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Capítulo 17 - Noite fria, beijos quentes.


Victória Walker

-Tudo bem, vai?! Agora é a sua vez de responder ao questionário da morte. – Brinquei, já um pouco alterada pelas duas garrafas de Skol Beats vermelha que eu mandei para dentro.

-Fique a vontade, estou totalmente preparado para o que estar por vir, senhorita Walker. – Derek cruzou os braços, tranquilo.

-Então vamos lá. – Pigarreei. – Um livro?

-A marca de uma lágrima.

-Uau, literatura brasileira, e romântica ainda por cima, há algo que eu ainda não saiba sobre você? – Me surpreendi com um sorriso.

-Quem sabe?! Continue as perguntas, pode ser que descubra muito mais do que meu livro preferido. – Bebeu mais um pouco de cerveja.

-Uma frase?

-"Se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela um furacão".

Eu estava entendendo bem, ou ele estava de fato citando John Green?! Okay, esse garoto é o Ezra Fitz mais novo, só pode.

-Uma música? – Continuei.

-Shape of You, Ed Sheeran.

-Um lugar?

-Minha cama

-Uma mulher?

-Minha mãe.

-Uma garota?

-Você.

Não evitei e deixei que um sorriso bobo saísse de meus lábios. Derek sabia ser fofo até mesmo quando estava praticamente chapado de cerveja. Trocamos uns olhares significativos e ficamos em silêncio por alguns minutos, mas não era aquele silêncio estarrecedor que deixava as pessoas com vergonha até da própria sombra, e sim aquele silêncio onde nada precisava ser dito, apenas curtir o momento e se deixar levar por ele.

-Acho que já está ficando um pouco tarde. – Falei depois de alguns minutos.

-Tudo bem, quer que eu te leve para casa? – Ele perguntou despertando do transe que estava a pouco tempo.

-Vou querer sim, não sei se consigo chegar até lá no estado que estou. – Ri. – Se bem que você também não está em seus melhores dias. – Observei.

-Ei, posso estar um pouco alterado mas sei dizer quanto é dois mais dois, senhorita. – Se fingiu de ofendido.

-Oh, claro! – Debochei. – Porque não vamos logo pagar a conta e ir para casa, senhor supremo da matemática?!

Derek assentiu e seguimos para o caixa onde acertamos nossa despesa com a atendente.

-Preciso ir ao banheiro, beber demais não ajuda em certas circunstâncias. – O moreno de cabelos longos me parou no meio do caminho.

-Tudo bem, vou te esperar lá fora, tente não morrer afogado na urina. – Recomendei prendendo o riso.

-Victória, me aguarde, quando eu estiver sóbrio o suficiente para me lembrar dos meus atos vou te responder a altura. – Ele disse desafiante.

-Aguardo ansiosamente, Derek Morgan. – Dei de ombros divertida. – Agora vai logo antes que faça isso nas calças.

Derek assentiu e saiu em disparada indo de encontro ao banheiro. Gargalhei vendo seu desespero e voltei a andar rumando o lado de fora do barzinho, mais precisamente o estacionamento do mesmo.

Eu estava sozinha, e o frio da noite de sábado me provocou um certo arrepio, já estava me arrependendo amargamente de ter ficado sozinha naquele lugar. Estava pronta para dar meia volta e esperar Derek do lado de dentro do bar, quando mãos masculinas vendam meus olhos.

Resisto ao impulso de gritar quando o ser humano que me segurava gira meu corpo me fazendo encarar aqueles olhos claros que eu tanto amava.

-Thomas! – Me surpreendi. – Droga! Você me deu um susto!

-Desculpe, não quis te assustar. – Ele acariciou minha face.

-Porque está aqui?! Ou melhor, como sabia que eu estava aqui? – Perguntei cruzando os braços e afastando seu toque.

-Estava rodando por essas bandas, te vi de longe, sozinha, pensei em vim dar um oi. – Ele deu de ombros.

-Você é maluco, Thomas?! – Exasperei-me. – Pensei que estivéssemos entrado em um acordo quanto a não perturbamos um ao outro.

