Capítulo 6 - Traição tem perdão?
Victória Walker
Era mais uma segunda feira normal dentro dos meus dias monótonos. Acordei disposta para iniciar a nova semana. Tomei um banho gelado, pois o calor proporcionado pelo verão era intenso, coloquei uma roupa confortável e arrumei minha mochila colocando todos os materiais necessários para a faculdade e o trabalho. Terminado esse processo, sai de casa rumo ao jornal. Quando cheguei no mesmo segui o protocolo de sempre e segui com as minhas tarefas pendentes.
Na hora do almoço, fui para o refeitório da empresa e esquentei minha comida no microondas que ali tinha. Enquanto esperava, comecei a prestar atenção no noticiário onde uma coisa um tanto anormal e inteiramente errada (no meu ponto de vista) era repassada.
-Amante após o falecimento do companheiro entra na justiça a fim de obter metade da pensão concedida a esposa oficial, o caso aconteceu no sul do país. - O jornalista disse com seriedade.
-Isso é um absurdo! - Exclamei indignada.
-Depende do ponto de vista. - Meu chefe que até então eu nem tinha notado sua presença falou vendo minha incredulidade.
-Como assim? - Quis saber curiosa pelo assunto.
-Se ela comprovar que tinha união estável com ele, a causa é ganha, acredite, quando eu estava cursando Direito eu tive a mesma raiva que você está sentindo agora, mas essa é a lei, e ela deve ser seguida. - Deu de ombros.
Okay, tudo bem. Acabei de saber que meu chefe era advogado e que traição pode muitas vezes beneficiar o terceiro envolvido na relação. Isso não parecia certo, não para mim.
O microondas apitou dando fim no nosso curto diálogo, peguei o potinho abri o mesmo, me sentei na cadeira e dei as primeiras garfadas ainda remoendo o que eu tinha ouvido a poucos minutos atrás.
Foi nesse instante que uma luzinha acendeu na minha cabeça e eu tive uma ideia pra lá de maluca. Pensem comigo, o Sr. King era meu professor de Instituições Judiciárias e ÉTICA, e esse caso era inteiramente relacionado com ética, logo, ele poderia muito bem me explicar de forma clara o que seria a justiça nesse caso.
Não pensei duas vezes em pegar meu celular, abrir o Facebook e iniciar uma conversa com Thomas (que intimidade é essa garota?!).
Olá Professor, tudo bem?!
Vi uma noticia agora no jornal sobre a amante exigir metade da pensão da esposa oficial, isso é possível?! É justo?!
Enviado.
Abandonei o celular na minha frente e desejei mentalmente não ficar pensando na resposta dele se é que ele respondeu.
Assim que fechei essa linha de raciocínio em minha mente, o telefone vibra anunciando uma notificação. Respirei bem fundo antes de tomar o aparelho em minhas mãos e ver que a notificação era dele, meu Deus, era dele mesmo. Reuni toda a coragem que eu podia e abri o ícone.
Olá Doutora, estou ótimo e você?!
Tema bem interessante, não é mesmo?! Vamos discutir sobre isso em sala.
Yeah! Ponto para mim!
Okay! Obrigada!
Tudo bem, respira, não pense que hoje tem aula dele e que ele vai falar sobre o assunto que você sugeriu, não pira garota, não pira!
(...)
-Oh meu Deus! Sério que ele te mandou uma mensagem? - Oliver disse histérico.
Já disse que amo meu amigo?!
-Sim, acredita?! Estou pasma até agora. - Sorri envergonhada.
-Não faz essa cara. - Meu melhor amigo revirou os olhos.
-Que cara? - Arqueei as sobrancelhas em sinal de interrogação.
-Essa cara de quem não está nem um pouco a fim de se jogar nos braços musculosos e fortes do capoeirista professor. - Desdenhou.
Bati fraco em seu braço sem deixar o sorriso escapar de meus lábios.
-Mas é muito dada essa minha amiga, SENHOR. - Riu alto.
-Quem aqui é dada? - Becky chegou perto de nós.
Estávamos no refeitório, tínhamos acabado de sair para o intervalo (sim, eu segurei a fofoca até o intervalo).
-A Vick, essa danada recebeu uma mensagem do professor no domingo e só agora falou pra gente, acredita?! - Oli despejou tudo em cima de Becky.
-Já está desse jeito?! Toma cuidado, você sabe muito bem qual é a fama dele, não se apaixone, conselho de amiga, e principalmente, não se iluda com um físico dos deuses e um rostinho bonito. - Becky segurou meus ombros. - Meu Deus porque estou falando isso?! Tenho namorado! - Ela desatou a rir.
-Se você que é você, Becky, não está resistindo aos encantos do King, imagina nossa amiga aqui, que trocou mensagens com ele. Começa assim no ''Oi, tudo bem?" e termina com ela na cama dele gemendo o seu nome. - Oliver disse entendido do assunto.
-Credo Oli, não sou esse tipo de garota, e Becky, tenha certeza que não vou me envolver com ele. - Afirmei para os dois na minha frente, mas eu sabia que aquilo era mais pra mim do que pra eles.
Ambos se limitaram apenas em dar de ombros fazendo menção em seguir para a sala de aula. E assim fizemos, assim que chegamos no nosso destino notamos a conversa calorosa que se estendia ali.
-Não acredito que eles vão dar um baile de máscaras para nós, essa sem dúvida vai ser a melhor calourada do universo. - Era Jane quem estava falando.
Foi ai que um cartaz pra lá de enorme surgiu no meu campo de visão.
Calourada Paraíso Jurídico
Baile de máscaras a acontecer no dia 25 deste mês à partir das 23 horas. Não perca essa festa, pegue sua máscara e se aventure no nosso paraíso.
-Nós vamos, não é gatas? - Oli estava animado.
-Não perderia por nada. - Eu disse antes de focar na figura casual e ao mesmo tempo elegante de Thomas parada na porta.
Rapidamente a ordem se fez na sala e ele entrou sério e incrivelmente irresistível.
-Professor, você vai na nossa calourada? - A vaca da Jane não perde tempo.
-Com certeza, Doutora, mas duvido que vocês me reconheçam lá! - Ele deu um sorriso simpático.
Depois daquela resposta, Thomas seguiu com a matéria que estávamos vendo não apresentando nenhum sinal de que iria falar sobre o assunto que estávamos discutindo mais cedo.
E como eu realmente precisava de respostas, decidi que esperaria até o fim da aula para ir até ele e tirar de fato minhas dúvidas.
(...)
-Estão liberados. - Anunciou quando deu mais ou menos 22h10min.
O pessoal foi saindo e eu fui enrolando para sair, queria falar com ele a sós, seria a primeira vez que teríamos esse contato cara a cara.
-Thomas? - Chamei me aproximando de sua mesa.
Ele levantou os olhos dos papéis e olhou diretamente para mim.
-Olá, Victória, conversamos pelo Facebook, certo? - Me analisou.
-Sim, te mandei até uma sugestão de matéria para discutirmos, mas você não disse mais nada. - Tentei não parecer nervosa.
-Ah claro! Eu me lembro disso, ia até te pedir para trazer a notícia para mim, queria dar uma lida para me situar na questão. - Ele se levantou e eu vaguei meu olhar pelo corpo dele desviando logo em seguida.
-Se quiser eu trago para você na próxima aula. - Ofereci depois de um pigarro.
-Eu iria agradecer muito, Doutora. - Ele deu ênfase na última palavra me fazendo arrepiar.
-Para você, o que acha a respeito pelo pouco que te adiantei? - Me vi perguntando perdida em seus olhos castanhos.
-A questão, senhorita, está na premissa "Traição tem perdão?" - Sorriu gentil e eu devolvi saindo da sala logo em seguida com suas palavras em minha cabeça.
"Traição tem perdão?"
"Traição tem perdão?"
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Thomas é de deixar qualquer uma no chão né?! O que acharam? Deixem aquele votinho e aquele comentário básico de incentivo!
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