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22. Pillow talk

Oioi amores! Tentei postar mais capítulos, mas fui passar fim de ano na casa de praia da minha tia e fiquei só com um sinal bem fraco de 3G que não foi o suficiente pra rotear pro note e postar capítulo. Quando voltamos (05/01) ajudei no planejamento e decoração do jantar de casamento dela (foi só família, nada de aglomeração). Então eis que agora eu finalmente estou livre para postar, ufa.

Espero que gostem, porque antes mesmo de eu reescrever esse capítulo, já estava levemente certa de que não ficaria tão bom quanto a primeira versão que ainda não recuperei. Gostei de muitas ideias novas que tive, tenho algumas ressalvas quanto a outras coisas, mas enfim.

Dedicado a todas as minhas leitoras queridas que me apoiam sempre, especialmente: _saybitch_ e bitch_webs (seus comentários me fizeram rir demais quando eu só queria chorar). Obrigada!

ESSE É O MEU CAPÍTULO FAVORITO ATÉ AGORA! QUASE CHOREI ESCREVENDO O FINAL PORQUE SOU MUITO BOIOLINHA NESSES DOIS KKKKK

BOA LEITURA!

-----------Capítulo 22------------

Jullie

Enquanto assistia Tyler com as mangas da camisa arregaçadas até o cotovelo cozinhar um espaguete de abobrinha ao molho pesto, tentava encontrar uma explicação para uma coisa que não tem nada de erótico parecer tão sexy. Porque definitivamente a habilidade que aquele homem demonstrava ao preparar o pesto quase que ao mesmo tempo em que  salteava a abobrinha na frigideira era algo muito excitante.

— Ty, sei que não é o melhor momento para pedir isso com tudo o que está acontecendo na empresa e que você realmente não precisa deixar só por conta do que estamos tendo, mas você poderia me dar folga nos dias 13, 14 e 15 do próximo mês? — Digo, sentada na banqueta do balcão de mármore preto da cozinha e com o rosto apoiado nas mãos.

— Tudo bem, só preciso que você adiante o que for possível das incumbências desses dias e deixe algumas orientações para a Sabrina e o restante eu me organizo com ela. — Responde ainda de costas para não se distrair das panelas.

— Obrigada, se houver algo que não consigam resolver sem mim, pode me ligar que eu ajudarei remotamente. — Bebo um gole de água que ele havia me entregado logo que viemos para a cozinha.

— Confio no seu planejamento o suficiente para saber que suas especificações não deixarão brechas para que algo fuja do controle. — Olha rapidamente sobre os ombros e pisca para mim com um dos olhos. — Se não for um problema que eu pergunte e for da sua vontade responder, por que precisará de folga nesses dias específicos?

— Tudo bem, não vejo problema em responder. — Tyler desliga o fogo e serve o espaguete com um aroma delicioso e que estou ansiosa para provar em um prato, coloca o pesto por cima e põe sobre o balcão. — Afinal, eu pedi que você fosse mais aberto comigo, então só é justo se eu fizer o mesmo. Um relacionamento é uma via de mão dupla.

— Você sabe que é incrível, certo? — Me dá um selinho curto ao se inclinar sobre a bancada.

— É. Eu sei sim. — Sussurro com a boca a poucos centímetros da dele.

Conseguia sentir nossas respirações mornas se misturando e por isso não resisti a roubar um beijo antes que ele se afastasse. Há um tempo, percebi o quanto adoro a nossa sintonia em momentos como esse, a forma como nossas bocas se encaixam perfeitamente, quando o beijo é vagaroso e delicado antes de se transformar em algo ardente e mais forte.

— O que prefere beber, suco ou vinho? — Oferece depois de separar nossos lábios com alguns selinhos.

— Pode ser suco, obrigada. — Pego os talheres que já estavam postos antes dele me servir e experimento o espaguete. — Hmmmm... Não acho que algum dia eu vá deixar de me surpreender com os seus dons culinários. Ficou muito bom!

Olho para ele que já pôs o copo de suco de uva perto de mim e está encostado no armário próximo da pia enquanto me observa com os braços cruzados e um sorrisinho orgulhoso nos lábios.

Contenho um suspiro ao focar minha atenção nos músculos tonificados dos seus bíceps encobertos pela camisa azul clara e os antebraços com algumas veias saltadas aparentes. Balanço a cabeça, lembrando-me que terei todo o final de semana para admirar e aproveitar o corpo dele, mas que no momento eu tenho uma pergunta a responder.

