Capítulo 15 - Novo amigo?!
Victória Walker
Dois meses depois
As provas finais me consumiram de corpo e alma. Durante aquela última semana após minha conversa com Oliver, me limitei a dedicar-me completamente aos estudos o que gerou resultados, visto que tirei nota máxima em quase todas as disciplinas, inclusiva a de Thomas King.
Lembro perfeitamente como foi o último dia de aula com ele, era nítido o desconforto que sentia quando estávamos próximos, ele pressentia o mesmo que eu, havia dito que me amava e não acredito que isso tenha passado em um curto espaço de tempo. Contudo, isso não importa mais, as férias me ajudaram a ter certeza de que tudo nessa vida passa, inclusive a dor. E hoje, cá estou eu, me arrumando de frente para o espelho, ansiosa para começar o meu segundo período de faculdade.
Escolhi um vestido simples na cor ferrugem e calcei minha bota preferida, passei uma maquiagem suave e me encarei no espelho.
Existia uma possibilidade tremenda de esbarrar acidentalmente com meu pedacinho de decepção, e eu não sabia se estava preparada. Thomas sumira das redes sociais nos últimos tempos e eu me controlei ao máximo para resistir ao impulso de pegar o telefone e discar aquele númerozinho tentador. Sim, eu passei pela fase do trouxas novamente e cogitei a hipótese de esquecer tudo o que aconteceu e engolir o orgulho.
Enfim, tratei de deixar esses pensamentos de lado e me concentrar na nova fase que se iniciaria, eu estava feliz em reencontrar meus amigos e estava feliz por voltar a rotina (sim, eu sentia falta da correria).
Peguei minha mochila e sai de casa rumando a faculdade. Coloquei meus fones de ouvido e apertei o play, logo a música Despacito começou a soar em meus tímpanos e eu me deixei guiar pelo ritmo da música. Enquanto a ouvia eu podia sentir um sorriso se formando em meu rosto, pensem em uma música chiclete, pensaram?! Pois é, agora imaginem ouvir e querer dançar no meio da rua, estranho, não?!
E foi com essa vibe que eu cheguei na porta da faculdade, mas o sorriso que até então estava presente em meus lábios logo se apagou no momento em que dei de cara com Thomas King, ele estava lindo, havia deixado a barba crescer e cortara um pouco o cabelo, contudo, o que transformava aquele pequeno encontro em algo bom, desapareceu no segundo em que uma morena de cabelos cacheados descendo pelas costas apareceu tomando a atenção de Thomas com um beijo.
Senti meu coração se despedaçar, não tinha valido de nada aqueles dois meses sem vê-lo. Eu deveria suspeitar que a distância na maioria das vezes fortifica ainda mais os nossos sentimentos, e agora, todo o discurso de que eu estava bem e que nada poderia mudar isso de antes, havia caído por terra, e lá estava eu, chorando novamente no meio de universitários estranhos.
Ter aquela cena em meu campo de visão me fez lembrar de uma passagem de um livro chamado Simplesmente Acontece, ela dizia assim:
"Eu sempre tive você e você sempre teve a mim, agora você tem ela e eu não tenho ninguém"
A veracidade daquele trecho nunca foi tão cruel, se Thomas queria dar o recado de que ele estava bem e estava seguindo em frente ele havia feito com excelência.
Não hesitei em sair daquele lugar e fugir da realidade que me assolava. Era para ser um dia bom, um dia em que eu poderia fingir que nada saíra dos eixos, mas eu me enganei, fui tola em achar que nada poderia me abalar à aquela altura.
Perdida em meus pensamentos acabo colidindo com algo, ou melhor alguém, alto e tecnicamente forte, eu já estava prestes a praguejar quando notei quem era: Derek.
—Victória, nossa, que bom te ver. – Ele abriu um sorriso, lindo por sinal. – Não respondeu minhas mensagens, pensei que pudesse ter acontecido algo. – Colocou a mão nos bolsos.
Era a primeira vez que eu reencontrava Derek no corredor da faculdade, e quando bati os olhos naquela figura eu só podia pensar que ele era o suposto responsável pela minha dor, o que me fez chorar mais ainda.
Tenho certeza que ele percebeu a mágoa em meus olhos e com isso arriscou dar um passo a frente a fim de se aproximar um pouco mais de mim.
—Victória, não sei o que te deixou assim, mas quero te ajudar. – Arriscou a tocar meus cabelos e eu recuei.
—Ajudaria se ficasse longe. – Disse entre soluços.
Nesse momento uma massa de pessoas começou a atravessar o corredor, e Thomas estava no meio, foi inevitável não olhá-lo e Derek percebeu isso.
—É por causa do King? – Questionou já sabendo a resposta.
—Você não sabe de nada, Derek, agora deixe-me em paz. – Enxuguei as lágrimas e voltei a andar de encontro a sala de aula.
Ao entrar na mesma não me surpreendi em encontrar Thomas virado para o quadro escrevendo com sua letra quase ilegível o título da matéria: História do Direito.
