Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

30: Surpresa

Nota: Esse capitulo será um pouquinho maior. Não se esqueça de votar e comentar se gosta de "Meu Pesadelo". ❤

Christine

— Sinta-se em casa.

Assenti ainda calada. Ele me puxou para perto de si.

— Não precisa ficar assim. — Meu corpo relaxou. — E você já esteve aqui antes então não precisa agir como uma estranha.

— Eu sei. — Ele se afastou.

— Quer beber algo?

— Qualquer coisa que não contenha álcool.

— Por que? — Ele foi até a cozinha, eu o segui.

— Quero evitar. — Ele deu de ombros. — Pode ser suco.

— Como queira. — Ele me serviu suco e pegou uma bebida para ele. — Quer comer algo?

— Não, não sinto fome. — Uma ideia me veio à cabeça. — Vamos assistir algo? Que tal um filme?

— Pode ser — Ele pareceu gostar. — Pode escolher.

Assenti, peguei meu copo e fui para a sala. Queria escolher um filme legal, opções é o que não me faltavam, porém não sei o que escolher.

— Tem pudim, você quer? — Ele perguntou da cozinha.

— Claro. — Respondi.

Escolhi um filme de fantasia, não queria ter de escolher entre ação, drama ou terror. Larry veio com uma tigela e seu copo.

— O que você escolheu?

— Um filme de vampiro, parece legal.

Me sentei no sofá, Larry me passou a tigela e sentou-se ao meu lado.

— O vampiro não brilha não né?

— Não. — Eu ri. — Minha época boba de adolescente emocionada já passou.

— Você gostava?

— Digamos que sim, depois eu percebi que era um romance bem chatinho. Existem melhores.

Começamos a ver o filme, eu devorei meu pudim. Larry parecia entretido até beber sua bebida.

— Quer mais? — Ele se levantou.

Neguei. Ele foi à cozinha e retornou com o copo cheio. Acho que comecei a evitar beber desde que fiz besteira quando exagerei. Encarei o copo, Larry me ofereceu.

— Só um pouco. — Tomei alguns goles. — Obrigado.

Voltamos a assistir, vez ou outra comentamos sobre algo. Em uma cena, o casal começa a dançar juntos em meio a chuva. Nunca fui muito fã de romances, mas admito ser uma cena bonita.

— Bobocas. — Reclamei.

— Por que?

— Porque sim. — Respondi enquanto apertava a almofada em meu colo. — Apesar de ser uma cena bonita, eles são umas bestas.

— Por que?

— Quem dança assim em meio a chuva? Sem música?

— E qual seria o problema? — Encarei Larry, ele me deu um riso caloroso. — Vai dizer que nunca pulou em poças de água após uma chuva?

— Já, mas quando eu era criança.

— Isso não te fez rir? É algo que não tem sentido, mas te faz gostar.

— Virou defensor agora é?

A cena já havia passado. Ele deixou seu copo ao lado do sofá e se levantou.

— Vem. — Perguntei para onde. — Levanta.

Levantei, ele me puxou para si e me abraçou.

— O que foi?

— Vamos dançar. — Respondeu enquanto ria.

— Sem música? Aqui?

— Você faz muitas perguntas. — Ele começou a se mover devagar.

Segui sendo levada lentamente por ele. Minha cabeça descansou em seu peito, fechei os olhos e firmei meus braços ao redor de seu pescoço.

Ouvia-se apenas o som das vozes que vinham do filme, mas isso pouco me importou.

— Faltou apenas a chuva. — Ele disse baixo.

— Eu prefiro assim, quente e confortável.

— Refere-se a casa ou ao meu abraço?

— A seu abraço. — Escutei um riso baixo.

— Se você diz. — Continuamos dançando.

Ficamos em silêncio, nos olhando fixamente. Ele encostou sua testa na minha e sussurrou.

— Senti saudades.

— Eu também. — Confessei.

Ele beijou minha testa, depois minha bochecha e por último, minha boca.

— Eu não posso fazer isso. — O afastei.

— Que maldade Christine, você ficou com ele enquanto esteve comigo, mas não pode ficar comigo agora que está com ele? — Ele parecia amargo ao dizer essas palavras, mas ainda riu.