— Voltando ao assunto, eu preciso da folga porque completará cinco anos das mortes do meu pai e do Zach. Minha mãe e eu sempre ficamos juntas nessa data, somos o suporte uma da outra. — Abaixo a cabeça e remexo a comida com o garfo. — Não quero nem imaginar como seria se estivéssemos distantes. Aliás, tenho medo que ela tenha uma recaída apesar de já estar recuperada há anos.

— Sinto muito. — Sinto um leve toque na mão direita que segura o garfo e levanto a cabeça. Tyler se aproximou, está curvado sobre o balcão e o que vejo em seus olhos não é pesar, nem mesmo pena. É empatia. Ele sabe, assim como eu, que não há o que fazer ou falar que seja capaz de extinguir a dor da perda de alguém que ama. Mesmo quando você não teve muito tempo com a pessoa, sempre vai sentir aquele vazio, um lugar que ninguém, por mais que tente, poderá preencher da mesma forma. Com o tempo, a dor diminui, mas não acredito que um dia ela vá embora. — Acho muito especial a sua relação com a sua mãe. Sua dedicação, o amor que vocês sentem uma pela outra.

— É especial mesmo. — Sorrio levemente pensando na minha mãe. Mesmo nos momentos em que não concorda comigo ou aprova minhas ações, ela está comigo. Ela é paciente e compreensiva, sempre faz o possível para que eu esteja bem. Mesmo quando ela estava depressiva e mal podia cuidar de si mesma, ela tentava cuidar de mim de alguma forma, mesmo que simples. O que era considerado "insuficiente" de outros pontos de vista, era o suficiente para eu saber que minha mãe ainda estava ali e se importava comigo. — Eu fui a fortaleza dela no momento mais difícil e ela é a pessoa por quem eu sempre procuro quando as coisas vão mal.

— Como vocês eram? — Dá a volta na bancada para se sentar ao meu lado, enquanto eu levo o garfo à boca novamente.

— Como assim? — Pergunto ao me virar para olhá-lo depois de engolir a comida.

— Quando todos vocês estavam juntos. Como era?

— Não sei que palavra definiria melhor que completo. — Meus olhos marejam pela saudade e nostalgia. Um sorriso franco se forma em meus lábios. — Havia desentendimentos, birras adolescentes, repreensões e o que chamávamos de "reunião da banda", onde conversávamos sobre as ações que nos incomodaram, consequências delas ou como foi o dia, novidades e etc. — Ao me lembrar de uma coisa em específico, não consigo evitar a gargalhada. — Às vezes, meu pai colocava o refrão de "I want it that way" do Backstreet Boys e dizia que era a nossa música tema. Então, ainda que eu estivesse zangada com o Zach ou aborrecida porque meus pais não deixaram que eu fizesse algo, cantava involuntariamente, e quando percebia estávamos quase gritando "Tell me why" juntos.

— Quase consigo imaginar a cena, definitivamente impagável. — Tyler acompanha meu riso.

— Os melhores momentos e aos quais sempre recorro quando sinto muito a falta deles, eram os mais simples e cotidianos, como fazer as pazes com o Zach depois de implicarmos um com o outro por razões bobas ou ele sentar ao meu lado enquanto eu assistia algum filme onde ele dizia "Você só assiste coisa chata! Não tem graça nenhuma nesses filmes melosos, são todos iguais", mas roubava minha pipoca e assistia até o fim. Quando via meus pais dançando sem música nenhuma, vivendo no mundinho deles como se não existisse mais nada, ou meu pai me chamar de Jellybean e jogar baseball comigo apesar de eu ser péssima, assim como ele se esforçava para dançar e cantar comigo músicas de artistas pelos quais estava vidrada em cada fase e eu fingia que ele não era horrível porque amava isso. — Seco uma pequena lágrima fugitiva. — Não consigo nem chutar um número de vezes que ele interpretou comigo algo do One Direction ou da Taylor Swift. — Balanço a cabeça sorrindo ao lembrar como meu pai era descoordenado e desafinado.

Ele reprime um sorriso sarcástico e arqueia a sobrancelha como quem diz "sério?" sobre minhas predileções musicais.

— Não me julgue! — Cutuco o braço dele com o cotovelo. — Eu ainda ouço as músicas dos meninos mesmo que eles tenham se separado e uma ou outra da Taylor. — Como mais um pouco enquanto ficamos em um silêncio confortável. Aparentemente, meu relato deu algo para ele refletir.

— Muitas pessoas dizem que eu tenho tudo. E realmente tenho tudo o que poderia querer no sentido material. Mas, sabe o que eu sempre quis e nunca tive?

