Capítulo 13 - E em questão de segundos você vai embora.
Victória Walker
-Thomas, não acho necessário remexer em coisas que aconteceram antes do nós. – Insisti com receio de contar sobre meu breve envolvimento com Derek Morgan.
-Se remexer incomoda, é sinal de que alguma coisa ruim aconteceu entre vocês, e eu quero muito saber. – Ele estava irredutível em seus questionamentos.
-Não é que me incomoda, mas é que... – O olhei e vi o quão ele estava curioso em saber o que havia ocorrido. – Está bem, eu vou contar. – Respirei fundo.
Thomas sorriu fraco e se recostou no sofá pronto para ouvir tudo o que eu tinha pra dizer.
Fechei os olhos e comecei a lembrar dos fatos desde o início.
Flashback On
Era a minha segunda semana na faculdade, o Sr. King ainda não havia dado abertura para ninguém e eu resolvi dar uma pequena pausa na minha caça ao professor.
Havia combinado de encontrar com Oliver e Becky no início da aula, segundo meus amigos, minha vida estava parada e sem graça, logo, no ponto de vista deles, eu deveria procurar olhar mais para as pessoas (lê-se, homens). E aqui estou eu, sentada na área da cantina com meus dois amados melhores amigos.
-Juro que pensei que não viria. – Becky deu uma mordida em seu salgado.
-Eu também pensei que não viria...seria o mais sensato a se fazer. – Dei de ombros mas com um sorriso no rosto.
-Garanto que vai me agradecer depois que conhecer meu amigo. – Oliver, como sempre, era o mais animado.
-Tenho medo de você, Oli. –Bebi um pouco do meu suco.
-Não deveria, quero só o seu bem. –Sorriu fingindo estar ofendido. – Agora se comporte mocinha, nosso rapaz acabou de chegar.
Revirei os olhos e me limitei a continuar com a minha bebida. Eu não estava interessada em me envolver com ninguém naquele momento, mas de alguma forma, quando o garoto moreno, de corpo magro mas ainda assim forte, cabelos lisos na altura dos ombros e dono do sorriso mais doce e encantador de todo o universo se aproximou, eu senti como se talvez, só talvez eu havia feito bem em estar ali.
-Olá! – Ele disse colocando uma mão no bolso do jeans surrado e acenando com a outra. Parecia tímido.
-Derek, sente-se conosco. – Oliver disse casual apontando para o lugar vazio ao meu lado.
O tal Derek assentiu e sentou-se ao meu lado.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, eu não sabia o que dizer e tenho certeza que ele também não, mas Becky fez o favor de "ajudar" no rumo das coisas.
-Oli, esqueci de ir na secretária resolver umas pendências sobre minha matrícula, pode ir comigo? – Perguntou já se levantando. – Vocês se importariam em ficar sozinhos?! – Virou-se para nós.
-Por mim, não. – Dissemos juntos.
Nos olhamos e acabamos sorrindo um pro outro.
-Ótimo! – Becky parecia satisfeita. – Vamos, Oliver. – Puxou nosso amigo em seguida.
Naquele mesmo instante o silêncio reinou novamente na mesa, contudo, não foi Becky quem parecia querer salvar a conversa, mas sim, o próprio Derek.
-Oliver já me apresentou mas prefiro ser mais cordial do que aquilo. – Pigarreou e se virou para mim. – Sou Derek Morgan.
-Sou Victória Walker. – Sorri.
-Um belo nome em uma bela garota. – Alargou o sorriso.
-Acho que devo ficar feliz com isso. – Ri.
-Eu ficaria grato se você ficasse. – Me acompanhou tímido. – Você é do Direito como meu amigo?!
-Sim, e você...?! – Questionei.
-Sou da Arquitetura, acho que explica meu estilo "largado". – Olhou para a própria roupa.
-Na verdade, gostei do seu estilo. – Elogiei sentindo minhas bochechas esquentarem.
-Acho que devo ficar feliz com isso. – Devolveu a frase dita por mim a pouco tempo atrás.
Rimos trocando olhares tímidos.
(...)
Foi ali que percebi que Derek Morgan seria o tipo de cara que estaria sempre ao meu lado, independentemente das circunstâncias.
Depois do nosso pequeno encontro, o rapaz da Arquitetura se fez presente em outros momentos em minha vida. Passamos a ficar jogando conversa fora nos intervalos e a curtir a companhia um do outro.
