Capítulo 14
Júlia

Assim que chego no restaurante acompanhada de Mia, nós já avistamos Taylor sentado nos esperando. Mia vai contar hoje pra ele que está grávida e como não quis vir sozinha eu estou a acompanhando, ela está insegura com medo de Taylor achar que ela está mentindo pra ele ou algo assim, mas eu conheço meu amigo o suficiente para saber que ele jamais faria tal coisa. Tay se levanta assim que nos ver e nos cumprimenta com beijinhos nas bochechas.

— E aí, o que está acontecendo? — Pergunta de forma ansiosa assim que nos sentamos a mesa, ele está preocupado, Mia me olha e eu abro um sorriso.

— Nada muito grave, vamos pedir algo pra comer. — Eles concordam e nós fazemos nossos pedidos.

Mia começa a jogar conversa fora perguntando como está o trabalho dele e coisas do tipo, eu fico de escanteio só observando tudo, só estou aqui para dar apoio moral a eles e não para me meter nessa conversa que deve ser resolvida somente entre os dois. Taylor e Mia fazem um casal muito bonito, ele um negro espetacular e ela loira dos olhos azuis escuros e toda bonitona com seu corpo de fazer inveja em qualquer pessoa que queira ficar sarada.

Fico só imaginando como será o filho deles, negro, pardo ou branco? Será uma mistura interessante, imagina só se vem negro com os olhos claros? Papai, a criança pararia o trânsito de tão lindo ou linda que será, já estou ansiosa para conhecer meu afilhado, sim afilhado pois se Mia e Taylor não me convidar para ser madrinha eu vou ficar puta da vida.

Depois de mais alguns minutos de conversa o garçom nos traz nossos pedidos e logo Mia começa a dar a notícia.

— Taylor, eu... estou...

— Grávida? — Ele pergunta fitando ela intensamente, vejo seus olhos brilharem em expectativa.

— Sim... aconteceu quando...

— Porra eu não acredito, ai meu Deus eu serei pai? Eu acho que vou infartar... Mia, meu amor eu te amo, te amo muito. — Ele se levanta e beija ela que fica sem reação e eu só sei rir da situação pois ela está muito assustada e ele muito feliz.

Taylor a puxa de pé e se agarra em seu corpo dando um forte abraço nela que retribui e me olha ainda assustada e eu dou de ombros com um sorriso no rosto. Taylor se afasta dela e pega suas mãos.

— Você não sabe a felicidade que estou em receber essa notícia. Minha nossa, hoje é o dia mais feliz da minha vida, eu sendo pai? Gata você poderia imaginar? — Pergunta e olha para mim e já me puxa para um abraço também.

— Você sendo pai? Jamais, mas eu sabia o seu desejo por isso. Parabéns meu amor, que vocês sejam muito felizes. — Ele sorrir e se volta para Mia.

— Caramba eu vou ter que morar com você agora, não posso te deixar sozinha, tem que ficar tranquila sem fazer esforços, nada de academia hein. — Dou risada da cara que Mia faz.

— Nem começa, isso não muda nada entre nós. Você continua na sua casa e eu na minha.

— Você falou que ia pensar sobre nós, não acha que está na hora de me dar mais uma chance? Eu sei que errei e quero me redimir. — Bom, acho que chegou minha hora eles vão começar uma D.R e eu não estou afim de ter que escolher um lado pois nesse término dele ambos tiveram culpa.

Primeiro porque Mia terminou com Taylor só por se sentir sufocada e ter sentido falta da vida de solteira o que resultou em um arrependimento depois. E Taylor fez merda quando ficou com uma amiga de Mia só para irrita-la e depois também se arrependeu, então me nego a ficar entre eles dois nessa conversa.

— Preciso ir, pois vou tomar um banho antes de ir buscar as crianças no colégio. Beijos papais e felicidades. — Beijo os dois e saio do restaurante.

Assim que chego em casa dou de cara com Giordana, ela está sentada no sofá comendo um pote de sorvete. A sala está escura pois a cortina está fechada e silenciosa, cheguei a me assustar quando a vi ali sentada. Tiro o casaco o deixando pendurado no gancho.

— O que aconteceu? — Pergunto preocupada e ela me olha.

— Nada. — Concordo e vou para o quarto, preciso tomar um banho para ir falar com ela depois.

Tomo um banho quente e coloco uma roupa confortável ainda falta algumas horas para eu ir buscar as crianças. Vou até a cozinha e pego uma colher e me sento no sofá ao lado dele e começo a comer o sorvete junto dela, em silêncio. Sei que Gio tem algo para dizer e sei também que ela precisa de tempo e espaço para ter coragem de me falar algo. Ficamos comendo o sorvete por alguns minutos até que ela se dar por vencida e me olha.

