Capítulo 13
Allie
Depois de uma semana exaustiva, mas que valeu a pena, finalmente chegou o final de semana e há primeira semana na faculdade posso dizer que foi tolerável e planejo ficar no quarto assistindo algum filme choroso, ou até mesmo conhecer algumas lojas por perto. Sei que Zara provavelmente não ficará no alojamento no final de semana, então seremos eu e eu. Depois da noite anterior, com a visita inesperada de Darwin em meu quarto eu tentei focar na questão de não tentar entende-lo, pois sempre ele conseguia me deixar mais confusa ainda.
Fiquei alguns minutos á mais na cama antes de levantar e ir para cozinha. Liguei uma música do Coldplay e comecei a cantarolar baixinho enquanto fazia ovos mexidos.
- Alguém acordou de bom humor - disse Zara ao entrar na cozinha.
- Ah, desculpe pensei que você não estava no quarto - disse baixando o volume.
- Pode deixar a música já dormi o bastante até. O que você está fazendo ai? - ela deu a volta na mesa e olhou na frigideira. - O cheiro está ótimo.
- Vou fazer para você também.
Fiz ovos mexidos para nós duas. Sentamos á mesa com nossos pratos e comemos.
- O que você está achando da faculdade? - Zara perguntou bebendo o chá verde que ela insistiu em fazer.
- É tudo muito recente, mas vou adaptar.
- Sente falta decasa?
Dei uma risada baixa.
- Na verdade ás vezes, mas como disse vou me adaptar.
- Você tem irmãos?
- Não, mas sempre quis - peguei uma torrada - e você?
Zara puxou o piercing do lábio superior antes de falar.
- Sete irmãos. Meus pais pensavam que ter uma família grande seria bom, euacho.
- Nossa. E seus pais moram aonde?
- Minha mãe em Carolina do Norte e meu pai perdi o contato á quase cinco anos.
- Ah eu sinto muito.
- Tudo bem, ele sempre foi um babaca.
- Não sei se conseguiria ficar sem ter contato com meu pai - digo.
- Seu pai parece ser incrível, pena que não consigo dizer o mesmo da sua mãe.
Engoli em seco.
- Me desculpe por aquele dia. Ela ás vezes fala demais e...
- Tudo bem.
Zara tinha um estilo diferente, mas como pessoa ela parecia ser incrível. Era aprimeira vez que conversávamos um pouco mais e com toda a sinceridade estavagostando de conhecê-la melhor.
Ela me ajudou organizar nosso cantinho, pois estava meio bagunçado. Ajudei elaorganizar seu guarda roupa, pois ela tinha a mania de dizer que roupas nãoprecisavam ser dobradas e por isso tinha elas espalhadas pelas cadeiras e cama.
- Tem festa na fraternidade dos garotos hoje - ela disse depois que nossentamos na sala ligando a TV - bem vai ter se eles ganharem o jogo. E se nãoganharem vai ter também.
Acabei rindo da forma como ela falou.
- Você deveria vir - ela completou.
- Acho melhor não.
- Allie você está na faculdade, precisa se divertir.
- Eu vou me divertir - digo sorrindo.
- Olhando um filme de drama ou comédia?
Faço uma careta de interrogação.
Como ela sabia.
- Eu moro aqui mesmo que não pareça e conferi a lista de pesquisa no Netflix.
- Pensei que tivesse privacidade - retruquei.
- E você tem garota eu nem fico por aqui.
Acabamos rindo como duas garotas da faculdade. Conversar com, Zara era algo queme fez pensar o que estava perdendo. Na verdade nos tempos de escola, não tivemuitos amigos, amigas então nem se fale, mas Zara estava fazendo um belo papelno momento.
- Quer pintar as unhas? - ela pergunta ficando em pé.
- Até posso pintar, mas nada extravagante.
Ela corre para o seu quarto e logo volta com uma maleta roxa em suas mãos.
- Que tal um - ela revira sua maleta - esse, vermelho combina com você.
Acabo aceitando a escolha de cor dela e deixando-a pintar minhas unhas.
- Então me diga, você namora? - Zara tira as cutículas com um alicate de metal.
- Não.
- Tipo, não agora né? - ela me olha antes de prosseguir.
- É...bem na verdade nunca namorei - fico meio envergonhada por dizer isso, masé a verdade.
- Nunca, nunquinha?
- Nunca, nunquinha - digo sorrindo. - Já beijei na boca se quer saber, mas só
isso.
- Só beijo na boca?
Afirmo com a cabeça.
- Cacete garota, você é quase como uma virgem Maria. - Zara diz arregalando osolhos.
Dou de ombros.
- Mas tipo assim, nunca viu um pau na frente? - O modo como ela não temvergonha de falar me faz ficar vermelha por ela, mas acabo rindo.
- Claro que já vi, mas nunca pessoalmente. Já olhei vídeo pornô se te ajuda.
- Tá, mas nem uma palmadinha aqui, ou ali? Tipo...nossa você é gata para caceteAllie, eu mesmo iria querer trepar com você se não curtisse paus.
Solto uma gargalhada com sua afirmação e ela se une á mim. Definitivamente elaera uma garota bem espontânea.
- Sabe, Zara pode parecer estranho, mas penso em fazer no momento certo -respondo sem jeito.
- Admiro isso, na verdade me arrependo do meu primeiro, pois não durou vintesegundos, depois com os outros foi melhor, e cá entre nós quando você experimentar vai ficar viciada.
Deixo escapar mais uma gargalhada, pois o modo como Zara fala as coisas de umjeito espontâneo é totalmente engraçado.
- Você já...bem fez bastante? - gaguejo ao perguntar.
- Ah, minha filha já vi todos os tipos de paus - ela diz fechando o esmalte aofinalizar minhas unhas.
- Tipos de paus? - pergunto confusa.
Desde quando pode existir tipo de pau?
- Allie, acredite em mim existem tipos de pau. Tem finos, grosso, bonito, feio,horrível, enrugado demais, grosso demais, cabeçudo demais e o que te deixa depernas bambas, fazendo sua amiguinha ai embaixo se gozar antes mesmo deencostar.
Jogo minha cabeça para trás rindo de suas palavras. Acho que jamais tive umaconversa estranha e divertida ao mesmo tempo envolvendo o assunto sobre oinstrumento dos homens.
- Teve uma vez que transei com um cara que tinha um piercing na cabeça do pau.
- Quê? Como assim? Perfurado?
- Sim, mas acredite foi um sexo incrível.
- Minha nossa, isso seria demais para mim - digo sorrindo.
- Não sinta vergonha Allie, é normal você falar sobre paus e quando tiverdúvidas estou aqui, mas agora é sério fico admirada por você ainda ser virgem, époucas as pessoas que se guardam para a pessoa certa.
Escutar isso de Zara me deixa emotiva, pois é algo que sempre tive vergonha em compartilhar, mas escutar issodela é incrível.
- Obrigada - agradeço.
- Queria muito que você fosse á festa. Juro que fico ao seu lado durante afesta e voltamos juntas para cá. Ninguém merece ficar aqui sozinha, nessa imensa solidão - ela diz com uma vozdramática.
Sei que ela está certa, pois ficar sozinha ali pode ser um tédio.
- Tudo bem -, digo e ela se levanta dando pulinhos de alegria.
Escolho uma saia jeans clara que não é muito curta e a visto com a aprovação deZara que diz "uau" quando vê o que escolho. Ponho uma blusa de alça fina pretae fico feliz pelo meu cabelo colaborar comigo. Zara surge no meu quarto com umvestido roxo e uma meia arrastão, seu cabelo atado em um perfeito rabo decavalo.
- Que tal um delineador? - ela me oferece sua maleta de maquiagem.
- Na verdade, não gosto muito de maquiagem.
- Um rímel? - ela faz uma cara de pidona.
- Certo, só um rímel.
- Julie vai passar pegar a gente, daqui a pouco - Zara informa.
- Acho que ela não vai com a minha cara - digo, lembrando-se da cara que Juliefez para mim.
- Julie odeia todo mundo, relaxa - ela responde com um sorriso - E, além disso,ela nem vai estar com a gente, ela quase sempre se mantém ocupada.
- Com Darwin? -, pergunto quase sem pensar. Zara me encara com uma cara desurpresa.
- Acho que hoje é a vez de Matthew. Julie fica com um cara a cada três dias.
- Ela e o Darwin, não são namorados? -, imagino os dois se pegando. Juliepassando as unhas pelo corpo de Darwin.
- Não! - ela exclama com rapidez - Darwin não tem namorada. Ele trepa com ummonte de gurias, mas acho que ninguém é o suficiente para ele, pois nuncanamorou.
- Ah - é tudo o que consigo dizer.
- Você está á fim dele?
- Não! - exclamo rapidamente.
- Allie um conselho. Darwin é complicado, não sei nada da família dele, poisele não conversa com ninguém. Ele não gosta de se abrir para ninguém.
Apenas sorrio sem jeito e confiro meu cabelo no reflexo do espelho.
Soube desde o inicio que, Darwin era fechado para todos. Para o mundo. Era doloroso ver o quanto ele podia transparecer se desse chance de alguém ver o que ele realmente era.
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