— Eu não fiz isso. — Respondi magoada.

— Vamos deixar isso de lado. — Ele voltou a me beijar. — Você não disse que sente saudades?

Claro que sentia, sempre deixei claro o quanto gostava dele, mas me envolver de forma mais íntima era outra coisa. Eu não queria trair Jeff e muito menos magoar Larry novamente.

— Eu não quero te pôr em perigo. — Ele franziu a testa.

— Perigo? — Ele me afastou e sentou-se no sofá voltando a beber. — Você tem medo? Parece que você vive sob ameaça dele.

— Não.

— Então? — Ele revirou os olhos. — Seja sincera, vai ser a última vez que eu pergunto. Você ainda sente algo por mim?

Me sentei ao seu lado, me senti um pouco ansiosa. Eu o queria, mas me parecia tão errado sentir algo por ele. Por que meu peito parece se apertar sempre que penso nisso?

— Eu gosto de você. — Puxei as mangas de meu moletom cobrindo minhas mãos. — Mas não quero te magoar, já que estou com ele. Não posso estar com os dois ao mesmo tempo.

— Por enquanto pode.

— E quando ele voltar?

— Você pode fazer o que achar melhor. — Larry acariciou minha coxa.

Dei um riso nervoso.

"Jeff te mata se souber, não acredito que estou fazendo isso."

— Você realmente me ama? — Perguntei.

Larry me beijou com vontade. Meu corpo pareceu reagir por si só, dessa vez sem resistir. Inconscientemente, me lançava sobre ele. Querendo mais. Seus lábios se afastaram do meu, soltei um suspiro. Sua mão subiu de minha coxa para a cintura por debaixo da blusa. Ele a apertou como se quisesse me manter só para si.

Senti meu corpo esquentar mais a cada segundo, beijos suaves eram deixados em meu pescoço enquanto suas mãos brincavam passeando por meu corpo. Era como se ele procurasse matar a saudade me tocando de forma lenta e suave, aproveitando meus baixos gemidos ao pé de seu ouvido. Para mim, era uma doce tortura já que eu ansiava por mais a cada minuto, mas também não queria que ele parasse.

Ele voltou a me beijar, os toques suaves deram lugar ao desejo apressado que exigia mais do que aquilo. Larry me tirou a blusa e logo depois, o sutiã.

Senti seu olhar sobre mim como se ele fosse me devorar ali mesmo. Por impulso agarrei seus cabelos enquanto sentia ele lamber e morder incansavelmente meu peito. Sua mão desceu, ele parecia querer arrancar a peça de meu corpo, mas se deteve.

— Por que parou? — Perguntei.

Ele sorriu lascivo. Ele se levantou me puxando consigo, deduzi que ele gostaria de ir ao quarto. Assim que entramos no quarto, voltamos a nos tocar, tirando nossas roupas. Eu finalmente pude sentir sua pele tocar a minha por completo. Nos deitamos na cama. Apesar de todo desejo que eu sentia, uma pequena parte minha insistia em querer recusar, mas eu não a escutava. Era como se algo me proibisse de me afastar dele, uma estranha sensação calorosa em que eu sentia estar nos braços certos. Eram sentimentos contraditórios, confusos. Eu o apertava sobre mim enquanto sentia ele me tomar por inteira, meus gemidos eram altos enquanto ele arfava. Ouvi ele sussurrar algo que não entendi. Estava tão focada no prazer que não me permiti preocupar com o que ele havia dito.

Continuamos assim, trocamos de posição vez ou outra, até nos saciar. Quando paramos, já um pouco cansados e suados, ele se encostou na cabeceira da cama e me puxou para seu colo. Sem dizer nada ele começou a acariciar meus cabelos, isso me relaxou. Fechei os olhos, o carinho continuou por alguns minutos.

— Não durma ainda, isso é só um breve descanso. — Ele avisou. Senti sua mão deslizar por meu seio e parar entre minhas pernas. — Você prometeu passar a noite comigo.

— Vou acordar tarde amanhã por sua culpa.

— Não tem problema, você pode dormir aqui até quando quiser.

Eu assenti.

(...)

Despertei assustada ao sentir o braço de alguém sobre mim, por um breve instante me esqueci que dormi com Larry. Ele se moveu tirando o braço de mim, eu ainda estava nua.

