deles) e eu aqui aos trinta e cinco solteiro, não sou um santo, saio de vez enquanto e fico com algumas mulheres, saímos algumas vezes e depois cada qual para seu lado, não encontrei aquela que me deixa louco, que me faz ficar pensando o tempo inteiro, essas coisas, a única que me fez sentir isso me deu um pé na bunda.
Mateus não é diferente de mim, ele tinha uma namorada, Callie, minha amiga, mas ele deixou ela, ninguém sabe o porquê e nem ela me falou, foi embora depois do término, falo com ela às vezes, não mais como antes.
Sempre saímos juntos, ele é mais aberto que eu, sua facilidade para conquistar mulheres é incomparável, não é de pegar todas, mas sempre que está a fim consegue uma bela dama.
Marcelo costuma dizer que Fernanda é seu verdadei
ro amor, e a única mulher da sua vida, mas todos nós sabemos que ele sofreu pra caralho por causa de uma garota no colegial, ele apenas enterrou o passado e nós também fizemos isso por ele. Dos meus irmãos ele é o que mais se parece comigo, calmo, sério, nunca age por impulso, antes de fazer algo gostamos de pesquisar e ir atrás de informações.
Michael é a cópia de Mateus, dois brincalhões que não estão nem aí para nada, não adianta falar, eu já parei de me importar com as atitudes dos dois, é o jeito deles, tenho que aceitar. Namora a Carol a uns dois anos, eles dizem que é namoro escondido, Carol não quer ser o centro das atenções, me pergunto porque ela está com um Sales então. Mas parece que resolveram se assumir, depois de muita insistência de Michael.
Tomo um banho rápido e coloco uma roupa confortável, meu quarto aqui ainda tem tudo meu, acho que fico mais tempo aqui do que em casa. Subo na cama e ligo a tevê na ESPN para ver um amistoso do meu time, San Francisco 49ers, temos que ganhar a NFL esse ano.
Pego meu celular e ligo para meu amigo Benjamin, ele é dono de umas das maiores oficinas de Vermont.
— Fala senhor Sales — ele atende no segundo toque.
— Está me zoando né — escuto sua risada, somos amigos desde o colegial, ele sabe que eu odeio quando me chama assim — preciso de um favor, Ben.
— Manda.
— Pedi para uma mulher ir na sua oficina amanhã para consertar o carro dela.
— Até onde eu sei esse é meu trabalho.
Não deixo de sorrir.
— Deixa eu terminar, idiota.
— Estou ouvindo.
— O Charles bateu na traseira e eu falei que ia pagar o prejuízo, eu sei que sua oficina está sempre lotada e vai demorar uns dias para você consertar o carro — Ben me escuta com atenção — Amanhã vou deixar meu carro ai cedo e queria que você desse a ela para usá-lo até você terminar o trabalho com o dela.
— Tudo bem, mas quem é a mulher? Você tem noção do que me pediu para fazer, ela vai ficar caidinha quando souber o que o todo poderoso Sales está fazendo por ela.
— Você não vai dizer que fui eu, diz que a oficina oferece esse serviço, sei lá, inventa alguma coisa. E olha, nem conheço a mulher.
Ela tem um rosto familiar, mas não consigo lembrar de onde.
— E porquê está fazendo isso?
— Ela estava com uma criança, suponho que vai precisar de um carro.
— Tudo bem, passo a conta do prejuízo para você?
— Sim, amanhã passo aí.
— Até mais Senhor Sales. — Diz e desliga.
Filho da puta.
Abro o aplicativo do google e digito Maju. Primeiro coisa que aparece é Mj eventos. Peraí, eu contratei essa empresa para organizar o evento da nossa empresa, um sócio me indicou, será que ela é dona da empresa?
Vou nas fotos e vejo que a mesma mulher de hoje, mas está diferente do jeito que a vi mas cedo, seus olhos estavam vermelhos e inchados, ela estava chorando, suponho que foi por causa do incidente. Nas fotos ela está bem arrumada, junto com uma morena na maioria das fotos.
Pesquiso mais pela empresa e leio sobre, pelo que parece não é uma grande empresa, mas as fotos mostram quanto talento Maju tem, ainda bem, nosso evento é para dar boas vindas aos novos sócios, não quero fazer feio.
Normalmente esse assunto não é meu, mas como me indicaram pedi para minha secretária entrar em contato.
Mas abaixo vejo uma foto de Maju, seu filho Caio e um homem, conheço ele, Carlos Eduardo, concorrente nosso, nada que nos preocupa, mas sua empresa é bem conhecida.
Então ela é casada, aposto que não vai precisar de um carro, ou vai, não sei, mas não vou arriscar, já combinei com o Ben, amanhã vou deixar um dos meus carros para ela, tenho dois, um está na empresa e outro aqui.
Escuto alguém bater na porta.
— Está aqui Marcos? — É meu irmão.
— Entra, Mateus.
Ele entra vestindo uma calça moletom e sem camisa, abraçado com uma tigela cheia de pipoca.
— O jogo já começou? — Pergunta deitando ao meu lado.
Bloqueio o celular e pego pipoca. Já estava com dez minutos de partida.
— Você veio tarde, pensei que ia para casa — diz olhando para a tevê.
— Imaginei que você queria companhia para assistir o jogo.
Olho para Mateus que está sorrindo.
— Sabe que Natália está de volta?
— Fiquei sabendo, e seu pai quer ela no mundo dos negócios também.
— Walker é um dos melhores amigos do papai, sabe que isso significa né.
— Sei, vamos conviver com ela.
— E está tudo bem para você? — Vejo preocupação em suas palavras.
Falar da Natália nunca foi uma opção, mas não era uma coisa que podia ser apagada da minha memória. Minha ex-namorada me deixou de uma forma bem desagradável e tive consequências horríveis, entrei em um poço e quase não sai. Hoje estou bem, sei lidar com meu passado, mas ainda dói.
Respirei fundo.
— Sim, ela está no meu passado e permanecerá lá — falei e me concentrei no jogo.
Pelo menos é isso que eu espero.
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