26. Pizza e Greve
Oioi amores! Sumi por um mês, mas tenho explicação. Eu peguei covid-19 no início de julho (um familiar pegou no trabalho e trouxe para casa sem saber), fiquei muito mal e não conseguia passar muito tempo na frente de qualquer tela ou ler/escrever que ficava muito tonta (tenho labirintite e o covid só piorou). Já estou bem e consegui voltar a escrever. Quem está no grupo do whats já sabia o que aconteceu, mas senti que deveria falar para vocês também.
DICA: No meu grupo do whatsapp dou dicas de livros gratuitos na Amazon e alguns no Wattpad. De vez em quando eu solto algum trecho/spoiler dos capítulos que vão sair. Também comento sobre meus outros livros que estão sendo escritos. Então, se quiser entrar, tem o link na bio.
Por me fazer rir horrores com os comentários de vocês e amar ver a história pelo ponto de vista de vocês:
gabrielly_souzaofici meiludida_ maw_linda ❤️
E bitch_webs (pq eu amo nossas conversas e elas sempre me motivam a continuar).🥺🤏🏽
BOA LEITURA!
-----------Capítulo 26------------
Jullie
Estou de volta à cidade há quase uma semana e por incrível que pareça, ainda não tivemos nenhum sinal do hacker, o que está nos deixando tensos e o Tyler sempre perto do limite. Em compensação a suposta calmaria, tenho estado tão atolada de trabalho que me sinto esgotada no fim de todos os dias e não está diferente para o Ty.
De acordo com Pauline, não há muitas novidades a respeito do caso. Ela continua investigando os movimentos do Ronald Thompson e da Jane, tentando encontrar alguma ligação mais palpável com o nosso problema central. Além disso, graças à verificação dos funcionários que já vinha acontecendo há alguns dias, descobrimos a pessoa que implantou o vírus no computador da minha sala, o que basicamente fez com que nossas suspeitas sobre a ex-assistente do Tyler ficassem praticamente zeradas, embora não descartássemos nada.
Carlos Rodriguez, contratado por uma empresa de limpeza terceirizada que complementa a equipe da corporação há anos, foi o responsável por introduzir o vírus. Ele estava trabalhando havia duas semanas quando foi selecionado para o quadro de funcionários que limparia nossa empresa e teve sua chance de acessar o andar da presidência e, consequentemente, a minha sala, que estava desocupada temporariamente.
Quando soubemos os dias em que o Carlos esteve aqui, buscamos as filmagens das datas e o vimos chegando e saindo do andar presidencial através do elevador, mas as cenas dele circulando por ali simplesmente desapareceram, o que confirma a manipulação do vídeo. No fim das contas, o tal Carlos não existe de verdade e foi apenas um disfarce para o homem cuja identidade a Pauline ainda está investigando.
Hoje eu acordei me sentindo um pouco estranha. A cabeça pesada, o estômago embrulhado, um aperto no coração e sentindo calafrios. Pensei que poderia ser febre ou gripe, mas minha temperatura está normal e nem sinal de tosse, coriza e outros sintomas de gripe. Então presumo que seja devido à sobrecarga com tudo.
Entrando no elevador no horário do almoço para encontrar Lizzie e Matt no térreo, me deparo com ninguém menos que Camille em seu traje habitual de pura arrogância. Inicialmente, ela não percebe ser eu, apenas fecha a cara quando percebe que alguém se juntou a ela. Não serei eu a avisá-la da minha presença, portanto fico calada.
— Você está bem, queridinha? Parece um pouco pálida. — Felicidade de pobre dura pouco, é o que dizem. A minha durou bem pouco mesmo, constato quando Camille decide que a minha pessoa é digna de sua atenção. — Foi por isso que ficou fora por alguns dias?
Poderia ter focado no fato dela ter reparado que pareço abatida — sem dúvidas o fez para provocar — e talvez até me preocupado por estar tão evidente, se não fosse pela sua última pergunta.