— O que foi? — Perguntou sonolento, ainda de olhos fechados.

— Nada. — Ele se ergueu sentando na cama. — Continua deitado, eu...

— Você vai fazer o café? — Ele me interrompeu, fiquei em silêncio. — Como pensei, então eu não posso continuar deitado.

Suas costas estavam com marcas feitas por minhas unhas, mas era bem provável que eu não estivesse com marca alguma, mesmo ele estando intenso ontem e quase não me deixando dormir.

— O que foi? — Notei que eu estava olhando demais para ele.

— Nada.

Ele se levantou da cama.

— Eu vou tomar banho primeiro, quando sair faço o café, ok?

Eu ia dizer que não era necessário já que não queria incomodá-lo, mas estava com fome e sem vontade alguma de ir logo para casa.

Assenti. Ele saiu do quarto. Fui procurar minha bolsa que deixei na sala, precisava checar o celular. Não havia mensagem ou ligação de Jeff, Verônica mandou a foto que tiramos pelo chat, respondi a mensagem e salvei seu contato. Mandei uma mensagem para minha mãe e guardei o celular. Por que ele não me ligou? Senti por um breve momento um sentimento estranho de culpa. Comecei a pensar nos motivos que ele poderia ter para nem mesmo me mandar uma mensagem dizendo como estava, minha mente começou a vagar. Será que ele voltaria logo? Será que aconteceu algo? E se ele demorasse a voltar?

Não sei quanto tempo perdi em pensamentos assim, me dei conta apenas quando Larry me chamou.

— Está dormindo de olhos abertos? — Cobri o rosto com as mãos. — Vá tomar banho para acordar, sonâmbula.

Era o que eu precisava, um banho para me despertar. Antes de seguir para o banheiro, busquei minhas roupas no quarto, esse tempo todo eu estava andando nua pela casa de Larry como se estivesse em minha casa. Um bom banho sempre me ajudou a relaxar, mas nem sempre levava embora minhas preocupações. Eu ainda estava pensando em Jeff, apesar de saber que não precisava, ele sabia se cuidar e com certeza voltaria logo para tirar minha paciência.

Ao terminar, tive de vestir a mesma roupa. O ruim de se passar noite fora de casa era ter de vestir a mesma roupa noutro dia. Me encarei no espelho, meu cabelo estava um ninho de pássaro então passei a escova alinhando os fios e fiz um coque. Sai do banheiro e segui para cozinha, Larry estava fazendo o café.

Isso me lembrou da vez que dormi aqui e Larry também me fez café, Jeff fez o mesmo quando nos reconciliamos depois de uma discussão. Isso me fez rir baixo. Parece que os dois gostam de me agradar pela manhã.

— O que foi? — Ele se aproximou.

— Nada. — Menti.

Seria interessante, apesar de ser algo impossível de acontecer, eu acordar e encontrar os dois fazendo café pra mim. Eu não recusaria.

— Algo me diz que você não está falando a verdade. — Franzi a testa. — Mas seja o que for, acho que é algo bom.

— Por que?

— Antes você estava com um semblante perdido, parecia preocupada com algo, agora você parece um pouco melhor. Evite se preocupar com coisas bobas, tudo bem?

— Vou tentar.

Ele me tocou e sua mão estava fria, fez meu corpo se arrepiar. Larry me deu um breve beijo antes de se afastar e voltar a se ocupar na cozinha. A manhã correu bem, eu e ele tomamos café juntos como se nada tivesse acontecido entre nós.

Ele disse que me levaria para casa, pedi que me trouxesse para casa de minha mãe. Ao chegarmos, um clima estranho se instalou entre nós. Eu não sabia bem como me despedir.

— Creio que não é necessário, mas vou repetir, se você precisar pode me ligar.

Assenti. Seu olhar se fixou ao meu, baixei o rosto.

— Olhe para mim quando eu falar. — Ele ergueu meu rosto. — O que foi? Está constrangida?

Neguei. Eu na verdade estava com um estranho sentimento de culpa, mas por que eu deveria me sentir culpada?

Larry me beijou, ele ainda segurava meu rosto. Não me afastei.

— Se cuida.

