3
Beija-lo novamente foi como voltar ao passado e parar naquele momento em que ele me beijou pela primeira vez.
As mesmas emoções.
Frio na barriga, coração disparado e a respiração ofegante.
Mas aí eu me lembrei da dor do seu abandono, e do gosto amargo das lágrimas que molhavam meu rosto pálido e o travesseiro.
De como ele me deixou vazia.
Não posso permitir que isso volte a acontecer.
Então eu o empurrei com todas as minhas forças e as lágrimas fluíram dos meus olhos.
Ele insistiu pensando que conseguiria me convencer de reviver essa loucura, mas só quem já amou alguém como o Alex na vida sabe como é desgastante.
Não quero passar por isso outra vez.
E eu não sou mais aquela adolescente boba, eu cresci e amadureci, hoje eu tenho coisas mais importantes pra fazer do que ficar mendigando amor de uma pessoa que não faz a menor ideia do que é isso.
E mesmo que eu quisesse dizer tudo que ficou engasgado esse tempo, poupei as palavras.
Não vale a pena.
Ele não merece minhas lágrimas.
A única coisa que eu quero é uma trégua, somos primos então os encontros se tornarão inevitáveis, eu não quero sentir que vou ter uma ataque de pânico toda vez que eu esbarrar com ele.
—– O que foi? Não sentiu saudades de mim?
—– Não — Olho para a minha mão ainda em seu peito e a tiro rapidamente
Por que é tão difícil tirar as mãos dele?
—– Duvido.
—– Nem tudo tem que ser sobre você, Alex.
—– Seus seios estão maiores, a última vez que eu os vi eram como duas cerejas implorando para serem chupadas
Ele morde os lábios e me olha de cima a baixo com desejo.
Por todo canto que seus olhos passam, deixam um arrepio.
Tento ignorar as suas investidas, mas é bem difícil, pois o Alex de agora é muito atraente, e eu não consigo resistir, mas eu preciso se eu não quiser enloquecer de vez.
Ele agarra o meu pescoço de leve, me fazendo arfar, depois aproxima boca do meu ouvido.
—– Você adorava quando eu te fodia com força naquele quarto, e não adianta negar — Sussurra
Apesar do meu corpo me trair, eu empurro ele novamente e não satisfeita, acerto um tapa em seu rosto.
Ele vira o rosto lentamente na minha direção, e sorri despreocupado.
—– Eu estava com saudade dessa sua agressividade.
—– Nunca mais fale desse jeito comigo — Solto entre os dentes — Ouviu bem?
Ele levanta as mãos em redenção e sorri novamente. Ele é assim, acha graça em tudo.
Isso me dá tanta raiva, porque significa que ele não se importa com os meus sentimentos.
Recuo, mas ele me agarra pelo braço e me coloca novamente em contato com os seus olhos, mas dessa vez fecha a expressão.
Engraçado, ele me ofende e é ele quem fica bravo.
Ele ficou me encarando por um tempo ainda seguro em meu braço.
—– Alex, solta o meu braço — Peço, sem encarar ele.
—– Por que? Prefere que eu agarre o seu cabelo, de leve, é claro, você sabe que eu jamais te machucaria.
Encaro ele com toda raiva do mundo, e puxo o meu braço e o encaro chateada.
—– Você já fez isso, só que de outra forma — Cuspi as palavras e sai andando.
—– O que esperava? Uma história de amor? Eu queria te comer e eu comi, pronto, agora supera.
Senti uma pontada forte no coração que me fez parar.
Depois me volto pra ele com olhos cobertos de lágrimas.
—– Que bom que você confirmou as minhas suspeitas — Soltei com raiva.
Não aguento olhar pra cara dele. Ele é tão babaca, me arrependo amargamente de ter me entregado pra ele.
Queria nunca ter o acontecido.
Me sinto arrasada por dentro.
—– Vem cá, por que me beijou então?
—– Saudades.
—– Quando não gostamos, não sentimos saudades.
—– Quem te disse que não gostei.
—– Eu não te entendo, de verdade.
—– Burra como é, só podia ser loira.
—– Escuta aqui, eu não vou permitir que brinque novamente com os meus sentimentos,ok, e eu não pretendo ficar aqui te ouvindo, tenho mais o que fazer.