-Você que estipulou isso, você nem deixou que eu argumentasse diante daquilo tudo que me disse no telefone naquela noite. – Ele me olhava profundamente.

-É, eu realmente não deixei você falar, e sabe porque?! Porque você estava bêbado, Thomas, você é tão covarde que para tomar coragem e falar para a garota que ama, você precisa beber. – Joguei com raiva.

-Tudo bem, você tem razão. – Passou a língua em seus lábios, virando a cara para o nada. – Mas te garanto que não estou bêbado para fazer isso.

Naquele momento, Thomas me puxou para si e me beijou de uma forma que nunca tínhamos feito antes. Era um misto de saudades, de amor, e principalmente de desejo. Sua língua explorava cada canto da minha boca fazendo com que o beijo ficasse ainda mais profundo. Teríamos continuado se não fosse por uma voz familiar que carregava ódio.

-Tire suas mãos dela, King. – Derek rosnou vendo tudo de perto.

Thomas separou nossos corpos e se virou para Derek, ambos estavam faiscando de raiva e eu temi pelos dois. Não seria nada legal se aluno e professor caíssem na mão no meio de um estacionamento de um bar.

-Derek Morgan, nunca tive contato com você na faculdade. – Thomas disse despreocupado analisando o garoto em sua frente.

-Sim, nunca tivemos esse desprazer. – Derek cuspiu. – Agora porque não sai logo de perto da Vick?!

-E porque eu deveria acatar a sua ordem? – Thomas cruzou os braços.

-Porque eu acho que você não quer acabar com a vida acadêmica de sua aluna, principalmente se souberem que você tem um caso com ela. – Derek disse meio cambaleante devido a bebida.

Pude sentir o corpo de Thomas enrijecer e decidi tomar umas providências antes que o pior acontecesse.

-Derek, você não sabe o que está dizendo, okay?! É melhor eu te levar pra casa e lá você descansa e põe a cabeça no lugar. – Fui de encontro a Derek que me abraçou assim que cheguei perto o suficiente.

Merda!

-Deixe-a em paz, King! Ela estava muito bem antes de você ressurgir dos mortos, volte para lá e esqueça que ela existe. – Derek mal se aguentava em pé.

Olhei para Thomas com o intuito de fazer com que ele saísse dali antes que algo de ruim pudesse acontecer, conversaríamos depois e discutiríamos o que havia acontecido agora pouco, mas no momento, minha única preocupação era a de evitar uma briga nada legal.

-Nos falamos depois, Victória. – Ele disse me olhando com intensidade.

Assenti com um meio sorriso e soltei o ar dos meus pulmões. Thomas ia se afastando indo de encontro ao seu carro, Derek e eu seguíamos até um táxi.

Acomodei o Morgan com dificuldade no banco de trás e me ajeitei ao seu lado.

-Vick, me perdoa pelo o que eu fiz. – Ele disse com os olhos fechados. – Eu simplesmente não consegui suportar ver você sendo beijada por aquele cara, ele não te merece, Victória, ele te deixou por medo, e agora quer voltar?!

-Derek, não vamos falar disso agora, tudo bem?! – Pedi suspirando.

Derek me encarou por alguns segundos, estávamos perigosamente perto, eu não seria idiota em dizer que nunca pensei na possibilidade de beijar aquele garoto novamente, mas a ocasião não me parecia a das melhores.

Porém, como eu já suspeitava, o garoto parecia não se importar com aquilo e logo extinguiu totalmente a distância entre nós dando espaço somente para o nosso beijo no banco de trás do táxi.

Diferente do beijo urgente de Thomas, Derek depositou em meus lábios todo o carinho que ele dizia sentir por mim, e aquilo era bom, era ótimo, mas o choque de realidade me chamava e em questão de segundos me vi saindo de seu toque.

-Acho que já cheguei no meu destino, tenha uma boa noite, Derek. – Pigarreei claramente nervosa com a situação.

Derek se limitou a sorrir e a tocar os lábios.

-Obrigado por isso, Princesa. – Ele disse depois que eu sai do carro e o observei partir.

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Victória pegadora, sim ou claro?

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