Nego com a cabeça, pois percebo que se trata de algo sério. Talvez em algum outro momento eu brincasse fazendo tentativas sobre coisas idiotas, para fazê-lo rir. Porém, há hora para tudo.

— Uma família unida e feliz. — Ele suspira amargamente e todo o ar divertido e alegre que marcava seu semblante até alguns instantes atrás parece ter sumido. — Como eu já te disse, não tive uma figura paterna depois dos dez anos, uma fase em que meu caráter, senso de bem e mal, certo e errado estavam começando a se desenvolver de forma mais latente. E quanto a minha mãe, ela sempre colocou dinheiro e status à frente dos filhos.

— E a sua relação com a Annie? — Abaixo os talheres e começo a me levantar para levar a louça para a pia, ainda atenta ao que ele fala.

— Eu sou responsável por ela desde muito novo, mesmo que ela tenha sido educada e cuidada na maior parte do tempo por tutores porque eu precisava me preparar para assumir a empresa e os avós dela não eram amorosos. — Tiro os resquícios de comida, que estava uma delícia, do prato e coloco a louça na lava-louças. — Mas, antes disso, eu sempre estive por perto, desde que ela era pequena. Nós sempre fomos muito unidos.

— Se dão bem, então. — Constato, secando minhas mãos em um pano de prato após lavá-las.

— Podemos dizer que sim.

Naquele instante, diferente do jantar que tivemos a alguns dias onde eu não quis contar o que havia acontecido nos meus encontros anteriores com a irmã megera dele, por não querer magoá-lo e temer que minhas revelações pudessem criar algum tipo de atrito entre os dois, a minha língua coçou para colocar pra fora todo o mal que ela vinha fazendo. Porém, dessa vez, sabendo que ele só tem a ela como família e entender exatamente como é isso, meu medo passou a ser que se eu disser algo, ele não acredite ou se afaste de mim. Por mais que confie em mim na empresa para contar os segredos sobre a investigação e tenhamos essa relação intensa, nós nos conhecemos há pouco tempo e ela é a família dele.

— Obviamente eu percebo as dissimulações dela, a vitimização e as tentativas de me manipular, mas em grande parte isso se deve aos transtornos que foram diagnosticados desde cedo.

Bom pelo menos ele é consciente das artimanhas dela, por mais que seja um tanto cego em alguns aspectos por não perceber que a garota simplesmente me odeia e é realmente maldosa.

— Transtornos? — Pergunto franzindo o cenho ao recapitular o fim da frase.

Tyler levanta da banqueta e indica com a cabeça para irmos nos acomodar na sala.

— Sim, quando ela era criança foi diagnosticada com transtorno bipolar. No fim da adolescência descobrimos que o diagnóstico estava equivocado e que o que ela tinha era transtorno de personalidade antissocial e boderline.

Acho que minha cara de paisagem denuncia que não sei muito sobre o que ele está falando, porque logo ele me pergunta ao sentarmos lado a lado no sofá enorme e extremamente confortável:

— Você não sabe o que são, sabe?

Ele usa o encosto do sofá como apoio para o cotovelo e descansa o rosto sobre o punho, encarando-me.

— Bem, não sei com exatidão, apenas superficialmente. Então, se quiser esclarecer...

Antes que ele comece a explicar, tiro meus tênis rapidamente e coloco o par de forma organizada ao lado do sofá e puxo meus pés para cima, cruzando as pernas em postura de meditação. Tyler lança um breve olhar para minhas meias e não consegue evitar o riso.

— Elas são quentinhas, mais do que as meias comuns! — Defendo minhas meias brancas com desenhos de cactos e balões roxos. — Além disso, soube que meias desenhadas estavam se tornando tendência de moda. — Pisco com um olho e encosto a bochecha no ombro como se estivesse dando um beijinho ali.

— Entre crianças. — Gargalha e instantaneamente eu fecho a cara, cruzando os braços.

— A carinha de birra provavelmente é a mesma de uma. — Pega a perna que estava por cima, puxando meu pé e segurando perto dele.

Reviro os olhos e balanço a cabeça negativamente, mas a pose de durona não dura muito já que não consigo impedir um sorriso.