Descobri que Derek morava sozinho e que os pais não ligavam muito pra ele. Acho que todos os caras com o jeito dele tinham algum tipo de problema familiar ou algo parecido. Porém, ao contrário dos outros caras que tinham tudo pra dar errado na vida, Mr. M (apelidinho carinhoso que criamos) era bem na linha, não se envolvia com drogas nem nada, era o genro que minha mãe pediria pra Deus, sem sombra de dúvidas.
E com essa vibe de enxergar com outros olhos o rapaz, não demorou muito para que o inevitável acontecesse, nos beijamos no meio de uma cena romântica, estávamos voltando de um cinema quando decidimos dar a louca e aproveitar a luz da lua para brincar no parquinho, e foi no balanço que finalmente nossos lábios se encontraram e trocamos o beijo mais doce e calmo que eu já havia experimentado.
Naquela hora, um misto de sensações tomaram conta de mim, eu não sabia se gostava de Derek, nunca cheguei a descobrir. Ficamos mais algumas vezes até que finalmente Thomas notara minha existência, e desde a calourada, o baile de máscaras, que eu não falo mais com o Mr. M, e tenho certeza que até hoje ele não sabe o motivo do nosso "rompimento" repentino.
Flashback Off
-E foi isso. – Dei por fim a história.
-Pensei que ele havia feito alguma coisa contra você, pensei que ele havia te machucado de alguma forma, Vick. – Thomas estava inexpressivo.
-Derek nunca foi capaz de fazer nada comigo, eu que despedacei o coração dele, mas não foi intencional, eu juro! – Falei tentando convencer mais a mim do que a Thomas.
-Se eu não tivesse aparecido em seu caminho vocês dois provavelmente estariam juntos, não é mesmo?! – Ele fechou os olhos com medo da minha resposta.
-Eu não sei, Thomas, a única coisa que posso afirmar para você é que eu não sei o que seria de mim se você não tivesse aparecido. – Eu sabia o rumo que a conversa tomaria, e eu não queria aquilo.
-Mas eu sei o que seria de você. – Ele abriu os olhos, os mesmo transbordavam dor. –Eu não posso te privar de uma vida.
-Thomas, você não está me privando de nada. – Assegurei sentindo uma pontada em meu peito. Ele estava prestes a me deixar.
-Eu amo você, Victória, mas Derek, de alguma forma que eu não sei qual, é o homem certo pra você. – Levantou-se do sofá e socou a parede.
As lágrimas nos meus olhos já rolavam sem parar, ele nunca havia dito que me amava antes, e quando o faz é para justificar o motivo pela qual está me deixando?!
-Thomas, você é o único homem que eu sou capaz de amar. – Solucei.
-Você ainda é muito nova, precisa conhecer outras pessoas, você não pode ter certeza de nenhum sentimento, ainda. – Arriscou me olhar.
-Eu não parecia ser nova quando me levou pra sua casa, e você não pode mandar nos meus sentimentos, o que eu sinto por você é a coisa mais sincera e verdadeira. – Joguei. – E não existem outros caras no mundo que me façam mudar de ideia, Thomas.
-Você não entende...não podemos nem sair juntos sem que hajam especulações a nosso respeito, você não pode me apresentar para os seus pais, nem para os seus amigos, está vendo como isso soa?! – Ele tentava a todo custo me convencer de que o nós não podia existir mais.
-E por causa disso você acha que eu devo ficar com Derek?! Só pelo simples fato de que ele é mais jovem e que eu posso sair com ele sem me importar com o que as pessoas dizem ou deixam de dizer?! Isso não é amar, Thomas, isso é sacrificar o que temos por nada, porque eu não consigo amar Derek como amo você. – Meu coração estava se encolhendo a cada palavra.
-Deveria aprender a amá-lo, Victória, pela sua própria felicidade. – Ele deu as costas pegando o casaco que havia trago mais cedo.
-Se você sair por aquela porta, dizendo que tudo acabou, saiba que não estará abrindo o caminho para a minha felicidade e sim para o precipício. – Eu chorava a cada vez mais.
-Não torne as coisas ainda mais difíceis, Vick. – A voz dele estava arrastada, como se estivesse segurando o choro. –Vai ser melhor assim.
-Espero que quando você notar que foi um idiota por isso, não seja tarde demais. – Limpei as lágrimas insistentes e o olhei com firmeza, mesmo estando de costas para mim.
Thomas não disse nada, apenas abriu a porta e saiu, levando com ele um pedaço gigante de mim.
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