Eu saí do carro em silêncio, andei até a porta de casa já procurando minhas chaves dentro da bolsa. Assim que entrei eu chamei minha mãe, ela não estava em casa.

Achei que a melhor forma de se distrair era escutar algo e ler um livro. Desbloqueei meu celular e coloquei algumas músicas para tocar.

(...)

"Por que ele ainda não voltou?"

Já se passaram seis dias e nenhuma notícia sobre Jeff, liguei inúmeras vezes, mas seu celular sempre está desligado. Não tenho o contato de Spencer e se tivesse eu duvido muito que ele me atenderia. Ele disse que voltaria logo, por que demora tanto? Eu sei que não deveria estar preocupada, mas estou. A cada dia estou mais ansiosa.

"E se ele não voltar?"

Encarei o anel em meu dedo, se ele não pretendesse voltar, não teria me dado o anel. Jeff sempre deixou claro que não ia me deixar tão facilmente.

(...)

— Você precisa ir ao médico. — Neguei.

— Deve ter sido algo que eu comi, não deve ser nada. — Eu tinha vomitado tudo o que comi.

— É a primeira vez que você está assim? Ou você já passou mal antes?

— Primeira vez. — Menti.

Eu não queria ir ao hospital, odiava hospitais.

— Você está sentindo algo mais? — Neguei. — Quer que eu compre algum remédio?

— Não precisa, tá tudo bem.

Minha mãe estava preocupada comigo, me senti mal por deixá-la assim. Eu a tranquilizei, disse que estava tudo bem e que ela não precisa se preocupar pois eu iria sair mais tarde com Larry, então não ia ficar sozinha.

— Qualquer coisa me ligue, ouviu? Tenho que trabalhar, mas não deixe de me ligar se precisar e qualquer coisa venha ao hospital. Hoje eu vou ficar no turno da noite então não vou voltar para casa.

Assenti. Aproveitei que estava no banheiro para tomar banho. Isso com certeza era estresse e preocupação, eu estava ansiosa. Jeff ainda não havia voltado, vou para casa todo dia e quando vejo que ele não chegou, volto para casa. Já são oito dias. Eu não sei onde procurá-lo, não tenho como entrar em contato. Isso está me matando, me deixando ansiosa. Tenho tentado mudar o rumo de meus pensamentos, eu saí com minha mãe, procurei emprego, me mantive ocupada com livros, mas volta e vem, me pego pensando nele. Não contei nada a minha mãe e muito menos a Larry, apesar de às vezes conversamos. Terminei o banho e fui me arrumar. Sem muita vontade, procurei algo para vestir. Ao terminar, mandei mensagem para Larry avisando que estava pronta e que eu podia vir me buscar. Ele respondeu dizendo que estava a caminho.

Fui até a sala, me sentei no sofá com o celular na mão. Não tenho deixado de estar com ele um momento sequer, ele poderia ligar a qualquer momento. Por que estou me preocupando tanto? E se ele não voltar?

Não me importei com o tempo que passava lentamente enquanto eu esperava. Quando escutei o som da buzina eu saí de casa. Fechei a porta e andei até o carro.

Assim que entrei, ele perguntou preocupado.

— O que houve?

— Nada.

— Você está um pouco pálida. — Ele tocou meu rosto — Você comeu? Dormiu?

— Bem, sim. — Desviei o olhar. — É apenas preocupação.

— Entendo. — Guardei meu celular na bolsa. — É por causa dele, não é?

— Tá tudo bem.

— Ele brigou com você? Te fez algo? — Larry ligou o carro e voltou sua atenção para a direção.

— Não, ele ainda não voltou e eu não sei onde ele está.

Desabafei. Larry ficou sério.

— Ele deve estar ocupado, você disse que ele viajou a trabalho não é?

— Já tem oito dias, nenhuma mensagem ou ligação e se tratando dele eu...

Minha voz sumiu, eu não podia contar de forma alguma contar nada sobre ele.

— O que? — Insistiu.

— Nada, eu só estou preocupada.

— Você acha que vale a pena? Por favor, o cara deve ser um canalha e você aí preocupada.

— Não, ele não faria isso. — Ele me encarou surpreso. — Aconteceu algo.

— Como você tem tanta certeza? Vai ver ele se cansou de você.

