capítulo 3
"Imperfeito. Mas tão belo"- trecho de Epiphany
Capítulo 3
É a primeira vez que passo por esse corredor e não ouço nenhuma cantada. Mas muitos olhares estão sobre nós. O que não é estranho. Pois o homem ao meu lado é realmente de tirar o fôlego e o seu quase 1.90cm de altura ajuda muito, não tinha percebido o quão alto ele é até estar lado a lado com ele, e eu sou uma mulher mediana com meus 1,65, mas tenho 12 cm extras graças ao salto. (Eu sei que a altura do Tae na realidade é bem menor que isso, mas isso é ficção, então relevem).
Achei que todos aqui estavam bêbados demais para notar qualquer coisa que não os seus copos, terrível engano meu.
Isso parece cena de um drama ruim, credo.
-Acho que formamos um belo casal. Levando em consideração que não tiram os olhos da gente.-o idiota lindo tem o atrevimento de sussurrar isso em meu ouvido, com aquela voz que com certeza não sairá tão cedo da minha cabeça. É gutural.
-Não acho, definitivamente, estão nos olhando por não combinarmos nem um pouco.- Falo em seu ouvido também.
Sinto-o estremecer levemente quando eu "acidentalmente" encosto meus lábios em sua orelha.
Não consigo esconder o sorriso de satisfação que isso me traz.
-Você acha isso mesmo?-sua voz está ligeiramente rouca.
Ignoro-o e vamos direto para a cabine.
Ao chegar lá seu amigo nem parece surpreso em me ver.
É como se ele já esperasse por isso. Babaca pretensioso.
-Por que vocês demoraram tanto? Achei que tivessem ido embora sem mim, teriam partido meu coração.- fala o outro asiático colocando a mão sobre o coração como se sentisse dor, com um sorriso tão lindo quanto o do Taehyung. O que há nesses asiáticos?
-Se todos falam o meu idioma, por que me deixaram falando sozinha antes?- pergunto, ao me sentar no sofá, de forma autoritária. Não mandei ele me convidar, agora aguente.
-Perdão, amor. É que você é tão linda que eu fiquei sem palavras… comecei a questionar minha sanidade, pensei "não é possível que possa existir algo tão belo assim no mundo" achei que fosse uma alucinação pelo álcool e aqui está você. A propósito, meu nome é Jung Kook, mas pode me chamar de JK, Jkook ou de Oppa, se preferir.
-Se comporta, cara.- Fala Taehyung, e dá um tapa na nuca do Jk.- Kaylanne e sua amiga nos farão companhia hoje. Elas vão trabalhar, então nada de cantadas idiotas enquanto elas estiverem aqui conosco.
-Vou tentar me comportar, querida, prometo.-Jk dá uma piscadela que diz totalmente o contrário.
Não posso evitar, acabo rindo um pouco.
-Obrigada por nos deixarem ficar.
-É um prazer.-Comenta um Taehyung muito doce para o meu gosto.- Enquanto sua sócia não chega, poderíamos nos conhecer melhor, não?
-Por mim tudo bem. - concordo, porque nada mais justo do que nos conhecermos, até porque quero saber com quem estou prestes a ficar trancada em uma cabine por um período de tempo razoavelmente longo.
-kaylanne, você tem namorado?-pergunta um Jkook muito oferecido. Mas de certa forma eu já imaginava que essa seria sua primeira pergunta.
-Ignore ele, você é nativa daqui?- Taehyung sempre amenizando as merdas do amigo. Pelo menos, eu imagino que sejam amigos por se falarem tão informalmente.
Estou rindo internamente.
-Sim. E vocês? São nativos da Coreia?
-Sim, o que nos entregou?- Questiona Taehyung.
-Pra falar a verdade, eu estou bastante familiarizada com a aparência Coreana, e vocês são bem padrãozinho lá. Então definitivamente são de lá ou são filhos de alguém de lá. Mas o que tirou qualquer dúvida sobre isso foi o JK pedindo para chamá-lo de Oppa.
-Somos nativos da Coreia do Sul. Estamos apenas tirando uns dias de folga. Aproveitando o calor do Brasil e as pessoas igualmente calorosas.- Explica Taehyung.
-Legal, como falam português tão bem?
-Fazíamos parte de um grupo de K-pop, fizemos alguns shows aqui no seu país e ficamos apaixonados pelo lugar e pelo idioma, então aprendemos a língua e sempre que possível estamos aqui.-Conta JK.
-Então vocês são cantores? Incrível!Você disse que "faziam" parte de um grupo K-pop, o que houve?
-Sim, somos.-Fala Tae de uma forma tímida, vejo-o corar levemente, que fofo.- nosso contrato venceu a um ano atrás. Alguns de nós seguiram carreira solo, outros tornaram-se atores de k-drama, produtores musicais…
-E vocês?
-Eu sou cantor solo e o Jkook é dono de uma agência musical. Não é grande coisa.
-Como assim "não é grande coisa"? Isso é demais!- Falo, de repente super entusiasmada, esse é o efeito que a música tem sobre mim.- Existe algo com a música, eu não sei bem o quê, mas é libertador. Minha vida gira em torno de uma boa música. Não consigo explicar, embora eu me considere uma pessoa de fato eloquente. No entanto, é incrível. Eu amo, e acho admirável quem tem talento para o canto e quem consegue transmitir sentimentos através dele.
É como um antidepressivo com durabilidade infinita-Concluo com um olhar sonhador.
Após meu discurso me sinto ligeiramente tímida, vejo que os rapazes fixaram sua atenção em mim e coro vergonhosamente.- eh… acho que me empolguei um pouco.
-É compreensível, a música tem de fato esse poder. E você falou com muita paixão, por acaso toca ou canta?-indaga Jk. Foi a coisa mais séria que saiu da sua boca esta noite, talvez ele seja bem mais do que deixa transparecer.
-Ah, não, não, eu sou uma péssima cantora. Do tipo "posso fazer seus ouvidos sangrarem em minutos". Mas, às vezes, eu toco um pouco de piano, não é grande coisa.- comentei, dando de ombros. Faço aulas de piano a cinco anos, eu fui influenciada por minha personagem literária favorita, Celaena de trono de vidro. Aquela mulher sabe o verdadeiro significado de sentir a música.
-Piano? O V sempre quis aprender, porém, nunca fez nada a respeito.-Fala Jk.
-V? Quem é esse?- indago, confusa.
-V é o nome artístico do Taehyung.
-Combina com você.-Digo olhando para um tímido Taehyung. O que já percebi ser sua marca registrada.
-Eu realmente gostaria de ouvi-la tocar em algum momento.-diz o dono dos olhos destruidores de psicológico, mas conhecido como Taehyung.
-Claro, contanto que eu possa ouvi-lo cantar também.
-Combinado.- diz, olha pra mim e sorri. retribuo o sorriso. Porque, como eu poderia não o fazê-lo?
-Em quê você trabalha, querida Kaylanne?-pergunta JK, pondo um fim no meu clima com o amigo dele.
-Eu trabalho com marketing digital, sou gestora de tráfego, tenho uma empresa aqui no Brasil e estou prestes a abrir uma filial na Coreia do Sul, que é o motivo de vir aqui hoje, normalmente é onde faço minhas reuniões com minha sócia.
Eles fazem uma cara de quem não entenderam muito.
-Na Coreia? Que incrível, significa que poderei vê-la outras vezes.- diz Jk e pisca.- mas, como isso funciona?- pergunta.
Quando estou prestes a responder alguém o faz por mim, ao adentrar a cabine.
-Marketing digital na essência do termo é fazer negócios na internet. Marketing na Internet.- Diz, minha amiga recém chegada, jogando sua bolsa na poltrona de couro preto que estava no canto da sala.- Temos uma empresa que ajuda outras empresas a alavancarem suas vendas. Tecnicamente, é a maior empresa de marketing digital do país. Nossa ferramenta de trabalho é a internet. Usamos de seus serviços para atrair pessoas para um determinado produto, empresa ou artista.-Disse minha amiga, como a profissional que era.
-Você disse que chegaria em 20 minutos.- aponto.
-20, 40, qual a diferença?-Fala Yalle, com uma postura entediada. Reviro os olhos para ela.
-Yalle, esses são Taehyung e Jung kook, os gentis cavalheiros que nos deixaram ficar em sua cabine. senhores essa é Yalle, minha amiga e sócia.
-Oiee, pessoal!- Comprimenta ela, fazendo uma ligeira mensura e sentando-se do lado de JK, na outra extremidade da mesa.
-Olá.- diz Tae com um leve menear de cabeça.- O trabalho de vocês é muito interessante.- Direciona o comentário para mim. Sorrio. É possível ficar com câimbra na boca de tanto sorrir? Se 'sim', isso certamente acontecerá comigo.
-É um prazer, senhorita.- diz um JK muito mais recatado do que foi comigo, babaca.
-Vocês são Coreanos, não são?- pergunta Minha sócia, super empolgada.
-Somos…
-Incrível!- minha amiga praticamente berra, tirando de sua grande bolsa os nossos MacBooks e algumas pastas. Me entrega o meu e começamos a organizar nosso material de trabalho. - Eu realmente amo o país de vocês… o idioma e a comida? Nossa, incrível, incrível.
Os meninos sorriem.
-É justo, visto que também amamos o de vocês.- comenta V.
-Vocês falam bem a nossa língua.-ressalta Yalle. E tem razão, o sotaque ainda é pesado, mas o português do Brasil não é um idioma fácil de se aprender.
Começo a ver os arquivos com os detalhes finais sobre nossa nova empresa.
-Sintam-se a vontade para começar a trabalhar.- Taehyung se apressa a dizer.- finjam que não estamos aqui.
Como se isso fosse possível, mas ok.
Assinto e sorrio em resposta. Essa noite estou toda sorrisos, que estranho.
-Está quase tudo pronto, Kay. A reforma já está completamente finalizada. Teremos uma reunião com os funcionários para repassar as normas de funcionamento e fazer um alcance dos clientes em potencial. Mas temos que assinar alguns documentos também. De fato tivemos sorte com a localização. Adquirimos um dos prédios mais bem localizados de Seul, graças a você, é claro. Como conseguiu convencer o Sr. Lee a vender o prédio de sua empresa?
-Eu sou ótima no que faço, Allie-cat.- brinco e ela zomba.- Ok, o que o gerente Gu disse?-indaguei.
-Ele já resolveu quase todas as pendências, as poucas coisas que restam só poderão ser realizadas por uma de nós.- fala minha amiga e assina um contrato logo depois o passa para mim e eu o assino também.
-Certo, como está a compra da casa onde eu ficarei nesse primeiro momento?
-Isso já está acertado, o lugar também tem uma ótima localização, e é bem próximo da empresa.
-Você tem certeza que quer ficar aqui enquanto eu vou fazer a viagem? Sei o quanto gosta de lá.
-Eu terei bastante tempo para ir depois, alguém precisa tomar conta dos negócios por aqui enquanto você está fora. E, de imediato, é necessário uma pessoa centrada para colocar tudo em ordem. Justamente porque eu gosto de lá, que eu poderia estragar tudo, não consigo me concentrar com tantos coreanos gatos ao meu redor.- então ela se vira para os garotos, aponta para eles depois faz um gesto para o próprio rosto e diz.- vocês são muito meu tipo.-A safada comenta, sem nenhum pingo de vergonha na cara.
JK solta uma risada alta.
Affs. Essa garota ainda vai me matar...
-Desculpem-me pela franqueza dela, é que ela realmente gosta de coreanos, é quase impossível controlá-la quando está na presença de um.- explico, tentando amenizar minha vergonha.
-Só fazemos o tipo dela?-perguntou Taehyung e me encara de um jeito tão sedutor que quase pulo no colo dele. Mas, ao invés disso, contenho o fogo do meu rabo, encara-o de volta por segundos, minutos, anos, não importa. Parece que sempre vou me perder naquele olhar.
ISSO É RUIM.
Quebro o contato visual, volto-me para o notebook e continuei a digitar. Estou ciente de que ele ainda está me encarando, então dou um sorriso malicioso, que é resposta o suficiente para sua pergunta.
-A Sra. Hayes ali?- ela ri alto.- essa garota pode ser pior do que eu, ela é mais controlada, é claro. consegue se comportar na presença de vocês, mas não se enganem. Essa garota colocou na cabeça que o amor da vida dela está na Coreia.- revela, agora minha ex-melhor amiga.- Vários caras daqui têm tentado chegar até seu coração, porém, ela não deixa ninguém se aproximar o suficiente para tanto.
-Você é uma mulher morta, Yalle.- ameaço.
-O quê?- Diz minha ex-amiga, com cara de inocente. Essa merdinha.
-É mesmo, amor?- pergunta JK, com um sorrisinho besta.- Onde que eu me candidato?
-Am? Onde se candidata pra quê?- indago confusa.
-Pra vaga de amor da sua vida.- ele tem a audácia de responder.
-Não existe tal vaga, porque eu não estou, de fato, procurando alguém.- retruco.
-Então já tem alguém?- Taehyung quer saber.
-Não.- digo simplesmente, e o vejo sorrir.
É sério que ele está sorrindo?
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