—Sente-se, senhorita Walker. – Ele me despertou da minha pequena viajem ao meu subconsciente.
Acomodei-me no lugar de sempre, Oliver trocou alguns olhares comigo e eu me limitei a dar o melhor dos meus sorrisos, não queria saber de perguntas, não queria saber de nada, queria apenas tentar salvar a minha noite desastrosa na faculdade.
Becky notou que eu estava um pouco absorta em meus pensamentos, pois no meio da explicação do King, recebi um bilhetinho um tanto quanto especulativo.
Não importa o que tenha acontecido, seja forte e não deixe que ele perceba que está sofrendo.
Atordoada com o comentário, não pestanejei em escrever uma resposta fingindo que não sabia do que ela estava falando.
Não entendi, não sei de quem está se referindo.
Passei o bilhete para o lado e logo Becky respondeu.
Não nasci ontem, e sou sua amiga, sei o que está rolando entre você e o King, mas fique tranquila, seu segredo está guardado comigo.
Estremeci da cabeça aos pés quando li aquelas palavras. Oliver suspeitava que nossa melhor amiga sabia, mas agora estava nítido que ela sabia até demais, o que era bem preocupante.
Tentei não transparecer meu desconforto e tentar ao máximo prestar atenção nas palavras de Thomas, mas minha cabeça estava longe, totalmente avulsa a qualquer tipo de teoria que estivesse sendo passada, eu só conseguia pensar em como ela descobrira sendo que Thomas e eu tomamos todas as precauções necessárias para que ninguém enxergasse mais do que devia.
A paranóia foi tanta que eu nem havia notado que a aula já tinha sido encerrada e que somente King e eu estávamos na sala. Sozinhos.
Rapidamente tratei de juntar as minhas coisas e a me prontificar a andar, não estava a fim de ter nenhum tipo de contato com aquele homem, não depois da cena de mais cedo.
Contudo, a sorte estava contra mim, e logo pude sentir seus braços me puxando gentilmente para si. Me desvinculei no mesmo momento.
—Alunas não podem ter nenhum tipo de contato com os docentes. – O olhei com frieza.
—Victória... – Ele começou e eu o cortei.
—Olha, não venha com seu papo ridículo sobre ética, já estou farta, porque você não volta para aquela morena que estava cheia de amor pra dar?! – Fui ríspida. – No fundo, quando você disse que era pra eu dar uma chance para o Derek, você sabia que era uma forma de sair fora do que tínhamos para aproveitar a vida com pessoas da sua idade.
—Não ponha palavras na minha boca, você sabe muito bem os sentimentos que sustento por você, Alicia não significa nada. – Ele justificou.
—Não se sinta na obrigação de me esclarecer nada, você fez a sua escolha, Thomas, e ela se baseia no fato de você me excluir da sua vida, e isso não é amar, é ser covarde a ponto de não lutar pelo o que quer, agora quem quer ficar em paz sou eu. – Sibilei deixando que as lágrimas caíssem novamente pela minha face.
Thomas estava preparado para dizer alguma coisa, mas eu não esperei que ele o fizesse, sai da sala da mesma forma que eu entrei a horas atrás, arrasada.
Caminhei a passos largos até a cantina, onde não aguentei e me vi sentando em uma mesa afastada das demais, deixei que meu choro saísse sem pudor, não liguei para os olhares curiosos das pessoas, eu só queria sentir minha dor.
—Posso? – Ouvi uma voz masculina e eu não me dei ao trabalho de responder.
Era Derek, reconheci pelo perfume amadeirado que só ele tinha.
—Quero te pedir desculpas pelo meu comentário de mais cedo, fui maldoso ao falar do Thomas, não sabia que ele mexia tanto com você. – Ele foi sincero.
Levantei meu rosto e deixei que ele visse a minha expressão destruída de quem acabara de uma vez por todas com um amor de faculdade.
—Eu não sei o que te falaram, e muito menos o porque disso tudo, mas ficaria agradecida se você não comentasse isso com mais ninguém, o que aconteceu é passado, não quero mais tocar nesse assunto, fui clara? – Disse entre soluços tentando parar de chorar.
Ele assentiu.
—Conhece aquela história de que quando uma garota chora perto de você é sinal de que ela é a escolha certa para sua vida? – Ele me fitava com intensidade.
—Derek, acho muito gentil da sua parte vim até aqui e me pedir desculpas, mas não tente enxergar coisas demais, não tenho cabeça para isso. – Pedi secando as lágrimas.
—Tudo bem, vamos com calma, ainda somos amigos não é? – Ele espera ansioso minha resposta.
Vejo Thomas de longe nos observando e lembro da nossa discussão de pouco tempo atrás.
Ele estava seguindo em frente, não é?! Eu também poderia, certo?! Ser amiga de Derek não significaria que eu estivesse entrando em um relacionamento sério, então porque não?!
—Sim, Derek, ainda somos amigos. – Sorri fraco e logo em seguida Derek me acompanhou.
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Derek está com boas intenções? Estamos perto de descobrir!
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