06: Fraqueza
Jeffrey
Christine adormeceu. Seu corpo nu quente colado ao meu me aquece.
A expressão calma em seu rosto enquanto dorme me deixa em êxtase. Tão inocente, tão desprotegida. Eu poderia fazer oque quisesse e tudo que eu quero é somente senti-la.
Sua respiração suave, seu corpo, seu toque, sua voz. Tudo me deixa obsessivo querendo algo que sei que não será meu.
Não foi somente o prazer que senti, mas como seu corpo reagiu ao meu. Não sei oque me faz desejá-la tanto ao ponto de querer matar quem fosse para tê-la sempre. Por que isso aconteceu? Nunca passei por isso antes e achei que nunca fosse me sentir tão atraído por alguém assim.
Deixei minha mão acariciar sua bochecha de leve.
— Eu deveria ter lhe matado antes. — Ela abriu um pouco os olhos sonolentos e se aconchegou mais em mim. — Agora não quero mais te deixar ir, Christine.
(...)
Christine
O som do meu celular tocando me despertou bruscamente. Esfreguei os olhos, eu estava sozinha. Jeff com certeza saiu enquanto eu dormia. Levantei da cama bagunçada e peguei meu vestido no chão, se não fosse por isso talvez por alguns instantes eu imaginasse que tudo não passou de um sonho, mas mesmo que eu quisesse as marcas em meu corpo estavam ali para provar que não foi um delírio meu.
Como eu dormi com ele? Como transei com aquele cara? E o pior, eu gostei.
— Se enxerga garota, ele não é o primeiro com quem você dorme. — De fato não era, mas ele e Larry não saiam da minha mente só que Jeff esse maldito, era pra eu ter somente raiva dele.
"Preciso esquecer tudo isso." Pensei.
O dia seguiu normalmente, fui trabalhar, vi o Larry e conversamos.
Estávamos fechando o café quando ele me perguntou.
— Certeza que está bem?
— Claro. — Sorri puxando a gola da blusa. — Você se preocupa demais.
O maior franziu a testa.
— E você esconde muito mal as coisas. — Ele se aproximou. — Eu reparo muito bem nos detalhes então se quiser esconder algo o faça muito bem.
Diferente do habitual, sua resposta rude me deixou tensa já que ele não agia assim comigo.
— Larry, como assim?
Ele suspirou revirando os olhos.
— Licença. — Ele afastou meu cabelo e abaixou a gola de minha blusa. — Essas marcas não vieram sozinhas, correto? — Senti meu rosto corar e instintivamente o baixei. — O que você faz não é de minha conta, mas... não minta pra mim.
— Larry não é isso que você está pensando.
— Não? Eu simplesmente falo que gosto de você. Deixo claro que te quero e você nem ao menos me dá uma resposta. Logo depois acontece isso me fazendo sentir ciúmes e eu não quero me iludir ou te importunar caso você não me queira ou tenha alguém. — Ele me interrompeu falando de forma apressada.
— Não Larry, ele não...
— Ele quem?
Me calei, como explico agora?
— Foi apenas um erro, algo que não era pra ter acontecido.
Um silêncio constrangedor tomou conta da conversa. Eu estava confusa, sabia o que era certo e o que era errado, mas eu ainda queria o errado.
— Me diz sinceramente, você sente algo por mim?
Larry me fazia perguntas das quais eu não tinha resposta, minha mente estava uma zona. Eu me sentia culpada, errada e mentirosa.
Me faltou ar e por alguns segundos eu travei.
— Christine? — Ele me tocou. — Você está bem?
Assenti ainda calada.
— Desculpa te cansar com tudo isso, vou te levar pra casa.
Esperei que Larry saísse e me sentei. Eu devia esquecer Jeff de uma vez, mas ele tornava tudo mais difícil vindo até mim e me prendendo.
— Podemos ir. — Eu continuei sentada, se eu me aproximasse mais dele provavelmente me afastaria de Jeff.
— Larry, você realmente gosta de mim? — Ele assentiu. — Eu me sinto um pouco confusa com relação ao que sinto.
— Acho melhor você pensar mais um pouco. Me desculpa mesmo pela reação que tive antes, eu não quis te pressionar.
— Ontem foi apenas uma noite, não significou nada pra mim além de uma distração. — Menti.
Ele se calou.
A curta viagem de carro foi silenciosa, ambos calados com seus pensamentos. Quando chegamos em minha casa Larry se despediu sem se virar para mim.
Ele parecia um pouco chateado com nossa conversa anterior.
— Larry. —Tirei o cinto de segurança e me aproximei — Não quer entrar?
Eu toquei seu rosto para que me encarasse. Ele me olhou meio surpreso e então eu o beijei. Sua mão tocou a minha, que ainda estava segurando seu rosto e me afastou. Ele não queria isso?
— Não quero somente uma distração Christine. — Sua voz saiu baixa. — Se está confusa é melhor pensar. Eu não quero me envolver com você somente por sexo se pensa assim.
— Não quero somente brincar, falo de ficarmos juntos mesmo. — Toquei seus lábios. — Você é meu porto seguro.
Dessa vez sem resistência ele cedeu ao meu beijo. Não menti quando disse que Larry era meu porto seguro, eu só não sabia se realmente queria a segurança ou me arriscar num precipício.
(...)
Larry e eu começamos a namorar. Se passaram cinco dias e eu não tive notícias de Jeff, o que em partes me deu um certo alívio.
— Eu fico muito feliz que vocês estejam juntos, vocês combinam. — Minha mãe sorriu enquanto preparava a mesa.
Já que oficialmente estamos namorando e minha mãe soube, ela insistiu em convidar Larry para jantar.
— Fico alegre em saber que a senhora pensa assim. — Minha mãe assentiu.
"Isso é ótimo, estão se dando bem." Pensei.
Minha mãe terminou de arrumar a mesa e eu coloquei os pratos.
— Pensam em ter filhos no futuro?
— Mãe! — Quase surtei — Que pergunta é essa?
Larry riu da situação e não disse nada. Se eu pudesse me mataria de tanta vergonha que senti.
— Sei que ainda é bem cedo, mas eu estou ficando velha e vocês são jovens. — Ela brincou. — Quero netinhos correndo pela minha casa e você é minha única filha.
Eu me calei, sentia pena por minha mãe. Ela ficava muito só e eu nem mesmo se preocupava com ela, sou sua única filha então é normal ela querer netos.
— Se Christine quiser, no futuro se nossa relação dar certo eu gostaria de ser pai.
Olhei para Larry que me deu um sorriso caloroso. Ele com certeza seria um pai perfeito, mas talvez não fosse eu a realizar essa vontade dele.
Mudamos de assunto e logo estávamos rindo e brincando.
Nós jantamos e enquanto eu e minha mãe tiramos os pratos da mesa Larry disse que iria ao banheiro. Alguns minutos se passaram e Larry voltou com meu celular na mão.
— Amor acho que é algo importante. — Ele o deixou na mesa. — Estava tocando e quando atendi desligou, mas tem sete chamadas perdidas.
Olhei tensa para o celular e rezei para que o mesmo não tocasse.
— Deve ser engano. — Afirmei, mas óbvio que sete chamadas perdidas não seria um engano.
—Talvez sim. — Ele não pareceu acreditar. — Desculpe ter atendido seu celular.
— Tudo bem. — Sorri nervosa.
— Deixe a louça comigo e vão conversar jovens, não vou mais empatar o namoro de vocês. — Brincou minha mãe.
— Obrigado pelo incrível jantar e me ofereço pra cozinhar da próxima vez, Crist sabe o quanto cozinho bem também. — Ele se despediu.
— É pra casar então, são poucos os rapazes com essa qualidade. — Ela acenou se despedindo.
Acompanhei Larry até a porta e o abracei.
— Obrigado por vir. — Ele assentiu apoiando seu rosto em meu ombro. — O Que foi?
— Nada. — Ele se afastou e inclinou a cabeça para o lado. — Amanhã quero levar você para sair, então descanse bem hoje.
— Para onde? — Perguntei curiosa — Por que não me disse antes?
— É surpresa.
Dizendo isso ele se despediu. Seu mistério me deixou animada e curiosa, mas ainda havia algo me torturando impedindo minha total alegria.
Voltei para a cozinha e encontrei a mãe secando a louça.
— Deixa que eu faço mãe, a senhora já trabalhou muito. — Ela sorriu me dando o pano.
— Ele aparenta ser um ótimo rapaz. — Ela se sentou na cadeira.
— Sim. — Eu concordei. — Ele é bem gentil comigo.
Minha mãe assentiu.
Conversamos por alguns minutos antes de cada uma ir para seu quarto dormir. Ela estava cansada e precisava descansar já eu estava nervosa demais para me aquietar.
Tranquei a porta do quarto e peguei o celular. Abri e vi as sete chamadas perdidas com pouco tempo de diferença entre elas.
Retornei a ligação e esperei.
Demorou alguns segundos e alguém atendeu.
— Alô. — Paralisei — Agora é você Christine?
Sua voz rouca me arrepiou.
— Jeff? — Ele riu do outro lado.
— Seu querido é que não sou. — A voz soou raivosa. — Engraçado que eu não sabia que ele agora fica com seu celular.
— Por que me ligou? Que diabos você quer? — Perguntei.
— O que ele estava fazendo com você? Ele ainda está aí?
— Isso não lhe interessa, responda o que eu perguntei. — Minha voz tremeu enquanto eu falava.
— Você está... Ou melhor, onde você está? Em casa? — Ele falava alterado e parecia nervoso.
— Jeff não, só não me liga mais. Isso não faz sentido.
— Eu vou aí, pra você me dizer isso pessoalmente Christine.
Fim da ligação.
"Merda." Corri para janela e olhei em volta.
Ele podia estar em qualquer lugar, mas algo me diz que é perto e logo ele chegaria. Vesti uma jaqueta larga e fiquei no aguardo.
Se ele aparecesse eu faria com que ele fosse embora.
Uns quinze minutos se passaram e nada, minha ansiedade estava me matando.
Eu fui para a porta e me instalei ao lado, o celular na mão morto não tocava. A casa estava em silêncio quando escutei o som da moto, ela parou e logo ele bateu na porta, eu não me movi.
— Christine. — As batidas se intensificaram.
Com medo de minha mãe acordar, abri a porta.
Jeff me encarava seriamente. Sua roupa estava bagunçada, ele cheirava a álcool.
"Quem diabos bebe para dirigir uma moto?" Pensei.
— Você ainda está com aquele cara? — Ele entrou.
— Não! — O empurrei pra fora e com muito esforço ele saiu. — Minha mãe está em casa, saia por favor.
— O que você estava fazendo com ele? — Jeff me agarrou pelo braço e me puxou para outro lado da rua. — Ele te tocou?
— Que tipo de pergunta é essa? Quem você acha que é pra me perguntar algo assim? — Tentei me soltar mas ele me agarrou ainda mais. — Me solte, não te devo satisfação.
Ele relaxou um pouco. Fechei os olhos ficando tensa, sua mão passeou por uma mecha do meu cabelo e desceu até meu pescoço, toquei sua mão ainda de olhos fechados e senti ele me puxar para um abraço.
— Por que me ligou? Achei que fosse me deixar em paz. — Tomei coragem para falar.
Jeff ficou em silêncio.
— Por que voltou?
— Eu precisei resolver umas coisas por isso não liguei antes. — Ele beijou meu rosto. — Eu pensei tanto em você, quase fiquei maluco quando imaginei ele com você.
"Imagina saber que agora ele é meu namorado."
— Por que voltou? — Jeff franziu a testa.
— Que fria, não queria que eu voltasse? Está com raiva?
— Você sabe muito bem a resposta. — Me afastei dele por mais que fosse difícil. — Larry é meu...
— Seu oque? — Ele me agarrou pelo cabelo.
— Para Jeff isso dói. — Senti as lágrimas virem mais me contive.
— Fala, o que ele é seu? Eu deveria tê-lo matado.
Segurei seu pulso, mas de nada adiantou, com mais força ele puxou me forçando ficar próximo a seu rosto.
— Eu vou destruir aquele cara até os ossos, ele não será nada além de uma pilha de carne morta pra você.
— Para Jeff. — Me debati, já chorando. — Você é um ser humano horrível.
Ele riu.
— Christine não consegue ver? Eu te amo. — Ele soltou meu cabelo. — Eu não consigo pensar em outra mulher além de você, por que dificultar as coisas?
— Isso não é normal — Senti minha cabeça doer pelo puxão agressivo. — Por favor Jeff, vamos parar com isso, vamos esquecer tudo aquilo e...
— Eu não quero, por que não você pode aceitar? — Ele me interrompeu. — Eu não vou te machucar, eu prometo. Só me dá uma chance de provar, se ainda sim não me quiser prometo que sairei da sua vida e não tocarei num fio de cabelo seu.
— Você só pode estar brincando. — Cobri meu rosto com as mãos. — Isso é um pesadelo com certeza.
— Tem minha palavra. — Seu tom de súplica me desarmou. — Por que não acredita em mim?
— Tenho sua palavra? — Por Deus eu só podia estar louca.
Ele estendeu a mão para que eu a pegasse.
Eu a toquei, fui puxada para um beijo. Eu não me afastei, seu beijo me deixou novamente confusa com relação ao que sentia. Ele se afastou pondo fim ao nosso beijo e saiu. Me dei conta do quanto estava ferrada quando entrei e fechei a porta de casa. Eu havia assinado minha sentença com o diabo, um diabo que dizia me amar e eu fui a infeliz de aceitar.
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