— Como você sabe que eu não estava aqui? — Cravo o olhar nela, analisando seu comportamento.
Não que fosse um segredo, mas as pouquíssimas pessoas que sabiam — Tyler, meus melhores amigos, Pauline e Sabrina —, não tinham motivos para ficar comentando uma saída de míseros três dias. Posso estar paranóica com a situação e por estar cansada, mas nunca se sabe e no momento, todos são suspeitos até que se prove o contrário.
Eu preciso parar de assistir séries de advogados. Tira de mim esse espírito viciado em Suits e How to Get Away with Murder, Senhor!
— Ouvi por aí. — Ela de ombros, desviando o olhar e ajeitando o cabelo que já estava perfeitamente arrumado. — Sabe como é... As secretárias da sua laia não conseguem manter a boca fechada. E mesmo que eu não me misture com essa gentinha elas não prestam atenção em que está por perto, então não param de falar. — Talvez Sabrina realmente tenha dito algo a alguém que passou adiante, mas a reação de Camille me deixou desconfiada. O ataque tende a ser uma defesa e ela se empenhou para fazê-lo.
Apesar do seu veneno costumeiro, sua hesitação me diz que ela pode estar mentindo ou escondendo algo. Camille é sempre segura de si, não seria diferente justamente na minha frente, a quem ela sempre quis se mostrar superior.
O elevador apita e ela desce, deixando-me sozinha com meus pensamentos até encontrar meus amigos na portaria.
O resto do dia passa voando, me consumindo e deixando exausta ao final como tem sido ultimamente.
Assim como ontem e o dia anterior, não dormirei com Tyler. Nós definimos que o melhor é passarmos as noites de sábado a segunda juntos, porque eu esquecia minhas coisas lá e ele aqui, criando uma verdadeira bagunça e Hope estava começando a ficar agitada com esse eterno vai e vem.
—Jullie! Venha cá, menina. — Ouço, assim que cruzo a porta da frente do meu prédio.
— Boa noite, Sanchez. — Aproximo-me e o vejo procurar alguma coisa debaixo do balcão. — Alguma coisa para mim?
— Chegou a sua correspondência. — Ele entrega uma pequena pilha de cartas.
Uma oferta para renovar assinatura de newsletter digital que cancelei, duas faturas de cartão, as contas do apartamento e uma última que me chama atenção.
— Essa aqui não tem remetente e selo, não veio pelo correio. O senhor lembra quem entregou?
— Ah, é! Essa daí veio com essas flores. Ficaram tão bonitas aqui que acabei esquecendo que eram suas! — Ele aponta para um vaso de vidro com uma dezena de lírios brancos. — Foi um rapazinho risonho. Ele estava com mais dois adolescentes esperando por ele na porta. Será que algum admirador mandou pra você? — Franzo o cenho pensando na coincidência da escolha das flores e volto o olhar para a carta. — É algum tipo de trote? Essa molecada de hoje em dia... — Sanchez balança a cabeça para os lados, como se os adolescentes de hoje, fossem a decepção do mundo. Só consigo pensar que faltou a frase clássica "na minha época"... A tal época é bem mais descarada, na maioria das vezes.
Voltando ao que importa, o senhor Sanchez pensou que tinha algo de errado pela minha reação, e realmente tem. Primeiro, eu duvido que sejam de algum admirador e tenho certeza que não são do Tyler. Não que ele não me enviaria flores, mas fazer isso sem um pretexto não é a cara dele. Se fosse o caso, ele entregaria pessoalmente para poder me ver ou mandaria com algo a mais porque ele gosta de me mimar. Segundo, os lírios. Por que lírios? Não é exatamente comum enviar lírios quando não conhece a predileção da pessoa, o mais usual seriam rosas, peônias e até orquídeas. Eu não sei se acredito nessa coincidência.
— Deve ser isso mesmo... — Concordo querendo encerrar o assunto logo. Adoro conversar com o mais velho, mas hoje eu estou só o pó e ainda tenho que lidar com essa correspondência misteriosa e inusitada. — Tenha um bom descanso! — Digo depois de colocar as cartas na bolsa e pegar o vaso de flores.
— Você também, menina!
Ao entrar em casa, deixo minhas chaves no aparador perto da porta, coloco a bolsa no sofá, o vaso sobre a mesinha de centro e pego o envelope para deixá-lo ao lado.
Verifico como minha gatinha está e sigo para o banheiro, tomando um banho muito mais demorado que o necessário — o que não me orgulha e me faz sentir culpada porque penso no consumo consciente de água. Seco-me no quarto e coloco apenas uma camiseta velha e um short de pijama, devido ao tempo fresco.
De volta à sala, ligo para a minha pizzaria favorita e peço uma pizza marguerita. Sento-me no sofá com Hope no colo, ligo a TV e fico zapeando os canais a procura de algo que chame a minha atenção.
Sei que eu preciso parar de enrolar e ver logo do que se trata, o problema é que esse mistério todo está me deixando tensa e um pouco assustada.
Suspiro pesadamente e inspiro vergonha na cara, pego o envelope novamente e o analiso de forma minuciosa. O papel é grosso e não tem nada escrito além do meu endereço e nome em tipografia digital. O lacre é feito de cera verde com um H rebuscado e uma flecha que representa o traço que risca a letra.
Finalmente crio coragem para romper o lacre e descobrir o que há dentro, percebendo se tratar de uma carta.
O conteúdo quase faz meu coração saltar pela boca.
"Eu gosto de tecnologia, como você já deve ter percebido por ações recentes. Mas resolvi enviar uma carta à moda antiga, afinal recentemente você esteve visitando o passado, não é mesmo?
A propósito, não esperava, mas você faz mesmo o tipo "casinha de cerca branca" que conhece as pessoas dos comércios e vizinhança. Falando nisso, experimentei o salmão com molho que você pediu naquele restaurante de toldo verde e estava uma delicia!
Aliás, o que achou das flores? Particularmente, achei-as bonitas, embora morram rápido demais, em minha opinião.
O que me impulsionou a enviá-las foi o momento tocante entre você e sua mãe. Confesso que não esperava presenciar uma emoção tão forte nessa minha pequena aventura em Detroit.
É algum tipo de tradição familiar oferecer lírios aos mortos? Pareceu interessante. Talvez eu faça o mesmo a partir de agora.
Querida Jullie, não tenho nada contra você ou a doce Mary, e por isso, vou te dar um conselho para seu próprio bem: se afaste do Tyler Richards.
Você vai ficar melhor longe dele, porque quando tudo explodir, você não vai querer estar por perto e tornar-se um efeito colateral.
Cuide-se,
Hacker."
Assim como os dados no envelope, o conteúdo da carta foi digitado em uma tipografia comum de computadores, o que pode ser um cuidado para esconder quem está por trás. Talvez a letra do anônimo seja reconhecível, de alguém conhecido por nós e cuja letra seja facilmente identificada.
O que não sai da minha cabeça é que quem quer que esteja atrás disso, definitivamente não um concorrente de outra empresa. Isso é passional demais, uma possível vingança.
Pode ser alguém da empresa que quer mais poder e vê Tyler como um obstáculo, hipótese que já foi levantada antes. Ou alguém que acha que foi injustiçado por alguma razão e tornou isso pessoal. Talvez uma ex-amizade ou ex-amante, nunca se sabe.
Apesar de ainda estar abalada com a ameaça implícita, sei que o ideal é informar Tyler sobre a carta e essa nova movimentação do Hacker. O risco que isso implica é grande demais para deixar nas mãos do acaso. Além disso, ser a mocinha que lida com tudo sozinha e cria desculpas superáveis para se recusar a pedir ajuda, é tão anos 2000. E no final, sempre dá merda quando as personagens fazem isso.
Alcanço o celular que larguei na mesinha e ligo para ele.
— Tyler. — Digo assim que completo a ligação e ele atende.
— Oi, linda. Chegou bem? — Pergunta calmamente. Santa ignorância!
