
planeta de cores 🎨
algum lugar além do etéreo
evitado por descuido ou por medo
cativar já não está mais em questão
fora vencida pela emoção
exprimidas no silêncio
as palavras formam-se
e saem mudas
o nó fica mais apertado
um bolo
de frases intermináveis
próximo ato do monólogo
começa depois do intervalo
paradoxo em corda bomba
dente-de-leão
frágil
breve
todo esse tempo
o aperto no peito
noite cálida
amontoados de tarefas
a lista nunca acaba
se ocupar as horas cheias e também as vazias
e tornar a repetí-las
amanhã
depois de amanhã
as horas ordinárias se consomem em cinza
da situação
controlar todas as rédeas
com pretextos mil
viver outras tantas mil vidas
fechar os olhos para a sua própria
viver sem acreditar
nada esperar
chamam isso de apatia
cada qual chama como bem quiser
racionalizar
o sofrimento pode ser evitável
distintos prólogos
previsível ponto final
esperanças adulteradas
outrora atendia por outro nome
tinha um encantador par de olhos castanhos
e espírito livre
a sensibilidade falou mais alto que a razão
tão bonito e doce no início
o peito respirava aliviado
tempo perdido
maldita negação
adaptações de gosto duvidoso
não passam de cacos quebrados pelo chão
não se cura coração partido
embriagando-se de veneno
viver sempre a mesma história
esperando um final alternativo
o trem partiu bem cedo naquela estação
ninguém
nunca vem
para ficar
autopiedade dispensada
não há tempo para lágrimas
respirar medo
agiganta o nó na garganta
não se sabe quando será o momento certo
seu coração ainda não é blindado
tampouco feito de metal
aperta tanto
não deveria doer tanto assim
amar.
- meu planeta de cores.
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