11: Inferno I
Christine
Como me deixei levar? Deixei ele me trazer até seu covil e nem ao menos considerei resistir. Me senti sufocada, como se aquilo não fosse acabar e logo Jeff estaria me ameaçando novamente me obrigando a fazer o que ele queria e quando queria. Isso não estava certo, eu me sentia péssima por trair a confiança de Larry, isso era como traição e eu não suportaria que ele entendesse isso tudo de forma errada. Mas e Jeff? O que eu diria a ele? Ele não é alguém com quem eu possa falar e achar que ele vai aceitar, ele demonstrou mais de uma vez que não se importa em matar ou mentir para ter oque quer. Alguns minutos se passou, entre carícias e beijos, seu toque me arrepiava. Eu sentia algo por ele e não podia negar, mas isso tudo ficava abaixo de uma espessa camada de medo e princípios, onde eu enterrava com um relacionamento que eu digo ser o certo. O que aconteceria se eu o aceitasse? O que minha mãe pensaria se soubesse o tipo de mulher que me tornei por ficar ao lado de alguém assim? Jeff jamais seria um homem... certo.
— Jeff. — Ele parou de me acariciar. — Se você realmente fala a verdade sobre o que sente por mim, deixe-me ir embora.
— Já disse que vou te levar pra sua casa. — Sua voz estava baixa.
— Não, eu não quero mais te ver.
Ele se afastou com um olhar sério.
— Qual o problema agora?
— Qual o problema? O problema é esse. — Me sentei. — Não é normal o que aconteceu, você age como se eu fosse sua... — Me senti ameaçada quando ele sorriu. — Como sua propriedade, me obrigando a fazer o que você quer e...
— Eu te obriguei? — Jeff fechou a cara e se afastou.
— Não estou aqui por vontade própria. — Gritei.
— Então o que aconteceu foi somente por minha culpa? — Ele se levantou da cama. — Vamos lá, quem resolveu se envolver onde não foi chamada? Isso mesmo, você. Quem veio me procurar hoje? Quem foi mesmo que disse que me odiava e logo depois estava dormindo comigo? Eu ate mesmo te dei uma chance de me matar e você fez oque? Não venha me dizer que tudo que aconteceu foi somente minha culpa e que eu sou o louco aqui.
— Você quase tirou a vida de meu namorado e...
— O que? — Me calei e Jeff gritou raivosamente. — Fala.
Me levantei pra sair dali, eu já tinha visto demais.
— Agora já chega, me deixe em paz a partir de hoje. — Jeff me agarrou pelo braço. — Me solta agora.
— Eu realmente cansei de tentar ser bonzinho com você. — Ele me puxou novamente até a cama. Me debati tentando me soltar, Jeff deu um forte tapa em meu rosto e me jogou na cama me deixando atordoada. — Se você continuar agindo assim eu não...
— Não vai oque? — Meu rosto ardia como fogo, igual a minha raiva — Vou ter o prazer de te ferrar, seu desgraçado. Agora está calado? Eu vou amar ver você se foder.
Jeff ficou quieto, me olhava fixamente. Diferente do que esperei ele não revidou, sua boca esboçava um leve sorriso devasso.
— E como pretende fazer isso antes que eu faça com você? — Ele se aproximou me fazendo recuar.
Fui jogada com força contra a cama, seu corpo pressionou o meu enquanto ele tentava me beijar. Meus pulsos estavam presos por suas mãos, por mais que eu tentasse ele era maior e mais forte que eu. Um misto de repulsa e ódio me dominava, eu queria ser mais forte naquele momento, queria mostrar que por mais assustada que estivesse eu não me renderia fácil. Mordi sua boca com força.
— Porra. — Rapidamente ele afastou seu rosto com sangue nos lábios.
— Não seja tão bruta. Eu não quero te machucar. — Meu corpo negou a se mover — Você não quer que ele saiba que ficou com outro, não é?
— Me deixa ir embora. — Comecei a tremer. — Por favor.
— Eu vou deixar você ir... — Ele secou uma lágrima minha. — Mas não quero você chorando enquanto a gente transa.
Ele tirou a blusa. Tentei me afastar e sua mão se apossou de meu pescoço me sufocando. Eu arranhava seu pulso tentando me soltar, meu peito se comprimia desesperado por ar. Quase ao ponto de desmaiar ele me soltou, sorriu enquanto eu arfava lutando para respirar.
— Eu vou deixar voltar pra ele, mas não garanto que vou te deixar em paz.
— O que você ganha fazendo isso? Me diz.
— Eu quero você. — Ele falou como se fosse óbvio. — Eu disse que te amo.
— Pra quantas você já disse isso? Ou... Ou até mesmo matou, matou elas quando foi rejeitado? Jeff isso não é amor, é uma obsessão. — Ele franziu a testa. — Vai me matar quando ver que...
— Eu não quero e nem vou. — Ele me interrompeu de forma rude.
— Por favor, deixa... me deixe ir. — Toquei devagar seu braço. Ele pensou por alguns segundos.
— Não... não importa mais. — Sua voz saiu rouca, pensei que finalmente ele me deixaria. — Pode me odiar ainda mais se quiser, Christine. Eu tentei fazer isso de uma forma mais gentil, mas você não me deixa outra opção. — Jeff se levantou me agarrando pelo braço de forma violenta.
— Me solta. — Gritei desesperada. — Você disse que não ia me machucar. — Comecei a chorar enquanto ele quase me arrastava.
Ele me tirou do quarto enquanto eu gritava e me debatia, empurrei Jeff na tentativa de me soltar e arranhei seu rosto. Ele revidou com outro tapa e dessa vez com mais intensidade, minha visão ameaçou falhar e eu parei tentando me situar.
Eu iria morrer, Jeff ia me matar. Ele me levou para outro quarto e me jogou no chão, eu pouco prestei atenção ao redor. Tentei me levantar rápido e minha cabeça girou.
— Eu acho que vai gostar de passar a noite aqui. — Ele deu alguns passos em direção a saída. — E acho também que você talvez deva se acostumar.
Olhei melhor ao redor e notei uma garrafa de bebida quase vazia. Rapidamente a peguei.
— Beber pode te ajudar a aproveitar melhor, não é? Eu nem sabia que tinha bebida aqui também.
Seu sorriso irônico sumiu assim que bati com força a garrafa na quina do móvel e quebrei a garrafa. O gargalo se transformou numa ponta afiada. Sua expressão voltou a ficar séria.
— De um jeito ou de outro vou acabar com isso. — Aproximei a ponta afiada do vidro para meu pescoço. — Mesmo que seja com o meu fim, Jeff.
Continuei firme em minha ameaça de suicídio, ele ainda serio tentou se aproximar.
— Acho melhor não. — Empurrei um pouco a ponta do vidro sentindo um corte leve, algumas gotas de sangue começaram a escorrer.
— Você não tem coragem Christine. — Seu tom ainda era sério.
— Se você diz. — Empurrei um pouco mais o vidro sentindo minha pele rasgar e sangrar, Jeff avançou sobre mim tentando me parar.
— Que diabos... — Antes que ele pudesse tirar minha defesa eu tentei enfiar o gargalo em seu peito, Jeff desviou e o golpe acertou seu braço.
— Desgraçada.
Enquanto ele se preocupava com o machucado corri para fora do quarto.
A casa não estava tão bem iluminada o que piorou minha situação, todo o medo que senti desde que conheci esse cara não passava de "fichinha" perante o que eu estava sentindo agora.
— Socorro! — Me debati na porta tentando abri-la. — Socorro.
— Isso não vai adiantar. — Jeff gritou ofegante. Seu braço sangrava, eu podia ver o ódio em seu olhar. Ele tinha na mão que não podia ver bem o que era.
Tentei correr para outro cômodo na esperança de me trancar ou achar algo que pudesse usar em minha defesa.
Jeff saltou conseguindo me agarrar pela cintura, me apertou forte tentando me parar. Meu corpo reclamou da dor e quis falhar, eu já estava cansada de tentar. Jeff tapou meu rosto com um pano molhado com algo que me pareceu... Clorofórmio...
(...)
Jeffrey
Christine estava me enlouquecendo, tudo que havia acontecido não foi bem um plano meu e eu não contava com sua súbita onda de raiva.
Finalmente eu consegui "acalmar" ela. De uma maneira mais brusca, claro, mas ela não me deu outra escolha. A levei para o meu quarto e a coloquei na cama, vesti sua roupa. Meu braço estava me incomodando, mas não seria isso algo para me parar, seria somente um atraso. Fui até outro cômodo e catei algo pra me certificar de que ela não iria fugir ou por sua vida em risco. Coloquei as algemas em Christine, às prendi na cabeceira da cama. Disso ela não tem como escapar. Por mais raiva que eu estivesse dela, ainda sim não pude deixar de sentir um leve incômodo por saber que ela iria agir agressivamente quando acordasse. Eu queria arrumar as coisas pra quando ela acordasse, mas não podia deixar meu braço ferido de lado. Eu não pretendia fazer isso, mas talvez tenha sido melhor assim. Fui até o banheiro e tomei banho pra me limpar e lavar esse sangue. Enrolei meu braço com força para parar o sangramento. Por hora isso serviria. Eu teria de arrumar algumas coisas já que eu pretendo deixar ela aqui, preciso me livrar daquele cara maldito. Ela não deve ter contado de mim pra ele então é pouco provável que ele me ofereça risco, mas ainda sim não é viável deixá-lo vivo, a não ser que ele me seja útil.
Por hora eu precisava dar uma pausa em meus assuntos.
(...)
Christine
— Ah, então esse é o motivo?
— Cala a boca Spencer, você vai ou não fazer o que pedi?
Aos poucos acordei escutando algumas vozes que pareciam vir do lado de fora do quarto.
— Claro, claro, afinal sou seu amigo.
— Amigo meu cu! — Reconheci a voz de Jeff.
— E o que você vai fazer com ela? — Não houve resposta. — Não, não me diga que...
— Isso não te diz respeito Spencer.
Minha cabeça girava, eu me sentia enjoada e zonza.
— Eu vou deixar você fazer o que quiser, mas depois não diga que não avisei.
— Arrombado, eu sei o que faço.
— Que agressivo, que medo! — Disse em tom zombeteiro.
Tentei me mexer, mas meus pulsos estavam presos em uma posição desconfortável. Meu corpo todo estava incomodado, tentei puxar com força e acabei fazendo barulho.
Ficaram em silêncio, escutei passos e um rosto desconhecido invadiu o quarto.
— Então é você a rosa com espinhos? — Me mantive calada. — Não gosta de falar?
— Por favor me ajude. — Implorei. — Me tire daqui.
Jeff empurrou o homem e entrou, usava uma regata cinza e o braço estava enfaixado.
— Acho melhor não, não quero correr o risco. — Ele franziu a testa e apontou para o braço de Jeff. — Fique quietinha e eu não vou precisar dar um fim em você.
— Olha a boca Spencer. — Jeff o repreendeu.
— Claro, claro.
Aquele cara não passava de um comparsa de Jeff e com certeza não ia me ajudar, discutir com eles não resultaria em nada. Com certeza é melhor tentar lidar com ele sozinho do que na presença desse cara. Fiquei calada e observei os dois conversarem por alguns segundos e saírem do quarto me deixando sozinha.
(...)
Jeffrey
Spencer se dirigiu até a porta e parou me encarando.
— É uma péssima ideia você deixar ela aqui, com certeza ela vai atrair atenção e tudo que menos quero é que você estrague nossos planos.
Spencer colocou um cigarro na boca e acendeu.
— Isso não vai acontecer e caso ela me cause problemas eu mesmo darei um fim nisso.
Ele me encarou com descrença.
— Sério? — Eu assenti. — Acho bom, não quero ela te foda, ok?
— Que porra é essa Spencer? Tá procurando graça?
Ele riu e deu as costas.
— Farei o que você me pediu, mas trate de me recompensar adequadamente.
— Meu cu seu fodido. — Respondi.
— Aceito! — Ele falou antes de ir até seu carro e se foi.
Esse cara nunca cansava de me irritar, eu não gosto de confiar nas pessoas, mas ele foi o único que conseguiu me ajudar quando precisei. Desde então ele se tornou um quase "amigo". Alguém que às vezes me ajuda.
Por que fazer algo que gosta de graça se você pode usar isso ao seu favor e lucrar? Foi o que ele disse quando me encontrou a seis anos atrás, num beco qualquer...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro