4. O DESCONHECIDO
Elise pensava no que ia dizer à sua irmã, quando sentiu que não estava sozinha. Olhou para trás e viu que o desconhecido a seguia silenciosamente.
— Talvez você não precise dizer nada se a tua irmã apenas me ver por perto — explicou ele. — Ela pode deduzir que vai estar se divertindo com um cara bonito a quem conheceu na festa.
Elise assentiu. Ficou tentada a falar sobre o ego dele, mas tinha que admitir que ele estava certo, era muito bonito. Alto, provavelmente com 1,80 m, cabelos dourados, pele clara, nariz fino e lábios carnudos avermelhados como qualquer garota daria tudo para ter, a barba por fazer só o deixava mais sexy.
Ele também era forte, o tipo musculoso que frequenta academia ou luta. Mas tinha algo em seu olhar, algo misterioso, talvez até sombrio.
Não. Ela estava sendo paranoica. Nem conhecia o rapaz e já estava fazendo julgamentos. Ele a defendeu. Exagerou, é claro, não precisava tirar sangue do outro, mas era grata por ele a defender das ofensas de Marcos, especialmente porque a traída era ela e não o contrário.
Seguiu em direção à mesa onde Cristal ainda conversava com suas amigas.
— Ei, pimenta — chamou.
— Lis! Onde tu tava? Demorou "mó" tempão.
— Eu fui ao banheiro. Avisei antes de sair.
— E tinha fila pra usar os banheiros? Tu demorou demais.
— Não, é que... — disse, dando uma olhada para trás, apenas para constatar que o desconhecido a olhava de um jeito que a deixava nervosa. Olhou rapidamente para a irmã. — Escuta, será que tem problema se eu ficar fora da festa por um tempinho? Não vou demorar muito, já que temos horário para chegar em casa... — Se calou, pois não sabia mais o que falar.
Contudo, os olhos atentos de Cristal já haviam visualizado o objeto da rápida avaliação da irmã segundos atrás. Abriu lentamente um sorriso maroto cheio de cumplicidade.
— Parece que alguém finalmente decidiu ouvir a irmã caçula — sussurrou Cristal, se aproximando de Elise pra que as outras meninas à mesa não ouvissem. — Pode ir, mana. Te espero quando a festa acabar. — E piscou para ela.
A morena levantou e se dirigiu até onde o loiro bonitão estivera momentos atrás. Estava aturdida com o rumo que as coisas tomaram. Não sobre a atitude de Cristal, pois sabia que a garota queria estar sozinha na festa desde o início. O que a deixava confusa era tudo o que havia acontecido a partir de sua ida ao banheiro.
Flagrou seu ex transando com seu maior desafeto, testemunhou um completo estranho a salvando de passar pelo ridículo e depois surrando Marcos, e agora se dirigia ao carro do mesmo estranho que, ela sabia, a acompanhava silenciosamente no jardim escuro.
Que loucura.
Chegaram pouco depois ao muro, no ponto indicado por Vanuza, onde a encontraram afastada o máximo que podia do rosto sangrento de Marcos.
Elise riu consigo mesma. Marcos merecia aquela cretina egocêntrica, ele era do mesmo jeito, um completo babaca.
— Até que enfim! — vociferou Vanuza. — Vamos acabar logo com isso, preciso voltar pra festa. É por aqui.
Guiou o caminho até uma porta escondida por trás das espessas samambaias que cobriam quase todo o muro. Tirou uma chave do decote avantajado e abriu a porta.
— Agora vão, cuidem disso. — E para Marcos concluiu. — Te vejo na faculdade, tigrão. Quando você estiver menos... arrebentado.
— Dane-se, "bagabunda". — Elise ouviu Marcos dizer por baixo da respiração áspera que saia de sua boca.
O desconhecido levou-os até um sedã vermelho escuro, cromado.
Elise assobiou.
— Uau, que carro bonito! — disse quietamente.
— Sim, também acho. — Sorriu para Elise, depois olhou para Marcos. Abriu o porta-malas e retirou um pano grosso que jogou para o outro. — Pra não sujar meu carro.
Marcos se encolheu. Eles entraram no veículo e deixaram o rapaz na frente do hospital, depois voltaram para a festa. No caminho de volta, Elise disparou:
— Então, quem é você, afinal?
— Meu nome é Ricardo, mas meus amigos me chamam de Rick, tenho vinte e dois anos e moro há um bom tempo aqui em Lins, mas viajo muito, por isso é difícil me ver por aí. Desculpa não me apresentar antes, as coisas estavam tensas com aquele idiota no banco de trás.
— É o que acontece quando você quebra o nariz de um cara e depois o leva no hospital para consertar o estrago que fez — ela respondeu, vendo a expressão dele ficar mais séria. — Eu agradeço por me defender, só fiquei assustada pela forma que você fez isso.
— Não precisa ficar com medo de mim, eu só reagi à falta de caráter dele. Foi flagrado com a amante e em vez de admitir, ele te atacou com ofensas, não era justo sair impune. Além do mais, você também queria bater nele.
— Eu não...
Viu-o arquear a sobrancelha e se calou, pois realmente chegou a fechar o punho para bater em Marcos quando ele a xingou, mas Ricardo bateu primeiro.
— Tudo bem, eu admito, ele mereceu. Agora, como você acabou em uma festa de adolescentes?
— Meu amigo Nathan está acompanhando a irmã e, como eu não tinha nada para fazer, ele me convidou. — Ricardo deu um sorriso irônico. — Ele disse que eu ia gostar de conhecer algumas mães "gostosas" na festa.
— Que machista! Mães, é? Então você curte mulheres mais velhas...
Ele deu de ombros.
— Não tenho preconceito de idade, mas é o Nathan que prefere as mais maduras. Eu tava fugindo da festa barulhenta quando vi você naquela situação desagradável. Então pensei em deixar as coisas mais... interessantes.
Elise bufou.
— Tão interessantes que fomos levar o idiota do meu ex no hospital, em vez de estar nos divertindo na festa.
— Você gostaria de estar se divertindo comigo? — disse ele, prendendo um sorriso.
— Qualquer diversão é melhor do que ver uma briga — apontou Elise.
— Tem razão, me desculpa, Elise. Tenho problemas para controlar meu gênio, e quando ouvi aquele otário te xingando como se estivesse certo, apenas quis que ele calasse a boca.
Elise balançou a cabeça, distraída. Não lembrava de ter se apresentado a ele.
— Como você sabe meu nome?
Ricardo pareceu confuso com a pergunta.
— Ouvi os dois idiotas falando quando vocês se encontraram.
— Humm — foi a resposta dela.
Estranho, tinha quase certeza que ninguém falou seu nome desde antes de encontrar Marcos, Vanuza e Ricardo.
— Você está brava comigo? — ele perguntou com a expressão preocupada.
— Não, relaxa. É ruim o suficiente descobrir que estava sendo traída e encontrar meu ex com aquela garota detestável só um dia depois do nosso término. Ter que aturar chacota dos dois por causa disso já era o cúmulo da humilhação. Mas você foi bem convincente.
— Porque eu queria que fosse verdade.
Elise o olhou de esguelha.
— Você nem me conhece.
— Ou você não se lembra de mim.
— Como assim? Não acho que teria esquecido de você se já te conhecesse.
Ele sorriu.
— Isso foi um elogio?
— Você sabe que é bonito... — Ela corou, envergonhada. — Mas de onde nos conhecemos? Eu realmente não lembro.
— Posso contar se você aceitar sair comigo outro dia.
Ela o observou por um momento.
— Quem sabe eu aceite, mas por hora, que tal curtir a festa comigo?
Ele deu um lindo sorriso.
— Não precisa falar duas vezes.
Olá! Gostou até aqui? Então precisa ter um pouco de paciência, pois em breve esta obra estará à venda na Amazon Kindle. Quando eu lançar lá, avisarei aqui.
Beijos no coração e... TCHAU!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro