2. RAIN
----------Capítulo 2------------
Meu voo durou 1h53min, mas para mim foi uma eternidade. Principalmente com a conversa incrível que tive com o Sr. Wilson, pode-se dizer que foi uma das melhores viagens. Desembarquei às 21h15min, tirei minha malinha de mão que estava no maleiro de bagagem do avião, a única mala com que embarquei, depois peguei um táxi no aeroporto e indiquei o endereço do meu apartamento.
No caminho fico em silêncio, apenas olhando através da janela do carro e obsevando com atenção cada coisa diante dos meus olhos. Detroit é um lugar bonito e também tem muitos prédios, mas aqui é diferente, passa uma energia diferente, algo bom e ao mesmo tempo assustador, pois nunca senti algo parecido.
Chego ao prédio e após pagar o taxista, desci do carro, estava chovendo forte e eu tive que correr para o prédio. Para o meu azar, a porta estava trancada, bati na porta de vidro, eu podia ver tudo lá dentro. O porteiro não me ouvia, estava com fones de ouvido e com os olhos fechados. Eu já estava encharcada quando ele finalmente percebeu a minha presença e foi abrir a porta.
– Perdão, senhorita. Estava distraído e não te percebi. – Falou o homem com um pouco de vergonha enquanto segurava a porta para eu entrar.
– Pode ficar tranquilo, senhor. Nada que um banho quente não resolva. – Falo entrando enquanto estampo meu rosto com um sorriso simpático.
Entro, vou até o balcão esperando que o homem volte e coloco minha malinha no chão. Ele volta e se senta em sua cadeira procurando algo na gaveta.
– A senhorita é.... – Fala de forma prolongada enquanto olha uma lista cheia de nomes e datas. – Julie Miller, certo?
– Isso mesmo. – Falo me tremendo um pouco pelo frio causado pelo excesso de água em minhas roupas e meu cabelo.
– Aqui está sua chave, seu apartamento é o 21B, ele fica no segundo andar. Suas malas já estão lá. – Me entrega a chave e sorri. – Tenha uma boa noite.
– Igualmente, senhor. – Pego a chave e assinto com a cabeça, logo pego minha malinha novamente.
Subi as escadas até o segundo andar, andei pelo corredor olhando o número dos apartamentos e quando finalmente encontrei o meu, abri a porta e a fechei atrás de mim.
Deixei minha malinha em cima do sofá, por sorte eu aluguei esse apartamento mobiliado. Vejo minhas outras malas atrás da porta, peguei uma que tinha roupas simples, para passar tempo em casa e as levei até meu quarto.
Coloquei a mala na cama, abri e peguei um moletom quentinho, uma calcinha e uma toalha. Vou até o banheiro, tiro minhas roupas molhadas e deixo-as no canto. Entro no Box e abro o registro, sinto a água quente cair em meu corpo, molho minha cabeça me relaxando.
Tomei um banho demorado, me vesti e depois fui explorar meu apartamento. Achei o lugar bom o suficiente para mim, afinal além de eu morar sozinha, eu não passaria muito tempo aqui por conta do trabalho. Folgarei aos fins de semana e durante a semana eu passarei 12h diárias trabalhando, com 2 pausas de 1h –oficialmente falando, porque qualquer um do ramo sabe que não é bem assim, e sinceramente, isso não me incomoda. Quero me manter o mais ocupada que conseguir.
Após conhecer o local, volto ao banheiro e pego as roupas que deixei no chão, coloco-as em um cesto de roupas, indo depois para a cozinha.
Além de comprar algumas roupas, terei que ir ao mercado, preciso comprar coisas para comer, utensílios culinários e alguns produtos de limpeza. Pensei enquanto abria os armários da cozinha e os via completamente vazios.
Com o corpo dolorido e tenso pelo decorrer do dia, deitei-me enquanto digitava uma mensagem para minha mãe:
"Mamãe, já estou no meu apartamento, gostei muito daqui. O voo foi ótimo e você não vai acreditar! Conheci o Joseph Wilson, aquele veterinário que você vive falando sobre. Agora entendo porque você gosta tanto dele. Estou indo dormir. Boa Noite, BJSS. TE AMO!"
Quando terminei, coloquei meu celular para despertar às 08h e após apagar as luzes, fui dormir. Não demorei a pegar no sono, estava exausta.
Na manhã seguinte à minha chegada, me levantei e comecei a desfazer minhas malas, era sábado e eu poderia fazer isso tranquilamente. Terminei tudo 12h03min, então decidi me arrumar e ir às compras, aproveitando também para almoçar.
Tomei um banho rápido, estava ansiosa para conhecer um pouco mais da cidade e ver o que ela tem a me oferecer. Vesti uma calça jeans preta bem despojada e com alguns rasgos, coloquei uma regata branca e minha bota de cano curto preta, ela tem pouco salto então poderei andar tranquilamente pelas ruas da cidade.
Pego minha bolsa, celular e chave e saio do apartamento. Desço as escadas e ao passar pela portaria, vejo o mesmo porteiro de ontem. E é quando lembro-me que não lhe perguntei seu nome, então me aproximo do balcão.
– Boa Tarde! Com licença, sou a nova moradora, falei com o senhor ontem... – Falo esperando que ele se lembre.
–Oh sim! Claro! Senhorita Miller, certo?! Boa Tarde! – Diz o homem sorridente.
– Isso mesmo. Qual o nome do senhor? Ontem eu estava tão ansiosa por um banho e conhecer meu apartamento, que acabei nem perguntando. – Falo um pouco constrangida pela situação do meu esquecimento.
– Meu nome é Jordan Sanchez, mas pode me chamar só de Sanchez. – Diz o homem dando de ombros.
– Ok, Sr. Sanchez. Tchau, tenha um ótimo dia! –Falo sorrindo e viro indo para a porta.
– Igualmente! – Fala sem que eu veja a expressão em seu rosto, mas ainda consigo perceber seu ânimo.
Saio do prédio e vou caminhando pelas ruas, bem animada por conhecer o lugar. Vejo muitas pessoas no meu trajeto até o centro, algumas parecem estar cumprindo sua rotina, outras apenas passeando. Quando chego, olho cada estabelecimento com atenção, procurando algum restaurante. Percebo um restaurante italiano, no mesmo instante decido ir, afinal comida italiana é uma das minhas favoritas. Entro e imediatamente sou atendida por um homem, o maître.
– Boa tarde, senhorita. Bem-vinda! Gostaria de uma mesa ou quer fazer uma reserva? –Diz sorridente.
– Boa tarde. Uma mesa, por favor. –Falo educadamente esbanjando um belo sorriso.
O homem me acompanha até uma mesa para dois que fica próxima a uma janela, ele puxa a cadeira para que eu me sente.
– Obrigada. –Sorrio me sentando.
Depois, o homem pega meu pedido. Peço um gnocchi e uma taça de vinho doce, logo o homem se vai. Enquanto espero que me sirvam, olho pela janela distraída, até que resolvo ligar para minha mãe, espero por alguns segundos.
– Alô?! – Ouço a voz de minha mãe do outro lado.
– Oi mamãe! Te mandei uma mensagem, mas você nem me respondeu, por isso liguei. Está tudo bem?–Falo com um pouco de preocupação.
–Oi filha! Recebi sua mensagem sim, mas tive algumas cirurgias complicadas e não tive tempo de responder. Está tudo bem por aqui e que bom que deu tudo certo por aí. E como assim você conheceu o Joseph?! –Percebo a animação em sua voz.
– Que bom que está podendo se distrair e fazer o que gosta ao mesmo tempo! Sim, foi uma ótima viagem, o único contratempo foi a chuva, mas no fim deu tudo certo. Pois é, ele é um homem muito simpático. –Falo sorrindo.
– HMM... Ele é demais, mas acredito que ele seja ainda mais interessante pessoalmente! – Ela ri. – Agora que sei que está tudo bem, eu fico mais tranquila. –Ouço alguém chamá-la ao fundo. –Beijos filha, tenho que ir, acabou de chegar um cachorro para cirurgia. Te amo!
–Tchau mãe, Beijos. Também te amo! –Ela desliga.