— Sim, só que aconteceu uma coisa que me deixou preocupada. — Tento ir devagar, para não deixá-lo preocupado por telefone. De perturbada, basta eu.
— Você e a Bolota estão bem? Quer que eu vá aí? — O esforço não adianta muito, já que ele se preocupa de toda forma. O lado bom é que se eu tivesse contado tudo de uma vez, seria pior, e isso me consola um pouco. Só um pouco mesmo.
— Estamos bem, não aconteceu nada com ela. Só estou um pouco assustada com uma coisa que eu recebi. — Tento tranquilizá-lo mesmo sabendo que assumir que estou assustada pode piorar a situação. — Acho que o melhor é falar pessoalmente. — Digo, desistindo de pisar em ovos.
— Estarei aí em trinta minutos.
A pizza chega quinze minutos antes dele e a coloco no forno para não esfriar tanto e passo os minutos seguintes sentada, quase catatônica, em frente a TV.
Lírios brancos.
É doloroso ter a privacidade invadida dessa forma, em um momento de vulnerabilidade. Ter algo tão ruim maculando o que sempre foi puro e especial.
Minha mãe.
Essa pessoa ameaçou a minha mãe, que não tem nada a ver com essa história toda. Tudo isso com a intenção de me afastar do Tyler. Eu não entendo toda essa crueldade.
Quando meu chefinho chega, corro para a porta para abri-la e assim que o faço, me agarro a ele.
— O que houve? — Ele me aperta contra seu corpo forte e beija o topo da minha cabeça. Seu cheiro tem o poder de me acalmar um pouco.
Suspiro e me afasto dele, que passa os polegares sob meus olhos, e só então me dou conta que meu rosto está molhado.
— Você está me deixando preocupado. — Ty segura meu rosto com as mãos, com os olhos fixos nos meus. Fecho os olhos e conto até três, me preparando para lidar com a situação. Afasto suas mãos e puxo-o para dentro, esperando que ele feche a porta.
— O porteiro me entregou um vaso de flores e esse envelope hoje, quando cheguei do trabalho. — Vou para a cozinha e dou-lhe o envelope que estava sobre o balcão. — Ele disse que alguns adolescentes entregaram e acredito que o mais provável é que eles tenham sido pagos para fazer isso.
Vejo-o sentar-se e aproveito o tempo em que Tyler lê, para servir a pizza — que por incrível que pareça ainda está quente —, pois estou faminta e até fiz um esforço para esperá-lo chegar. A carta tirou a minha paz, não a fome.
Quando viro de volta para onde ele está, percebo que a carta está sobre a madeira e ele está me encarando. Os braços musculosos expostos pela camiseta cinza e apoiados na superfície lisa, oferecendo suporte para seu queixo.
— O que você decidiu? — Pergunta.
— Como assim? — Coloco um prato na frente dele e empurro o outro para o espaço ao lado. — Você fala do conselho disfarçado de ameaça?
Abro a geladeira e mostro as opções: suco de laranja ou vinho. Ele escolhe o suco porque veio dirigindo.
— Sim. Vai se afastar e ficar segura? — Coloco os dois copos perto de nossos pratos e dou a volta no balcão, ficando de frente para ele. — Eu posso contratar uma equipe de confiança para cuidar de você e mandar alguém para ficar de olho na sua mãe, por precaução.
— Tyler, claro que não vou fazer isso. Acho que não conseguiria ficar longe de você mesmo se eu quisesse e eu não quero. — Entro no meio de suas pernas e o abraço pelos ombros e aconchego minha cabeça em seu ombro, o que só é possível por ele estar sentado. — Como se eu fosse deixar um hackerzinho tirar você de mim. — Murmuro.
— Vamos precisar de segurança vinte e quatro horas.
— Provavelmente vai ser desconfortável, mas eu entendo a necessidade e aceito o cuidado com a minha mãe também. — Esfrego o nariz em seu pescoço, apreciando seu cheiro que eu gosto tanto. — Não é justo com ela. Nada disso é justo.
— Queria que as coisas fossem diferentes, que não tivesse uma situação dessas ameaçando a gente o tempo todo. — Mexe em meu cabelo, fazendo uma carícia tão gostosa que combinada ao carinho em sua voz, quase me faz derreter.
— Eu também queria... — Digo baixinho saindo do conforto de seus braços. — O importante é que continuemos juntos e sejamos cuidadosos.
— Você tem razão. — Beija a minha testa. — Quer conversar sobre as flores?
— Não. — Respondo rapidamente. Não quero ficar remoendo isso, só vai me fazer sentir pior. — Ainda bem que você reconhece que eu estou certa. — Sorrio, mudando o assunto para um tema mais leve. — Ter razão é tão bom, que até deixa um gosto bom na boca. — Provocá-lo é tão natural em nossa relação quanto beijar e abraçar.
— Ah, deixa mesmo? — Seu olhar desce faminto para a minha boca. — Então, acho que eu preciso experimentar. — Ele aproxima ainda mais o rosto do meu e lambe vagarosamente o meu lábio inferior, de um canto ao outro, fazendo-me fechar os olhos e colar meu corpo ao seu buscando por mais.
Eu deixei ele me lamber, cara — e nem posso usar o molho da pizza como desculpa. Não que ele não tenha feito a mesma coisa várias vezes e em outros lugares, mas veja a que ponto eu cheguei. Não dá pra negar nem se eu tentar: estou completamente rendida por Tyler Richards.
***
Acordo na cama enorme de Tyler, completamente sozinha. Ontem ele me convenceu a passar a noite aqui — o que foi ótimo, porque eu não fiquei sozinha remoendo a ameaça ao invés de dormir — já que não nos veríamos até domingo de noite e ele não poderia dormir no meu apartamento porque teria que sair muito cedo e suas malas estavam aqui.
Ele viajou para Los Angeles com a irmã e pelo que contou, irá acompanhá-la à estreia de um filme no qual Annie fez uma pequena participação. Eu não sou a maior fã da ruiva, mas sei o quanto ele se sente melhor e mais aliviado por passar esse tempo com ela e ver pessoalmente como está.
Ainda esparramada nos lençóis, penso em alguma ocupação para o dia e nada vem a mente.
Lizzie foi fazer uma de suas aulas experimentais — cada fim de semana é uma coisa e eu desisti de acompanhá-la depois do desastre da aula de pintura nudista, que eu não sabia ser nudista — e Matt saiu da cidade pelo fim de semana para resolver alguma urgência com o irmão. Então, sem chance do sábado das garotas e o almoço de fim de semana em grupo.
Restou voltar para casa, fazer spa day e maratonar The Vampire Diaries pela milionésima vez e sofrer porque Klaroline nunca teve uma chance e Bonenzo foi injustiçado. Sim, passaram-se anos do fim da série e eu nunca superei o end game deles.
Antes de sair da cobertura, arrumo a cama e coloco o vestido fresquinho que coloquei ontem de noite para não ter que voltar pra casa de pijama.
Já em casa, com as unhas feitas, a depilação em dia e uma máscara de hidratação no cabelo, faço uma pausa na maratona para fazer um lanchinho e quando volto coloco o prato com um sanduíche e o copo ao lado do meu notebook na mesinha de centro.
Um estalo me ocorre quando lembro a primeira vez em que pesquisei pelo Tyler na internet e não vi nada sobre os pais dele. Curiosamente, apesar de o assunto ter surgido diversas vezes, nunca me perguntei como eles seriam, até agora. Talvez, assistir a Elena descobrindo a verdade sobre a linhagem dela e sua mãe biológica tenha me influenciado.
Começo pesquisando pelo pai, mesmo sem saber seu nome não é difícil encontrá-lo. Hoje em dia uma simples palavra-chave faz milagres e possibilita centenas de respostas para a busca.
Edward Richards era dono de uma empresa imobiliária que faliu após quinze anos de funcionamento. Aparentemente, era uma empresa de médio porte que em seus últimos cinco anos fez péssimos investimentos, perdeu clientes e se manteve na corda bamba até fechar as portas.
Olhando as poucas fotos que encontro do homem, consigo perceber várias semelhanças com seu filho. A postura dos dois de quem conhece as próprias ambições, o porte físico, formato do rosto, nariz e boca são iguais. Tyler é quase a versão poucos anos mais jovem de Edward, já que ele está chegando à mesma idade que seu pai tinha quando morreu, com a diferença que ele era loiro enquanto Ty tem cabelos castanhos.
Entre as fotos, vejo apenas uma com a mãe de Ty. Naquela época, era uma mulher lindíssima de longos cabelos castanhos. De uma forma quase assustadora, seu olhar penetrante e intimidante parece me encarar de volta e é simplesmente idêntico ao que costumo encontrar quase todos os dias. Tyler herdou o olhar da mãe.
Acho diversas notícias sobre a viúva Richards depois da morte de Edward. Na maioria, possíveis casos com homens da elite da cidade o que de acordo com os tablóides explicava sua entrada na alta sociedade e o iminente encontro com Anthony Baker, um multimilionário britânico, dono de um conglomerado que estava de passagem pelo país. Eles se casaram poucos meses depois, mudaram para Londres e tiveram a Annie.
O divórcio de Anthony e Rose veio quando eles já não estavam mais vivendo juntos e poucas semanas depois, ela saia de férias para a Grécia com o futuro marido e deixava para trás Annie de três anos e Tyler aos doze. Como Ty disse, Anthony morreu alguns anos depois e deixou sua fortuna para a única filha e uma empresa que ele havia comprado, mas não teve tempo para torná-la produtiva.
Charles Dankworth morreu cinco anos atrás, quase aos oitenta anos, e foi o último marido da Rose. Os dois foram casados por doze anos e em ao menos oito deles, há vários boatos de casos de ambos os lados.
Aos cinquenta e oito anos e viúva, Rose Richards/Baker/Dankworth — não faço ideia de qual sobrenome usar, a mulher foi casada três vezes e não sei se voltou ao nome de solteira — está vivendo na Espanha, o quarto país em que reside e vive esbanjadoramente depois da morte do último marido.
Ela está bem conservada para a idade que tem, agora com os cabelos curtos e loiros, provavelmente escondendo os fios brancos. Acho que ser a única herdeira do Dankworth fez maravilhas pela pele dela — isso, as cirurgias e o botox.
Agora que não está mais trocando de marido ou envolvida em grandes polêmicas, não há tantas notícias sobre ela, a mais recente sendo de sua mudança para a Espanha e um leilão de jóias do qual participou há um ano.
Saciada a minha curiosidade de onde Tyler herdou a beleza e esclarecida parte da história que ele contou, sigo para o chuveiro para enxaguar o cabelo.
Quando saio sequinha do banheiro, escuto meu telefone tocando no quarto e corro até a cama para pegá-lo.
— Hey! — Atendo animada, sabendo quem está do outro lado da linha.
— Como minha pequena atrevida está?
— Entediada e você? Aposto que tá vendo vários famosos e conversando com gente bonita. — O canalha sortudo está no meio de Hollywood e eu aqui. Injustiça.
— Bonita é pouco. Na verdade ela é linda. — Sem respondê-lo, semicerro os olhos, sabendo que se ele estivesse aqui e meus olhos pudessem queimá-lo, ele seria cinzas. — Também é provocadora, um pouco ciumenta e às vezes, acho que gosto dela até demais. Além disso, ela é minha e eu me despedi dela essa manhã na minha cama, depois de uma noite espetacular.
— Você deveria ter medo, senhor Richards.
— Medo de que, meio metro? — Ouço o cretino abusado rir.
— Eu levo seu café todos os dias, quem sabe um dia desses, eu não coloco um tempero especial? Ou então uso minha caneta permanente enquanto você dorme, só para testar meus dons artísticos.
— Você chama isso de ameaça? — Gargalha. — Acho engraçado que você banca a astuta, mas no fim sempre estremece em meus braços.
— Sabe o que eu acho engraçado? Greve de sexo. — Falo seriamente. Na verdade, eu não estou falando sério, mas preciso fazer parecer que sim. Até parece que eu não aproveitaria aquele corpinho malhado a meu bel-prazer.
— Meu anjo, eu estava só brincando. Você sabe, não é? — Posso jurar que sua voz desafinou no final, um leve toque de desespero. E é por isso que o torturo mais um pouco.
— Não sei, não... Eu estava pensando em um presente para você, mas acho que não está merecendo. — O presente dele seria maravilhosamente proveitoso para mim também, mas eu jogo com as cartas que tenho, mesmo que precise blefar.
— Pode fazer o que quiser comigo e quando quiser. — Responde imediatamente.
— Eu adoro quando você se comporta direitinho. Lembra como te recompensei por ser um bom garoto enquanto eu estava fora, no fim de semana passado?
— Lembro. — Sua voz soa mais grave.
— Então, Tyler, me diga. Devo preparar uma recompensa ou um castigo? — Baixo o tom de voz, tentando soar mais sedutora.
— Se o castigo for a greve e não a brincadeira da garota má, pode deixar a recompensa planejada que eu prometo fazer por merecer.
— Ótimo! Seria uma pena jogar meus planos fora e pode ter certeza que sua punição seria a greve.
— Não entendo como cabe tanta maldade em um corpinho tão pequeno...
— Uma palavra de cinco letras que começa com G de gre...
— Cruzes, mulher! — Ele interrompe e eu tenho que abafar o riso. — Já que você falou em planos, o que está fazendo agora?
— Ahn... — Penso na pesquisa sobre seus familiares que estava fazendo poucos minutos atrás e hesito por um instante, até perceber que não tem nada de errado nisso. — Nada demais, acabei de sair do banho. — Por fim, escolho não tocar no assunto.
— Então, eu tenho uma proposta interessante pra você.
— Por que será que eu acho que essa proposta não tem nada de inocente? — Raramente alguma coisa relacionada a ele pode ser considerada inocente.
— Porque não tem. — Como eu disse. — Mas foi você quem deu a ideia, falando de sexo quando eu inocentemente te liguei para saber como estava. Se alguém aqui começou com a indecência, foi você!
— A recompensa, Tyler. Não se esqueça dela, querido. — Tento não alterar o tom de voz, quase como se eu estivesse indiferente e aquela não fosse uma ameaça declara.
— Claro, querida. O que acha de eu começar a fazer por merecer agora? — Conhecendo-o como o conheço, poderia apostar que se pudesse vê-lo, o encontraria sorrindo maliciosamente.
— O que sua mente pervertida está arquitetando?
— Você está no quarto?
— Estou. — Minha mente corre com as possibilidades do que se passa naquela mente sacana.
— Está de roupa? Se estiver, tire.
— Não vou mandar foto pelada, Tyler. Nem começa.
— Não quero uma foto, te vejo nua quase todo dia.
— Admiro a sua audácia. Flertar com a greve desse jeito, é tão corajoso. E além do mais, você deveria agradecer por poder ver esse corpinho gos...
— Deita na cama, Jullie. — Juro que a feminista dentro de mim ficou levemente ofendida com a ordem, mas a safada falou que ela deveria ficar quietinha que não era o momento dela.
— E agora? — Questiono depois de deitar de barriga para cima, obediente.
— Coloque o celular no viva-voz e deixe-o ao seu lado.
— Pronto.
— Toque o seu corpo por mim, amor. — Os pelos do meu corpo se arrepiam e eu não sei dizer se é pela forma que me chamou, pela rouquidão de sua voz ou pelo comando propriamente dito. — Toque como se eu estivesse aí com você, beijando cada parte do seu corpo e sentindo sua pele macia. — Meu corpo estremece levemente quando imagens dele fazendo cada uma dessas coisas voltam a minha mente. — Eu chuparia seu pescoço, naquela parte sensível que sempre te deixa mole. Depois...