— Certo, vamos lá. — Tyler expira tentando voltar a ficar sério. — O TPAS, ou transtorno de personalidade antissocial, é caracterizado pelo descaso com as consequências e direitos de outros. Por exemplo, uma pessoa com esse transtorno justifica ou racionaliza suas ações declarando que a outra pessoa mereceu o que quer que tenha sido feito a ela, ou comete atos para ganho próprio sem se importar com os efeitos sobre outros. Claro que há casos mais graves, mas esses são os mais comuns. — Franzo o cenho pensando o quão difícil pode ser viver assim, fazendo coisas mal vistas e consideradas ruins pelos outros ou às vezes causando mal e tendo a certeza que não há nada de errado com isso. Deve ser ainda mais complicado para as pessoas próximas que tem que lidar, respeitar e continuar amando. — A pessoa com boderline se irrita frequentemente e com facilidade, além de ter ansiedade que pode provocar agressividade e atitudes impulsivas. Alguns têm medo de abandono e se sentem solitários, também tem casos mais graves onde podem acontecer pensamentos e ameaças suicidas.

Os dois transtornos são complexos separadamente, os dois juntos devem ser como uma bomba. Sempre prestes a explodir.

— Você acompanhava o tratamento dela de perto?

— Eu sempre quis o melhor para ela, então busquei conhecer mais sobre o diagnóstico para saber a melhor forma de como lidar e de como cuidar dela. — Aperta levemente meus dedinhos e vai descendo a mão pelo comprimento do meu pé, em uma massagem bem gostosinha que me faz suspirar baixo. — A Annie ainda tem acompanhamento psicológico, mas como ela é adulta e responsável por si própria, eu não sei exatamente como está o quadro dela, apenas o que me conta. Aparentemente, está bem e não tem agido de forma agressiva ou demonstrado alguma outra característica mais extrema.

Claro, nada extremo. Só uma ameaça de vez em quando para não perder o costume.

— Você é um bom irmão Tyler. — Digo a verdade, pois é nítido o quanto ele se preocupa com a irmã e quer o bem dela. É muito triste que todo esse apreço que ele demonstra por ela é devolvido com mentiras e maldades. Quando se ama alguém, não se deve querer afastá-lo do que ou quem o faz bem e deseja o melhor para essa pessoa.

— Bom, eu tento. Ela não teve realmente uma família. Minha mãe foi embora quando ela era muito pequena e o pai dela morreu alguns anos depois, o avô e a avó dela que a criou se preocuparam exclusivamente com seus estudos, então sinto que é meu dever como irmão mais velho cuidar dela e tentar proporcionar de alguma forma esse acolhimento familiar.

— Deve ter sido uma infância solitária. — Tive sorte de que a diferença de idade entre mim e o Zach não era tão grande e fazíamos várias coisas juntos.

Tyler confirma com a cabeça baixa e suspira. Ele estica os braços para mim e quando me aproximo de joelhos no sofá, sou puxada por braços fortes para sentar-me de lado em seu colo. Como não sou boba, aproveito o abraço acolhedor que ele mantém e me aconchego melhor ao deitar a cabeça no seu ombro, de modo que fico com o rosto próximo de seu pescoço, sentindo aquele perfume que tanto amo.

— Por mais discrepante que possa parecer por conta do meu histórico de relacionamento ausente com meus pais, eu quero construir a minha própria família. Quero ser um bom pai, uma figura presente, ser compreensivo, ensinar valores e princípios, amar e cuidar dos filhos que um dia terei. — Ele diz ao encostar a cabeça na minha.

Sei que seus anseios para a paternidade são o mínimo que bons pais fariam, mas sabendo que muitos pais se tornam relapsos e sempre buscam algo para culpar — trabalho, a imaturidade dos filhos ou a escassez de coisas em comum — pela falta de atenção para com os filhos e o pouco tempo dedicado a eles, acho admirável a forma que ele pensa.

— Você quer ter filhos, Jullie? Uma família grande? — Sua voz soa um pouco mais abaixo do tom normal, quase como se tivesse medo de fazer a pergunta.

Quando meu cérebro assimila a pergunta, arregalo os olhos e levanto a cabeça, tentando arrumar uma posição para fitar seu rosto que transmite seriedade.

— Ah... Bem, futuramente sim. — Quebro o contato visual, encarando minhas mãos no meu colo. — No momento, acho que ainda sou jovem demais e tenho muito para aprender e amadurecer. Sei que há pais e mães mais novos que eu por aí e nem por isso deixam de cuidar bem de seus filhos, mas acredito que um lar saudável requer estabilidade, responsabilidade, zelo e amor. Não me sinto preparada para nada dessa magnitude. — Volto meu olhar para ele novamente.

Ele concorda com a cabeça, sem dizer nada como se minha resposta tivesse sido o suficiente. Então, continuo a falar.

— Além disso, nós temos essa relação indefinida e recente. Definitivamente não seria o melhor momento para ter um bebê. — Finalizo um tanto sem fôlego e conjecturando um pouco mais sobre a questão, quando o sinto esconder o rosto no meu pescoço.

Tyler deposita um beijo na pele cálida daquela região e sinto um pequeno arrepio, até perceber que seu corpo começa a sacudir. Por um instante, chego a pensar que ele está chorando, até que os tremores aumentam e me afasto dele mais uma vez, notando que na verdade o filho da mãe está rindo.

— Algo engraçado, senhor Richards? — Estreito os olhos. Engraçado como eu não preciso fazer nenhuma piada, nem sequer tentar fazê-lo rir. Ele acha sozinho uma razão para rir de mim. Idiota.

Ele nega com a cabeça, pressionando os lábios um no outro para conter o riso.

— Não estou rindo do que você falou. — Ele para por um momento, parecendo incerto sobre sua afirmação. — Em teoria. — Dá de ombros e balança a cabeça positivamente, como se o que ele disse finalmente fizesse sentido para si mesmo. — Porque eu concordo com tudo o que você disse, mas eu não estava falando sobre termos filhos agora. Só queria saber se era um desejo seu. — Pega uma mecha do meu cabelo que agora é mais curto que um ano atrás e enrola ela em seu dedo indicador, brincando com meu cabelo sem tirar os olhos de mim.

— Espera. Você não estava falando da nossa família feliz? — Enfatizo o nossa, porque eu não quero acreditar que entendi errado, falei aquelas coisas e depois reagi daquela forma quando ele começou a rir.

— Não. — Vejo seus olhos brilharem devido ao riso anterior e esse pequeno lembrete me faz enrugar o nariz ao ter a certeza do mico que passei.

— Que vergonha. — Escondo meu rosto com as duas mãos.

— Não há motivo para se envergonhar, talvez a pergunta tenha soado de forma ambígua. — Ele tira minhas mãos do rosto e deposita um beijo em cada. — Já percebeu que toda vez que falo sobre a possibilidade de algo em longo prazo, mesmo que não seja a minha intenção ao dizer, você age como se a mera perspectiva fosse um absurdo? — Consigo detectar aflição em sua voz e o sinto levemente frustrado.  — Eu não quero te assustar indo rápido demais, Jullie. Prometi que não iria apressar as coisas e estou cumprindo, mas como iremos nos conhecer melhor, nossas aspirações e sonhos se não falarmos do futuro?

Respiro fundo. Sei que ele tem razão. Minha reação é sempre a mesma, primeiro quando ele quis revelar sobre nós para alguém — por mais que esse alguém fosse a irmã dele que sente uma enorme atração por humilhar, ameaçar e magoar as pessoas —, sugeriu irmos além das regras e agora uma conversa sobre filhos, embora não tenha sido realmente uma insinuação sobre nós.

— Além do mais, o fato de não querermos e não estarmos preparados para algo dessa magnitude, não deixa de ser algo que me vejo fazendo com você no futuro. Entende? — Só tenho tempo de confirmar que compreendi antes de Tyler segurar meu rosto com ambas as mãos e selar nossas bocas rapidamente.

Em cada vez que temos esse tipo de contato, seja em um abraço ou um beijo mesmo que singelo, sinto-me protegida em seus braços, acolhida pela calidez de seus lábios e inundada pelo carinho e sentimento que ele deposita em suas ações.

— Eu reconheço que reajo assim. — Admito com a testa colada a sua e os olhos fechados. —Mas, é automático. É tudo tão novo pra mim, quer dizer, nunca tive nada assim. Eu tive apenas um relacionamento no ensino médio e depois disso, um lance de duas noites com outro cara e agora você. — Afasto-me para olhá-lo nos olhos.

No período da faculdade, estava ocupada demais com os estudos, o trabalho e os cuidados com a minha mãe e sua lenta recuperação da depressão, por isso nunca saía com as poucas amizades que fiz na faculdade.

Um dia, eu estava extremamente estressada e ansiosa, chegando ao meu limite e beirando um colapso nervoso. Decidi por impulso que sairia com minhas colegas de turma para uma festa de fraternidade, apesar de não gostar muito dos membros, eles davam festas badaladas e que todos curtiam. Bebi um pouco, já que nunca fui de exagerar — exceto por uma única vez anos depois — e acabei dormindo com um rapaz que fazia duas matérias comigo. Peter tentava se aproximar de mim desde o nosso primeiro contato na faculdade, ele era um cara legal e bonito, então aproveitei para relaxar um pouco. Após aquela noite em que ficamos no apartamento dele, saímos juntos uma última vez antes de eu dizer que não queria mais. Meu foco era outro e eu precisava voltar para a rotina.

— Tudo bem, meu anjo. — Acaricia minha bochecha. — Eu disse apenas porque te noto desconfortável e não quero que ao estar comigo você se sinta mal ou incomodada. Eu quero você bem, relaxada e feliz. — Esfrega seu nariz no meu, em uma demonstração doce de afeto, o beijo de esquimó.

Tyler deitou minha cabeça em seu ombro e manteve a mão ali para que eu permanecesse no lugar enquanto a outra subia e descia lentamente pelo meu dorso. Ouvia as batidas ritmadas e tranquilas de seu coração graças ao silêncio, o que me fez pensar no momento em que ele me disse que me ver dormir era tranquilizante para ele. Para mim, descansar no seu abraço caloroso e ouvir as batidas do seu coração como se fosse uma serenata dedicada a mim, são apaziguadores maravilhosos dos quais eu não abriria mão. Isso é melhor que qualquer medicamento calmante.

— Como você falou que não se incomoda com minhas perguntas, eu tenho outra. — Ele quebra o silêncio e me tira das reflexões de alguém que claramente está com o coração prestes a se render e as mãos atadas.  

— Manda.

— No outro dia você disse que pessoas que pareciam se importar contigo se afastaram e dado ao que você falou agora, presumo que não foram apenas amizades que acabaram não é? — Ele supõe e acerta em cheio.

— O nome dele era Bradd. — Faz tanto tempo que não digo o nome dele em voz alta, que até soa de forma estranha. Não contei sobre ele para Matt e nem Lizzie, preferi deixar o passado para trás, mesmo que às vezes ele me visitasse em pensamentos.

— O que aconteceu? — Sua voz denota curiosidade e preocupação. — Se falar sobre isso for te machucar...

Não permito que ele termine de falar e começo a contar mais uma parte da minha história.

— Nós nos conhecíamos desde os dez anos, não éramos tão próximos, mas o círculo de amizades era o mesmo. No meu aniversário de quinze anos ele confessou gostar de mim e como eu também gostava dele, demos meu primeiro beijo. Depois disso, começamos a namorar, sempre nos demos bem, tínhamos gostos parecidos, nos divertíamos muito juntos e também havia carinho. — Suspirei ao fechar meus olhos que começaram a marejar com a lembrança de uma época simples, onde minhas únicas preocupações eram tipicamente as de uma adolescente que tinha um namorado bonitão, gostava de festas, moda e cozinhar. — Eu acreditava que era amor.

Ao dizer a última frase, sinto Tyler me apertar um pouco mais nos seus braços e um sorriso breve e involuntário surge em meus lábios. Como se eu realmente cogitasse sair desse paraíso tão cedo.

— Ele era o típico garoto perfeitinho. — Abro os olhos e foco minha visão em um canto qualquer enquanto visualizo o cabelo castanho claro, os olhos verdes, nariz reto, maxilar quadrado e o corpo atlético do rapaz que não vejo há anos. — Era inteligente, bonito, rico e popular, então várias garotas davam em cima dele, mas nunca tive motivo para duvidar de sua fidelidade, inclusive eu acredito que ele nunca tenha me traído enquanto estivemos juntos e nem nada parecido. Éramos aquele casal do colegial que todos imaginavam casados depois da faculdade, sendo sincera, o que eles cogitavam era basicamente os planos que tínhamos que consistiam em ir para a mesma faculdade, morar juntos e casar depois da formatura.

— E então?

— Tudo mudou após o acidente. — Mordo o lábio inferior na tentativa de conter as lágrimas. Não quero chorar. — Começou pelo momento em que todos souberam, ele não entrou em contato comigo nenhuma vez. Logo veio o funeral e eu tinha certeza de que ele estaria lá para me apoiar. Ele não foi. Não ligou.

Uma lágrima escorre sem que eu possa evitar quando fecho os olhos com força ao rememorar a dor que eu senti. Não foi fácil perder duas das pessoas que eu mais amei na vida e não receber o apoio daquele que eu esperava que fosse meu companheiro no restante dela.

— Depois de uma semana, voltei para a escola, aquela seria a última semana de aula. E se você está se perguntando se algo aconteceu com ele, bom, ele estava ótimo quando o vi. Agia como se nada tivesse acontecido, apesar de não falar comigo e me evitar sempre que eu chegava perto. — Sequei a lágrima discretamente, antes que ela atraísse mais e eu desabasse. — Quando a sexta-feira daquela semana chegou, eu já estava exausta e havia desistido de correr atrás dele, meu emocional estava um caco.

Tyler desliza os dedos entre os meus fios de forma reconfortante.

— Uma colega em comum me avisou que ele daria uma festa e que esperava que eu fosse. — Solto um riso escarnecedor que soa quase como uma bufada. — Obviamente eu não iria, então pedi que ela enviasse uma mensagem o chamando para conversar na arquibancada sem dizer que era eu, já que ele não respondia as minhas mensagens e fugia de mim. Quando ele chegou e viu que eu o esperava, a primeira coisa que fez foi revirar os olhos e depois procurou a saída mais próxima, provavelmente se preparando para fugir.

O detentor dos meus suspiros, arquejos, sorrisos mais recentes e puros e minhas reviradas de olhos para suas bobagens — e em alguns outros momentos —, sussurra algo baixinho. Acredito que o ouvi dizer "babaca" e apesar de não poder ver seu rosto, sei que suas sobrancelhas estão franzidas e os lábios apertados em um biquinho, sua expressão enfezada que eu acho adorável quando não é direcionada a mim.

— Eu o chamei e quando ele se sentou ao meu lado, perguntou com a cara mais deslavada do mundo se eu iria à festa. Então, no momento em que eu me neguei a ir e o questionei sobre me evitar, ele deu a justificativa mais ridícula que eu já ouvi. — Me distancio porque eu preciso ver a reação dele agora.

— O que ele disse? — Abre mais os olhos tornando nítida sua curiosidade e ansiedade pela resposta.

Pigarreio para preparar a minha imitação padrão de voz masculina, estufo o peito e interpreto o momento que me deu um choque de realidade sobre quem era o garoto que eu namorava.

— "Foi mal, gata. Todo mundo tá sentido sua aura muito negativa e você fica cortando a nossa vibe". E acrescentou a cereja do bolo. — Levanto o indicador sinalizando que ainda tem mais. O absurdo ainda não acabou. — "Você nem se arruma mais, se veste de qualquer jeito, não se importa com o que vão pensar. Aliás, acho melhor terminarmos".

Tyler tampa a boca escancarada com uma das mãos e tem a mesma expressão de quem é expectador da fofoca do século ou está assistindo o final da temporada de uma série que terminou em um plot twist deixado sem resolução.

— E o que você fez? — Tira a mão apenas para falar e depois a leva para o mesmo lugar. Reúno todas as minhas forças para não gargalhar. Quem diria que o grande Tyler Richards adora ouvir história da vida dos outros?

— Perguntei se ele era estúpido e se esperava que eu saísse pulando de alegria depois do meu pai e irmão morrerem. — Ty pega duas mechas da minha franja, uma de cada lado e tira da frente do meu rosto, seus dedos tocando suavemente minha têmpora. Ele balança a cabeça para os lados e pisca lentamente como se estivesse chocado, desacreditado e não soubesse o que dizer. — Ele arregalou os olhos e ficou me olhando com cara de tacho, por isso eu tomei uma atitude e agradeci por ele ter me mostrado que era um idiota antes que eu passasse mais tempo investindo numa relação da qual me arrependeria no futuro. — Ergo as sobrancelhas em uma expressão que demonstra a minha convicção de que fiz o certo e não sinto nenhum remorso sobre isso.

— Essa é a minha garota! — Ele se empolga, segura meu rosto e beija minha bochecha e depois minha boca com um sorriso amplo, me fazendo balançar a cabeça e rir. — E depois? — Pelo visto a pausa foi para essa curta comemoração, pois novamente ele já está interessado em se atualizar na fofoca.

— O ano letivo estava no fim, então o vi por mais dois dias, em que as aulas eram para pegar as notas e se despedir dos professores, até a data da formatura, a qual não compareci, assim como no baile que a antecedeu. Eu peguei meu diploma um dia antes de todos, pois a escola compreendeu o momento que eu estava passando e permitiu que eu fizesse assim.  Depois disso, soube por uma colega da minha mãe que ele tinha ido estudar na Brown, então nunca mais nos vimos. — Dou de ombros. — Não me importo com o que quer que Bradd tenha feito da vida dele, embora não lhe deseje mal algum. Ele foi uma parte importante do meu passado, mas esse é o lugar dele na minha vida, no passado.

Hoje eu sei que foi o melhor para mim, embora tenha sido doloroso no começo. Acontece que eu era tão apaixonada, que não via o quão superficial ele era. Eu me enganava com aquela máscara de beleza, diversão e companhia.

— Qual o nome completo desse Bradd?  — Ele desvia o olhar de mim e franze o cenho parecendo pensativo, arquitetando algo.

— O que você pretende fazer com essa informação? — Pergunto desconfiada. Vai que o homem surta e decide fazer alguma loucura com o Bradd. Não que eu ache que ele faria mal a alguém deliberadamente, mas quando se trata do Tyler, o cara que se agarrou com uma desconhecida no elevador, eu não duvido de nada. — Porque está tudo bem agora, Ty. Isso é passado, você é o meu presente. — Reafirmo pegando sua mão e entrelaçando nossos dedos.

— Eu sei e fico muito feliz por isso, minha querida. — Sorri e vira nossas mãos entrelaçadas para si e beija a minha. — Só estava pensando em enviar flores ou algo do tipo. Ele foi um babaca, mas sou grato a ele.

— Ah é? Por quê? — Arqueio a sobrancelha esquerda, sem ter certeza se ele está sendo sarcástico ou falando sério.

— Porque se ele não tivesse sido um idiota, você provavelmente estaria casada e nós nunca nos conheceríamos. — Afirma antes de depositar um beijo no meu pescoço, o que me deixa arrepiada e faz leves cócegas.

— Provavelmente você tem razão. — Concordo, pois como disse, esse era o plano.

— Seria um sacrilégio eu não ter a oportunidade de conhecer esses olhinhos que me lembram um lago cristalino no inverno e brilham tanto quanto as luzes da cidade quando você está feliz. — Meu sorriso é automático. Nossos olhares se encontram e acredito que seja possível ver tudo o que eu sinto refletido nos meus olhos, mesmo que não posso afirmar com certeza se o que vejo nos seus são a reciprocidade aos meus sentimentos ou a minha vontade enorme de que seja isso que faz seus olhos espelharem os meus. Mas, sinto uma ligação tão forte que meus olhos começam a lacrimejar e apenas percebo que algumas lágrimas de emoção desceram furtivamente quando Tyler passa os polegares delicadamente no canto externo dos meus olhos. — Essa boca perfeita que abriga sorrisos tranquilizadores e resplandecentes, que é responsável por cada um dos beijos mais valiosos do meu mundo. — Ele me beija por cima do meu sorriso. — A mente sagaz capaz de me manter hipnotizado em conversas sobre qualquer assunto e elaborar respostas astutas que quase ninguém teria coragem de me dar. — Deposita um beijo na minha testa e quase sinto meu coração explodir.

Desde que Tyler e eu começamos a quebrar as barreiras entre nós, eu tenho tentado ao máximo resguardar o meu coração e me importado unicamente em fortalecer a barreira que o guarda, pois a vida já o fez sofrer o suficiente. Mas, sinto que meus esforços foram nulos, porque em pouquíssimos segundos senti a última fileira de tijolos restantes esmorecer.

Não vou mais negar a mim mesma aproveitar tudo o que ele me proporcionar. Vou viver essa relação ao máximo pelo tempo que durar, mesmo que talvez no fim eu tenha que recolher alguns cacos e remendar tudo com fita.

Antes que Tyler diga qualquer outra coisa, capturo seus lábios nos meus, pois não consigo expressar em palavras o quero que ele saiba e sinta. Não é um beijo delicado como os últimos que ele tem me dedicado, mas afoito, urgente. A paixão não é calmaria, não é estável e serena. Ela é um misto de euforia e sensações turbulentas, é arrebatadora e intensa.

Passo o restante da noite mostrando a ele a intensidade da minha paixão.

-------Continue no próximo --------

ATENÇÃO! CAPÍTULO QUASE REVISADO! ;D

EU TO APAIXONADA POR ESSE CAPÍTULO E ESPERO QUE VOCÊS TAMBÉM. EU AMEI ESCREVER ESSA INTERAÇÃO MAIS MEIGA, COM MAIS SENTIMENTOS ENTRE OS DOIS. O PRÓXIMO CAPÍTULO JÁ ESTÁ EM PRODUÇÃO, VAI SER AINDA DO FIM DE SEMANA QUE ELA TÁ PASSANDO COM ELE. TEM UMA CENA ÍNCRIVEL ENVOLVENDO GRAVATA, COMIDA E MÚSICA.

BJS! ATÉ A PRÓXIMA!

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