O encarei incrédula, como ele podia dizer algo assim?

— Convenhamos que o cara tem uma puta cara de pilantra Christine, só você não percebeu.

— Que porra você está falando?

Ele me ignorou. Por um breve momento eu quis lhe dar um tapa no rosto, mas ele estava dirigindo e isso poderia causar um acidente.

— Para!

— Por que? Eu só disse a verdade. — Cruzei os braços — Você deveria se preocupar mais com você ao invés de pensar nele.

— Pelo amor de Deus, eu não quero mais sair com você.

Ele reduziu a velocidade e parou o carro perto da calçada.

— Eu não quis dizer aquilo.

Não respondi, abri a porta para sair, mas ele me segurou pelo pulso.

— Você não sabe de nada então por favor, não tire conclusões precipitadas. — Minha mente estava um caos, parecia que eu estava ficando sem ar.

— Entendi, então eu devo concordar com você e dizer que logo ele deve voltar com algum motivo para não ter te ligado. — Revirei os olhos. — Christine eu vou ser sincero com você, eu não estou nem um pouco triste por saber que ele sumiu.

Eu ri, por que diabos ele se daria ao trabalho de me infernizar e até mesmo me dar uma aliança se aquele infeliz pretendia me deixar.

— Com certeza algo aconteceu, ele não ia me deixar tão facilmente, não depois do que ele fez.

— O que de extraordinário aquele cara fez? O que ele tinha de tão bom que fez você me trocar num estalar de dedos?

Deu um tapa em seu rosto. Eu não queria, mas minha mão se moveu por vontade própria.

— Se a sua intenção é estar constantemente jogando isso em minha cara, desista.

Por que isso tinha de acontecer? Eu realmente me enganei ao achar que ficar próximo dele não nos faria brigar.

— Desculpa. — Me neguei a escutar.

— Eu vou embora.

— Onde você vai?

— Não interessa. — Sai do carro às pressas.

Eu não ia voltar com ele, ia chamar um táxi. Não sei se foi a discussão que me deixou exaltada, mas meu corpo parecia pesado e minha mente estava ficando nublada. Meus passos foram ficando lentos, meu peito parecia estar comprimido pela falta de ar. Eu parei sentindo meu corpo desabar.

(...)

Aos poucos retomei a consciência, eu estava no carro de Larry sentada no banco da frente.

— O que houve?

— Você desmaiou, não consegui pensar em nada além de trazê-la ao hospital.

— Por que?

— Você caiu dura no chão, não acordava de jeito algum e ainda me pergunta o por que?

Minha boca estava seca e com um gosto amargo.

— Estou com sede.

— Espera um pouco, estamos quase chegando.

— Eu não quero.

— Você vai, não é normal desmaiar do nada. — Revirei os olhos. — Você tem comido? Você parece um pouco mais magra.

— Eu tenho estado meio enjoada ultimamente, hoje pela manhã eu passei um pouco mal. Deve ser isso.

— Você vai dizer tudo isso ao médico.

— Eu não quero. — Ele suspirou.

— Por favor, faça isso para que eu possa ao menos ficar mais calmo.

Fomos o resto do caminho em silêncio, ao chegarmos no hospital, Larry foi até a recepção. Ele conversou com a recepcionista e depois veio até mim.

— Preciso de algum documento seu. — Lhe dei minha identidade. — Espere aqui.

Quando ele retornou, disse que iriam me chamar logo.

Passou cerca de dez ou quinze minutos e eu fui chamada. Ao entrar no consultório, um doutor de meia idade me cumprimentou, pediu que eu sentasse e falasse o que eu estava sentindo. Lhe expliquei de forma resumida o que tinha acontecido e o que eu vinha sentindo. Ele me fez mais algumas perguntas, tirou minha temperatura e minha pressão.

— Se for o que eu penso, não é nada grave. — Ele sorriu tranquilamente.

Ele me passou um exame de sangue e me mandou ir a enfermaria. Ao sair, retornei à recepção e conversei com Larry.

— Eu espero que você não esteja doente.

— Eu não sei, eu acho que não. — Dei de ombros. — O resultado sai em uma hora.

Ele assentiu. Eu pretendia esperar, mas minha boca estava seca e eu estava ficando com fome, eu não tinha comido depois de passar mal.

— Eu vou comprar algo, estou com fome e com sede. — Dei as costas para sair, mas fui detida. — O que?

— Você acha que eu vou deixar você sair sozinha?

— Eu já volto. — Ele negou.

— Eu vou te levar.

Saímos do hospital pretendendo voltar antes de uma hora, ele pesquisou rapidamente algum restaurante.

— Achei, é perto daqui. — Ele guardou o celular.

Seguimos até lá, Larry e eu não conversamos muito. O lugar não era tão grande, mas parecia aconchegante a seu jeito. Haviam diversos clientes, uns acompanhados, outros não. Continuamos sem se falar até o garçom perguntar o que íamos querer. Eu queria apenas comer algo para que meu estômago parasse de reclamar.

Quando nosso pedido chegou, não pude evitar inspirar o aroma da comida, parecia tão boa. O sabor estava tão bom que comi com gosto.

— Ainda está com fome? — Neguei. — Por que não pede sobremesa também.

Foi o que eu fiz, pedi a sobremesa. Foquei tanto em comer que cheguei a me esquecer da presença de Larry em certos momentos. Às vezes ele me encarava com um olhar risonho.

— Que foi? — Perguntei.

— Você parece um pouco melhor, antes você estava com uma expressão ranzinza e agora, parece estar mais relaxada.

— Ahh. — Eu deixei o talher de lado. — Desculpe.

— Na verdade eu que peço desculpa pela forma que agi antes. — Ele desviou o olhar — Eu não queria te irritar.

Me calei, eu não tinha o que dizer. Era óbvio que não era culpa dele e sim minha.

— Vamos... deixar isso para lá. — Ele assentiu.

Desviamos desse assunto tentando evitar qualquer coisa relacionada a nossa pequena discussão. Isso de certa forma ajudou o tempo a passar mais rápido. Quando retornamos ao hospital, o resultado já havia saído.

— Você quer que eu entre com você?

Eu assenti. Entramos no consultório, eles se cumprimentaram.

— Tenho ótimas notícias. — Meu coração se aliviou. — Claro, você precisa evitar se estressar a partir de agora, comece a se alimentar melhor e...

— O que ela tem? — O médico riu com a interrupção de Larry, ele parecia mais ansioso com o resultado do que eu.

— Você vai ser pai. — O médico então se dirigiu a mim. — A senhorita está grávida, meus parabéns.

O silêncio tomou conta do consultório. Eu estava estarrecida, Larry parecia estar num misto de surpresa e desgosto. Sua expressão ia mudando conforme os segundos se passavam.

— Impossível. — O médico negou. — Eu sou infértil.

Larry me olhou com uma expressão mais confusa ainda.

— Infértil? O resultado está claro como água e neste exato momento você está grávida. Eu entendo que você pode estar surpresa, mas pode acontecer. Mesmo que poucos, casos como esse ocorrem, de mulheres que já relataram ter dificuldade para engravidar e quando menos esperavam, aconteceu.

— Mas eu...

— Quanto tempo? — Larry perguntou.

O médico disse de quantas semanas eu estava. Ele pensou por alguns segundos.

— Então eu posso ser o pai? — Ele se dirigiu a mim.

Eu já sabia o que ele ia perguntar, enquanto estive com ele ou com Jeff, eu não usei método contraceptivo algum. Desde que comecei a me relacionar, descobri que eu tinha síndrome de ovários policísticos, isso poderia causar infertilidade, então minha preocupação se resumiu somente a não contrair alguma doença. A maioria dos caras com quem dormi sempre usei preservativo, por que dessa vez eu não me preocupei com isso? Uma gravidez indesejada foi a menor das consequências.

— A senhora não desconfiou de seu ciclo menstrual?

— Ele... ele sempre foi desregulado. Eu também fui diagnosticada com ovários policísticos antes e...

— Então, devido a isso, a mulher pode ter dificuldade em engravidar, mas não é algo impossível de acontecer. Posso dizer que você teve sorte.

Pela expressão que o doutor fez, eu acho que ele queria dizer algo mais, mas se deteve.

— Eu sei que pode ser um pouco difícil digerir a notícia, mas sugiro que pensem com calma sobre o assunto.