— Tyler, eu estou com vergonha. Nunca fiz isso por telefone. — Falo baixinho, como se as paredes pudessem ouvir e me julgar.
— Estamos sozinhos e já conhecemos muito bem nossos corpos, minha linda. Não tenha vergonha, você pode relaxar. — Tranquiliza. — Eu vou te dizer o que fazer e onde tocar. Vai ser quase tão gostoso quanto se estivéssemos juntos de verdade.
***
Quarenta minutos atrás, decidi pedir comida pelo aplicativo ao invés de cozinhar. Qual não foi a minha surpresa ao perceber que minha carteira com os cartões não estava dentro da bolsa e eu tinha apenas vinte pratas comigo porque ainda precisava ir sacar o meu salário?
Resumo da ópera: Voltei à cobertura e estou procurando a carteira há quase dez minutos. Já olhei na sala, na cozinha e no quarto. O último lugar provável é o escritório e também o único onde ainda não procurei.
Ao entrar no escritório, olho primeiro na mesa e nem sinal dela. Procuro no aparador com bebidas e nada. Viro para verificar as prateleiras da estante e percebo um cubo de vidro na estante de prêmios, o que me surpreende.
Poderia jurar que esse cubo ficava na mesa e não aqui, mas talvez eu apenas não me lembre do momento em que Tyler o tirou da mesa para não derrubarmos, quando estivemos aqui na sexta-feira à noite.
Checo em todas as prateleiras mais baixas onde a bendita poderia estar e nem sinal dela. Passo para trás da mesa e vejo que tem mais uma evidência da nossa noite.
A pintura que eu vi Tyler usar para esconder um cofre está torta. Acho que posso ter esbarrado nela quando ele me prensou contra a parede e as coisas ficaram mais intensas.
Finalmente, encontro minha carteira debaixo da mesa e me arrasto um pouco pelo tapete para alcançá-la. Quando a pego e levanto, sinto a coluna pedir socorro.
Misericórdia! Tenho vinte e três anos e a coluna de uma idosa.
Fiquei pouco mais de uma semana sem ir treinar com o Matt e semanas sem correr no parque aos sábados e meu corpo já está me punindo. Amanhã eu vou fazer o mínimo que é correr no parque se eu não quiser sofrer mais depois.
Fecho a porta do escritório e volto para casa, pensando na ligação de mais cedo. Eu definitivamente quero repetir a dose e acrescentar alguns brinquedinhos...
-------Continue no próximo --------
ATENÇÃO! CAPÍTULO NÃO REVISADO! ;D
AIAI, GENTE! AS AMEAÇAS DA MEIO METRO, SÃO TUDO PRA MIM KKKKKKKKK
E O QUE FOI AQUELA LIGAÇÃO, HEIN GALERIS?!
SOBRE HOT: ME PERGUNTAM SOBRE ISSO SEMPRE E A RESPOSTA É A MESMA. EU PRETENDO ESCREVER O HOT COMPLETO EM TODAS AS CENAS QUE ISSO ACONTECEU IMPLICITAMENTE, PORÉM APENAS NA SEGUNDA VERSÃO DO LIVRO (QUE VAI COMEÇAR A SER ESCRITA SEIS MESES APÓS A CONCLUSÃO DESSA VERSÃO E DEPOIS DA RETIRADA PARA A REVISÃO, MAS TUDO ISSO SÓ VAI ACONTECER ANO QUE VEM). A BOA NOTÍCIA É QUE TERÃO OUTRAS CENAS NA VIBE DESSA DO TELEFONE E DAQUELA NO SOFÁ DO ESCRITÓRIO (UM POUCO MAIS EXPLÍCITAS QUE ELAS) AINDA NESSA VERSÃO E VAI TER UM ÚNICO HOT PERTO DO FINAL.
BJS! ATÉ A PRÓXIMA!
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