— Podemos conversar?

— Estava esperando por isso. — Deixo o sorvete em cima da mesinha e me viro para ficar de frente pra ela.

— Eu estou com vergonha de falar com você, mas espero que não fique com raiva de mim e que eu... bom... — O lábio dela treme e sua voz falha e a única coisa que faço é puxa-la para os meus braços e acariciar seu cabelo enquanto ela chora.

— Pode falar comigo, eu prometo não ficar brava. O que está acontecendo Gio?

— Eu estou gostando de uma menina. — Diz baixinho e eu fico em silêncio. Ela falou que está gostando de uma menina? Afasto ela dos meus braços para poder olhar em seu rosto e entender melhor essa história.

— Uma menina? — Ela acena com a cabeça mas não me olha  percebo que está envergonhada.

— É aquela menina que veio aqui uma vez, a Jade. Lembra dela? — Tento buscar em minha mente por esse nome e associar a um rosto.

— Aquele negra com cabelo cacheado que ia até a cintura? Que eu fiquei babando naqueles cachos? — Ela acena com a cabeça e eu dou risada, Giordana tem bom gosto pois a menina é perfeitamente linda e encantadora.
— Você é lésbica?

— Eu acho que sou Bi, de um tempo pra cá eu me aproximei muito dessa menina. E fiquei assustada com o que comecei a sentir por ela, percebi que era mais do que amizade e não conseguia entender o que estava acontecendo pois eu nunca fiquei assim antes eu sempre pensei que eu fosse hétero, por isso eu estava estranha  fiquei com medo de falar com você. Cancelei a festa pois eu não queria ter que convida-la pois ela fez eu me sentir estranha e eu não queria gostar dela, nós brigamos, paramos de nos falar e aí eu cancelei tudo de vez. — Diz rapidamente e eu luto para entender tudo.

Se Jade for hétero minha Gio vai sofrer por isso, tadinha deve ter sido muito difícil se sentir confusa com relação a sua sexualidade ainda mais se descobrir assim do nada e se apaixonar por uma amiga. A vida adolescente é tão complicada.

— Gio, você poderia voltar a falar com ela. Ela é hétero?

— Ela é lésbica, me confessou que está ficando com uma menina do colégio por isso fiquei com raiva dela e de mim também. Ela acha que eu só gosto de meninos.

— Você tem que conversar com ela, falar o que está sentindo, pedir desculpas. E quem sabe voltar a pensar na sua festa, eu ainda não devolvi nenhuma das coisas que compramos e o buffet nós podemos falar com a empresa de novo. — Ela abre um super sorriso e me abraça fortemente.
Depois de conversar mais um pouco nós acabamos indo buscar Ben e Ester no colégio e encontramos com Conrado para irmos até a casa dos pais deles onde passamos todo o dia e só voltamos pra casa às 22h.

Como Ben e Ester dormiram durante o trajeto pra casa nós os levamos direto pra cama e Gio foi pro quarto dela.

Conrado se sentou em uma poltrona em nosso quarto e se despiu ficando somente de cueca.

— Como foi o encontro com Mia e Taylor? — Pergunta curioso.

— Ótimo, Taylor ficou super feliz com a notícia e Mia um tanto surpresa pela reação dele. Aí quando eles começaram uma D.R eu fui embora para não ter que ficar no meio da discussão. Amanhã eu ligo para um deles pois quero saber como acabaram as coisas.

— Espero que bem, não aguento mais aqueles dois brigados. Enfim.. agora vamos falar de nós. O que você acha se nós dois, juntos e sozinhos fôssemos para Nápoles? Passar um final de semana lá, curtindo um ao outro? — A proposta dele é irrecusável, eu nunca fui a Nápoles e com certeza vou amar o passeio como uma lua de mel.

— Eu adoraria, mas será que seus pais estarão disponíveis? Odeio ter que pedir para eles ficarem com as crianças, já fizeram isso quando eu fui pra Espanha. — Conrado beija meu ombro e alisa minha barriga.

— Meus pais amam ficar com os netos, eu estava conversando com minha mãe sobre a ideia de irmos para Nápoles e ela adorou e disse que poderíamos passar o tempo que quisermos lá, que ela e meu pai ficariam com as crianças sem problema nenhum. Mas se você quiser podemos ficar por aqui. — Passo meus braços pelo pescoço dele e beijo seus lábios.

— Então, vamos para Nápoles. — Digo contra seus lábios e ele me ataca super feliz.

Nós estávamos mesmo precisando desse final de semana juntos, já estou ansiosa por isso.