—– Mas foi você que veio atrás de mim — Debochou
—– Vim, pra tentar esclarecer as coisas, mas parece que você já deixou bem claro.
—– Bya — Ele respira fundo — Eu estou aqui porque a minha avó morreu, e mesmo que não pareça, eu a amava muito, não tenho tempo para os seus joguinhos sentimentais.
—– Ela também era a minha avó — Apontei pra mim aos plantos
—– Ótimo, então vai viver a tua dor que eu vou viver a minha.
—– Está bem, eu nem sei por quê ainda estou aqui, falando com você.
Dou meia volta e caminho lentamente de volta para a mansão. Me sentindo destruída pelas palavras do Alex.
Eu esperava pelo menos consideração da parte dele.
E dói saber que eu só fui mais uma.
E ele não soube nem disfarçar, mas esqueci que estamos falando do Alex.
Desabei em lágrimas, e fico no jardim, brigando comigo mesmo por ter sido tão burra.
Mas depois de um tempo, respiro fundo e ergo a cabeça.
Se ele pensa que vou ficar aqui chorando por ele, está enganado.
Levanto do banco, seco as lágrimas e sigo em frente.
Ele magoou a pessoa errada e eu vou passar o resto dos dias aqui lembrando ele disso.
Quando eu estava voltando para a mansão avistei o Dylan chorando em um canto.
E o meu instinto super protetor veio a tona.
O Dylan é o mais novo de nós três, sempre senti que tinha que proteger ele.
—– Dylan, o que houve? — Pergunto, preocupada.
—– Nada — Ele seca rapidamente as lágrimas
—– Pode confiar em mim Dylan.
Ele voltou a chorar.
Lembrei que o Alex disse que ele estava com um garoto, então imaginei que algo de ruim havia acontecido entre eles.
—– Alguém te fez alguma coisa? — Insisto pegando no seu braço.
—– Já disse que não é nada, porra, me deixa em paz — Ele grita em meio as lágrimas em seguida se levanta e sai.
Passo as mãos pelos cabelos, atordoada, vendo sua imagem desaparecer aos poucos pelos arbustos.
Voltei para a mansão sentindo um pesar nas pernas e uma angústia no peito.
Esse dia parece não ter fim.
A casa tá lotada, e não era assim quando a minha avó estava viva, era até difícil de encontra-la nessa casa tão imensa.
Mas ela quase sempre estava no jardim molhando as plantas, ela tinha um carinho imenso por elas, e as amava mais do que os próprios filhos.
"Plantas são mais fáceis de lidar do que pessoas"
Dizia ela. E ela estava certa.
E agora que ela morreu, até as flores do jardim estão murchando.
E daqui um tempo nem vai existir mais um jardim.
E vai doer muito não ter mais a minha avó aqui.
Vou para o quarto, porque era o único lugar onde eu posso ficar sozinha sem toda aquela gente chorando e conversando ao mesmo tempo.
Deito na cama e pego o meu celular, tinha muitas mensagens do Raul e da Marina, que são meus amigos da faculdade.
Eu sai às pressas e nem falei nada com eles, devem está preocupados.
Mas não estou com cabeça pra falar com eles agora, tudo que eu quero agora é dormir e esquecer que esse dia existiu.
E que tive aquela conversa com o Alex, e que o Dylan gritou comigo.
Desejo não acordar amanhã pra não ter que me despedir da minha avó.
Por que as pessoas que a gente ama tem que morrer?
Viro para o lado da parede, e uma lágrima escorre dos meus olhos indo parar a ponta do meu nariz.
Fecho os olhos e várias imagens da minha avó surgem na minha mente.
Bateu uma saudade dela.
Alex tinha razão, preciso sentir essa dor, pra depois não me arrepender.
Mas eu não consigo chorar pela minha avó, não sei se é pelo fato da ficha ainda não ter caído ou porque eu fiquei muito tempo sem visitá-la, não sei.
Só sei que me sinto culpada por não chorar pela minha vó, mas chorar pelo Alex que é um filho da puta, escroto.
Ouço um barulho da porta abrindo e viro o rosto subitamente esperando que fosse o Alex.
Talvez ele tenha se arrependido de ter dito aquelas palavras cruéis e veio se desculpar.
Mas era só o Dylan.
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