Eu assenti. O doutor conversou comigo antes de sairmos do consultório, ele me disse que os sintomas eram normais, me deu uma série de recomendações e disse que eu deveria voltar logo para iniciar o pré natal. Larry me entregou as chaves do carro e me pediu para esperar nele enquanto ia na recepção. Eu saí, fui até o carro, abri a porta e entrei me sentando no banco da frente. Apertei o exame contra o colo. Por que isso tinha de acontecer? Justo agora eu tinha de descobrir isso? Eu nem mesmo sabia sobre o paradeiro de Jeff. E Larry? O que ele estava pensando sobre mim? Meu Deus, como eu ia contar para minha mãe? Eu não queria isso. Não queria estar grávida.

Larry abriu a porta do carro e entrou. Ele sentou no banco do motorista em silêncio.

— Muito bem. — Ele começou. — Precisamos conversar, mas eu vou entender se você não quiser agora.

— Eu estou com medo. — Ele me encarou. — Eu não sei o que fazer.

— Você dormiu com ele primeiro não foi? — Eu assenti. — E logo depois, comigo não é?

Novamente eu assenti. Larry suspirou passando as mãos pelo rosto.

— Eu não posso dizer que só você tem culpa disso, mas por que não me contou?

— Contar o que? — Tentei segurar as lágrimas, não queria chorar.

— Que não usava anticoncepcional, eu achei que você fazia uso de algo.

— A então agora é culpa minha?

— Eu não disse isso, só estou dizendo que você se arriscou demais confiando em algo que nunca foi 100%. Por menor que fosse, você ainda tinha chance de engravidar e foi justo oque aconteceu. Não acredito que eu fui tão desleixado também.

— Eu não queria isso.

— Não vai adiantar você dizer que não queria isso. — Seu tom era rude. — Eu não vou mentir e dizer que não estou com raiva.

— Então você... — Minha voz falhou, ele estava com raiva de mim por que poderia ser o pai de uma criança indesejada?

— Não estou com raiva por você estar grávida. — Ele me encarou com um olhar frio. — Estou com raiva por que ele pode ser o pai dessa criança, me dá ódio só de imaginar que você dormiu com aquele cara.

Isso me deu um estranho conforto, não sei por que.

— Você pensa em continuar com isso?

— Com a gravidez? — Um calafrio percorreu minha espinha, toquei minha barriga que não dava indícios ainda de um gravidez . — Eu não sei.

Ele não disse mais nada. Em silêncio, saímos do estacionamento do hospital, eu ainda me segurava para não chorar, as lágrimas insistiam em querer cair. Por que eu tinha de ser tão azarada? Eu estava tão arrependida.

— Me leva para casa, por favor.

— Sua mãe está em casa?

— Eu não quero ir para casa da minha mãe, quero ir para onde estou morando. — Apesar de morar lá, eu não poderia chamar aquele lugar de meu já que não me pertencia. — Eu quero pensar.

— Você que ir para não sei onde, ficar sozinha sabendo que pode passar mal a qualquer momento? Qual seu problema?

— Eu não quero que minha mãe saiba ainda. — Larry não escondeu seu descontentamento — Eu só quero pensar um pouco mais antes de decidir algo.

Eu lhe expliquei o endereço, ele seguiu sem dizer nada.

— Sério? — Ele parou o carro. — Que lugar horrível para se morar.

Segurei o riso, eu já tinha me acostumado ao local. Ele encarou a casa e suspirou.

— Não tem nada que eu possa fazer para você mudar de ideia?

— Não se preocupe, eu vou ficar bem. — Tirei o cinto de segurança. — Eu só preciso pensar.

Nos despedimos. Assim que entrei em casa eu me permiti desabar no sofá. Minha mente não parava de pensar. Como eu contaria a Jeff sobre isso? Ele ficaria irritado quando soubesse? Ficaria feliz? Eu duvido. Ele com certeza vai dizer que não quer essa criança. Eu não sei como vou conseguir cuidar de um bebê sozinha. Cuidar? Eu já estou pensando em cuidar dele sem nem mesmo ter decidido se vou ou não seguir com isso. Me deitei no sofá convicta de que não iria sair dali tão cedo.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro