Capítulo 2
Finalmente estava chegando, o dia havia sido muito cansativo para Dominic e não via a hora de chegar em casa. Precisava urgentemente tomar um banho quente para relaxar os músculos cansados e tensos. Seu curso ficaria um mês sem aula, motivo? Nem ele sabia. Os professores ainda não haviam revelado e esse fato o deixava mais tenso ainda. Teria que ficar mais tempo em casa com aquela criancinha insuportável.
Só de pensar nisso a cabeça de Dominic começava a latejar involuntariamente. Ele se amaldiçoava todos os dias por ter aceitado morar com aquela família. Já fazia dois meses que ele estava morando no apartamento e nesse período não teve nenhum contanto maior tanto com Helena , quanto com Castiel. Mas agora seria diferente, teria que passar mais um período do dia em casa.
Por mais que ele nunca tenha visto o pequeno chorar, gritar ou correr pela casa, sua linha de pensamento continuava a mesma. As vezes nem parecia que havia uma criança de cinco anos morando naquele apartamento, era apenas o completo e absoluto silêncio. Na maioria das vezes, Castiel sentava-se no chão da sala e desenhava formas e figuras irreconhecíveis, outras vezes, brincava com seu Batman.
Por passar pouco tempo no apartamento, Dominic quase não o via e fazia de tudo para manter o mínimo de contato possível. O único contato que tinha com Helena era no café da manhã quando ele lhe dirigia um bom dia e comentavam sobre o tempo. Depois disso, não a via mais e ele não fazia ideia do que Helena fazia no resto do dia.
Ele finalmente saiu do elevador voltando sua atenção para o mundo real novamente. Sua mente voou longe, ele não prestou muita atenção no percurso ate o prédio. Cansado, balançou a cabeça a fim de espantar o descontentamento, não poderia pensar nisso agora. Com certeza arrumaria algo para fazer para poder preencher seu tempo.
Dominic abriu a porta bruscamente dando de cara com Maya rebolando pela sala. Ela dançava que nem louca com uma música cheia de ritmo. E para completar, cantava tão desafinado que ele pensou seriamente em voltar para trás. Castiel também dançava com ela. As pequenas perninhas tentavam imitar os passos da loira mas só o que conseguia era enrolar uma perna na outra e cair sobre o tapete.
-Tudo bem, vou fingir que não vi isso.- Dominic ironizou enquanto fechava a porta.
-Ah é você Don, chega ai mano.- brincou fazendo uma pose de maloqueira.- Não quer dançar com a gente?
-É tio Batman, dança com a gente! - gritou batendo palminhas, demonstrando animação.
-Tá louco pirralho? Não vou dançar com vocês.- atacou enquanto caminhava até a porta do quarto.- E desliga essa música alta que minha cabeça vai explodir com todo esse barulho de tambor.
-Bleh, estraga prazeres.
Maya pegou calmamente o controle em cima do sofá e deligou a tv, fazendo o ambiente cair em um silêncio total. Ela se encontrava com um short jeans curto, uma regata azul que estava levantada mostrando a barriga que escorria suor. Ele apenas revirou os olhos com essa visão, Maya sempre andava daquele modo no apartamento.
Por mais que quisesse tomar um banho quente urgente, optou por assistir um pouco de TV. Ele se sentou no sofá e ligou a televisão novamente, colocando em um canal que passava Batman. Quando percebeu, pegou o controle o mais rápido que pode, mas não adiantou, Castiel percebeu.
-Batman!- exclamou abrindo um sorriso de orelha a orelha.
-Você pelo menos entende o filme moleque?- perguntou na defensiva. Quando estava perto do ruivo, todos as suas células entravam em modo defensivo, como que se a qualquer momento Castiel fosse dar birra ou gritar.
-Não, só sei que o nome dele é Batman e ele tem um carro chamado Batmovel.
- O que eu fiz para merecer isso meu santo Deus.- reclamou levando as mãos para cima de uma forma dramática.- O nome dele de verdade não é Batman, é Bruce.
Por um momento tudo permaneceu em silêncio, Castiel estava com os olhos vidrados na tela. Dominic tentava acalmar os nervos, parecia que sua têmpora estava sendo esmagada e ele pressentiu a enxaqueca chegando.
-Você parece o Batman tio. Acho que vou te chamar de Bruce agora.
-Para de me chamar de tio seu moleque. Tio é o irmão da sua mãe, eu não sou nada seu.
-Minha mãe tem irmão?- perguntou com seus olhinhos brilhando.
-Não sei, não conhece seus parentes?- perguntou tirando um pouco das suas armaduras.
-Não. Mamãe disse que eles nos rejeitaram e ela não gosta de tocar no assunto. Ela chora toda vez que pergunto, então não falo com ela da família.- disse coçando os olhos a fim de espantar algumas lágrimas.- Não sei o que significa rejeitaram mas acho que não é algo bom né tio Bruce?
-Assiste o filme.- cortou a conversa com a voz seca.
Seus olhos permaneciam vidrados na tela mesmo que não estivesse prestando atenção em nada que havia acabado de passar. Não queria saber do que a criança estava falando, queria apenas ficar em paz. Eles ficaram calados novamente e apenas o barulho da televisão era ouvido. Maya tinha ido tomar banho e Dominic estranhou a demora.
Absorto em pensamentos, nem percebeu quando a porta se abriu. Helena entrou carregando algumas sacolas. Seu cabelo estava solto, era possível ver o cansaço em seu rosto. Quando o pequeno a viu passar pela porta, correu até a mãe se jogando nas pernas dela.
-Mamãe! Que saudade eu estava de você!- exclamou abraçando as pernas da mãe tão forte que ela quase se desequilibrou.
-Eu também estava meu amor.- admitiu se abaixando e abraçando o filho o mais forte que podia.- Toma, trouxe para você.
Ela tirou do bolso um bombom e entregou ao filho. Feliz, agradeceu a mãe e abraçou novamente em sinal de gratidão. Quando notou a presença de Santhiago na sala, seus músculos ficaram tensos. Ela estava com medo do filho ter aborrecido o inquilino, principalmente porque ela sabia como era o jeito de Dominic.
-Ah, oi Dominic. Castiel te incomodou?- perguntou preocupada.
-Não, pode ficar de boa mãezona.- mentiu ainda encarando a televisão.
-Olha ele para mim só um pouco? Só vou tomar um banho rápido.
Sem querer ser grosso, não disse nada, seus olhos continuavam a encarar a televisão e Helena deduziu aquilo como um sim. Castiel caminhou até o sofá e com muita dificuldade, conseguiu subir. Agora ele se encontrava sentado do lado de Dominic.
-Ei tio, quer um pedaço do meu chocolate? Ele parece ser bem gostoso, podemos dividir.- propôs estendendo a mão.
-Não gosto de doce, tampinha. Agora aproveite esse troço e vai acabar pegando cárie.- debochou recusando a oferta do menino.
-Eca tio, que coisa feia.- reclamou fazendo uma cara de repulsa.
-Eca o que? Não sabe o que é uma cárie?
-Não, mas parece um xingamento. Um xingamento bem feio.- revelou fazendo uma careta de desgosto.
-É pirralho, é um xingamento.- disse segurando a risada.
-O que ele significa?
-Sua tia Maya se veste que nem uma cárie. Cárie significa se vestir que nem uma piriguete.
Dominic fazia de tudo para segurar a gargalhada. Havia trolado legal o menino. Castiel arregalou os olhos em sinal de susto e tampou a boca, contendo um pequeno grito. Ele se sentia uma cobra por ter enganado o menino daquele jeito.
-Vou contar pra mamãe que aprendi um xingamento!
Antes que Dominic pudesse impedir, elr desceu do sofá e correu em direção ao quarto da mãe. Dominic suspirou percebendo a burrada que havia feito e apenas levantou do sofá a fim de fugir da gritaria.
Ao chegar no quarto, Castiel se deparou com Helena enrolada em uma toalha. Ela procurava uma roupa no guarda roupa. Ele a cutucou pela perna, chamando a atenção da mãe
-Oi Filho.- disse enquanto pegava uma roupa.
-Aprendi um xingamento com o tio Bruce.
Ao ouvir isso, Helena deixou a roupa que segurava cair no chão. Estava assustada, a revelação do filho a havia deixado sem ação. Rapidamente, se abaixou até a altura do filho e o encarou assustada. Ele carregava uma expressão de dúvida em seu rosto, não entendia o comportamento da mãe.
-Que xingamento é esse menino?- perguntou na defensiva.
-Ele é muito feio. Tio Bruce disse que tia Maya se veste que nem uma cárie.- revelou falando a palavra cárie bem baixinho como se pudesse impedir que Maya escutasse.
-Cárie?
-É mamãe, ele disse que isso significa quando uma mulher se veste que nem uma piriguete. Mas também não sei o que é isso.- respondeu pensativo. Aquelas palavras realmente davam um nó em sua pequena cabecinha.
-Ah querido, não de atenção a o que esse doido fala.
Ela suspirou aliviada enquanto levantava novamente. Helena ralmente achava que era algo pesado, mas cárie nem chegava a ser um xingamento. Diante de tudo, viu que seria difícil criar Castiel no mesmo teto que o louco do Dominic. Mas ela seria forte, aguentaria aquilo pelo tempo que fosse necessário. Não pelo seu bem, mas pelo futuro do seu filho. O que seriam deles se não tivessem mais uma casa para morar?
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