Alguns instantes depois, o garçom me serve e se afasta da mesa cantarolando. Começo com um gole de vinho e depois como, após eu terminar a refeição, peço a conta, pago e vou embora.
Mais uma vez saio pelas ruas, procuro uma loja que me agrade, até que encontro uma onde vendem roupas sociais femininas. Olho os manequins da vitrine e acabo entrando.
Avalio as peças nas araras de roupas e as que estão dobradas nas bancadas, até que uma mulher se aproxima para me atender. Ela é jovem, veste o uniforme da loja com um lenço preto no pescoço, passa uma impressão de ser bem informada em moda.
– Boa tarde. Sou Emily, posso lhe ajudar?! –Diz de forma calma e com educação.
– Boa tarde! Sim, por favor. Estou procurando por camisas sociais e saia lápis, talvez alguns vestidos e terninhos também. – Digo olhando para as prateleiras com sapatos e sorrio. – E com toda a certeza um scarpin desses. –Tem como não se maravilhar com aquela linda coleção?
– Tudo bem, venha comigo por gentileza. –Fala sorrindo e caminha na minha frente enquanto eu a sigo.
Emily me ajuda a escolher as roupas e sapatos, acho que perdi as contas de quantas peças de roupas e pares de sapato que eu peguei, inclusive escolhi também duas bolsas. Vou ao caixa e pago as coisas, saindo realizada da loja com várias sacolas. O guarda-roupa de uma mulher é um investimento!
Peço então um táxi para voltar ao prédio, são muitas coisas para carregar e não acho que seja uma boa ideia voltar sozinha e a pé.
Após alguns minutos o táxi chega, o motorista desce e pega as sacolas da minha mão e as coloca no porta-malas, depois ele dá a volta no carro e retoma seu lugar enquanto eu entro no banco de trás. Informo o endereço e vamos para o local, descemos do táxi e ele retira as sacolas enquanto eu pego o dinheiro em minha bolsa, pago o homem e ele me entrega as sacolas.
Entro no prédio com pressa, as sacolas estão um tanto pesadas, por isso resolvo pedir ajuda ao Sr. Sanchez, mas ele está ocupado falando com uma senhora que parece estar furiosa, então eu terei que levar tudo sozinha por toda a escadaria.
Já estava desanimando, até que ver no outro lado do corredor das escadas, o que me pareceu ser um oásis... elevador!
Há uma placa na lateral onde é possível ler "Apenas para funcionários da limpeza". Olho em volta para ver se ninguém me vê e então me aproximo, apertando o botão e torcendo para que não seja pega enquanto espero por alguns instantes. Quando o elevador finalmente abre as portas, entro apressada e aperto o botão com o número do meu andar, e por sorte o elevador fecha sem demora.
– Até parece que eu subiria todos aqueles degraus carregando tantas sacolas. –Falo em voz alta para mim mesma enquanto deixo as coisas no chão, encostando na parede do elevador e fechando os olhos.
"PLIM".
A campainha do elevador toca, informando que já cheguei ao meu andar. Suspiro pesadamente, me curvando para pegar as sacolas que deixei no chão e em seguida saio do elevador indo para meu apartamento. Pego a chave em minha bolsa com um pouco de dificuldade, abro a porta e entro deixando algumas sacolas caírem o que me faz tropeçar sobre elas.
– DROGA! –Falo alto por estar nervosa, me levantando enquanto recolho as sacolas.
Ao levantar-me de vez, pego a chave na porta e a fecho, vou para meu quarto com as sacolas em mãos, deixo-as na cama e vou tirando as peças uma por vez e pendurando em cabides, os sapatos eu coloco em prateleiras e as bolsas em uma parte separada. Quando termino, me jogo na cama respirando profundamente.
– Que preguiça... Não estou com vontade de sair novamente, mas eu tenho que ajeitar as coisas para minha nova vida, não é mesmo?! –Nego com a cabeça sorrindo ao perceber que faço uma de minhas manias, falar sozinha. –VAMOS JULIE! CORAGEM! –Levanto rapidamente, antes que fique na cama de vez.
...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro